Pavilhão Brasil chega ao IBC

COBERTURA IBC

Por Gilmara Gelinski

Assim como nos anos anteriores a SET refe-rencia o evento da IBC – conferências e feira – como um encontro agregador de excelente qualidade técnica e de realizações. Muitas tecnologias que começam a ser apresentadas na NAB chegam ao IBC mais sólidas com configurações mais definidas e muitas vezes prontas. Na opinião dos diretores da SET é um evento muito importante para o setor.

A SET mais uma vez esteve presente com uma sessão especial organizada por eles. Segundo o presidente da SET, Olimpio Franco, o resultado é sempre muito bom. Este ano cerca de 120 pessoas participaram das palestras preparadas por nomes internacionais do setor da radiodifusão. Na opinião do vice-presidente da SET, Nelson Faria Jr., o ponto alto do IBC esse ano foi o FoBTV – Future of Broadcast Television, apresentado no Encontro SET.

O palestrante John Honeycutt, vice-presidente da Discovery Networks International, e Michael McE-wan, secretário geral da Associação dos Radio-difusores da América do Norte falaram sobre “O futuro da radiodifusão”. John Honeycutt observou que, “mesmo não sendo relevante financeiramente, é importante melhorar o branding dos canais, pensando no lançamento para a TV, videogames e licenciamento para outras empresas”.

Em sua apresentação, Lieven Vermaele, diretor de tecnologias e inovações da EBU, falou dos trabalhos em andamento na entidade e dos conceitos do cenário atual da indústria. “A mídia é guiada pelo comportamento dos consumidores. É preciso fazer conteúdo pensando nesse cenário. A ideia é criar uma plataforma de produção semelhante à de um smartphone, com ingest, pós-produção, grafismo e reprodução em um só aparelho”, disse Vermaele.

E para finalizar e dando sequência ao assunto também tratado aqui no Congresso SET, Phil Laven, Chair, do DVB, falou na sessão “O futuro da radiodifusão – Como vai a iniciativa FoBTV”. Apesar de, até hoje, não se ter conseguido obter todas as vantagens de economia de escala que um único padrão de televisão traria, Phil Laven, do FoBTV, disse que “há esperanças que uma nova iniciativa de um novo padrão possa unificar a próxima geração de sistema de televisão”.

Para diretor de interatividade da SET, David Britto, “o evento da SET foi muito interessante pela riqueza dos temas abordados e pelo alto poder de conhecimento dos palestrantes. Este evento já se transformou em uma oportunidade para a troca de experiências internacionais e desenvolvimento de networking”, conclui.

Nem a crise europeia abalou o brilho da conferência IBC 2012. O evento é um sucesso que contou com mais de 51 mil visitantes. Nos estandes das empresas e nas palestras não faltaram novos produtos, serviços baseados na tecnologia 4k, conteúdos multiplataforma e cloud computing. Para o vice-presidente da SET, o pavilhão Connected World estava muito interessante com dezenas de novas empresas, participando deste ecossistema convergente. “Muitas empresas apresentaram soluções para um workflow completo em 4k. Especula-se que este será o próximo HD a ser adotado pelo consumidor e o próximo upgrade da infraestrutura de broadcast. Mas, para muitos radiodifusores, a principal demanda é a eficiência operacional e não a maior resolução”, lembra Nelson. Também surgiram propostas para soluções projetadas para ajudar os radiodifusores na transição da operação para workflows file-base e IT- oriented, tecnologia de playout mais conhecida como channel-in-a-box.

Produtos em destaque
Nelson destaca alguns lançamentos que ele viu nos estandes da feira. Entre eles o lançamento da Harris, Versio. Trata-se de um sistema que oferece a solução de eficiência operacional e economia significativa de custos integrando em uma única plataforma IT, o playout e o master control.

Na área de “Future Zone” – espaço destinado à empresas, universidades e institutos – foram apresentados protótipos que podem revolucionar o mercado. Entre eles a TV Holográfica, TV Immersiva do FineProject e Throwable Panoramic Ball. Nelson Faria nos dá mais detalhes sobre estas tecnologias:

“A holografic TV apresentou uma solução onde o consumidor pode ter três visões diferentes da imagem na mesma tela, sem óculos 3D, e ainda existe a possibilidade de diferentes conteúdos dependendo de que lado o consumidor esteja. Ou seja, se alguém estiver do lado esquerdo pode ver um conteúdo e no mesmo tempo alguém do lado direito ver outro conteúdo. Se imaginarmos essa aplicação já nas TVs comerciais, podemos ter o anunciante e o programa na mesma tela sem “poluir a imagem””, explica Nelson.

“O Fine Project (Free-viewpoint Immersive Networked Experience) iniciou na Europa com o objetivo de distribuir conteúdo interativo imersivo para uma grande audiência prevendo a nova geração em rede. Os consumidores poderão assistir a um jogo de futebol, através de uma câmera virtual em tempo real, e se movendo livremente como se estivesse no próprio estádio – http://www.projectfine. eu/. Para eventos como Copa e Olimpíadas esse tipo de tecnologia pode vir a ser uma nova experiência e multiplicar o número de viewers de um mesmo jogo”.

“No Throwable Panoramic Ball é a bola que capta imagens 360º com 36 câmeras, permitindo jogar essa “bola para o céu” e capturar imagens panorâmicas no ponto mais alto, onde a bola está estável, sem provocar artifacts de ghosting”.

Pavilhão Brasil
Pela primeira vez, a Apex e o Sindvel levaram para Amsterdã, através do projeto PSI (Projeto Setorial Integrado), o Pavilhão Brasil. Os organizadores do pavilhão acharam a participação excelente. “As empresas expositoras ficaram muito satisfeitas com a feira, pois na opinião dos empresários, esta é uma feira diferente, onde os visitantes são focados, conhecem os produtos e têm poder de decisão”.

De acordo com Daniela Saccardo, gerente do PSI, o novo projeto 2012/2014 atende a uma solicitação das empresas de radiodifusão em participar do IBC. “O Fórum SBTVD também indicou esta feira para divulgação do sistema brasileiro de TV digital. O resultado foi gratificante por isso pretendemos manter o pavilhão brasileiro nos próximos anos. Este ano ficamos no pavilhão 5, mas é possível que mudemos para o pavilhão 8 conforme pedidos dos expositores brasileiros. Apesar do ótimo retorno,, acreditamos que mudando de pavilhão os resultados serão melhores ainda, pois o evento é muito grande e os visitantes são direcionados”.

Este ano participaram seis empresas brasileiras – Hitachi Kokusai Linear, TQTVD, Playlist, Tecsys, SP Telefilm, EITV. De acordo com as empresas, foram feitos mais de cem contatos e a expectativa é que sejam gerados mais de 5 milhões de dólares nos próximos 12 meses.

“Pelo que pudemos perceber, o estande mais visitado foi o da Tecsys, em função da variedade e diversidade de produtos. O middleware brasileiro, Ginga, também chamou a atenção, tanto que os espaços das empresas TQTV e EITV também atraíram muitos visitantes”, afirma a gerente do PSI.
“O evento IBC 2012 foi um marco muito importante pela participação inédita do “Pavilhão Brasil”, dando oportunidade para empresas brasileiras demonstrarem produtos e serviços na maior feira de produção audiovisual. Para a TQTVD em particular, foi uma excelente oportunidade para estarmos próximos de clientes e prospects”, afirma David Britto, diretor da TQTVD. Dando continuidade aos trabalhos com o Ginga, David ministrou a palestra “Using The Ginga Standard For The Evolution Of Multi-Screen TV”, no Painel: Mobile Multimedia – The ReEmerging Market. Em sua palestra Britto mostrou o potencial do Ginga como ferramenta para levar interatividade a várias telas.
Ainda de acordo com Britto, no tocante a interatividade, o tema mais falado foi como o radiodifusor pode explorar os recursos de “Segunda Tela”. “Nós da TQTVD já dispomos de tudo isso em nosso padrão e pudemos demonstrar a tecnologia em pleno funcionamento em nosso estande. A empresa participou pelo quinto ano consecutivo da SET como expositora, apresentando, em seu estande toda nossa linha de produtos voltada ao mercado de TV digital, além de estar presentes nas palestras: Mobilidade em Televisão Digital – painel: Jornalismo ao Vivo – com David Campello, Coordenador Técnico de Produtos; e Integração de Conteúdo Broadcast/Broadband – painel: Convergência Broadcast/Broadband: Além da TV o que vem por aí?, com David Britto.

Premiação brasileira
A emissora brasileira Rede Globo foi destaque na categoria Innovation Content Creation do Prêmio IBC Innovation Award 2012 pelo o projeto Vate (Visualizing A Take Earlier). Representando toda a equipe da rede colaborativa i9, o assessor de inovação e tecnologia da direção geral de engenharia e também responsável pelo Projeto de Inovação Aberta i9, da emissora Globo, Nelson Faria Jr. foi quem recebeu o Prêmio. “A premiação de Inovação do IBC é única porque seleciona novos produtos e tecnologias que realmente tenham criatividade e inovação nas soluções reais para broadcasters”, disse.

“O Vate é um sistema de memorização de câmeras desenvolvido para o Dança dos Famosos, quadro do Domingão do Faustão, e que pode ser aplicado em qualquer programa que tenha ensaio para exibição ao vivo com múltiplas câmeras. Durante os ensaios, os cortes feitos pelo diretor de imagens são armazenados no sistema, posteriormente podendo revisar e alterar alguma sequência de câmera. Durante o programa ao vivo, os frames dos próximos takes aparecem no monitor e nos viewfinders, para que os camera-men posicionem a câmera para o melhor plano, lembrando que o diretor pode ou não usar a câmera previamente selecionada. Esse sistema, inédito no mundo, traz ganhos de qualidade e produtividade para a operação do switcher em shows ao vivo, programas com múltiplos cortes em tempo real e permite que os diretores de imagem possam antecipadamente escolher os melhores takes.” explica o assessor.

O i9 é uma rede colaborativa, voluntária e multidisciplinar que iniciou em agosto de 2008 na Central Globo de Produções com 9 profissionais somando hoje 1300 pessoas e mais de 450 iniciativas sendo 80 já concluídas, em expansão para outras centrais além da produção como jornalismo, esporte e operação RJ/SP TVG.

Gilmara é editora da Revista da SET . E-mail: [email protected]