SET EXPO 2018

Discurso abertura Liliana Nakonechnyj

Bom dia,

É com muita satisfação que lhes dou as boas-vindas ao SET EXPO 2018, feira de equipamentos e serviços e congresso de tecnologia de mídia, entretenimento e negócios.
Me sinto especialmente feliz por estar aqui no aniversário de 30 anos da SET e junto com tantos companheiros e entidades que contribuíram e compartilham essa trajetória de sucesso da nossa associação.
A SET foi fundada em 25 de março de 1988 pelo engenheiro Adilson Pontes Malta, tornando realidade o sonho de um fórum que pudesse congregar os profissionais de engenharia das diversas empresas de televisão para que, juntos, buscássemos soluções para os problemas que enfrentávamos no nosso dia-a-dia, trocando experiências, desenvolvendo conhecimento, aprimorando as tecnologias e elevando o nível dos serviços de áudio e vídeo oferecidos à população.
Na ocasião, um dos principais obstáculos para a introdução de novas tecnologias na televisão era a obrigatoriedade de uso do PAL-M em toda a cadeira produtiva de vídeo, desde a captação das imagens até a chegada ao televisor.
O PAL-M, nosso padrão de TV analógica, havia sido adotado aqui para superar as instabilidades de cor existentes na fase inicial do NTSC, sistema usado nos Estados Unidos e carinhosamente apelidado de  Never Twice the Same Color.
Mas esse uso intensivo do PAL-M exigia que todos os equipamentos profissionais, inicialmente lançados em NTSC, fossem adaptados, o que os tornava mais caros e ainda atrasava, em anos, a chegada de desenvolvimentos ao Brasil. O primeiro grupo de estudos da SET analisou o assunto e concluiu que não haveria prejuízo à qualidade percebida pelo telespectador se o NTSC fosse usado nos estúdios de TV  e a transcodificação para PAL-M  fosse feita por um único equipamento na entrada do transmissor de televisão.
A recomendação nesse sentido foi aceita pelo Ministério das Comunicações, e as emissoras puderam passar a oferecer todos os avanços, na medida em que eram lançados nos EUA e no Japão.
Pouco depois, começamos os estudos da TV digital terrestre e, em 94, estruturou-se o Grupo SET-ABERT de TV Digital, coordenado pelo engenheiro Fernando Bittencourt.

  • Logo de início, eu mesma fui atrás de adaptar, para as normas brasileiras, softwares de cobertura de TV e de planejamento de canais, tudo isso feito no Brasil, até então, de forma manual. Foi a semente do primeiro Plano de canais digitais, feito em conjunto com o CPqD e a Anatel,  e publicado em 2003. A colaboração com o governo no planejamento de canais de TV e no aprimoramento de normas técnicas perdura até hoje, no Grupo Espectro da SET.
  • O mesmo grupo SET-ABERT estudou os sistemas disponíveis de modulação digital e conduziu, em 99/2000, os testes comparativos mais completos realizados até então, em laboratório e em campo, em conjunto com a Universidade Presbiteriana Mackenzie e a supervisão da Anatel. E concluímos pela superioridade do ISDB-T, que permitiria a cada emissora oferecer alta definição e mobilidade em toda a sua área de cobertura.
  • Nos anos que se seguiram, fomos incansáveis nas demonstrações das capacidades do sistema ISDB-T, da boa cobertura para celulares e da importância da alta definição, então questionada por muitos, que achavam que os brasileiros dela não precisavam. Sempre com muito apoio da emissora japonesa NHK e seus pesquisadores, bem como de outros órgãos japoneses, como o MIC, o ARIB e o DIBEG.
  • Em 2006, nosso governo aceitou a recomendação feita pela SET, de braços dados à academia brasileira, de adoção do sistema ISDB-T com melhorias integradas.
  • Adicionalmente, foi criado o Fórum Brasileiro de TV Digital, grande parceiro da SET. E o Brasil ganhou uma alta definição com qualidade ímpar, no mundo, de imagens e sons, e também a TV no celular.
  • Ao longo do tempo, a SET continuou contribuindo para a implantação da TV digital no Brasil e sua expansão pela América Latina. Todos os seus aspectos foram discutidos em conferências e através de diversos grupos de trabalho, entre os quais o que efetuou testes para determinar as condições de convivência entre a TV e o LTE na faixa de 700MHz.

Para cumprir o objetivo de difundir conhecimento, nosso fundador Adilson Pontes Malta foi muito além da criação de grupos de estudo, inaugurando eventos que se consagraram e se expandiram ao longo do tempo:

  • Promoveu o primeiro seminário técnico nacional, que deu origem a nosso Congresso anual, realizado, por anos a fio, em conjunto com feira de equipamentos de entidade parceira. Há exatos 4 anos, começou o SETEXPO, quando o então presidente Olímpio Franco encarou o desafio de aprimorar a exposição de equipamentos. Hoje, o SETEXPO é o maior evento do setor em toda a América Latina, reunindo mais de 1500 congressistas e mais de 15 mil visitantes e recebendo representantes de cerca de 40 países.
  • Também foi o Adilson quem criou as representações regionais, transformadas nos SET Regionais, que conduzimos, a cada ano, nas cinco regiões do Brasil.
  • Desde o início, nossa relação com parceiros internacionais como a SMPTE e a NAB foi muito próxima e se mantém até hoje. Um dos resultados é o SET e Trinta: uma tradição brasileira dentro do NAB Show, e que consegue o milagre de, em Las Vegas, tirar da cama, às 6 da manhã, centenas de brasileiros.

Em todos os nossos encontros, discutimos os avanços das tecnologias de áudio e vídeo ao redor do mundo e as particularidades brasileiras.

  • Nos anos -90, acompanhamos a chegada do processamento digital do vídeo, primeiro para equipamentos de produção e de tráfego interno aos estúdios e, em seguida, no desenvolvimento de sistemas de transmissão.

No início do século XXI, se multiplicavam canais de TV paga por satélite e a cabo, enquanto a TV digital terrestre era introduzida, e já com alta definição nos EUA e no Japão. Também começou o tráfego de vídeo em IP. A internet se expandiu da academia para a população em geral e surgiram, de início timidamente, os primeiros smartphones e tablets.

  • Nesta segunda década, firma-se o 4K, o uso da “ nuvem”, proliferam  serviços de vídeo offline, como as OTTs, tanto usufruídos em smarTVs, como nos dispositivos pessoais. Junto com as redes sociais, passam a disputar o tempo que as pessoas dedicavam exclusivamente às ofertas lineares, como a TV aberta e a TV a cabo ou via satélite.

Por um lado, as pessoas desejam uma experiência de ver TV cada vez mais imersiva, mais envolvente, que lhes permita a sensação de estar dentro da ação. Para proporcionar essa sensação, é necessária uma qualidade de vídeo cada vez melhor e também de áudio. São as tecnologias HDR, HFR, 4K, 8K, a realidade aumentada, e também os novos desenvolvimentos de áudio multicanal.
Por outro lado, o celular fica na mão de cada um de nós, produzindo e consumindo conteúdos diversos em qualquer tempo e lugar, e com acesso, simultâneo, às redes pessoais. E cabe aos provedores de conteúdo atender aos desejos de ubiquidade do consumidor, através de múltiplas plataformas, customizando ofertas a seus consumidores, auxiliados pela análise inteligente de dados.
Ano passado, nesta mesma SETEXPO, lançamos o Projeto UHD-Brasil  – um esforço de união de todos os setores do ecossistema de áudio e vídeo, para que estejam  mais unidos na introdução de novas tecnologias. Produtoras independentes, emissoras de TV, operadoras de TV por assinatura, fabricantes de televisores e smartphones e, por que não, os novos entrantes no mercado, precisam trabalhar juntos nos desenvolvimentos para que os conteúdos fluam de forma cada vez mais transparente através das múltiplas plataformas.
No estande do Projeto UHD-Brasil, logo na entrada da feira, vocês poderão ver algumas dos avanços tecnológicos em estudos e testes pelas emissoras de TV.   Entre eles, está um exemplo da futura geração de interatividade, que promete transições transparentes, na telinha, entre broadcast e broadband, possibilitando a personalização de conteúdos. Melhor ainda é a notícia de que essa nova geração de interatividade, desenvolvida no âmbito do Fórum SBTVD, já está especificada e em fase inicial de padronização.
Neste meu último ano à frente da SET, sinto a avassaladora evolução de tecnologias disruptivas, que reforçam o despertar da 4ª Revolução Industrial, anunciada por Klaus Schwab no Fórum Econômico Mundial de 2016. Trata-se da integração dos domínios físico, digital e tecnológico. À interligação de pessoas e máquinas, por uma internet ubíqua e móvel, dotada de sensores menores e mais poderosos, se soma a inteligência artificial e a aprendizagem da máquina, ou computação cognitiva.
Mais do que a realidade virtual, a realidade aumentada parece vir ao encontro dos desejos de imersão do ser humano… A inteligência artificial nos oferece miríades de possibilidades. Devemos estar atentos à influência de tudo isso nas vidas das pessoas e em seus hábitos de consumo. Muito em breve, os botões e a digitação serão passado, substituídos por interfaces de voz.
Após contribuir para o desenvolvimento da TV aberta e proporcionar aos brasileiros uma primeira geração de TV digital sem par no mundo, nós, profissionais de tecnologia, precisamos não apenas explorar as tecnologias diretamente ligadas ao áudio e vídeo, mas também acompanhar a evolução da internet das coisas, das tecnologias cognitivas, das redes neurais, para  delas lançar mão no nosso ecossistema, de forma a mantê-lo na vanguarda.
Fizemos, este ano, uma modificação na governança da SET, para torná-la mais ágil e adaptável às rápidas mudanças que estamos presenciando no panorama da mídia e entretenimento, como parte dessa imensa transformação causada pela 4ª Revolução Industrial.
Neste novo mundo, é mister que cada um de nós entenda que é o protagonista de sua vida profissional – que nos cabe buscar autocapacitação, inovar e empreender, seja num negócio próprio ou como colaborador de uma empresa.
Recém criamos um novo grupo de estudos na SET, sobre a Indústria 4.0 e, nos próximos dias, abriremos um segundo, para abordar questões de Segurança e Privacidade – outro tema que, sem dúvida, exige cuidados especiais. Os associados interessados poderão se inscrever no portal da SET.
Há 30 anos, a SET é um ponto de encontro entre profissionais para intercâmbio de ideias, um lastro, uma comunidade de pessoas que busca encontrar caminhos.
Meu desejo é que, lançando mão das tecnologias em rápida evolução, promovendo autodesenvolvimento, renovação, inovação e empreendendo, nós profissionais, possamos, juntos, na SET,   continuar fomentando os negócios da área no país e garantindo que os brasileiros continuarão tendo acesso às melhores experiências de mídia e entretenimento.
Finalizo meu recado, agradecendo a vocês, que fazem o sucesso do SET EXPO : patrocinadores, expositores, apoiadores nacionais e internacionais, media partners, fornecedores, palestrantes, Diretores da SET e nosso incansável  staff.

Agradeço também a presença de todos os que vieram nos prestigiar, nesse aniversário de 30 anos.

Aproveitem para participar de um dos melhores congressos do mundo em tecnologia de mídia e entretenimento e para visitar a maior feira de equipamentos e serviços da área, em toda a América Latina.

 

Tenho, agora, o prazer de convidar Marcelo Porto, para compartilhar conosco algumas de suas ideias. O Marcelo Porto foi presidente da IBM Brasil até o ano passado, quando a companhia completou 100 anos, e é agora vice-presidente de IBM Cloud para a América Latina.