Zuckerberg diz que Facebook vai atuar para garantir integridade da eleição no Brasil

G1

 

Após admitir que o Facebook errou no escândalo dos dados coletados por uma empresa que trabalhou para a campanha de Donald Trump à presidência dos EUA, Mark Zuckerberg disse na noite desta quarta-feira (21) em entrevista à rede americana CNN que testemunhará no Congresso “se for a coisa certa a se fazer”. Ele comentou ainda que as eleições de 2018 no Brasil são uma das preocupações da rede social.

“Há uma grande eleição no Brasil. Pode apostar que estamos muito comprometidos em fazer tudo o que pudermos para garantir a integridade dessas eleições no Facebook.”

Na mesma entrevista, Zuckerberg disse lamentar o escândalo envolvendo dados vazados de mais de 50 milhões de usuários e que não deveria ter confiado na empresa Cambridge Analytica quando ela disse que tinha deletado os dados.

O caso é investigado pelos parlamentares dos EUA e no Reino Unido. “A resposta curta é fico satisfeito [em testemunhar] se essa for a coisa certa a se fazer”, disse o fundador do Facebook. “O que tentaremos fazer é enviar a pessoa do Facebook com o maior conhecimento. Se sou eu, ficarei satisfeito em ir”, disse.

O Facebook também conduz sua própria investigação interna sobre o comprometimento de informações de usuários, que foram usados pela empresa de consultoria britânica Cambridge Analytica, contratada pela campanha presidencial de Donald Trump em 2016.

A companhia obteve as informações em 2014 e as usou para construir uma aplicação destinada a prever as decisões dos eleitores e também a influenciá-las, segundo revelaram os jornais “London Observer” e “New York Times”.

Entenda o caso

Nesta quarta, Zuckerberg divulgou um comunicado no qual reconheceu que a empresa errou ao permitir que os dados dos usuários fossem compartilhados e anunciou que a companhia vai aprimorar suas ferramentas de segurança e auditar os aplicativos parceiros.

Quebra de confiança x eleições

Na entrevista à CNN Zuckerberg disse lamentar o que classificou como “enorme quebra de confiança” e afirmou que a rede social vai trabalhar para impedir interferência em próximas eleições, como na Índia e no Brasil.

“Temos a responsabilidade básica de proteger os dados das pessoas e se não conseguimos fazer isso, então não merecemos ter a oportunidade de servir-las.”

“Há um trabalho muito duro que precisamos fazer para dificultar que nações, como a Rússia, interfiram em eleições, que trolls espalhem notícias falsas. Temos a responsabilidade de fazer isso, não só para as eleições de meio de mandato nos EUA. Há uma grande eleição na Índia nesse ano, há uma grande eleição no Brasil. Pode apostar que estamos muito comprometidos em fazer tudo o que pudermos para garantir a integridade dessas eleições no Facebook”, disse.

 

Presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, se desculpa por vazamento de dados

Zuckerberg disse ainda que se arrependeu de ter confiado na Cambridge Analytica em 2015, quando o caso chegou ao conhecimento do Facebook. Naquela ocasião, o Facebook recebeu uma certificação da empresa de que teria deletados todos os dados dos usuários que tinha adquirido de maneira inapropriada.

 

“Estou acostumado que quando as pessoas certificam legalmente que vão fazer alguma coisa, que elas façam isso. Mas em retrospecto acho que claramente isso foi um erro”, afirmou.

 

Trump 2016

Questionado sobre o impacto do Facebook na eleição presidencial de 2016 nos EUA, Zuckerberg disse que não consegue fazer uma avaliação sobre o tamanho do impacto que teve.

 

“O que está claro é que em 2016 não estávamos tão à frente de uma série de questões como deveríamos estar, se houve uma interferência russa ou notícias falsas”, disse.

Nos EUA, o procurador especial Robert Mueller investiga uma suposta interferência de russos para favorecer Donald Trump nas eleições de 2016.

Zuckerberg disse ainda que tem certeza de que outros atores estão tentando se intrometer nas eleições legislativas deste ano nos EUA. “Tenho certa que alguém está tentando, certo? Tenho certeza de que há uma V2, versão dois, de qualquer que tenham sido os esforços dos russos em 2016. E haverá algumas táticas novas que precisamos observar e chegar na frente”, afirmou.

“O que vemos é muitas pessoas tentando provocar uma divisão. Essa foi uma enorme tática que vimos os russos tentando usar nas eleições de 2016. Na verdade, pelo o que podemos afirmar, a partir dos dados que temos, a maior parte do que eles fizeram não foi diretamente sobre as eleições, era mais sobre dividir as pessoas”, disse.

 

Medidas de segurança

O fundador do Facebook também falou sobre novas medidas de segurança que serão adotadas pela rede social e que foram anunciadas em seu comunicado divulgado mais cedo:

 

  • investigação de aplicativos que tiveram acesso a grandes quantidades de informações de usuários antes da alteração na plataforma feita em 2014;
  • realização de auditoria em apps que tiverem atividade considerada suspeita;
  • todos os desenvolvedores terão de concordar em receber auditoria ou serão banidos da plataforma;
  • caso sejam identificadas más práticas, uso das informações coletadas por parceiros será proibido e Facebook vai informar as pessoas afetadas – isso inclui usuários afetados no caso Cambridge Analytica;
  • Facebook vai impedir que apps não usados por mais de 3 meses acessem a dados de usuários;
  • dados informados a um app ao fazer login será restrito a nome, foto do perfil e email;
  • desenvolvedores precisarão de aprovação e também de contrato assinado para ter acesso a postagens e dados privados de usuários;
  • no próximo mês, Facebook vai mostrar na parte superior do feed de notícia quais apps foram usados e como revogar as permissões dadas a eles.