SET CO 2018: conteúdo vai direcionar o futuro da tecnologia

Da esq. para a dir.: Erick Soares, Uvermar Nince e Gabriel Ferraresso. Foto: Fábio Lima/SET.

O penúltimo painel do SET Centro-Oeste abordou o atual estágio da indústria de TV e o que deve acontecer nos próximos anos.

“Tive o privilégio de participar de algumas evoluções importantes da tecnologia nesses anos de atividade. Participei nos anos 1980 da interiorização do sistema de telefonia em Goiânia (GO). Hoje, com a digitalização da TV, vemos que a telefonia fixa está morrendo. Cada vez mais diminui o número de telefones fixos, e com a chegada do 5G, é a internet banda larga que dominará os meios de comunicação”, situa o moderador Uvermar Sidney Nince, gerente de Projetos da TV UFG e professor de Engenharia Elétrica UFG.

Uvermar explica que, com o 5G, a rapidez e qualidade são o diferencial frente às tecnologias existentes. “Se eu baixar um filme de uma hora no 3G, vai levar uma hora. No 4G, leva 7 minutos. No 5G, cinco segundos. Imagine para nós de rádio e TV tendo uma velocidade móvel disponível com essa velocidade e flexibilidade de banda e o nosso desafio em montar essa rede de infinitas possibilidades. É sobre isso que precisamos pensar”, disse.

Com um panorama do que vem acontecendo na evolução da TV Aberta, Gabriel Ferraresso, especialista de Projetos da TV Globo deu início a uma apresentação que culminou no questionamento de “para onde vamos como indústria na evolução da TV aberta”.

Com a crescente necessidade de entrega de produtos UHD, aumento de eficiência espectral e maior integração com serviços da internet, diferentes organizações e centros de pesquisa vêm implantando e testando novas tecnologias para viabilizar novos padrões que possam suprir essas demandas. Atualmente existem os padrões norte-americano,  europeu,  brasileiro (baseado no japonês) e o chinês. “Cada país implantou no seu tempo, e o mundo agora tenta conseguir uma harmonização do padrão de TV Digital no mundo. Hoje temos mais ferramentas para fazer com que esses padrões falem entre si, mas ainda falta muito”, explicou.

Feraresso mostrou as dificuldades enfrentadas pelos padrões. “Para testar uma tecnologia dessas é necessário algum evento esportivo mundial, como Copa do Mundo de Futebol ou as Olimpíadas. Em 1998, testamos o padrão HD e, na Copa de 2002, o formato Full HD. A partir de 2007, passamos um tempo testando o 3D, mas percebemos que não é tão interessante para transmissão esportiva. Para a Copa de 2014, começamos a testar os formatos que chegariam ao UHD. Neste ano, na Copa, fizemos uma demonstração no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, onde demonstramos alguns elementos do 8K. O que iremos testar nas Olimpíadas de Tóquio? Este é o momento de nos reunirmos mais como indústria para fazer esta agenda avançar”, avaliou.

Na sequência, Erick Soares, Expert em Tecnologia da Sony Brasil, falou sobre a evolução da TV e como seus modelos de consumo trazem novos desafios para o mercado de broadcast. “As novas plataformas trazem mais soluções e mais segmentação, o que acaba gerando mais desafios para a implementação de novos negócios, pois são muitas informações cruzadas, fragmentando o mercado”, ponderou.

Como exemplo, citou empresas de geração de conteúdo que hoje tiveram que dividir suas atividades em empresas menores, com menor investimento e que agora atendem, juntas, a uma demanda mais exigente. “A geração dos millenials (17 a 27 anos) consome menos TV hoje porque o mesmo conteúdo está nos dispositivos móveis. Já se nota 25% menos de acesso à TV convencional. A segunda tela desponta como o principal exemplo de como o mercado mudou. Viver essa mudança é extremamente importante para pensar os próximos passos na TV em si”, analisa.

Tendências

O mercado de broadcast tem cada vez mais alternativas para utilizar a realidade virtual e aumentada. “São tecnologias como High frame rage, a nuvem para compartilhamento de conteúdo, a automação de tarefas e o IP “que abre o coração da emissora para poder aproveitar de todos esses recursos”, explica o executivo da Sony.

Mudanças no modelo operacional para produção de conteúdo

“Com tanta evolução, não podemos nos esquecer de que o conteúdo ainda é rei. Se você consegue focar nisso, as plataformas vão evoluir naturalmente. Temos que tentar visualizar todas as tecnologias para usar o melhor delas”, finaliza Soares.

Reportagem: Tainara Rebelo. Foto: Fábio Lima.