Falta de cobertura e ‘exclusão digital’ preocupam implantação da TV Digital

No primeiro dia do SET Centro- Oeste, Seminário de Tecnologia de Broadcast e Novas Mídias, promovido pela SET, ontem, dia 22, e hoje 23 de novembro, em Brasília (DF), para tratar de temas como os desafios do desligamento da TV analógica na capital federal,  especialistas apontaram como falta de cobertura e a possível “exclusão digital”.

“O Brasil tomou a decisão de fazer o processo de forma exclusiva e diferente do mundo todo. No Reino Unido, nada aconteceu enquanto a cobertura não estivesse em 98,5%. O satélite free-view foi complementar para atingir essa meta por lá. No Japão, o desligamento só ocorreu com 100% do sinal coberto. Por aqui, não há meta de cobertura estabelecida antes do desligamento. Há meta de recepção, com os 93%, mas não há um critério de cobertura. Primeiro vendemos a faixa e, depois, criamos modelos para limpar a faixa, que deve ser entregue até 2018. Atingir o índice é extremamente difícil, mas é possível”, afirmou Gunnar Bedicks representante da Seja Digital.

Paulo Henrique Balduino, diretor da Abert, também considerou a questão da cobertura em sua explanação.“Fizemos o switch-off aqui em Brasília chegando a quase 90,92% de digitalização. A capital mostrou que o índice é alcançável. Estamos trabalhando de forma a manter as metas que estavam estabelecidas na portaria. De agora em diante, alguns ajustes serão necessários em relação à cobertura. Outro aspecto que nos preocupa muito é a recepção. Por mais esforço que tenha sido feito, há casas em que a instalação não foi bem realizada”.

Experiências das emissoras – Entre os representantes das emissoras, Fernando Mattos, gerente técnico do SBT de Brasília, explicou que os maiores desafios foram identificar as áreas de sombra de cobertura, realizar a operação com diferentes fabricantes e cumprir os prazos e os custos estabelecidos. Enquanto, Luciano de Melo Silva, gerente de engenharia e TI da Band de Brasília, fez uma sugestão de alteração de Norma. “Eu deixo aqui uma sugestão de alteração da Norma. A tela preta faz com que os gastos de energia sejam muito maiores. Uma tela branca seria mais viável.”

Tomaso Papi, engenheiro da Record Brasília, afirmou que o primeiro objetivo da emissora foi igualar a cobertura do sinal. “O segundo objetivo foi igualar a experiência e a qualidade do sinal. Utilizando o mesmo canal, fizemos testes de recepção em movimento dentro de um carro e dentro de um ônibus, ambos percorrendo o Plano Piloto e indo até as cidades-satélites. Utilizamos recomendações internacionais para aferição em movimento. Percorremos mais de 6 mil km no DF, registrando mais de um milhão de amostras”, contou.

Tiago Cunha, engenheiro da Globo Brasília, lembrou que a emissora iniciou o ciclo de digitalização em 2014 e, por isso, teve tranquilidade para abordar o planejamento pensando mais nas experiências de recepção das pessoas. “O desafio era não deixar nenhum receptor para trás. Dividimos a população em grupos: idosos, carentes, desavisados e autossuficientes. A nossa área de comunicação fez palestras em shoppings, rodoviárias, parques, faculdades e, com isso, atingimos mais 50 mil pessoas que, pelo menos, tiveram um primeiro contato com o tema.”

Carlos Cauvilla, diretor de engenharia e tecnologia da TV Anhanguera, lembrou que a afiliada da Globo em Goiás trabalhou com um conceito de atuação integrada. “Temos um grupo de coordenação entre as áreas de recursos humanos, jornalismo, tecnologia, marketing e programação. Definimos, também, um público alvo e, com base nesses diferentes públicos, definimos as ações a serem realizadas”, contou.