SET e CBDEL firmam acordo de cooperação

O atleta brasileiro Bruno Teuro em competição de esportes eletrônicos na China, promovida pelo World eSports Consortium (WeSCO). Foto: CBDEL.

 

José Munhoz (SET) e Daniel Cossi (CBDEL) na sede da SET. Foto: Carla Dórea Bartz / SET.

Visando o fortalecimento e o desenvolvimento do esporte eletrônico institucional e profissional no Brasil, a SET e a Confederação Brasileira de Desportos Eletrônicos (CBDEL) firmaram, no dia 7 de fevereiro, convênio de cooperação.

A assinatura do acordo aconteceu na sede da SET, com as presenças do presidente da CBDEL, Daniel Cossi, e do Diretor Executivo da SET, José Munhoz.

Em 2018, a CBDEL e a SET fizeram uma primeira aproximação no SET EXPO. A entidade esportiva foi responsável por um dos painéis do Congresso, no qual foram discutidos o estágio atual dos esportes eletrônicos, a profissionalização do setor e o papel da radiodifusão.

José Munhoz avalia que o acordo agora estabelecido deve beneficiar o esporte brasileiro como um todo.

“A SET sempre busca realizar parcerias que visam novas oportunidades de desenvolvimento da cadeia produtiva do setor de mídia e entretenimento audiovisual”, explicou.

“Nos últimos anos, o esporte eletrônico tem se firmado no Brasil e no exterior como uma  prática reconhecida por governos e confederações internacionais”.

“Desta forma, acreditamos que o setor da radiodifusão deve participar e alcançar essas novas modalidades competitivas e ajudar a alavancar esta atividade em nosso país”, disse.

O convênio agora firmado permitirá a divulgação e promoção mútua de atividades e ações, descontos em eventos, participação em comitês e grupos de trabalho focados no setor e apoio na produção de conteúdo.

“Para a CBDEL, a parceria com a SET é estratégica. Vemos o setor de radiodifusão, em especial a televisão, como um aliado na popularização dos esportes eletrônicos no Brasil. A internet e as redes sociais têm o seu alcance, mas nada que se compare à televisão”, avaliou Daniel Cossi.

Leia a seguir entrevista exclusiva que o executivo concedeu à SET.

Daniel Cossi, presidente da CBDEL. Foto: Carla Dórea Bartz/SET

SET – O que significa o acordo firmado com a SET?

Daniel  Cossi – A SET é sinônimo de avanço, de vanguarda. Quando você avalia a história da SET, você quer fazer parte dela. Por isso, para a CBDEL esta parceria é muito bem-vinda.

SET – O que é a CBDEL?

DC – É uma Confederação que administra nacionalmente a categoria do esporte eletrônico. Neste processo, criamos os projetos de lei para o reconhecimento desta modalidade como categoria regular desportiva no Brasil. Na semana passada, foi aprovado o primeiro projeto desta natureza na Paraíba. Assim, neste estado, esporte eletrônico é esporte de verdade. Isso já trás vários benefícios. Por exemplo, o praticante federado torna-se atleta profissional. Ele pode receber bolsa atleta e outros incentivos. As empresas patrocinadoras passam a ter base legal dentro da Lei de Incentivo ao Esporte. E por aí vai.

SET – Como estão os outros estados?

DC – Só para você ter uma ideia, escrevemos 27 projetos de lei. Cada um para um estado e o Distrito Federal. Tem ainda o projeto nacional, 383/2017, que é do Senado e que está para ser aprovado. Para nós, esporte é uma ferramenta para formar cidadão. Acreditamos que o caminho será igual ao do futebol pela CBF, do basquete pela CBB e por aí vai. Só que o esporte eletrônico atua na vanguarda tecnológica, na qual várias disrupturas merecem ser discutidas.

SET – Como está esta regulação em outros países? 

DC – A China, em 6 de fevereiro, reconheceu o esporte eletrônico como categoria em âmbito federal. Isso foi um passo do qual me orgulho porque também nos envolvemos. A CBDEL faz parte do World eSport Consortium (WeSCO) e da Pan-American eSports Confederation (PAMESCO).

SET – Qual a diferença entre um jogador de videogame e um atleta profissional?

DC – Para nós, jogo eletrônico é uma coisa e esporte eletrônico é outra. O jogo eletrônico é o que faço em casa. Já a prática de um atleta passa pelos âmbitos institucional, educacional e profissional. É a diferença entre a pelada de final de semana e o campeonato profissional de futebol: os meios podem ser os mesmos, mas as práticas são muito distintas.

SET – Qual é a estrutura necessária tanto para o atleta quanto para as competições?

DC – Um computador ou celular, um console ou videogame, realidade virtual ou aumentada. Com relação ao espaço, se o jogo for online, a internet. Se for off-line, uma lan, ou seja, um local em que os computadores não têm acesso à internet, mas se comunicam entre si. A modalidade online é a mais popular, no entanto, ela depende da qualidade da conexão, que pode fazer um jogador ter vantagem sobre outro. Dessa forma, faz parte das atribuições da CBDEL criar regras para garantir o fairplay e homologar hardware, softwares e demais condições de competição.

SET – Como é feita a escolha dos jogos?

DC – Neste mercado, temos três players grandes: as publicadoras, as desenvolvedoras e as operadoras. As desenvolvedoras têm seus campeonatos, que oferecem premiações milionárias. Mas, são eventos privados, sem respaldo das confederações. O lado da CBDEL é institucional e o objetivo é participar do sistema nacional de desporto, inclusive do movimento olímpico, dando ao atleta todos os resguardos diante da justiça esportiva, sistemas anti-doping e outras questões.

SET – Como está o mercado de esportes eletrônicos no Brasil?

DC – Ele ainda está concentrado em um pequeno grupo de seis, oito times e de uma única franquia. Temos várias pessoas com muito talento, mas que ainda não são profissionais. Este é um mercado que envolve milhões, mas ainda não é um mercado milionário de ponta a ponta da cadeia, como é o futebol, por exemplo. Podemos dizer que ainda está engatinhando, no entanto há muitas oportunidades de crescimento. O mais importante é entender a diferença entre a prática esportiva e o negócio do esporte eletrônico. A prática esportiva não deve ser vista somente como um produto, mas algo que vai além e que está integrada a valores que visam a cidadania, a educação e a inclusão social.

SET – Quais são os próximos passos da CBDEL?

DC – Nós até agora focamos na parte legislativa. Atualmente, temos comissões, conselhos, parte jurídica, tudo para começar a prática. Agora sim podemos ajudar times que desejam ser federados. Em 2019, teremos dois tipos de competição, uma Open para todos os praticantes e, em paralelo, a Copa do Brasil e as Copas Regionais. Em 2020, teremos o Campeonato Brasileiro.

SET – O que a TV precisa considerar para transmitir esses campeonatos?

DC – Nossos campeonatos serão tratados da mesma maneira que os campeonatos de outras confederações, como a de basquete, vôlei, etc, com muito pé no chão, clareza e nenhum protecionismo.

SET – Quando os campeonatos começam?

DC – De maio a outubro, serão realizadas as classificatórias online para a categoria Open de alguns estados e uma etapa nacional. Os campeões vão para o Pan-americano e o Sul-americano. As finais serão em um local, talvez o Parque Olímpico (RJ), visto que a CBDEL tem um núcleo ali. Faremos também finais itinerantes visando a popularização do esporte.

Texto e entrevista: Carla Dórea Bartz, gerente de Comunicações da SET.