Nos extremos da rádiodifusão

Finalizando o ciclo de eventos regionais da SET, o SET Centro-Oeste e o SET Norte trouxeram ambientes bem diferentes. O primeiro por ser o mais próximo do poder, o que atrai sua boa leva de assuntos políticos e polêmicos, e o segundo sendo o ponto mais afastado do eixo econômico central do país, mas com um dos mais altos índices de evolução tecnológica.

Nº 138 – Novembro 2013

Da Redação

Reportagem – SET Regional

Até por uma óbvia questão geográfica, é comum que eventos que busquem propagar e debater conhecimento com caráter regional sempre se tornam grandes centros de discussão e instrução. Em um país de proporções continentais com um eixo de desenvolvimento tecnológico periférico, como é o caso do Brasil, a busca por tal aprendizado nos centros não óbvios, como os fora do tradicional Rio-São Paulo, passa a ser ávida e constante.
No caso dos eventos regionais da SET a situação é exatamente esta. Grandes centros distantes de onde acontece os principais congressos de conteúdo e radiodifusão, possuem uma grande quantidade de profissionais atuantes que precisam se atualizar e adquirir um aprendizado contínuo, inerente do trabalho com áreas tecnológicas, que só pode ser conseguido quando os principais nomes do mercado vão até estas regiões.

O presidente da SET trouxe os resultados dos trabalhos realizados em parceria com o Mackenzie sobre o nível de interfenrência entre o 4G e o ISDBT.

O presidente da SET trouxe os resultados dos trabalhos realizados em parceria com o Mackenzie sobre o nível de interfenrência entre o 4G e o ISDBT.

Nestes dois últimos regionais de 2013, Centro Oeste no final de Outubro e Norte no começo de Novembro, esta máxima adquiriu tonalidades diferentes. Com dois eventos com bastante relevância, levando em conta o número de presentes e a quantidade de palestrantes, os mini-congressos fecharam o ano imprimindo suas características ainda mais fortes para 2014.
Primeiro em Brasília a sensação foi de uma importância ainda maior do que o normal. Apesar do regional ser pensado para levar conhecimento até profissionais de lugares mais “distantes”, muitos dos que foram buscavam também trazer informações novas do distrito federal, sobretudo no que diz respeito à Políticas e Novas Regulamentações, levando em conta que Agências e Governo tomam sede na cidade.
Já Manaus coloca o próprio conceito do regional em cheque. A capital do Amazonas, apesar de ser o ponto mais distante do eixo Rio-São Paulo em que há eventos da SET, é ao mesmo tempo um polo tecnológico que abriga muitas instalações de fábricas, inclusive de equipamentos para broadcast. Então, ao mesmo tempo se depara com um público que raramente tem a oportunidade de se deslocar para acompanhar congressos no sudeste mas que estão envolvidos diariamente com o que há de mais avançado em tecnologia.

Com estes dois eventos a SET encerra o ciclo de eventos de 2013 com o entendimento da importância de seus trabalhos locais e o aprendizado de que ainda há muito o que ser melhorado.

Na Capital Federal

Com uma das palestras mais participativas, Cristovão, da UNISAT, falou sobre os desafios de mão de obra do ramo dos satélites.

Realizado nos dias 15 e 16 de outubro no auditório da Anatel, o SET Centro-Oeste foi o que mais se aproximou da origem do poder. Não só literalmente, estando dentro da Agência Reguladora que rege toda a Telecomunicação no país, mas principalmente pelas presenças que esta localização privilegiada permitiu.
Graças a realização na cidade de Brasília, o evento pode contar com nomes como Marconi Maya, superintendente de outorgas e recursos da Anatel, do presidente da SET Olímpio José Franco e de Emerson Weirich, moderador de evento gerente executivo de engenharia da EBC. Com um painel de abertura destes, não é de se espantar que o auditório esteve lotado durante toda a parte da manhã do primeiro dia de evento.
Como já era esperado, e de fato nem havia como fugir do assunto, o grande tema que rondou a cerimônia inicial foi a questão dos 700 MHz. Após um ano que começou pautado na polêmica decisão do governo em ceder a faixa para os serviços de banda larga móvel, o que poderia gerar interferências nas transmissões de TV Digital Aberta, uma extensa consulta pública, bates e rebates de testes e pesquisas, era a hora do governo apresentar quais seriam as diretrizes que pautariam o processo de transferência.
Dando início ao assunto, Marconi Maya subiu ao palanque para defender a estratégia do governo. O discurso do superintendente da Anatel começou com um panorama base da questão, provando a alta demanda por serviços de banda-larga e como a faixa de 700 MHz poderia ser uma solução de grande porte. “É claro que esta transferência precisa acontecer sem que nenhum prejuízo seja assumido pelas emissoras de televisão que operam nas faixas afetadas por interferência”, afirmou.
Em seguida, Maya apresentou um primeiro cronograma do governo para a transferência. Esta agenda levava em conta um trabalho de estabilização e recanalização das emissoras que hoje operam em frequências críticas. “Vamos colocar em consulta pública um replanejamento dos canais de cada uma das regiões brasileiras para que possamos transferir gradativamente a faixa dos 700 MHz sem gerar grandes danos”, afirmou.
Segundo o superintendente, este trabalho de recanalização já foi projetado para as regiões do Rio de Janeiro, São Paulo, Distrito Federal, Goiás , Espírito Santo, Paraná, Minas Gerais e Santa Catarina. “Com este trabalho, também estamos levando em conta uma harmonização com os demais países do Mercosul, pois regiões de fronteira podem acabar sofrendo de interferências de frequências emitidas de outros países”, explicou.
Após o tempo usado por Maya, foi a vez do presidente da SET tomar a palavra. Colocando contraponto e uma atmosfera mais elucidativa, Olímpio José Franco trouxe à público os resultados de duas fontes de estudos sério sobre a questão dos 700 MHz. A primeira tem a ver com o relatório elaborado pelo Ministério das Comunicações(MIC) do Japão que relata como a interferência agiu por lá e a solução da instalação de filtros em todos os receptores atingidos no país, gerando uma conta bilionária para as Teles.
Este relatório, que chegou a ser chamado de “terrorista” por membros do governo, é a prova cabal de que o tema é assunto seríssimo e não pode ser levado com a leviandade que alguns setores estão fazendo. Em seguida, Olímpio apresentou os resultados de outro estudo, já do caso brasileiro, que foi encomendado pela SET junto ao laboratório de TV Digital da Universidade Mackenzie no início do ano.
O trabalho acadêmico, que ainda está em andamento, traz uma série de testes utilizando diferentes modelos de aparelhos televisivos (receptores) em diferentes condições de interferência. Resumindo os números apresentados, o relatório foi pensado para trazer a problemática japonesa para a realidade brasileira, onde as bandas de guardas de frequência e o modelo de canalização é um pouco diferente. A conclusão porém, é bastante similar.

Emerson Weirich abordou a entrada do mundo TI dentro do Broadcast.

No relatório SET-Mackenzie, a interferência rede LTE X ISDBT existe em diferentes graus dependendo do modelo e geração de receptor e casos de emissões ( por saturação ou por frequencia imagem), mas em nenhum deles ela é nula. O relatório foi ainda mais além, utilizando o filtro aplicado no caso Japonês nos receptores para concluir que é uma solução viável também no Brasil. E o resultado confirmou-se no desaparecimento da maioria das interferências.
Disse também que a Anatel pode até não confiar em nossos testes, mas poderia referenciar nos relatórios japoneses, que possuem cerca de 1000 páginas, com muitas informações consistentes.

A questão Loudness
Seguindo a rotina de polêmicas, chegou o momento do segundo assunto mais polêmico de 2013, a questão do Loudness. Desde que o governo brasileiro decidiu que adotaria uma normalização para acabar com os problemas do Nível Percebido do áudio das transmissões televisivas, uma espécie de discussão sem fim se iniciou: Como seriam as medições? Quais normas seriam adotadas? Quais seriam as sanções? O quão severa seria a legislação?

João Quérette, da Imagenharia ao lado da unidade Hardware do Alfred.

Apesar da lei do Loudness ter entrado em vigor no meio de 2013, muitas destas questões continuaram obscuras, sobretudo no que diz respeito à fiscalização empregada pela Anatel. Desta forma, a organização do Regional Brasilia tratou também de trazer um painel para a discussão do tema direto com quem representa o assunto, no caso Octavio Penna Pieranti, secretário substituto de Serviços de Comunicação Eletrônica do Ministério das Comunicações.
O secretário fez uma espécie de panorama geral da questão do Loudness e uma explicação do embasamento da legislação em normativas internacionais.
Apesar das inúmeras dúvidas surgidas durante a apresentação, o tempo limitado de Pieranti impediu que a maioria dos questionamentos fosse respondida. Questões como o trabalho de fiscalização da Anatel e se haveria alterações na severidade com que a lei prevê as sansões, mais uma vez ficaram para a posteridade.

Multiplataforma em Destaque

Como têm sido Praxe, a Ross Video montou uma mini demonstração nos corredores do evento em Manaus para exibir seus sistemas.

Após o acalorado debate gerado pela cerimônia de abertura, foi a vez dos paineis entrarem em outro tema “do momento”, mas desta vez sem tanta polêmica e com uma dose um pouco maior de futurologia. Impulsionado pelo crescimento monstruoso do mercado Mobile, os conteúdos multiplataforma se tornaram uma obsessão de quem trabalha dentro do setor de conteúdo para broadcast.
Seja por uma questão de sobrevivência ou por uma aptidão com as novas mídias, são os responsáveis pela criação de conteúdo de produtoras e emissoras que mais tem se destacado quando o assunto envereda para a distribuição para multi-meios. Seja por meio de aplicativos de segunda- -tela, ou por conteúdos exclusivamente construídos utilizando- se da interatividade e experiência do usuário, ninguém discorda que é ai que mora o futuro da televisão.

Apesar disso, o primeiro a subir no palanque para tratar do tema foi Aguinaldo Silva. Representante da indústria de fabricantes de receptores (aparelhos de televisão), o engenheiro fez uma apresentação introdutória sobre a importância que a capacidade de trazer diferentes fontes de conteúdo para o espectador.
A priori Silva apresentou uma série de dados sobre o uso de dispositivos móveis e internet simultaneamente à experiência televisiva. “Uma pesquisa realizada em 2012 revela que cerca de 70% dos brasileiros acessam a internet pelo celular, tablet ou notebook enquanto assistem TV, e este número é cada vez mais crescente”, afirmou.
Em paralelo entre as funcionalidades das Smart TVs e as utilizações de segunda tela, Aguinaldo Silva entrou no mérito do uso individual dos sistemas. “A Televisão será uma experiência diferente para cada um de nós, aproximando-a dos dispositivos informáticos, que são de uso individual”, explica.

Marconi Maya, da Anatel, fez uma apresenteção do que o governo tem feito pela questão dos 700 MHz.

Em seguida foi a vez de Emerson Weirich tomar a palavra. O moderador do evento também trouxe o tema da multiplataforma, mas desta vez sob o ponto de vista da recente aproximação sentida pelos profissionais de broadcast ao mercado de TI e seus agentes atuantes. “É cada vez mais patente as figuras do Social Media, Mobile, Information e Cloud”, começou Weirich.
De acordo com o moderador, a quantidade de informação que a era do TI traz para o broadcast gera o problema do Big Data. “Hoje, o fluxo de dados da internet está se aproximando de 1 Exabyte (1 bilhão de Gigabytes) por dia”, explicou. Só no fluxo de vídeos assistidos no Brasil por ano, este número equivale a informação armazenada em 5 bilhões de DVDs.
Com este crescente fluxo, o desenvolvimento de tecnologias de armazenagem de dados evolui a uma velocidade grande. “Assim, podemos dizer que com o passar do tempo, cada vez mais teremos o custo de armazenamento tendendo a zero por byte”, explica.

Monique Cruvinel da Abert, participou do painel sobre Loudness.

Todo este cenário gera um ambiente propício e fértil para a produção de conteúdo digital, seja por meio de VOD e OTT e até mesmo com os web-producers. “Acontece então uma metamorfose no modelo de negócio do broadcast, onde a audiência deixa de estar focada e passa a estar dispersa”, conclui.

Calor Amazônico
Já o Regional SET Norte trouxe um clima mais “ameno”, se é que pode ser fazer um trocadilho. Em meio as famosas temperaturas equatoriais de Manaus, o evento transcorreu como um dos mais tranquilos do ano, sem tantas polêmicas e com o cronograma sendo cumprido a risca pelos palestrantes. “Acho que como é o último, já pegamos tanta experiência em fazer nossa apresentação, que tudo sai mais redondinho e rápido”, brincou João Quérette, da Imagenharia.
De fato a brincadeira tem um fundo de verdade. Após outros quatro regionais, onde cada um dos patrocinadores apresenta o mesmo tema/solução e faz basicamente a mesma apresentação, fica mais fácil trazer aos presentes a informação necessária. No regional Norte foi assim, apresentações objetivas e um público extremamente interessado.

O evento de Manaus contou com uma sala cheia e palestras marcadas pela objetividade.

Realizado no espaço de convenções do Shopping Studio 5 nos dias 7 e 8 de dezembro, o evento iniciou com as devidas formalidades realizadas pelo modera-dor do evento Nivelle Daou, da Rede Amazônica. Em seguida recebeu somente um painel ministrado por Josemar Cardoso da Cruz, da TV Globo. Cardoso aproveitou o espaço para falar dos dispositivos de RF utilizados em reportagens externas.
A ideia por traz da palestra de Cardoso é a mesma que permeia todo o desafio da produção jornalística pra televisão: a velocidade com a qual o conteúdo sai do repórter in loco e chega até a emissora. “Em um tempo de televisão em altas definições, é preciso não só alcançar a celeridade, mas também conseguir manter a maior qualidade de sinal possível”, explicou.

Aguinaldo Silva falou sobre multiplataforma, e brincou um pouco com a futurologia da televisão.

Para tanto, o palestrante abordou o papel das tecnologias Wireless de DSNG, LTE e transmissão IP. Cardoso traçou um paralelo prático e teórico das qualidades e problemáticas de cada uma das tecnologias, deixando claro as virtudes que ainda precisam evoluir para alcançar a demanda necessária.

Finalmente, abordou também as diferenciações da operação destes sistemas em SD e a transição disso para o HD. “É preciso conciliar a robustez e qualidade do sinal com as soluções de compromisso para links fixos e links móveis”, afirmou. Para concluir, abordou a delicada questão do lotado espectro RF de alguns pontos e o trabalho por trás de gerenciar e coordenar as frequências de links em grandes eventos, como os que estão por vir ao Brasil.
Com o fim do painel, começou o ciclo de palestras de patrocinadores e convidados, tratando de novidades e tecnologia, como tem sido praxe em todos os eventos da SET.

Octavio Penna Pieranti, do MiniCom, teve que encarar uma platéia avida por informações sobre a lei de Loudness.

Armando Ishimaru agora faz jornada dupla, como representante da Leader Instruments e também da JVC no Brasil.

Redação
Revista da SET.

PRODUTOS, MARCAS E NOVIDADES

Um dos padrões que tem se repetido durante os eventos regionais da SET é a presença de muitas palestras de patrocinadores e convidados debatendo temas de tecnologia, realizando workshops e apresentando produtos. Como os eventos são uma espécie de Road Show, é comum que muitas destas apresentações acabem se repetindo nas diferentes regiões.
Como pode ser conferido em nossas anteriores coberturas dos eventos regionais, a Revista da SET têm trazido progressivamente a cobertura completa destas apresentações, sempre tendo em pauta aquilo que é novidade em determinado evento, sem repetir o que já foi demonstrado nos anteriores. Seguindo este modelo, destacamos aqui as três palestras que foram novidades nos dois eventos finais, a de João Quérette da Imagenharia, de Armando Ishimaru da JVC e de José Roberto Elias da IF Telecom.

A SEGUNDA FASE DA TV DIGITAL

Com um foco totalmente estreito na tecnicidade da engenharia de radiodifusão, a IF Telecom juntou-se ao Regional SET para dar uma verdadeira aula sobre antenas. Ministrada por José Roberto Elias, a palestra realizada no Regional Centro-Oeste abordou diferentes temas concernentes a o segundo passo da TV Digital no Brasil, a interiorização e Switch-Off.
Para começar o assunto, Elias abordou as principais diferenças entre o momento inicial de instalação da TV Digital e atual estágio. De acordo com o palestrante, os trabalhos que se dão no interior, trazem particularidades desde a logística da operação até os tipos de linhas de transmissão empregados.
Em seguida a apresentação trouxe uma análise dos modelos de antenas mais frequentemente utilizadas, trazendo prós, contras e aplicações nesta fase da implantação. Além desta análise ilustrativa, o palestrante mostrou diversos gráficos e esquemas ilustrativos com os sistemas de propagação de cada uma delas. Para finalizar o palestrante trouxe uma série de dicas e orientações para a instalação e uso correto de cada um dos equipamentos. Além disso apresentou algumas das instalações da IF Telecom em seu pátio de fabricação de antenas.

NOME DE MORDOMO, TRABALHO DE PATRÃO

A Imagenharia Televisionários é uma empresa que traz alguns conceitos novos para a indústria broadcast. Durante suas participações nos eventos regionais, João Quérette, representante da empresa, tinha a missão de divulgar o novo produto da marca, um sistema que mistura MAM, Ingest, Archive e Storage batizada de Alfred. O trabalho de Quérette nos regionais passou um pouco pela pedagogia, trazendo os conceitos básicos do que é o Media Asset Management, as diferenciações entre Archive e Storage até finalmente apresentar o produto. Composto de uma plataforma Hardware própria e duas interfaces de software (um cliente e um servidor), o Alfred é um produto 100% desenvolvido e fabricado no Brasil.
“O Alfred é um poderoso e eficiente sistema de gerenciamento de mídia e automação de fluxo de trabalho para vídeo digital. O Alfred provê uma fundação poderosa, extensível e amigável para a manipulação de mídia e processos na produção de vídeo e televisão”, explicou Quérette. O sistema traz todo seu arquivamento em modelo LTFS, permitindo que seu arquivo possa ser lido por outras plataformas que não o Alfred. O sistema trabalha para permitir um fluxo de Ingest, Edição, Revisão, Exibição e Arquivamento, sempre com toda a metadata necessário em cada um dos passos. Para agilizar este processo, a arquitetura do produto permite que o processamento ocorra paralelamente entre o servidor e o cliente, aliviando um pouco o peso que os servidores geralmente recebem nas plataformas MAM tradicionais.
Para o hardware, a Imagenharia bolou uma unidade de 3U de altura, com placas e processadores intel (processador intel E5 multi-core), com capacidade para 32 terabytes de Storage, com capacidade para expansão. Com esta unidade, a empresa se diz criar a categoria de “MAM-in-a-box”, onde o sistema todo é vendido integrado, de forma que basta o interessado adquirir o Alfred que já possui tudo o necessário para trabalhar com sistema MAM.

O PRÓXIMO PASSO NA CAPTAÇÃO

Assumindo também agora a responsabilidade pelos negócios da JVC no Brasil, Armando Ishimaru passou a ter uma jornada dupla nos regionais da SET. Em primeiro tempo Ishimaru fazia sua já típica apresentação sobre Loudness em nome da Leader Instruments, em seguida, vinha o momento da JVC apresentar sua nova tecnologia com a câmera GY-HM650.
Trata-se de uma câmera portátil, focada na produção jornalística que traz diversas vantagens tecnológicas consoantes ao mundo broadcast atual. A primeira destas novidades é a capacidade de gravar dois arquivos simultâneos do mesmo conteúdo, sendo um em Full HD e o segundo em um formato mais leve Web-Friendly. “Esta capacidade permite gravar em dois cartões de memória paralelos, com dois codecs diferentes previamente escolhidos”, explica Ishimaru. Outra novidade é a possibilidade da câmera se conectar a uma rede wifi, permitindo que ela transmita os arquivos gravados simultaneamente por meio de um FTP interno dedicado. “A ideia é que se possa usar Hot Spots ou até mesmo redes de dados de modens 4G ou celulares para enviar os arquivos”, continua o representante.
Por fim, a câmera traz um aplicativo móvel que permite conectar a câmera a um Smartphone ou Tablet por uma rede dedicada. Dentro do aplicativo, é possível acessar todas as configurações da câmera, como sensibilidade, abertura, controle de zoom, tipo de gravação, etc, e inclusive criar presets que podem ser mudados diretamente no App, como um controle remoto. A GY-HM650 possui lentes Fujinon de 23x, F 1.6-3.0, sensibilidade F11 e sensores CMOS de 1/3 e 12 bit. “Trata- -se de um produto que deve ajudar a dar o próximo passo no desenvolvimento de câmeras para jornalismo”, finalizou Ishimaru.

DEBATE MULTIPLATAFORMA

Sem sombra de dúvidas a distribuição de conteúdos para múltiplas mídias se tornou um dos principais temas debatidos nos eventos da SET de 2013. E não é por menos. Quem foi para a NAB ou para o IBC, os dois maiores eventos do mundo broadcast, percebeu que este é um assunto mundial, que tem tomado conta dos debates de profissionais de diferentes áreas.

Seja para aqueles que enxergam a integração entre o profissional de TI e Broadcast, ou os que buscam uma forma de criar conteúdos mais adaptáveis à estas plataformas, ou ainda quem pense na Segunda Tela, todos ainda precisam buscar a resposta primordial ao modelo: como ganhar dinheiro com multiplataforma.
Aproveitando a presença de quem tem se empenhado em discutir o tema no Brasil, a Revista da SET organizou uma espécie de debate, para ouvir o que os especialistas tem a falar. Desta vez, contamos com a presença de Aguinaldo Silva, da Envision e Alex Silva, da AD Digital.

Revista da SET: O que o trabalho em multiplataforma muda na vida de quem trabalha com televisão?
Aguinaldo Silva: Eu represento o lado da recepção, não o lado dos broadcasters, então não posso dizer pelos broadcasters, entretanto posso considerar que trata-se de uma ferramenta extremamente importante para os radiodifusores, inclusive para gerar mais receita. O fato da possibilidade de usar múltiplos dispositivos para receber conteúdos ou então até para poder trazer interatividade para o conteúdo já existente, faz com que qualquer mudança de fluxo seja justificável.
Alex Silva: De fato, há sim mudanças de fluxo, que podem gerar algum investimento por parte das emissoras. Mas, como Aguinaldo disse, é algo que pode trazer muita receita, se começarmos a usar da maneira correta. Eu pego por meu exemplo. Minha filha pequena é uma criança aficcionada por Carrossel, a novela do SBT. Quando chegou o aniversário dela, ela queria por que queria um produto, acho que era um tênis, igual a de um personagem da novela, e posso te dizer que foi uma grande dificuldade encontrar o produto que ela queria. Se houvesse uma integração multiplataforma na programação da TV, de repente eu poderia ter comprado o produto diretamente na segunda tela ao assistir o programa. Isso é um potencial de receita muito grande.

Revista da SET: Com esta lentidão do broadcast tradicional em se adaptar a multiplataforma, e a velocidade com que crescem serviços de VOD e OTT, a banda larga, a internet, é hoje uma ameaça ao Broadcast?
Aguinaldo: Só pode se tornar se as emissoras continuarem a não fazer o dever de casa. E não falo só de passar a usar estas ferramentas. As emissoras brasileiras não são só broadcasters, elas têm toda uma estrutura de produção de conteúdo, que não é usado. Se o fato é ganhar dinheiro apenas, então por que não gerar bons conteúdos e vender para a TV à Cabo, para provedores de internet, para quem tiver interessado. Dai resolve o problema. Internet é uma ameaça? Não.

Revista da SET: Mas é que o modelo de negócio da TV sempre esteve baseado no monopólio da atenção…
Aguinaldo: Não, não se trata de modelo de negócio, se trata de modelo Político, é outra história. Por isso que não vou entrar neste mérito. Se for falar só em negócio, então vamos falar do quanto se investe em transmissores, antenas, e etc, que é algo que não precisariamos. Não é o business das emissoras. O Business delas, qualquer que seja a emissora é vender a novela, vender o Carrossel, vender o programa qualquer, este é o Business e é isso que se vende para o patrocinador. Por que então a emissora precisa de Torre, Transmissor, Antena?
Alex: Tanto é que com relação à negócios, se olharmos os números dos faturamentos de hoje, o Google é o número dois no Brasil, apenas superado pela Globo.
Aguinaldo: A questão de ameaça ou não, extrapola um pouco a questão do negócio em si, vai por questões mais políticas.

Revista da SET: O surgimento de inúmeros modelos de Smart TV é uma forma de escapar do monopólio de conteúdo das Emissoras?
Aguinaldo: Não. Primeiro que Smart TV não vende conteúdo da TV. Você tem sua própria loja de aplicativos, ou você faz um contrato com Netflix, ou faz um contrato para rodar filmes de outras VOD. Não existe nenhuma correlação dos Smart TV com as Emissoras de TV Aberta, são negócios totalmente independentes. Agora, por que existe o Smart TV? Do meu ponto de vista, e eu defendo isso, é o seguinte: Quando você compra um Smart TV você pensa “vou acessar a internet, colocar Skype, etc”, mas para mim é tudo besteira. Para mim existem dois tipos de aparelhos muito distintos e que não precisam estar junto. O primeiro são os aparelhos de informática, e ai falo de TV como monitor, e outro é a TV como entretenimento, que é de uso coletivo. Um você usa olhando de frente e individualmente, já a TV é para conteúdos televisivos. Na minha opinião, o Smart TV precisava só de Netflix, Youtube, iTunes, ou seja, conteúdos de áudio e vídeo e mais nada. Entretanto o mercado é o mercado, se você não vende um produto com toda a parafernalha que o concorrente tem, você perde.
Alex: Isso que eu ia falar. São tantas as opções de aparelhos receptores Smart TV, mas a maioria. a maioria dos brasileiros vai ter um produto deste em casa conectada à um provedor de televisão à cabo, com conexão analógica. Fora isso a internet que recebemos no Brasil hoje não nos proporciona esta qualidade de experiência para que o usuário possa acessar tudo que uma Smart TV provê. Mas o mercado é assim, se não vender tudo completo, o concorrente está lá.
Aguinaldo: Há um dado muito interessante do começo das Smart TVs, quando uma empresa fabricante investiu altíssimo em Servidores, porque achavam hora que começassem a vender Smart TV, o acesso internético seria uma loucura, todo mundo iria começar a usar os Apps, os conteúdos, etc. Hoje estes servidores estão todos abandonados lá no pátio deles, por que o consumidor compra uma Smart TV, usa uma vez por curiosidade, e nunca mais. O que vai usar sempre é o Netflix, por que a TV foi feita para conteúdo de áudio e vídeo e não o resto.
Alex: Talvez nas próximas gerações, quando as crianças de hoje estiverem comprando Smart TVs, talvez o uso seja mais forte.
Aguinaldo: Mas dai também não haverá mais Smart TV. Televisão no conceito que existe hoje, onde bota uma antena e sintoniza canais abertos, não vai existir mais. Isso vai acontecer muito em breve, o que vai existir é um grande monitor que se conecta tudo. Então você tem Set-top-box para ligar diversas coisas. Se por acaso você quiser assistir TV nele, vai conectar alguma coisa que traz a TV até ele.