O futuro da TV analógica

Especialistas envolvidos no desligamento da TV analógica e liberação da faixa 700MHz debateram a transição

O tema “Mudança: faixa 700 MHz – Os grupos técnicos do Gired” foi discutido entre os coordenadores de cada GT da Gired da Anatel e representantes do Ministério das comunicações, tendo como moderador Luiz Fausto.

Agostinho Linhares, coordenador do Grupo Técnico de Recepção (GT-RX), apontou as diretrizes, resoluções e portarias que o grupo está seguindo e a missão de assessorar o Gired nas atividades relacionadas à especificação das características técnicas de filtros, conversores de TV Digital Terrestre e antenas de recepção.

“Já foi aprovada a utilização de antena interna passiva – para mim o uso desta antena deve ser caso de exceção, a antena externa passiva deve ser caso de referência”, conta Linhares. Outra especificação já aprovada é de que o filtro externo deve ser aplicável para mitigação de interferência, além disso o conversor deve ter suporte à interatividade por meio de interface IP e USB.

Em seguida, Thiago Soares, coordenador do Grupo Técnico de Remanejamento (GT Rm), explicou que o remanejamento de canais começou em 2013 e já “causou a alteração de aproximadamente 1195 canais digitais e 178 canais analógicos, que resultou na lista de ressarcimento do edital da faixa de 700 MHz”, afirma.

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Lauro Rutkowski, coordenador do Grupo Técnico de Comunicação (GT-Com), explicou que cabe a esse grupo a disponibilização de canais de atendimento ao consumidor, promoção de campanha publicitária para conscientizar a população das mudanças na TV brasileira. Rutkowski explicou ainda as dificuldades enfrentadas nessa transição; conforme conta, “os desafios incluem convencer as pessoas de que precisam trocar os televisores antigos e instalar antenas específicas para a recepção. O mais difícil é convencê-los de que é preciso investir; que ele precisar gastar mas vai ter uma qualidade melhor”.

Para discutir a posição do Ministério das Comunicações e da Anatel estiveram presentes Roberto Colletti, analista do Ministério das Comunicações; Jovino Pereira, diretor de Outorgas de Serviços de Comunicação Eletrônica da Secretaria de Comunicação Eletrônica do MC; Gunnar Bedicks, pesquisador na área de Comunicação Digital; Patrícia Abreu, experiente no planejamento e implementação de ações de comunicação; Liliana Nakonechnyj, diretora internacional da SET; e Luiz Claudio Latgé, diretor Adjunto da Comunicação da TV Globo.

Bedicks ressaltou que mesmo que todos os set-top boxes destinados a beneficiários do programa Bolsa Família sejam distribuídos, não será suficiente para sustentar o desligamento da TV analógica. Liliana complementou dizendo que o “desafio no Brasil é maior do que qualquer enfrentado no mundo por causa do valor que o brasileiro dá a sua televisão; além disso, há o desafio de fazer três fases diferentes em um curto espaço de tempo – desligar a TV analógica, redistribuir os canais e implementar o LTE”, afirma.

Já Patrícia e Latgé defenderam que não é suficiente que o telespectador saiba da mudança, mas que ele se prepare para ela. “Nós temos uma notícia para dar, que a TV analógica vai ser desligada e a gente tem que fazer isso de forma estimulante. Temos que passar a mensagem de que isso é realmente bom e que vai melhorar a qualidade da transmissão”, afirma Patrícia.

A 27ª edição do Congresso da SET acontece de 23 a 27 de agosto de 2015 no Expo Center Norte, em São Paulo. Este é o Congresso mais importante das áreas de engenharias e novas mídias da América Latina reunindo especialistas dos Estados Unidos, Japão, Europa e América Latina, para debater e analisar a situação atual e as principais tendências em produção, transmissão e distribuição e contribuição de TV. Na edição deste ano o foco passa pelo desligamento analógico da TV e os temas relacionados com esta transição.

Equipe Revista da SET/ProEx Unesp: Nathane Agostini e Fernando Moura, em São Paulo