Esportes à distância, novas formas de produção de grandes eventos

Especialistas debatem a produção e transmissão remota de conteúdo esportivo

O painel “Esportes – Novos recursos” foi moderado por Sérgio Santoro (TV Record/SET)  e teve como palestrantes Nuno Freitas (CIS Group / AVID), Bruno Parreiras (wTVision) e Larissa Goerner (Net Insight).

Nuno Freitas, gerente sênior na CIS Group, explicou o “ingest, catalogação, qualificação e edição de conteúdos em cloud”. Tendo como exemplo a cobertura dos Jogos Pan Americanos de Toronto 2015, ele afirmou que a Rede Record utilizou dois browsers via web, por meio dos quais recebiam dois tipos de conteúdo – material jornalístico produzido nas ruas e material oriundo de uma integração com a CBC. Segundo ele, “a única operação necessária nesse processo era a seleção de conteúdo”, todo o resto era feito automaticamente.

“Toda parte de ingest em banda live era feita diretamente em SP. Tinham seis ou oito ilhas de edição, com pessoal qualificando material que vinha de Toronto,” explica Freitas e disse que  375 horas de file base workflow foram ingestadas em Toronto; dessas, apenas 57 foram transferidas para São Paulo, em 8432 assets.

Freitas apontou que dentre os problemas no Brasil, os principais são falta de infraestrutura e de banda larga qualificada que permita a conexão com outros países, além do desafio de reduzir custos sem perder a qualidade na transmissão. “Os custos específicos de envio de recursos humanos são muito importantes; a TV Record não era a primeira a contemplar essa necessidade”, conta.

O executivo concluiu explicando que a produção remota de conteúdo permitiu a redução do orçamento, “a TV Record fez, uma economia com o não envio de mais de 60 pessoas. Além disso, com o sistema remoto montado, sem ilhas de edição lá, reduzimos os custos drasticamente; foi a primeira vez que utilizamos este sistema de forma remota em países diferentes”.

Em seguida, Bruno Parreiras, Co-fundador e sócio da wTVision, atualmente responsável pelo mercado da América do Sul baseado no Brasil, explicou o que sua empresa produz em broadcast para o mercado, especialmente quanto à transmissão ao vivo. “Na área de esportes temos uma solução, uma framework, com todo tipo de perfis e integração, que pode criar uma função personalizada com base no cliente, no projeto e na finalidade. Integramos também toda e qualquer forma de GC existente no mercado”

O sistema visa enviar, em tempo real, disse o executivo português, informações aos comentaristas, como estatísticas sobre a partida e sobre os jogadores, inclusive de outros jogos que estejam acontecendo no momento. “Pode apresentar gráficos, cronometragem, score board, tracking de materiais por meio de exibição gráfica, o que aumenta o valor agregado”, contou Parreiras.

O sistema criado pela empresa portuguesa permite a centralização de um banco de dados de esportes acontecendo simultaneamente, e também um banco de dados histórico, além de acesso remoto em diferentes plataformas.

O responsável da wTVision explicou que existe a possibilidade de uma versão ‘light’ do scoult, para um único operador, com uma quantidade de informações resumida. “Toda essa estrutura é customizável. O mesmo aplicativo pode ser adaptado a cada esporte. Uma solução totalmente escalonável e modular,” afirma.

Em relação à evolução tecnológica, Parreiras contou que “não foi só a produção que acelerou e evoluiu, mas também as audiências. As pessoas começaram a interagir mais por meio da internet. O público também, se fragmentou; quanto maior a tecnologia, maior a especificação da informação que o público procura”.

Encerrando o painel, Larissa Goerner, engenheira elétrica que desenvolve um trabalho focado na produção remota na Net Insight, afirmou que a produção remota é o futuro das transmissões esportivas. Mencionando a maior demanda de produções para 4k, Larissa contou que, “agora os broadcasters têm que produzir conteúdo com melhor qualidade, com o mesmo investimento ou até mesmo menos”.

Segundo a engenheira, existem diversos desafios técnicos a serem superados, como amplitude de banda e disponibilidade, latência nos sinais, sincronização de fontes diferentes, e interoperabilidade de interfaces dos equipamentos existentes. Ainda assim, afirma Larissa, o desafio cultural é maior que o técnico, pois muitos ainda acreditam que é necessário enviar pessoal para a cobertura de eventos esportivos.

Larissa explicou, também, a diferença da produção de um único evento – caso de copas do mundo e olimpíadas-, e as produções diárias de multi-eventos; no segundo, há a economia de gastos de viagem, utilizam-se instalações fixas e produtores geram mais de um conteúdo.

Ao fim das exposições, Daniel Diniz, gerente de vendas para o mercado brasileiro pela Net Insight, que estava na plateia, ressaltou que o grande desafio é convencer a pessoas de que a produção remota de esportes pode funcionar, sem a necessidade de enviar uma grande equipe técnica para o evento; o que permitiria a utilização da maior parte das credenciais com jornalistas, com produtores de conteúdo.

A 27ª edição do Congresso da SET acontece de 23 a 27 de agosto de 2015 no Expo Center Norte, em São Paulo. Este é o Congresso mais importante das áreas de engenharias e novas mídias da América Latina reunindo especialistas dos Estados Unidos, Japão, Europa e América Latina, para debater e analisar a situação atual e as principais tendências em produção, transmissão e distribuição e contribuição de TV. Na edição deste ano o foco passa pelo desligamento analógico da TV e os temas relacionados com esta transição.

Equipe Revista da SET/ProEx Unesp: Nathane Agostini e Fernando Moura, em São Paulo