SET Norte 2018: Cobertura digital das pequenas localidades até 2023

Para finalizar o SET Norte, um tema importante, o switch-off analógico nas pequenas cidades brasileiras e afiliadas, e retransmissoras para digitalizar o sinal

 Nivelle Daou Junior, membro do Conselho Consultivo da Rede Amazônica de Rádio e Televisão e diretor do SET Norte,  disse em Manaus que o desafio de digitalizar os mais de 4000 municípios brasileiros é complexo e difícil de analisar porque os problemas econômicos são grandes. E que é necessário continuar apostando nas populações, porque “se diminuirmos o trabalho, a TV aberta perde mais espaço em relação ao mundo digital”

O painel começou com a palestra “Desafio de Digitalização do Brasil profundo” de Camilla Cintra, Supervisora Executiva da Área de Projetos de Transmissão da TV Globo, que abordou os desafios de digitalização do nosso país, cenário onde o switch-off analógico foi realizado em muitas capitais e grandes centros urbanos, e hoje corresponde a 70% da população já com acesso a TV Digital.

Ela disse que o desafio é completar os 30% restantes para o qual “precisaremos digitalizar mais 4 mil outras cidades até 2023. Teremos um volume de estações três vezes maior do que o implantado até agora para atender a um terço da população em menos de 5 anos.  Para conseguirmos enfrentar este  desafio, radiodifusores e a indústria devem se unir para encontrar um modelo de retransmissora de TV Digital que proporcione grande redução do investimento e facilidade na sua implantação”.

Em termos de rede Globo, depois de 2018 o desafio é o paramento analógico com 12% dos domicílios recebendo unicamente TV por satélite. Para a executiva, a questão passa pelo que fazer, pensando no papel social da emissora “que quer chegar lá. No final de 2017 foi montado um grupo de compartilhamento da ABERT com uma estação piloto em Tiradentes (MG) onde até seis estações estão juntas e compartilhando espaço com um transmissor de 50W/emissora com um tamanho de 25cm x 30 cm x 50 cm com a parceria de 3 redes e dois fornecedores”.

Em termos de satélite, Camilla falou do complemento da distribuição por um satélite HD com recepção em todo o país, sendo que “41% da recepção está no norte do país e, por isso, precisamos apostar nos domicílios e nos telespectadores”. Ela explicou que a Globo trabalha com o apagão do SAT Analógico para incorporar o SAT Digital  e com isso, “usar a expertise do apagão para mobilizar as pessoas a migrarem para o HD”.

Finalizando a sua palestra, Camilla disse que “na era digital o cenário é de parcerias com compartilhamento Capex e Opex e modelos de operações flexíveis que permitam avançar por meio de formação de parcerias, cooperação e pensando em novas soluções”.

Marcelo Zamot, gerente comercial da Ideal Antenas, ministrou a palestra “Compartilhamento – Emissoras de TV” afirmando que o compartilhamento, prática conhecida no setor de telecomunicações como “ sharing” é o caminho a seguir no Brasil.

“Estamos muito felizes com a evolução da TV aberta no Norte. Não subestimem a TV aberta ,ela esta avançando! Por isso, nós da indústria precisamos acompanhar as demandas, entender a dificuldades e refletir sobre o momento para saber como podemos colaborar no compartilhamento e nas soluções de antenas”, comentou.

O momento, disse, é de as emissoras “se unirem e compartilharem. A meta do nosso projeto é construir estruturas reforçadas e sistemas irradiantes com capacidade de suportar múltiplas emissoras pelo custo-benefício mais accessível de forma de garantir a transmissão”, ou seja, precisamos um espaço com um mesmo abrigo, a mesma infraestrutura e a mesma antena. Por isso, mostramos o projeto Turnkey desenvolvido em Tiradentes (MG) com uma antena banda larga com dois níveis, um siteless com o objetivo de economizar em todos os aspectos”.

Sérgio Martines, Diretor Executivo da SM Facilities analisou na palestra “o compartilhamento de infraestrutura como modelo de negócio para viabilizar a expansão da cobertura de TV Digital no Brasil”, a visão da empresa frente ao processo em andamento. “Temos mais de 4 mil municípios com menos de 25 mil habitantes, o que nos permite entender o tamanho do desafio. No Amazonas, por exemplo, dos 62 municípios, 25 tem menos de 25 mil habitantes representando 40% do Estado”. No Rio Grande do Sul, dos 497 municípios, mas da metade têm menos de 10 mil habitantes, o que faz inviável o retorno do investimento para digitalizar”.

O executivo disse que “com a digitalização das cidades com maior população já está bem encaminhada, e é necessário avaliar, discutir e propor soluções, modelos técnicos e de negócios que possam viabilizar a expansão da transmissão da TV Digital para as cidades do interior e de menor interesse comercial”.

Ele disse que é necessário pensar novos modelos de gestão e de negócios para a implantação e gestão da infraestrutura e equipamentos de novos sistemas de transmissão. Martines mostrou como com o compartilhamento de 4 emissoras se chega a uma redução de mais de 66% dos custos, isto com a terceirização do O&M, compartilhamento de torre e abrigo, equipamentos e com cobertura como serviço sem ter investimento inicial para as redes.

Martines apresentou então o SM Slimcast, solução da SM Facilities, para compartilhamento de estações de TV. “Uma solução compartilhamento que permite a otimização de investimento com modelos de infraestrutura inovadora, novos modelos de transmissores e otimização dos critérios de transmissão e a SLA”.

Finalmente, o executivo da empresa de Curitiba apresentou um modelo de negocio com cobertura e disponibilidade c de sinal com um investimento totalmente Opex. “Já não precisamos comprar torres, mas sim coberturas”.

Fernando Gomes de Oliveira, gerente de Gestão e Planejamento na EAD/Seja Digital, ministrou a palestra “Sem transmissão não há recepção”, com a visão da EAD no processo, porque “sem transmissão não há recepção”, por isso fizemos o remanejamento dos canais listados e os canais remanejados, ou seja, remanejamos 859 dos 1034 canais definidos no início do processo. “Assim temos 4439 cidades liberadas para implementar o LTE na faixa de 700 MHz”.

A palestra “Desafios e soluções para digitalização do interior”, ministrada por Yasutoshi Miyoshi, Diretor comercial da Hitachi Hokusai Linear, avançou para as possíveis soluções para digitalizar os mais de 10 mil canais que precisam ser mudados no país para digitalizar o Brasil.

O executivo disse que o país chegará “ao final de 2018 com uma importante parcela do país com a migração completa para a TV digital. Mas o grande desafio permanece ser o de levar o sinal digital às demais localidades e, para viabilizar, requer métodos e soluções diferentes e inovadoras dos empregados até aqui”.

“A terceira fase que vai  até 2023 é de um desafio enorme. A conta simples afirma que se não pensamos fora da caixinha e não inovamos não haverá digitalização. Precisamos focar na economia. Baratear baixando a qualidade e a especificação não resolve. O mal feito pode provocar problemas no futuro”, disse o executivo.

A Hitachi Hokusai Linear pensa que a solução de compartilhamento passa por um pensamento amplo que possa aportar soluções que sejam viáveis, “mas na nossa empresa pensamos que é possível dar norte ao mercado, sem criar reservas de mercado com o intuito de responder e viabilizar a digitalização”.

Pra finalizar, Eduardo Souza – Rede Amazônica avançou para “a cobertura na rede amazônica e como digitalizar as retransmissoras. Estamos presentes em 5 estados com 5 geradoras e estas passaram pelo switch-off e 8 mini-geradoras que também estão digitais e que fazem multicast. O resto, mais de 100 retransmissoras precisam ser digitalizadas. Nós pensamos em um modelo próprio para aumentar um pouco a área de cobertura, principalmente em Rondônia com um nascimento digital de até 20 retransmissoras”.

Souza disse que o modelo atual é caro, por isso, para manter as retransmissoras precisamos ser mais enxutos, termos “visitas periódicas, pelo menos duas vezes ao ano, e manutenção corretiva com envio de equipamento e deslocamento do técnico para a localidade. Por tudo isso, fica difícil manter um SLA padrão”.

Assim, disse o executivo, o modelo tem uma torre alto portante, com transmissores mais compacteis, shelter com ventilação forçada; maior range de leituras e controle de telemetria (SNMP); terrenos menores de 5mx5m); e sem a necessidade de ar condicionado”.

 

Com esta palestra nos despedidos de Manaus. Até a próxima cobertura!

Para mais informações sobre o SET Norte 2018, clique aqui.

Para rever a transmissão, clique aqui. Captação de som e imagem pela Rede Amazônica.

 

Por Tainara Rebelo em  Manaus (AM), e Fernando Moura em São Paulo (SP)