SET SUL analisou os principais desafios da radiodifusão

Encontro regional em Curitiba voltou a mostrar a força da indústria no sul do país, onde as emissoras se preparam de forma conjunta para o switch-off analógico em 2018. Os palestrantes indicaram também os desafios tecnológicos aos quais os broadcasters devem se atentar em meio ao processo de convergência midiática

por Fernando Moura, em Curitiba (PR) | © Fotos: Fernando Moura

 

Na cerimônia de abertura do SET SUL, que se realizou no auditório da Universidade Positivo em Curitiba (PR), o superintendente da SET, Olímpio Franco, mostrou-se feliz pela dimensão do evento e pela importância da região para a indústria broadcast brasileira. Em suas palavras de boas vindas, Franco analisou os desafios da radiodifusão e enfatizou a importância da SET frente ao cenário macroeconômico do Brasil.
“Estamos reformatando os eventos regionais e o primeiro realizado em Fortaleza foi um êxito. O público aqui reunido mostra a importância da radiodifusão no sul do país. A SET fará 30 anos em 2018 e estamos pensando em fazer algo diferente e inovador. Para este ano, estamos trabalhando no SET EXPO, que se realizará em São Paulo, em agosto, quando teremos quatro dias de Congresso e uma programação muito especial”, afirmou o ex-presidente da entidade.
José Pio Martin, reitor da Universidade Positivo, analisou “a proximidade do setor de radiodifusão com as universidades” e afirmou que “ a liberdade é um grande valor, e nas telecomunicações ela é fundamental. A liberdade é um valor, das sociedades”.

Para o Reitor, a ausência de liberdade propicia a coerção do Estado sobre os indivíduos. “O exercício da liberdade está ligado diretamente à informação, não podemos ser livres sem a divulgação livre, fluida e rápida das informações, por isso precisamos ter meios tecnológicos complexos.” Martin finalizou a sua alocução afirmando que “a própria imprensa tem de ser questionada sobre o que faz, e ser submetida às mesmas regras. Neste evento, precisamos discutir questões doutrinárias e trabalhar nelas, para assegurar a liberdade”.

Cobertura Digital
Com o switch-off analógico de Curitiba e região agendado para o dia 31 de janeiro de 2018, os organizadores do SET SUL 2017 propuseram uma sessão para analisar em que estágio se encontra a cobertura digital de TV na região. Os broadcasters convidados indicaram como chegar a uma maior quantidade de telespectadores otimizando custos e mostraram como as grandes capitais e regiões metropolitanas trabalham visando no switch-on de municípios contemplados na lista de SWO que ainda não possuem cobertura digital.
A expansão do sinal digital para os municípios menores, cujas estruturas em muitos casos pertencem às prefeituras e necessitam de melhoria significativa, também foi debatida. Washington Gasparotto (RBS) moderou o painel, que contou com a participação de Sérgio Martines (SM Facilities), José Roberto Elias (IF Telecom), e Rubens Vituli (SES).
Martines afirmou que o maior desafio das emissoras passa pela redução de custos e pela otimização de recursos. O executivo apresentou cases com que a SM Facilities trabalhou a partir de diferentes modelos de negócios, os quais podem ser utilizados para a expansão da cobertura da TV Digital, e analisou as vantagens do CAPEX e do OPEX dentro do cenário atual. Martines propôs um modelo de negócio que contraponha “cobertura x modelo”, já que o negócio passa pela “compra de serviços”, mas para isso precisamos “mudar o modelo de negócio com entregas de cobertura, onde a cobertura seja terceirizada”, pontuou.
José Roberto Elias analisou os aspectos técnicos relativos às escolhas de diferentes tipos de antenas, suas influências em diagramas dependendo da instalação, levando-se em conta o máximo desempenho para o projeto. O broadcaster também revisou os diversos tipos de antenas utilizadas em RTVD, com cases desenvolvidos pela IF Telecom nos quais o principal objetivo foi, em suas palavras, “buscar o perfeito balanceamento entre a potência do TX, ganho das antenas e perdas na linha de transmissão, visando economia de energia e melhor cobertura de sinal”.
Em sua opinião, o futuro pode passar pelo “compartilhamento, seja de site para gap-filler em multi-estação que possam ser, por exemplo, instaladas no topo de um prédio com equipamentos simples e que podem ser transportados dentro de um elevador. Este projeto pode ser customizado com diagramas H. Desenhamos o diagrama do jeito que for necessário e mais benéfico para o cliente ou de antenas compartilhadas, como fizemos na região da Avenida Paulista, em São Paulo, reduzindo os custos dos broadcasters ao serem compartilhados os recursos”, ponderou.
Rubens Vituli mostrou como os serviços tradicionais e as novas aplicações dos satélites podem ajudar na distribuição da TV Digital no Brasil, levando-se em conta as dimensões continentais e a realidade econômica do país no momento. O executivo mostrou como avança o processo de digitalização na América Latina e lembrou que alguns países da região já têm cobertura digital. Destaque para o México, onde “o processo está finalizado, mas 7% da população ainda não possui acesso à cobertura digital de TV”.
Vituli afirmou ainda que a distribuição tradicional do broadcast era realizada por sistemas próprios e lembrou que, com o tempo, foi implementada a utilização de satélite para a distribuição de sinais de TV de forma global. Ele mostrou como o satélite ajuda na distribuição de sinais de TV paga mediante a utilização de DTH para transmissão e distribuição de conteúdos e também se referiu ao processo de digitalização da TV na Alemanha, onde a recepção de TV aberta passou a ser por satélite. “Isso foi uma oportunidade de negócio, porque a SES mudou para um serviço de DTH específico para TV aberta, o HD+, onde a empresa transmite os 20 principais sinais de TV aberta da Europa nessa plataforma, a qual concentra os primeiros quatro canais UHDTV”.

Gerenciamento e workflow 
O painel “Gerenciamento e workflow” analisou como o IP e a virtualização podem alterar os rumos da indústria nos próximos anos. A sessão foi moderada por Marlon Massaneiro (RPC TV) e teve palestras de André Altieri (Cisco Brasil), Carolina Duca (TV Globo) e Felipe Domingues (SAM). André Altieri afirmou que o “mercado de mídia está em transformação com novas demandas que sugerem a possibilidades de adoção para a Cloud e o IP, como novos modelos de consumo audiovisual que passam por plataformas e aplicações OTT”.
O executivo da Cisco acredita que os broadcasters precisam mudar a forma de pensar a distribuição de conteúdo, sobretudo por conta da mudança de hábitos do consumidores de vídeo. “Os millennials assistem 70% do conteúdo online e, em 2020, 82% do tráfego de internet será vídeo. Nunca houve um momento tão bom para transformar o entretenimento com produção IP. É preciso acelerar a produção de mídia com uma arquitetura flexível, distribuição primária em IP e sistemas seguros”, afirmou. “Temos de ter um framework. É preciso abstrair a estrutura física com uma infraestrutura virtual que garanta uma plataforma baseada em aplicações na nuvem que possam ser mexidas de forma transparente e simples.”
Felipe Domingues, na palestra “Transição entre SDI e IP na indústria broadcast”, avançou sobre “a necessidade de melhorar o entendimento sobre a tecnologia IP no ambiente broadcast”. O IP é “uma tendência irreversível”, em sua opinião, uma tendência “que funciona com protocolos abertos e agnósticos que podem ser escaláveis previamente”.
Domingues explicou aos participantes do SET SUL as diferenças “de uso de cabos para plataformas IP, e quais as principais diferenças entre SMPTE 2022-6 (com áudio e vídeo são encapsulados juntos) e o VSF TR-03, no qual o áudio é encapsulado separado do vídeo o que permite que, na hora de tratar, os sinais possam ser realizados de forma separada com streamings diferentes”. Os COTS (consumer off the shelf technology) são a nova tendência da indústria, na opinião do executivo da SAM, com break-before-make (repetição do frame) e o make-before-break (switches on drame boundary) com dois tipos de stream. “A SAM acredita em transporte de sinais de até 50 GbE, por isso na última NAB 2017 a empresa apresentou uma série de soluções desse tipo.”
Carolina Duca, gerente sênior de Tecnologia da TV Globo em Recife, na comunicação “A nova TV Globo em Recife: tudo em IP”, mostrou como a nova sede da emissora pernambucana está sendo construída. O projeto deixa o site preparado para qualquer nova tecnologia que seja implantada pela TV Globo Recife nos próximos anos, seja 4K ou 8K. “Com este projeto em Recife começamos a entender o que é o IP. Há um ano, quando iniciamos os estudos, o IP era uma sopa de letras. Hoje, no fim do projeto, estamos melhor. Estudamos os padrões e avançamos com os desenvolvimentos”, afirmou.
A engenheira lembra que o projeto contemplou um conceito de Core IP com legado SDI. “Todo o core da emissora é IP, todas as ligações de cabos de áudio e vídeo saíram do sistema e só estão na entrada e na saída do vídeo. Todo o resto é de fibra. O coração da emissora (core) está preparado para todos os tipos de padrões como um projeto a longo prazo onde preservamos o legado e pensamos no futuro”, ressaltou Duca.

Produção de conteúdo no jornalismo 
O SET Sul teve espaço para que alguns players da indústria dessem dicas para as emissoras produzirem conteúdos de forma rápida, ágil, versátil e móvel com maior produtividade. O painel “Produção de conteúdo: mais com menos” foi moderado por Caio Klein (RBS TV) e teve como palestrantes Ricardo Milani (FOR-A), Erick Soares (Sony) e Fredy Litowsky (Avid).
Klein abriu as apresentações afirmando que “o diferencial das emissoras está no conteúdo produzido, pois, cada vez mais, o público telespectador está mais exigente. Além disso, as opções se multiplicam, não só nas diversas plataformas de distribuição, mas também na forma como o conteúdo é oferecido e na quantidade maior de players no mercado”.
Na palestra “A história no centro da produção em Jornalismo”, Litowsky afirmou que as empresas de mídia devem se preocupar com os conteúdos e já não tanto com a forma do que divulgam, isto é, com a qualidade técnica dos materiais noticiosos. “A narrativa deve estar no centro do processo de criação, permitindo ao jornalista trazer conteúdo de qualquer fonte e suportando qualquer distribuição, seja On Air, via social media, web sites, veículos impressos ou rádios.”
Em sua opinião, é preciso criar a possibilidade de repaginar o conteúdo para estar em diversos meios de distribuição. “Hoje é possível ter uma espécie de grande contêiner onde o usuário pode integrar toda a redação em um único espaço fazendo parte do sistema para produção dentro de uma plataforma e saindo do conceito de ilhas individuais para cada fase do trabalho. Agora podemos supervisionar tudo em um único workflow”, afirmou.
O executivo acredita que as mídias sociais e as histórias que os jornalistas contam devem caminhar juntas. “Desde qualquer dispositivo posso ter uma única interface com o usuário, porque tudo é accessível do seu PC ou MAC, de um tablet ou smartpone, de um local específico ou remoto, tudo interligado”.
Erick Soares (Sony) analisou as tendências e uso de ferramentas para acelerar a produção de jornalismo com base na tecnologia de transmissão de conteúdo (arquivos) e livestreaming por 4G/Wifi. “Os pilares e desafios tecnológicos para os fluxos de trabalho com maior eficiência são os principais desafios da produção de jornalismo. É preciso produzir mais conteúdo com a maior agilidade possível com o objetivo de simplificar o trabalho das equipes com a maximização da capacidade de produção”, afirmou.
O reaproveitamento dos arquivos de mídia, em sua opinião, nos ajuda com a produção de conteúdo para ter “foco na agilidade e mobilidade na produção, como por exemplo, com a utilização dos mochilinks que facilitaram o trabalho por custo e mobilidade”. O executivo disse que “a portabilidade é importante na mobilidade, por isso, o compartilhamento de informação é fundamental. Isso é possível ser feito com plataformas na nuvem com arquiteturas que permitem contribuir remotamente mediante a utilização de ferramentas”.
Ricardo Milani (FOR-A) fechou o painel falando da “Next Generation Production” onde introduziu o conceito “FOR-A Team Play”, que se refere à integração de toda linha de produtos como switcher de produção, matriz, processadores, IP/SDI conversores, câmeras de alta performance e 3D sistemas gráficos. O executivo mostrou alguns cases do mercado, indicou como os produtos da empresa podem ajudar na elaboração de conteúdo (seja local ou remotamente), e abordou as vantagens do 4K em um projeto de 12K com extração. “Com o 12K Extraction, é possível extrair imagens HD da imagem produzida em 4K, como se estivéssemos trabalhando com múltiplas câmeras. É possível, então, explorar as 3 imagens em 4K captadas e, daí, extrair o conteúdo”, explicou.
A produção jornalística foi outro dos temas do SET SUL 2017, em sessão moderada por José Frederico Rehme (SET) e com palestras de Marcelo Amoedo (Intelsat), Ricardo Calderón (Eutelsat) e Laércio Kazmierczak (RPC TV). Marcelo Amoedo falou dos desafios e das mudanças criadas por “novas demandas com a adaptação de produtos, que gera confiabilidade aos clientes, mas cria congestionamento do tráfico com falhas e interrupção de serviços. Por isso, pensamos em atender às demandas com segurança e reduzir os riscos de acesso às novas tecnologias com um nível de investimento menor”, afirmou o executivo na palestra “Alcançar novos espectadores requer uma nova abordagem”.
Amoedo trouxe opções de distribuição e contribuição de conteúdo, sejam de contribuição linear ou de cobertura em Spot Beam Banda C, ou de uso ocasional. “A distribuição e o consumo de mídia mudaram drasticamente nos últimos anos, com os espectadores agora exigindo conteúdo a qualquer momento e em qualquer dispositivo. Para atender às demandas do consumidor de novas mídias, os radiodifusores precisam reavaliar seus modelos tradicionais de produção e distribuição e implantar maneiras mais eficientes, econômicas e confiáveis de fornecer conteúdo”, argumentou.
Ricardo Calderón explicou as potencialidades que a Eutelsat pode oferecer aos clientes e indicou como a posição orbital do satélite 65 West A, pode ser uma excelente forma de realizar contribuição e transmissão de conteúdo com um satélite de 3 bandas (tri-band) com 24 feixes em banda Ka das quais 16 estão no Brasil com cobertura integral em América Latina em Banda C e Ku. Em sua opinião, as principais vantagens das redes de distribuição via satélite são o fato de alimentar diferentes geradoras, repetidoras de TV Digital, reforçadores de sinal, usuários residenciais e Headends de PayTV.
“O mais normal é a contribuição digital via satélite direta com Fly Away ou DSNG facilitando a produção externa e remota”, lembrou. Uma das novidades apresentadas pela Eutelsat é a contribuição digital via satélite com internet de banda larga com uma antena de apenas 96cm e com um modem de IP conectado ao gateway. “Os Internet SNG funcionam com banda C ou Ka com taxas de transmissão de até 3 MBits”, detalhou Calderón.
Como utilizador de serviços, Laércio José Kazmierczak, da RPC, mostrou aos presentes de que maneira a afiliada da Globo no Estado do Paraná realiza a produção jornalística. “O nosso desafio é o compartilhamento de mídia entre as afiliadas com agilidade e flexibilidade”, afirmou. “Ontem, a TV era soberana. O jornalismo era ao vivo, mas tínhamos unidades móveis, micro-ondas, microlinks e SNGs para fazer as coberturas. Estes conceitos caem hoje porque não eram ágeis, eram caros e eram difíceis de operar. Agora, temos muitas alternativas técnicas, caras e baratas, com recursos diferentes, multiplataforma e altamente interativos, realizados em várias linguagens e com uma concorrência muito forte. Além disso, deixamos de ser soberanos, uma vez que muitos produzem áudio e vídeo. Por isso tudo, precisamos ser dinâmicos e rápidos e precisamos mudar as soluções para produtos mistos que permitem utilizar recursos diferentes. Para nós na RPC TV, o maior desafio é não abrir mão da qualidade com agilidade, conteúdo relevante e credibilidade”, argumentou.

Transformação digital
O painel “Transformação Digital e o impacto das tecnologias disruptivas” buscou indicar como as marcas e os anunciantes fazem para obter resultados positivos entre os modelos online e off-line. A sessão foi moderada por Daniela Souza (SET) e teve palestras de Fabio Tsuzuki (Media Portal Solutions), Diego Buenaño (Editshare) e Rafael Mafra (RIC Record Santa Catarina). O debate começou com uma introdução de Daniela. A representante da SET afirmou que “estamos passando por uma transformação global. Novos hábitos ocupam o dia a dia de uma grande fatia da população de forma mais proeminente nos últimos anos, com empresas de mídia que precisam se preocupar em entregar uma experiência personalizada para usuários em diversas telas, além de uma revisão em seus modelos de negócios no que tange à publicidade e à produção de conteúdo”.
Tsuzuki acredita que “o uso de infraestruturas híbridas pode abrir as portas para o futuro”. Em sua opinião, as tecnologias têm um ciclo de evolução que começa de maneira lenta e, em algum momento, o seu uso se torna explosivo. “Após essa fase, a tecnologia estagna e dá espaço para novas tecnologias. Atualmente, a nuvem está permitindo a aplicação da inteligência artificial em muitas áreas, o que em um futuro próximo terá efeitos explosivos em nossos hábitos”, argumentou. O diretor da Media Portal explicou o conceito de MAM e trabalhou a ideia de Media Processing Workflow, pensado como um “orquestrador” que realiza o tratamento das mídias, avançando para uma arquitetura híbrida mediante a utilização do Cloudlink, um MAM com arquivamento na nuvem. “Esse sistema gera mais segurança e agilidade de arquivamento digital com um modelo híbrido”, pontuou Tsuzuki.
Na palestra “Fluxo de trabalho remoto, benefícios e diferenças de trabalhar na nuvem ou ter uma nuvem privada”, Diego Buenaño afirmou que cada vez mais a necessidade de colaboração remota é essencial em fluxos de produção. Por isso, é importante o “surgimento de Cloud Services”, mas isso depende de cada usuário. “Hoje o formato do vídeo ganha a conectividade. Nos últimos 5 anos, passamos do SD ao 8K, e este ano a NHK fez na NAB testes em 16K. Essa evolução é difícil. Como fazemos hoje, é o approach híbrido, onde temos um suporte físico e local e um suporte na nuvem, que permita trabalhar de forma remota”, afirmou Buenaño. O problema, segundo ele, continua sendo “a conectividade”.
Apresentando a visão de um broadcaster, Rafael Mafra analisou os “desafios do desenvolvedor de multi- conteúdo” e afirmou que um dos grandes desafios é manter o controle sobre as atuais mídias e buscar novas audiências. “A visão ou foco deixou de ser sobre um ou dois negócios e passou também a ser multiplataforma”, argumentou. Mafra lembrou que a RIC está integrando o conteúdo, mas trabalha na catalogação em nível médio, com “uma busca e recuperação ainda lenta (MAM, arquivos digitais); e formatos de mídia com arquivos pré-definidos. A demora para transcodificar o conteúdo é significativa, porque as mídias chegam em diferentes formatos”.

Operação multiplataforma
Moderado por Marlon Massaneiro (RPC TV), o painel “Operação multiplataforma” discutiu as transformações na operação de uma emissora. A sessão contou com palestras de Renan Cizauskas (Asccent), Washington Cabral (IBM/Videodata) e Daniela Souza (AD Digital). Massaneiro abriu o debate lembrando que “os radiodifusores não estão alimentando somente uma única antena, estão gerando conteúdo para cabo, satélite, on-demand, OTT, IPTV e dispositivos móveis. Todos esses canais prometem gerar mais receitas, porém estão aumentando os custos em infraestrutura enormemente”, ponderou.
Daniela Souza destacou os pilares da transformação digital e mostrou como as empresas vêm se preparando para 2020 em uma fundação digital. A diretora de Marketing da SET acredita que a “inovação digital transformou a indústria da mídias em ondas de desenvolvimento” com novas formas de produção, compra e distribuição de conteúdo. “A próxima onda será a da internet das Coisas (IoT) onde manteremos a comunicação de massas com um living services. A comunicação será realizada sem intermediário.”
Washington Cabral avançou para as mudanças de comportamento da audiência e lembrou que “os modelos de financiamento chegaram ao nível do minuto, onde se pague por cada minuto produzido e consumido”. Isso ocorre, em sua opinião, porque existe um grande impacto da transformação digital no setor de mídia e do entretenimento, um impacto que vem transformando a forma de fornecedores e broadcasters pensarem, desenharem e comercializarem produtos e experiências.
O executivo da IBM/Videodata acredita que “os atuais modelos de infraestrutura precisam se adaptar a uma realidade elástica, resiliente e altamente distribuída” com um novo conceito, o “de micro serviços de mídia, mas a transformação é difícil e, para chegar a ela, é preciso tomar uma série de decisões que nos levem a uma nuvem nativa. É uma jornada que vale a pena porque podemos alcançar um novo modelo”, concluiu.
Renan Cizauskas analisou os “benefícios, desafios e soluções para uma emissora de televisão virtualizada” afirmando que “é possível virtualizar praticamente qualquer dispositivo de TI. As soluções tradicionais dificultam a adoção de novos métodos de transporte de vídeo por redes ou a virtualização de dispositivos”. Cizauskas acredita que a “virtualização é basicamente a técnica de separar o sistema operacional abstraído do hardware que permite que binários de um processador sejam interpretados por binários de outros sistemas o que vai permitir simular um hardware”.