SESSÃO SET: Espectro da radiodifusão

SESSÃO SET: Espectro da radiodifusão: Panorama Mundial, switch-off e GIREDA

Gunnar Beckids afirmou que o Seja:Digital está trabalhando no remanejamento de frequências que pode ser realizado de duas formas, uma quando o canal não está no ar, mas tem outorga, e a outra o remanejamento por projetos

Gunnar Beckids afirmou que o Seja:Digital está trabalhando no remanejamento de frequências que pode ser realizado de duas formas, uma quando o canal não está no ar, mas tem outorga, e a outra o remanejamento por projetos

Uma das preocupações quanto ao desligamento do sinal analógico no Brasil é o fato de as campanhas de comunicação do governo e das emissoras, muitas vezes, não alterarem os comportamentos dos moradores das cidades em que será realizado o “apagão”: “As pessoas sabem o que vai acontecer, mas não mudam o seu comportamento”, afirmou um dos palestrantes no SET Nordeste 2016

A sessão analisou o processo de desligamento analógico no país e no mundo. O primeiro a conversar com os profissionais presentes no auditório da FIEC (Federação das Indústrias do Estado do Ceará), em Fortaleza, foi André Felipe Seixas Trindade (ABRATEL/ SET), na palestra “Desafios do desligamento da TV analógica: Comunicação voluntária, digitalização das estações e as fases de remanejamento e mitigação”.

Um dos principais pontos abordados por Seixas foi a possibilidade de antecipação individual do desligamento onde o radiodifusor pode, a seu critério, iniciar o desligamento da transmissão do sinal analógico caso já esteja digitalizado.

A experiência de Rio Verde (primeira cidade da América Latina a ter o sinal analógico desligado), segundo o representante da ABRATEL, serviu para mudar algumas coisas e melhorar outras no cronograma do switch- off brasileiro. “Nas cidades onde não existe necessidade de desligar, o processo foi adiado até 2023. E que sejam desligadas até 2018 as capitais e os principais centros urbanos.”

Seixas explicou que, após Rio Verde, mudou o conceito de aferição dos 93%. “A premissa para o cálculo de atingimento das condições para desligar a transmissão analógica foi revisada. Consideramos que, com as novas características, o nosso verdadeiro piloto será Brasília, onde já temos mais de 85% de cobertura”.

Outro tema abordado pelo executivo da ABRATEL foram as campanha de desligamento analógico que devem ser feitas pelas emissoras que ainda emitem sinal analógico e pretendem aderir ao “apagão”.

O que estão fazendo as emissoras de TV?

Patricia Freire (Globo) destacou que o remanejamento de sinais e a liberação da faixa de 700 MHz liberará o espectro radioelétrico na faixa dos canais 52 a 69 de UHF

Patricia Freire (Globo) destacou que o remanejamento de sinais e a liberação da faixa de 700 MHz liberará o espectro radioelétrico na faixa dos canais 52 a 69 de UHF

Patricia Garcia Freire (Globo) mostrou “os esforços que estão sendo feitos pela emissora no processo de desligamento do sinal, que incluem a digitalização das estações analógicas, as ações de comunicação obrigatória e voluntária para a conversão da população e uma reflexão sobre como preparar a população para as fases de remanejamento de canais e mitigação de interferências”.A especialista em Estratégia e Regulatório da Globo lembrou que existem 547 estações digitais no país e 2017 afirmou que “o desligamento é mais do que o ‘apagão’, ele tem que incluir o remanejamento e a mitigação desse desligamento”. O maior desafio da emissora, segundo a palestrante, ocorrerá entre 2019-2023: “como cobrir 57 milhões de habitantes no país se, para chegar aos telespectadores restantes, haverá o compartilhamento de equipamentos com as prefeituras?”, questionou.

A funcionária da Globo destacou, ainda, que o remanejamento de sinais e a liberação da faixa de 700 MHz liberará o espectro radioelétrico na faixa dos canais 52 a 69 de UHF e, com isso, o mercado terá de pensar em “ações de comunicação para que a população realize a ressintonia dos canais, informese sobre os novos canais e saiba como encontrá-los na nova disposição de espectro”.

Antes de encerrar, Patricia falou dos problemas de mitigação e afirmou que o desligamento analógico se divide em três fases de trabalho e de comunicação para que os telespectadores possam saber como percorrer esses três momentos e, ao fim, “continuar vendo TV que é o que nos queremos”.

A visão do EAD – Seja.Digital

Gunnar Bedicks, CTO da EAD – Associação Administradora do Processo de Redistribuição e Digitalização de Canais de TV e RTV, explicou “as atividades desenvolvidas pela SEJA:Digital no processo de liberação da faixa de 700 MHz”.

Em sua palestra, Bedicks apresentou as atividades que a Seja:Digital vem desenvolvendo para promover o desligamento do sinal analógico de TV no Brasil, incluindo a distribuição dos kits de recepção de TV digital, o remanejamento dos canais de TV e RTV na faixa de 700 MHz, a ativação do LTE 4G e a mitigação das possíveis interferências.O executivo disse que “este é um processo conjunto para que o desligamento tenha sucesso e mostre como podemos avançar de forma definitiva e comemorar que a TV Digital está implantada [no Brasil]”.

“O nosso primeiro desafio é o de cobertura, isto é, como vamos fazer para vencer a chegada do sinal digital a algumas regiões. A não existência de sinal faz com que não atinjamos os 93%. Caminhamos neste desafio que não é fácil”, considerou. “A parte mais importante são as campanhas de comunicação. O que está sendo feito é extremamente importante para que as famílias tenham consciência do que vai ocorrer, e para que nós possamos chegar às pessoas e, com isso, entregar os kits de antenas.”

A grande preocupação, disse o executivo, é que a “informação não muda comportamentos. As pessoas sabem o que vai acontecer, mas não mudam o seu comportamento. O nosso desafio é como fazer para mudar o comportamento. Em Rio Verde, distribuímos 16 mil Kits e havia 25 mil famílias com direito a esse equipamento. Em Brasília, temos que distribuir 362 mil kits. Já distribuímos mais de 258 mil”.

Outro ponto referido pelo executivo foi a “credibilidade do processo”. Para ele, se o público não acredita, o processo não pode ir para frente. O remanejamento dos canais de TV e RTVs é fundamental, disse Beckids. “Estamos trabalhando no remanejamento que pode ser realizado de duas formas, uma quando o canal não está no ar, mas tem outorga. A segunda, o remanejamento por projeto, no qual remanejamos o canal e fazemos o projeto para que o canal migre e saia da faixa de 700 MHz. Este é um dos trabalhos do Seja:Digital. O radiodifusor não precisa investir nesse ponto”, ressaltou.

Medições de sinais digitais

Para finalizar a mesa, Eduardo de Oliveira Bicudo (Systec/EBcom/SET) realizou a “comparação da medição de campo tradicional e do Drive Test” na palestra “metodologia de testes para avaliação da recepção do sinal de TV Digital ISDB-Tb”.

“O problema da recepção é um dos grandes problemas da migração. Por isso, é importante a medição de campo. Como é realizada a medição da TV Digital, a medição simultânea de canais e o tempo de medidas”, afirmou Bicudo.

Outro dos temas abordados foi o que acontece na indústria audiovisual com a chegada do mundo digital com uma “TV doméstica que deixa de ser apenas entretenimento e passa a ser, também, uma TV conectada”.

Neste contexto, a “TV aberta entra em concorrência com a TV paga”, segundo o palestrante. “Acredito que as [emissoras] que não se adaptarem a trabalhar com outras mídias terão um futuro difícil, porque existe uma mudança de hábitos de consumo do telespectador com um aumento na exigência por qualidade.”