A experiência das emissoras de Brasília

Em sessão realizada na primeira manhã do evento, representantes de emissoras de Brasília contaram os desafios com os quais se depararam no processo de digitalização do sinal de TV brasileiro

por Fernando Moura e Gabriel Cortez

Fernando Mattos, gerente técnico do SBT de Brasília, apresentou uma cronologia do processo de implantação da TV Digital na emissora e ex-plicou que os desafios enfrentados foram: identificar as áreas de sombra de cobertura, realizar a operação em rede SFN com diferentes fabricantes e cumprir os prazos e os custos estabelecidos. “Durante a análise, rea-lizamos vários testes para sabermos como o nosso sinal estava distribuí-do na cidade. Utilizamos um sistema de medição de campo e contratamos uma empresa especificamente para isso. Também fizemos workshops com antenistas, dando ênfase à detalhamentos técnicos e explicando o que era MER e o que era BER”, destacou.
Luciano de Melo Silva, gerente de engenharia e TI da TV Bandeirantes em Brasília, também comentou os desafios com os quais a emissora se deparou na digitalização e afirmou que a portaria 378, de 22 de janeiro de 2016, deve ser o livro de cabeceira de qualquer profissional que esteja envolvido na digitalização de uma emissora. “O texto define os cronogramas de inserções obrigatórias, mas uma realidade nas emissoras é termos geradores de caracteres apenas nos switchers de produção. É o que ocorreu conosco. Chegou um momento em que precisamos colocar um gerador de caracteres ou um logo inserter no máster.”
Silva lembrou também que a TV Bandeirantes desenvolveu um projeto SFN próprio. “É um investimento que se paga ao longo do ano em comparação às emissoras que optaram pelo aluguel de retransmissoras”, disse. Tomaso Papi, engenheiro da Record Brasília, afirmou que o primeiro objetivo da emissora foi igualar a cobertura do sinal, para, depois, pensarem na qualidade de recepção desse sinal e na experiência dos telespectadores. “A vantagem do sistema SFN adotado é que a rede é totalmente independente. Utilizando o mesmo canal, fizemos testes de recepção em movimento dentro de um carro e dentro de um ônibus, ambos percorrendo o Plano Piloto e indo até as cidades-satélites. Utilizamos recomendações internacionais para aferição em movimento. Percorremos mais de seis (6) mil quilômetros no DF, registrando mais de um milhão de amostras”, contou.
Tiago Cunha, engenheiro da Globo em Brasília, lembrou que a emissora iniciou o ciclo de digitalização em 2014 e, por isso, teve tranquilidade para abordar o planejamento pensando mais nas experiências de recepção do sinal. “O desafio era não deixar nenhum receptor para trás. Dividimos a população em grupos: idosos, carentes, desavisados e autossuficientes. A nossa área de comunicação fez palestras em shoppings, rodoviárias, parques, faculdades e, com isso, atingimos mais 50 mil pessoas que, pelo menos, tiveram um primeiro contato com o tema.”
Convidado para abordar a experiência de uma emissora na primeira cidade a ser desligada no país [o município de Rio Verde, o diretor de engenharia e tecnologia da TV Anhanguera, Carlos Cauvilla, contou que a afiliada da Globo em Goiás trabalhou com um conceito de atuação integra-da na preparação para o switch-off. “Tivemos um grupo de coordenação entre as áreas de recursos humanos, jornalismo, tecnologia, marketing e programação. Definimos, também, um público alvo e, com base nesses diferentes públicos, definimos as ações que seriam realizadas”, explicou.