Broadcast após o switch-off

SET SUL 2017

Um dos principais temas do SET SUL foi o desligamento analógico e as suas consequências após a implantação.
O Ginga não é uma aposta das emissoras do sul do país

Para Carlos Fini (RBS TV/SET), “o Ginga perdeu tempo de mercado, perdeu o time-to-market, demorou muito em ser desenvolvido e hoje foi superado”

O painel “Panorama do broadcast após o switch-off” foi moderado por Carlos Fini (SET) e composto por Ivan Miranda (SET/RPCTV), André Fronza (RIC TV) e Clézio Cunha (SBT). Fini iniciou o debate afirmando que as emissoras paranaenses devem discutir o que farão de 2018 até 2023, após o switch-off. “Muito se tem falado sobre o modelo de transição da TV analógica para a TV digital. Foram realizadas campanhas de comunicação intensas, distribuição de kits para a população, formação de profissionais, a criação de uma empresa (a EAD) e a utilização de muitos recursos durante a transição dos primeiros grupos de cidades, de maneira que se atingisse o cronograma oficial de migração, mas muito pouco se tem debatido sobre o pós switch -over”, provocou o moderador.
Ivan Miranda afirmou que no Estado do Paraná a meta é uma taxa de conversão de 100%, mas afirmou que “estará bom” se chegarem aos 97%. “O nosso questionamento deve ser se podemos deixar um percentual de 10% de cobertura de fora como está acontecendo em Goiânia. Acreditamos que não podemos”, disse.
Fronza e Cunha concordaram e afirmaram que um dos desafios é mostrar às empresas que, talvez, a única forma de chegar aos pequenos municípios seja o compartilhamento de equipamentos. “A nossa meta vai muito além de chegar aos 100% de cobertura digital, o desafio passa por como chegaremos à população”, destacou Cunha. Fini reforçou e disse que “as emissoras estão devendo à população”.
Para Cunha, o maior desafio em termos de digitalização é como entregar o sinal e que rotas usar para chegar ao telespectador. “Pode ser fibra, rede ótica, satélite, porque o maior meio de comunicação continua sendo a TV aberta. Hoje, o mais difícil é manter o sinal e entregá-lo. A TV digital tem de ser pensada como o cronograma de implantação da TV analógica, a diferença é que na TV analógica tivemos anos de preparação e, agora, estamos em cima da hora”. Miranda refletiu sobre o processo de migração e disse que o custo operacional é um desafio e depende da linha corte de população que haverá para desligar o sinal analógico, e se as empresas têm ou não orçamento para investir.
“Teremos de pensar em postergar ao máximo o processo para que a obsolescência tecnológica dos televisores faça com que os telespectadores tenham TVs que possam captar diretamente o sinal. Pela complexidade do processo, o apagão total será o mais tarde possível, de alguma forma temos de administrar isso para que seja em 2023 ou talvez algo mais. A minha pergunta é, a partir do que o Governo Federal não deu suporte, como fica essa população que não terá direitos de receber informação”, questionou Miranda.
Outro dos temas debatidos no painel foi a TV Híbrida e como ela está sendo estudada e trabalhada no exterior. Fini afirmou que já existe uma disputa de como chega o conteúdo à TV das pessoas. “Nós que somos a engenharia não fomos muito competentes em juntar esses dois caminhos de entrega de conteúdos”, disse. Clézio Cunha afirmou que “o acesso broadcast é bem menor e a internet chegou bem antes que a TV aberta a alguns locais. Nós estamos nos adequando a isso e, pouco a pouco, estamos ficando mais perto do público com conteúdos pela internet. Hoje, o custo de entrega de banda larga em cidades menores é cada vez menor e isso nos oferece um novo desafio, porque nós precisamos entregar os nossos conteúdos nos dois suportes, o do broadcast e o broadband, e estamos trabalhando nisso. O nosso interesse é estar presente no maior número de suportes possíveis para assim aumentar a nossa cobertura. Mas hoje a cobertura de internet está chegando mais rápido que a digitalização da TV aberta. Nos pequenos municípios, a internet chega mais rápido que a TV aberta porque os custos são mais baixos”, lembrou.
Miranda questionou sobre o papel do broadcast nesse processo e disse que “talvez a TV aberta precise investir e assim ter maior capilaridade de cobertura, mas nos municípios pequenos e remotos, o DTH pode ser a forma mais simples em termos tecnológicos para que o sinal chegue a eles. No último ano a TV paga perdeu mais de um milhão de assinantes, mas a opção é o DTH porque não há outras opções”.
Outros dos pontos debatidos foi o futuro do middleware Ginga para TV Digital aberta. Nesse ponto, o consenso foi total. “A tecnologia Ginga passou. Como radiodifusores, não temos expectativa nenhuma para ela. Está superada”, afirmou Miranda.