Inteligência artificial já permite automatizar transmissão, edição e até produção de notícias

Especialistas veem por ora a tecnologia como assistente, e não substituta, do profissional humano  

A inteligência artificial já é capaz de transmitir um jogo de futebol ao vivo sozinha, selecionando ângulos mais adequados de câmera, os melhores momentos da partida e as informações que devem aparecer na tela. Mas, segundo palestrantes do congresso SET, o homem ganha, por ora, não um concorrente, mas um assistente eficiente.

Para James Stellpflug, vice-presidente de produtos e marketing da EVS, responsável por transmissões ao vivo sem intervenção humana, a tecnologia que usa redes neurais “permite que as pessoas foquem algo mais importante em vez de uma tarefa que pode ser automatizada”. O uso de AI abre portas também para a transmissão personalizada de conteúdo ao vivo, a partir das preferências dos espectadores. O painel Inteligência Artificial / Plataformas Cognitivas / Data Analytics, realizado nesta terça (28), elencou diversos usos da tecnologia na produção, distribuição e recepção de conteúdo.

Washington Cabral, Technology Advisor for Media & Entertainment da IBM, citou o exemplo da agência de notícias americana Associated Press. Com uso de AI, liberou 20% do tempo dos repórteres, elevou em dez vezes a capacidade produtiva e passou a cobrir, por exemplo, os resultados de 4 mil empresas listadas na Bolsa –antes eram 300. Neste ano, o conteúdo do Aberto de Tênis dos EUA será editado e publicado por meio do Cognitive Highlights no site do torneio, sem intervenção humana nessa parte do processo.

A inteligência artificial potencializa ainda três pilares do conteúdo hoje, afirmou Alberto Menoni, diretor de Broadcast Media Entertainment do Google. “É fundamental estar em todos os canais, ser relevante para os usuários e ser rápido. Se demorar mais de três segundos para carregar a página, já era”, resumiu.

Questionado sobre o risco de os algoritmos acabarem por reforçar preconceitos da sociedade, Skip Pizzi, vice-presidente de Educação Tecnológica e Outreach da NAB, afirmou que preconceitos são baseados no acesso a pouca informação enviesada, e uma AI bem construída é capaz de oferecer o oposto disso.