10 motivos para você conhecer oo MWC Barcelona

Fernando Bittencourt revela na entrevista a seguir as razões que fazem o MWC Barcelona um evento tão importante quanto o NAB Show

O MWC (Mobile World Congress), que aconteceu entre os dias 25 e 29 de fevereiro, conquistou definitivamente seu espaço no calendário global de eventos para gestores, executivos e influenciadores que atuam no mercado de mídia e entretenimento audiovisual.

Segundo dados da GMSA, entidade organizadora, mais de 109.000 visitantes de 198 países participaram do MWC19 Barcelona, 55% destes de cargos C level, incluindo 7.900 CEOs e 3.640 jornalistas.

A feira movimentou 473 milhões de euros e gerou cerca de 14.000 empregos para a economia da cidade de Barcelona. Foram mais de 2.400 expositores, incluindo grandes players globais, que ocuparam  mais de 120.000 metros quadrados.

Nas conferências, que aconteceram ao  longo de quatro dias, o MWC19 destacou a hiperconectividade, habilitada pelo 5G e pela Internet das Coisas (IoT), pela Inteligência Artificial (IA) e pelo big data. Além dos elementos centrais da conectividade inteligente, o MWC19 explorou os principais tópicos centrados nas categorias Conteúdo, Confiança Digital, Bem-Estar Digital e O Futuro.

Fernando Bittencourt é membro do Conselho de Ex-presidentes da SET. Foto: SET.

Fernando Bittencourt, membro do Conselho de Ex-Presidentes da SET, esteve no MWC19 e revelou suas impressões nas respostas às 10 questões a seguir. “As teles estão enfrentando o seguinte dilema:  sair na frente e mostrar pioneirismo ou esperar alguém abrir o mercado”, diz ele sobre o 5G.

SET – Por que é importante ter no radar o MWC Barcelona?
Fernando Bittencourt – Apesar do título  MWC (Mobile World Congress), este evento não é só sobre mobilidade. Ele fala sobre todos os temas de conexão fixa, móvel e conteúdo que trafegam nestas redes e aborda também todas as aplicações que fazem uso das redes moveis como a Internet das Coisas (IoT) e outras tecnologias como AI e realidade virtual (VR). Quem produz conteúdo tem que buscar todas as formas de distribuição como a banda larga, seja móvel ou fixa.

SET O que este evento difere de outros mais tradicionais para o setor da radiodifusão como o NAB Show e o IBC?
FB – A NAB e o IBC ainda são bem mais focados para quem produz conteúdo de alta qualidade e faz distribuição tradicional broadcast. Porém, a distribuição broadcast agora não é mais a única, como há 10 ou 15 anos. O MWC fala de todas as novas formas de distribuição, especialmente a móvel, além de abordar inúmeras outras aplicações e tecnologias.

Características do 5G. Foto gentilmente cedida por Fernando Bittencourt.

SET – Quais são essas tecnologias?
FB – A principal neste ano foi a nova geração das conexões móveis 5G (veja tela com as principais características). Ela se apresenta, pela sua capacidade de conexão, como uma alternativa para distribuição broadcast. Acredito que o 5G poderá atender pequenas e media audiências. A tecnologia tradicional de broadcast ficará para a cobertura de grandes audiências. Talvez só fará sentido para os grandes eventos ao vivo ou similares como uma novela de grande audiência, por exemplo. Outras tecnologias muito abordadas foram a Realidade Virtual, a Inteligência Artificial, o Voice Control, os novos smartphones sdobráveis, o IoT, os carros autônomos, o blockchain, o eSim, o face recognition, o quantum computing, entre outras.

SET – Qual é a dimensão deste evento em termos de público? Estava cheio?
FB – Este ano foram aproximadamente 100.000 pessoas . É uma feira com mais ou menos o mesmo tamanho e dimensão da NAB.

SET – O que foi discutido no Congresso que mais chamou sua atenção?
FB – Houve muitas conferências e estandes discutindo a implantação do 5G. Parece-me que eles vivem uma situação similar à qual passamos na radiodifusão com a implantação da TV digital. Todos acham maravilhoso, mas não veem dinheiro a curto prazo para pagar os enormes investimentos necessários para a implantação de redes 5G. Porém, todos sabem que se não investirem, ficarão para trás. As teles estão enfrentando o seguinte dilema:  sair na frente e mostrar pioneirismo ou esperar alguém abrir o mercado.

SET – Quais tendências foram apresentadas na Feira que merecem ser conhecidas?
FB – Todas que mencionei na pergunta anterior são importantes. O maior desafio é vislumbrar como o mercado vai estar daqui a cinco anos com todas estas tecnologias evoluindo simultaneamente. É um grande desafio para todas as empresas: de telecomunicoes, de produção e distribuição de conteúdo e também para os profissionais da área de mídia. São novos hábitos, novos negócios e novas profissões. A única certeza é que quem permanecer fazendo o mesmo que faz hoje está condenado a desaparecer.

SET – Do ponto de vista da SET, há possibilidades de parcerias futuras?
FB – Sim. A SET tem que se inserir neste mundo. Acho que há um vácuo que precisa ser ocupado pela SET. A nossa entidade deve concentrar todas as discussões sobre como será futuro e ajudar a buscar as melhores soluções para o Brasil, como sempre fez.

SET – Quais oportunidades de negócios que este evento pode abrir para as empresas brasileiras e vice-versa?
FB – Com esta velocidade de mudança, as oportunidades são enormes. O desafio é definir qual é o negócio. Parece-me que produzir conteúdo, independente do tema, publico-alvo, qualidade e sofisiticação, continuará sendo um bom negócio.

SET – Em sua opinião, quais categorias de expositores e temas do MWC já podem fazer parte do SET EXPO?
FB – A longo prazo todos. Mas temos que conquistar este mercado. Talvez chamar os fabricantes dos dispositivos móveis em 5G e as teles seja um primeiro caminho.

SET – O que você viu neste evento em termos de infraestrutura e organização que poderia ajudar o SET EXPO?
FB – Houve dois pontos principais. O primeiro foi um modelo muito interessante de painel, com uma apresentação de abertura objetiva e ilustrada seguida de debate com três ou quatro convidados ícones do tema. O segundo foi uma área na feira chamada “4YFN” (Four Years From Now) com empresas startups e painéis com discussões futurísticas.

Saiba mais sobre o MCW19 Barcelona.

Entrevista: Carla Dórea Bartz