TV aberta no Brasil na era dos conteúdos via internet

Mudanças nos hábitos de consumo da audiência preocupam broadcasters

A presidente da SET, Liliana Nakonechnyj, moderou o painel “Situação atual e futura da TV aberta no Brasil na era dos conteúdos via internet”. A sessão se realizou nesta segunda-feira (02/10), no SET Sudeste 2017.

Liliana lembrou que o switch-off analógico no Rio de Janeiro e no Espírito Santo devem ocorrer até o final de outubro e destacou que, até o final de 2018, o processo se completará em todos os maiores centros e capitais do país. “Mas será que as inovações da TV param por aí? Ou será que as emissoras precisam continuar inovando para permanecerem relevantes numa era de miríades de ofertas digitais e mudanças de hábito de consumo de mídia?”, questionou, introduzindo o painel.

José Chaves, diretor de engenharia e tecnologia da Band, acredita que o perfil do consumidor e o comportamento do telespectador vêm se alterando de maneira significativa. “Antigamente, a audiência era passiva. Hoje, o cara quer postar, quer atuar. Esse modelo que vem nos dando sobrevida há quarenta anos pode sucumbir nos próximos dez ou quinze anos, ou não. O nosso grande desafio é transformar o que sempre fizemos em algo que seja adequado a esse novo público. O conteúdo é o rei nesse contexto. Se o conteúdo for acertado, com uma grande ideia e um excelente trabalho de engenharia e operações, o público responde bem.”

A evolução dos sistemas de transmissão e dos formatos também foram destacados por Chaves. “O ATSC 3.0 já parte da internet sem fio, da banda larga e de transmissões que mesclam broadcast e broadband. Cada vez mais, o nosso conteúdo precisa ter qualidade. Precisamos pensar em eficiência no espectro, mais bits/MHz, trabalhando com OFDM 36Mbps, 4K, 8K e tudo que agregue qualidade”, pontuou.

As pessoas ainda conversam muito sobre o que está na TV aberta, na opinião de Paulo Henrique Castro, diretor de tecnologia e R&D da Globo, apesar de os interesses de nicho também crescerem.

“É muito desagradável quando saímos e conversamos sobre uma série, por exemplo, e as pessoas estão em estágios diferentes, ou não querem saber do que você assistiu porque ainda não viram aquele determinado episódio. O conteúdo real-time, as novelas e o jornalismo ganham força na TV aberta nesse contexto, reforçando a sua característica massiva. Eu acho que há espaço para todos. Qualquer meio de distribuição que se baseia em assinatura, no longo prazo, precisa mostrar valor. O broadcast ainda é muito eficiente. Não fico tão preocupado com essa questão do ‘vai acabar’”, ponderou.

Raimundo Lima, diretor de tecnologia e operações do SBT, concordou: “Eu acredito na TV aberta. A nossa capacidade de sobrevivência está ligada ao entendimento do que o telespectador quer, buscando incorporar essas demandas. Termos uma plataforma de um para muitos, do ponto de vista do modelo de negócios, ainda é fundamental. O que precisamos fazer é perceber quais são as novas demandas e adequarmos as nossas plataformas a essa realidade. Por mais que Netflix e Amazon venham com conteúdos inéditos, nós broadcasters ainda temos capacidade de produzir material interessante. É isso que sustentará a televisão aberta”, frisou.

“Como vocês observam, os desafios são muito grandes. Espero que a SET seja um ponto de encontro para superarmos todos eles, trazendo pessoas mais jovens que nos auxiliem a pensar com a cabeça mais focada no digital”, concluiu Liliana.

SET Sudeste 2017

O SET Sudeste 2017 se realiza nos dias 2 e 3 de outubro, das 10h às 19h, no auditório da Bolsa de Valores, no Rio de Janeiro. O evento é transmitido ao vivo na íntegra.

Para conhecer a programação do SET Sudeste, visite este link.

Assista ao vivo neste link: https://www.youtube.com/user/SETengenhariaTV .