SET Norte 2018: “Tecnologia tem que se divertir um pouco e voltar a imaginar coisas diferentes”

Áudio por IP em palestra virtual realizada em Manaus analisa a tecnologia e como usa-la positivamente. Mochilinks e transmissões na TV mostram tendência do mercado

“Acho importante o  jornalismo e a engenharia pensarem que podem fazer transmissão de maneira diferente. Os mochilinks e o Matrix oferecem algumas opções para diversificar a cobertura de grandes eventos. Porque não fazer um evento sem passar nenhum cabo? A tecnologia tem que começar a se divertir um pouco mais e voltar a imaginar coisas diferentes e usar cada vez mais a tecnologia para obter soluções uteis e ágeis”. Foi com esta provocação do moderador do painel, Eduardo Lopes (diretor de Tecnologia da Rede Amazônica), que o painel de estruturas de IP para transmissão ao vivo aconteceu nesta manhã durante o SET Norte 2018, no Studio 5, em Manaus. “É um tema recorrente, com informações importantes para serem discutidas”, disse Lopes.

Fernando Fortes, Gerente Associado da Shure do Brasil, deu inicio ao painel falando sobre estrutura de IP para transporte de áudio. “O sistema sem fio está passando por uma mudança muito grande indo pro lado da modulação digital e o áudio digital o acompanha”. Enumerou as vantagens do sistema antigo analógico “confiável, fácil de configurar e ajustar”, mas destacou também as desvantagens, que fizeram com que se buscasse uma alternativa digital. “Precisamos de maior confiabilidade, densidade de canais grande e cabos menores, sem contar que o áudio digital é mais leve pra instalar e possui roteamento flexível, barateando o custo. Com isso, o ruído é quase inexistente, e é mais fácil fazer mudanças na infra ou roteamento”, explicou.

O fator complicador é que a tecnologia exige mais expertise da equipe técnica, e compatibilidade com outros sistemas, para evitar que ocorram erros de digitalização. A solução foi criar alguns protocolos viáveis e flexíveis. Um deles é o Dante, um protocolo de áudio sobre IP  da Audinate, no qual todo o áudio transportado é digital, sem compressão e multicanal. Como ele usa uma rede já existente, não requer mudança nem equipamento específico pra ser usado. Outras opções são o AES67, da AES, que proporciona interoperabilidade com outros protocolos, e o SMPTE 2110 – 30, que incluiu o protocolo da AES para o transporte de áudio.  O Dante passou a permitir esse uso a partir de 2017.

Um exemplo de uso do áudio digital bem-sucedido foi na implantação de uma radio totalmente digital no estádio do Mineirão, em Belo Horizonte (MG). “Tinham algumas necessidades: 4 microfones sem fio que funcionassem em toda a área de pré-jogo, área de zona mista e no campo. O áudio precisava ser 100% digital, com redundância de transporte de áudio. Optamos então por colocar 2 antenas voltadas para o campo, 2 para a área externa e 2 pra zona mista”, disse, e detalhou o transporte de áudio digital foi feito com uma rede com 2 switchers secundários. “O áudio sai digital com protocolo Dante e chega numa mesa de som com captação analógica, viajando por aproximadamente 80 m com sucesso”.

Fortes disse que os próximos passos diante dessa possibilidade de transmitir este áudio digital com essa infraestrutura, pode-se imaginar essa operação de áudio remota. “A ideia é poder manter a estrutura dentro do estádio, lá no Mineirão por exemplo. O estudo está sendo feito e a realidade deste resultado vai acontecer no ano que vem. Vai para diminuir o custo de fazer a transmissão ao vivo, mantendo a robustez do sistema”.

Billy Neves, Diretor Executivo da Broadmedia, apresentou soluções de contribuição e colaboração remotas para jornalismo, utilizando agregação de internet móvel 4G / Satélite para uso com plataformas abertas. “Essa tecnologia já está madura no mercado e cada vez mais vamos utiliza-la. Quanto à conexão, é recomendável que se utilize pelo menos duas operadoras diferentes para maior robustez da área de cobertura. Pode ser usado em conexões 4G, Ethernet, Wi-fi, satélite banda C e Ka” afirmou.

Os mochilinks também vem evoluindo na compressão de vídeo em CODEC MPEG4 AVC ou HEVC em até 4K.  “Sob o ponto de vista de mercado, as emissoras estão confortáveis com ouso destes sistemas operacionais. Temos visto agora agregação de banda para onde o 4g ainda não é tão confiável, ou não possui taxa de ulpload para garantir qualidade o suficiente” explicou. A opção da empresa é a integração com a banda hotspot de alta velocidade. “A ideia é possuir um canal IP e, a partir daí usar qualquer aplicação para reportagem”, disse. Como exemplo, apresentou o Teradek Link PRO, com 4 conexões com modems de alto ganho 4G Teradek NODE, Ethernet com PoE e Wi-Fi banda dupla.

Eldad Eitelberg, CEO da UCAN (representante da NovelSat / LiveU no Brasil), contou que a LiveU aparece como uma alternativa para atuação na parte de broadcast, midia online, esportes e produção. Suas soluções passam pelo portátil, fixo e veicular, software e decodificadores.

Ainda pela LiveU/UCAN, o  Gerente de Operações Wagner Luiz ofereceu uma visão das tecnologias IP em uso para transmissão ao vivo, o LiveU matrix. “Ele oferece uma plataforma de gestão de vídeo sobre IP, permitindo que os broadcasters visualizem, gerenciem e distribuam conteúdo ao vivo de maneira rápida e eficiente. Um chat dentro desta plataforma proporciona agilidade na busca, seleção e distribuição de feeds para todas as afiliadas de uma emissora, por exemplo, de maneira instantânea, ao vivo, oferecendo flexibilidade e facilidade de uso da plataforma na web”, detalhou.

Por fim, Erick Soares, Expert em Tecnologia da Sony Brasil proporcionou uma visão dos recursos para a produção de conteúdo jornalístico que vão para o ar via 4G. “Hoje existe um requisito de maior mobilidade e agilidade na produção e regionalismo por meio da melhor tecnologia para isso”, situou.

Para isso, explicou que as câmeras sofreram mudanças e ficaram mais compactas, entregando a mesma qualidade das câmeras maiores que eram usadas antes. “A produção de conteúdo também vem mudando nos últimos anos. Saiu do estúdio para os mochilinks e hoje chega nas câmeras compactas sem a necessidade ter que preparar a equipe com mochilinks. Então você tem equipamentos de alta performance nas mochilas e mobilidade das câmeras com maior qualidade”, afirmou.

A contribuição das equipes via celular com codecs de rede para fazer upload e fornecer conteúdo ao vivo, continuou Erick, fazem com que a transmissão possa ser feita via nuvem. “O cliente tem um leque de possibilidades que mais se adequem a eles, sem ficar preso a nenhuma”, finalizou.

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Captação de som e imagem pela Rede Amazônica.

Por Tainara Rebelo em  Manaus (AM), e Fernando Moura em São Paulo (SP)