SET CO 2018: TV Digital trouxe qualidade, mas ainda engatinhamos em novos modelos de negócios

Com o desligamento analógico realizado nas principais cidades do Brasil, o desafio dos radiodifusores é  interiorização da TV

Sebastião Claudino de Tolêdo, gerente Técnico e de Engenharia da TV Serra Dourada (SBT Goiânia) iniciou o último painel do primeiro dia (5/11) do SET Centro-Oeste provocando os presentes de que estamos reunidos para refletir melhor sobre necessidades e possibilidades de compartilhamento de redes em rádio e TV.

“É do conhecimento de todos que nosso País atravessa uma crise econômica muito grande, e o nosso meio rádio e TV vive grandes dificuldades. Desde 2008 tivemos o desafio de novos investimentos para a interiorização da TV. Na prática, o pequeno radiodifusor ainda não vê soluções de investimento. A TV Digital trouxe maior qualidade, mas ainda engatinhamos em novos modelos de negócios. Nosso maior gerador de receita é o comercial, e o quadro não é muito animador. Temos que usar a criatividade e ousar para vencer nossos desafios. Diante deste cenário, surge a necessidade do nosso painel. Vamos acompanhar as soluções apresentadas pelos nossos palestrantes”, convidou

Com o tema “compartilhamento de infraestrutura”, Sérgio Martines, diretor Executivo da SM Facilities, falou sobre como viabilizar a expansão da cobertura de TV Digital no Brasil. “Com a digitalização das cidades de maior população já bem encaminhada, há que avaliar, discutir e propor soluções, modelos técnicos e modelos de negócios que possam viabilizar a expansão da transmissão da TV Digital nas cidades do interior e de menor interesse comercial”, afirmou.

Martines mostrou as dificuldades enfrentadas pelas equipes técnicas na instalação de transmissores ao longo do Brasil. E que, neste cenário, o compartilhamento surge como uma opção. ”Seria a hora de criar um ‘Uber’ da transmissão no Brasil?” provocou, e disse: “é preciso oferecer um modelo de negócio de serviço de cobertura e disponibilidade de sinal. A ideia que propomos é identificar a necessidade da emissora, propor uma cobertura, pedir a aquisição na Anatel e implantar a solução”, finalizou.

José Roberto Elias, gerente Comercial da IF Telecom falou sobre soluções viabilizadoras com Sistemas Irradiantes que possibilitem compartilhamento, objetivando melhores custos e desempenho de transmissão. “Concentramos nosso efetivo em questões operacionais e regulatória, com abordagens para vencer as barreiras, de forma a acelerar a implantação de sistemas em cidades menos populosas, ou até em grandes centros, com ‘gap fillers’ compartilhados”, analisou. Para isso, uma série de antenas em banda larga combinam canais de TV e realizam a transmissão sem combinador, com economia de energia e melhor cobertura de sinal, por exemplo, bem como antenas especiais com combinador em FM.

Camilla de Carvalho Faria Cintra, supervisora Executiva da Área de Projetos de Transmissão da Globo, avançou no “desafio de interiorização do Brasil profundo”, após 11 anos do início da implantação da TV Digital no Brasil. “O switch-off analógico foi realizado em muitas capitais e grandes centros urbanos, resultando em 70% da população brasileira com acesso a TV Digital. Agora, radiodifusores e indústria precisam se unir para enfrentar um desafio ainda maior: digitalizar 4 mil outras cidades até 2023. Para isso, teremos um volume de estações três vezes maior do que o implantado até agora para atender por volta de um terço da população em menos de 5 anos. Só conseguiremos realizar este desafio se encontramos um modelo de estação retransmissora de TV Digital que proporcione grande redução do investimento e facilidade na sua implantação.“É complicado. Não podemos aplicar as soluções que aplicamos até agora. Temos que pensar em algo novo”, refletiu.

O que fazer?

“Estamos num labirinto, mas precisamos dar os primeiros passos para resolver a situação”, ponderou Camila, e explicou que no final de 2017 foi formado um grupo compartilhado de infraestrutura da ABERT, e um banco de dados com estações para compartilhamento, no qual Band, Globo, Cultura e SBT mapearam todas as suas redes e afiliadas para facilitar o uso do sinal.

A Estação Piloto – Tiradentes/MG é uma solução compacta de equipamento que comporta 6 emissoras, tem 50 cm de altura e pode ser colocado em poste de emissoras para retransmitir o sinal. “Esse transmissor passou no teste e surpreendeu. Está no ar, funcionando e levou apenas dois dias para montar”, avaliou. “Não é a única solução, mas queremos mostrar pro mercado que temos uma. Precisamos agora de novos players e novas parcerias, e pensar em novos modelos de negócios”, finalizou.

O SET Centro-Oeste acontece dias 5 e 6 de Novembro, na PUC Goiás, em Goiânia – GO.

Programação completa

Por Tainara Rebelo e Fabio Lima (fotos) em Goiânia. Fernando Moura, em São Paulo.