Uma revolução chamada OTT

Flávio da Mata, da Abotts, fala sobre a regulação do segmento OTT no SET Centro-Oeste. Foto: Fábio Lima/SET

O mercado de empresas over-the-top (OTT) foi debatido no quarto painel do SET Centro-Oeste, na tarde do dia 8 de outubro. Carlos Cauvilla, diretor de Tecnologia da Rede Anhanguera, foi o moderador da sessão que contou com as presenças de Marcelo Guerra, gerente de Tecnologia em Mídias Digitais na TV Globo; Tiago Cunha, gerente de Projetos da SNEWS e Flávio da Mata, diretor jurídico e regulatório da Associação Brasileira de OTT´s (ABOTT’s).

 

O painel abordou a produção de conteúdo e como a distribuição via OTT está se tornando mainstream.

O primeiro palestrante a falar foi o executivo da Rede Globo. Ele apresentou um panorama sobre o mercado de OTT no mundo e seus desafios. “A atenção é a nova moeda”, iniciou. “Tudo que rouba a nossa atenção é um concorrente”.

Apresentando números de mercado, ele mostrou que  a TV aberta ainda abarca 58% de toda verba publicitária no país, mas que a internet cresce, chegando hoje a 17%. Ao contrário, a TV por assinatura desde 2014, quando atingiu o seu auge, vê seu mercado encolher a cada ano, resultado desta mudança de paradigma de consumo de conteúdo.

O segredo está no que Marcelo chama de omniconsumidor, um consumidor que escolhe o que quer ver, quando quer ver e busca diversidade. Fazer uma maratona das séries preferidas não combina com a exibição de um espisódio semanal em horário determinado. No Brasil, a curva de assinatura de serviços OTTs, como Globoplay, atingiu 34 milhões de pessoas e é ascendente.

Para ele o maior entrave do setor está na infraestrutura. “A internet no Brasil ainda é muito ruim, sem velocidade boa e com distribuição focada nos grandes centros”. Outro ponto desafiador é a recomendação. “Precisamos descobrir o que o consumidor ama e facilitar sua busca”.

Na sequência, o engenheiro da SNews, Tiago Cunha, ressaltou a importância da inovação e da agilidade para quem quer empreender no serviço de entrega online de conteúdo. Atuando no mercado de broadcast há quase duas décadas, a SNEWS é pioneira no cenário de desenvolvimento de softwares e soluções personalizadas para automação de jornalismo.

“Mais ágil, mais rápido, mais barato e mais eficiente”, ressaltou ele em sua apresentação. No cenário atual,”o time tem que ser pequeno para que os problemas sejam resolvidos de maneira rápida “, enfatizou. E apresentou modelos em que grandes empresas estão criando suas próprias startups internas. “As empresas perceberam que o processo de tomada de decisão pode ser mais inovador”, disse.

Por fim, Flávio da Mata, mostrou o posicionamento da entidade em relação ao segmento de OTT. “A Abotts é uma interlocutora que visa defender o interesse do segmento no Congresso Nacional e no governo”, explicou.

Ele fez um panorama dos projetos de lei que estão no Congresso Nacional, em especial relacionado a impostos, e também sobre as discussões no âmbito da UIT. “A pergunta geral é a necessidade da regulação, pois os textos até agora não ajudam a viabilizar os negócios”, avaliou.

Para ele, é importante lembrar que o segmento OTT não pode estar acima das leis do país, mas a regulação também não pode impedir a inovação e inviabilizar startups e pequenas empresas”, alertou.

No final, ele ressaltou as oportunidades que surgem com as novas demandas por conteúdo. “Estamos diante de uma ascensão incrível do OTT”, apontou.