NAB 2016: Como as emissoras locais podem engajar e vencer na era digital?

O localismo praticado pelas emissoras norte-americanas pode mostrar um caminho interessante para o mercado de televisão brasileiro, aumentando ainda mais o regionalismo de nossa programação.

A TV local americana cada vez mais é tratada como uma peça chave na estratégia da NAB em mostrar para a população e o governo a relevância da TV broadcast americana. Nas últimas três edições do congresso da NAB, seu Presidente e CEO, Gordon Smith chamou a atenção para o localismo como um diferencial entre a TV aberta e as empresas de tecnologia, telefonia e OTT, principalmente nas possibilidades do jornalismo local na cobertura de eventos graves.

“Somente a televisão broadcaster é capaz de fazer este tipo de jornalismo”, afirma Smith. E vai além, quando diz que, com a crise do papel, é na televisão que o jornalismo investigativo vem ganhando força em tempos de incerteza (os EUA estão em período de eleição presidencial).

Mas, no caso brasileiro, não basta investir em programação local. Isto, as nossas emissoras já fazem. A sessão: How Local Broadcasters Engage and Win in the Digital Age, discutiu exatamente essas questões e, este, é um ponto ficou claro para os presentes: o localismo não pode ser apenas um aparato para se divulgar informações locais. Ele tem que conectar as pessoas.

Hoje, com os diversos aparatos tecnológicos, pessoas conectadas por redes sociais virtuais, velocidade na informação e na transformação, o localismo só faz sentido se conectar as pessoas emocionalmente, seja lutando a favor ou contra uma causa. As pessoas, cada vez mais imersas em seus telefones e em sistemas personalistas, podem se unir como comunidade quando a mídia local entender que este engajamento da audiência não pode ser mais conseguido pelas estratégias de marketing e por pesquisas que viabilizam estas estratégias na TV analógica.

O Localismo não é mais um espaço na programação da rede para dar espaço a informações e a notícias no telejornal ou em programas de entrevistas com personalidades locais, com venda de publicidade ou merchandising.

Localismo é a grande oportunidade de negócios para as emissoras de televisão, porque gera milhões em pequenos negócios. também, porque milhares de pessoas já utilizam ferramentasonline e movimentam a economia local. Foursquare, Yelp, Facebook e todos os demais aplicativos de localização influenciam a decisão de compra de milhares de pessoas, baseada na opinião ou na sugestão de outras pessoas.

Fica evidente como a publicidade televisiva local está distante deste importante segmento da sociedade. E não basta às agências de publicidade propagar produtos para este nicho. Ele se envolve, apenas, se o emocional for um fator determinante.

O fator emocional pode tanto vir da própria marca, com ações na comunidade, quanto da programação local, engajando as pessoas, as envolvendo e as conectando de uma forma que as mídias virtuais ainda não conseguem, pois, a TV ainda reina absoluta (pelo menos no Brasil) na oferta de conteúdo de um para muitos.

Uma coisa aparenta estar clara nesta questão: o localismo das emissoras no Brasil deve ser revisto. Não somente sua inserção na grade de programação, mas o conteúdo das informações locais, que em muitos casos, apresentam uma realidade muito distante do próprio local em que emissora atua – ainda mais com as possibilidades que as redes sociais podem oferecer de informação para o jornalismo, no que está sendo discutido nas redes.

 

Francisco Machado Filho
Las Vegas, NV

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