NAB Show: Fernando Bittencourt faz um balanço em entrevista ao Tela Viva News

Futuro do broadcast está na união da transmissão pelo ar com a banda larga, diz Fernando Bittencourt

Fernando Bittencourt. Foto: divulgação.

Para Fernando Bittencourt, diretor internacional da SET e ex-diretor de tecnologia da Globo, a radiodifusão está encontrando uma forma de se manter relevante no complexo cenário de convergência de mídias. Segundo ele, parte da audiência está deixando de ver televisão tradicional para consumir conteúdo em aparelhos móveis, o que é um desafio para os broadcasters. “Eu acho que existe uma reação interessante da área de broadcast em relação a essas novas tecnologias, como o ATSC 3.0, que é um sistema muito forte, muito moderno, que permite combinar a transmissão pelo ar com o broadband e utilizar o que é melhor de cada um”, disse a este noticiário. “Eu diria que, por ainda muitos anos, os conteúdos de massa, como Copa do Mundo, Olimpíadas, e outros eventos extremos, serão conteúdos de broadcast. Vai levar ainda algumas décadas para estes grandes eventos poderem ser viáveis em broadband”, afirmou, lembrando as notícias também são um tipo de programação que deve ser exibida ao vivo.

Para Bittencourt, o conteúdo de broadcast está claramente reduzindo e talvez não haja uma maneira de remunerar esse conteúdo em outras plataformas. “Você até assiste a estes conteúdos de broadcast em outras mídias. Mas a monetização não é a mesma. Esse é o problema. As pessoas continuam vendo os conteúdos de outra forma mas a monetização é menor”, explica. É aí que uma evolução do padrão de TV entra, trazendo a possibilidade exibir publicidade direcionada a um segmento específico. “Essas novas tecnologias de broadcast, principalmente o ATSC 3.0, que está mais à frente, combinam as vantagens do conteúdo de massa e conteúdo sob demanda pela Internet, podendo, inclusive, identificar os comerciais por região-micro (por meio do CEP) e até fazer um comercial individualizado para cada pessoa. Mas é uma ferramenta adicional que pode ser usada ou não. Você pode continuar a ter os comerciais para o público de massa. Segmentar o comercial por região é muito forte. Isso permite a empresas menores colocarem o seu comercial a custos menores”, completa.

O grande desafio para a evolução da radiodifusão, aponta Bittencourt, é o espectro, uma vez que nenhum país alocou espectro para uma outra etapa do broadcast. “É um desafio que tem que ser negociado com os governos. Não é impossível porque existem várias formas de se fazer isso. É preciso que se entenda a importância do broadcast. O broadcast é confiabilidade e qualidade, enquanto o modelo broadband, de distribuição via Internet, tem limitações. Ele terá sempre limitações de banda”, diz.

A evolução de um cenário complexo não está relacionada apenas à tecnologia. “Tem que estar por dentro da mídia, com uma análise de negócios. Você vê que os grandes ganhadores disso ainda são o Google, a Amazon, Yahoo. Estes são os que estão ganhando dinheiro. Eu diria que são os únicos que estão ganhando em todo esse processo. Todo o resto está lutando. É um desafio brutal para os executivos das empresas de broadcast”, finaliza.

Texto: Mario Buonfiglio, direto de Las Vegas

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