IBC 2017: imprensa europeia acusa Facebook de monopólio e de propagar fake news sem controle

 

Derl McCrudden, Nabil Wakim and Ben de Pear. Foto: IBC.

Fonte: IBC

Na tarde desta quinta-feira, dia 14, o assunto fake news continuou a dominar as principais sessões de conferências do IBC 2017, mostrando quanto o assunto está impactando o mercado global de produção e distribuição de notícias.

No painel Fake News or Alternative Facts: producing news content in a post-truth world (Notícias falsas e notícias alternativas: producindo conteúdo em um mundo pós-verdade), os principais executivos das empresas de comunicação de toda a Europa acusaram o Facebook de ser uma câmara de reverberação fora de controle para as notícias falsas.

O editor de Notícias do canal britânico Channel 4, Ben de Pear, argumentou que a emissora havia sido censurada pelo regulador do Reino Unido, Ofcom, por ter identificado erroneamente um terrorista da Westminster Bridge em março. No entanto, ele disse que a resposta do canal ao erro foi uma indicação da diferença entre empresas de comunicação e redes sociais.

“O Facebook e outros publicam dezenas de histórias falsas deliberadamente a cada dia” , disse o executivo. “Corrigimos nosso erro em 20 minutos e, logo após, pedimos desculpas no ar. Mas o Facebook e outros publicam dezenas de histórias falsas todos os dias, enquanto sugam enormes quantidades de dinheiro, sem qualquer penalidade .”

Nabil Wakim, diretor de inovação editorial do jornal francês Le Monde, disse aos congressistas que a checagem dos fatos do Facebook simplesmente não funciona. “Fazemos parte da iniciativa Hoax Busters (www.hoaxbuster.com) e tentamos desprezar as histórias mais estúpidas. Mas é deprimente como o Facebook funciona: cerca de 100 histórias falsas atingiram mais de 4 milhões de leitores, a maioria era sobre política, porém, havia também notícias sobre saúde, com falsas promessas de tratamento sobre o câncer, por exemplo”.

Derl McCrudden, chefe de Notícias e de Vídeo Internacional na Associated Press, foi ainda mais crítico, argumentando que o problema está além do Facebook. “Eles são uma câmara de reverberação de notícias falsas. Estamos enfrentando um problema social. Uma verdadeira crise. Mas não somos o policial da internet .”

O executivo do Channel 4 admitiu que a Internet democratizou o acesso às notícias. “Mas a notícia de qualidade é cara e não é uma piada”, disse. “O Facebook não paga o suficiente pelas notícias e reportagens que divulga. Está mais para um monopólio fora de controle. Eles têm três ou quatro pessoas trabalhando com a área de notícias em toda a Europa. No nosso caso, temos três ou quatro pessoas trabalhando em uma única história “.

McCrudden pediu mais regulamentação, enquanto Wakim disse que a Alemanha está buscando novas leis para inibir as notícias falsas, enquanto a União Européia também está examinando o problema.

Ao final, o painel também abordou notícias falsas criadas deliberadamente e patrocinadas por governos. De Pear disse que o Canal 4 investigou recentemente uma empresa com sede na Macedônia que criava mais de 100 notícias falsas por dia.

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