Sessão do NAB Show analisa a evolução do Rádio Digital pelo mundo

Painel “Rádio Digital Roll Out Around the World” explora a adoção do DAB + e do HD Radio e o atual momento do consumo de mídia.

 

Conteúdo do site Tudo Rádio

O NAB Show 2019, realizado nesta semana em Las Vegas (EUA), conta com uma sessão voltada ao avanço do Rádio Digital pelo mundo, tecnologia que, independente do padrão a ser adotado, não tem previsão de implantação no Brasil.  “Rádio Digital Roll Out Around the World” destaca a adoção do DAB + (padrão europeu) e do HD Radio (norte-americano) e o comportamento dessa tecnologia perante os novos serviços de distribuição de conteúdo de mídia e a adoção por parte do público.

A sessão do Spring Show contará com os palestrantes Joan Warner, CEO Commercial Radio Australia; Joe D’Angelo, vice-presidente sênior de rádio da Xperi Inc .; e Ole Jorgen Torvmark, CEO da Norsk Radio AS.

 

Avanço do DAB+

Em entrevista ao site Rádio World, Joan Warner (que também atua como vice-presidente do WorldDAB), a implementação da União Europeia do novo Código Europeu de Comunicações Eletrônicas (EECC) marca um ponto de virada para a indústria de rádio. A ação exige que todos os novos rádios automotivos vendidos nos 27 países-membros da União Européia sejam capazes de receber rádio terrestre digital, bem como qualquer funcionalidade de FM ou AM que os fabricantes desejem incluir.

O executivo acredita que essa ação aponta que o futuro do rádio na Europa será digital. Torvmark também reforça essa ideia, lembrando que na Noruega, primeiro país a desativar os serviços nacionais de FM analógico, os números de rádio, que diminuíram após a transição digital do país em 2017, mas voltam para onde estavam antes da transição. Ou seja, há uma evolução na adoção do sistema por parte das rádios e do público.

No início deste mês, o WorldDAB divulgou um relatório na conferência Radiodays Europe em Lausanne, na Suíça, mostrando como a transição afetou a audição de rádio da Noruega. Além de confirmar que o total de audições de rádio do país se recuperou, o estudo constata que o alcance diário da rádio está em 67% da população, comparado a 68% em 2016.

O estudo também relata que os ouvintes estão ouvindo por mais tempo (146 minutos por dia). em 2019, comparado a 127 minutos em 2016) e que 86% dos ouvintes diários usam o DAB +, comparado a 55% em 2016.

Já em outras partes da Europa, as estatísticas mostram que a Alemanha lidera a cobertura pelo sistema de rádio digital, superando o Reino Unido, como o principal mercado receptor de DAB + consumidor. Tanto a Itália quanto a França têm agora uma legislação de receptores que exige que todos os novos receptores incluam recursos de áudio digital. E no Reino Unido, o DAB responde hoje por mais da metade de todas as audiências de rádio, segundo o relatório da entidade.

Além disso, o regulador de mídia francês (Conseil supérieur de l’audiovisuel) acaba de publicar a lista de estações que receberam uma licença DAB + para começar a transmitir em todo o país via rádio digital terrestre em 2020. Entre os receptores estão seis canais de rádio da emissora pública Radio France – France Inter , France Info, France Culture, France Musique, Fip e Mouv ‘.

A adoção do sistema também ocorre fora do continente europeu. Os executivos lembram a realização de testes em países como o Vietnã e a Tailândia. Onze estações desses países iniciarão os trabalhos experimentais do DAB+, com duração prevista para 20 meses. Há até a expectativa de que o Vietnã conclua a transição digital de rádio até 2025.

 

Evolução da adoção do HD Radio

O sistema usado pelo mercado dos Estados Unidos, o HD Radio, também apresenta novidades. Na edição do ano passado do NAB Show, a Nautel expos um transmissor capaz de transmitir 12 canais diferentes de áudio em HD, conforme acompanhado pelo tudoradio.com na ocasião. E há uma evolução dos receptores, principalmente os automotivos.

Em relação à cobertura do sistema, o HD Radio amplia a sua fatia com adoção comercial por parte do México, além das rádios dos Estados Unidos e do Canadá. Segundo a sessão, mais de 100 estações mexicanas foram convertidas para o padrão de rádio digital. Já no Canadá as emissoras também continuam adicionando estações e avaliando o desempenho do sistema à medida que avançam em seu processo regulatório.

O sistema usado pelo mercado dos Estados Unidos, o HD Radio, também apresenta novidades.

“A forte demonstração de apoio das emissoras ajudou a impulsionar um aumento nos carros equipados com HD Radio”, afirma o executivo Joe D’Angelo ao portal Rádio World. E completa dizendo que “existem hoje mais de 55 milhões de carros na estrada com a tecnologia HD Radio e mais de 4.300 programas de transmissão HD Radio”.

D’Angelo explica que as atividades recentes na América do Sul e no Sudeste da Ásia parecem indicar que os países nessas regiões estão prontos para começar transição para a radiodifusão digital. “Durante anos, a falta de receptores amplamente disponíveis ou pontos altos de preço diminuíram a transição para o digital em muitos mercados”, disse ele. Porém, conforme acompanhado pela mídia especializada, a adoção de um padrão no Brasil não parece ser uma prioridade do setor (este que vive o processo de migração das rádios AMs para o dial FM).

 

Streaming não compete com o rádio, mas agrega

O executivo Joan Warner afirma que, para o setor de rádio, o streaming na Internet é uma plataforma de entrega gratuita que auxilia que os ouvintes continuem acessando conteúdo em todas as plataformas on-line e não atua como um substituto para um rádio terrestre robusto, mas sim um agregador importante para as emissoras e para a audiência.

“O rádio de transmissão e, em particular, o DAB + é gratuito, confiável e não requer acesso à internet ou à eletricidade, o que ainda torna a maneira mais eficiente e eficaz de se comunicar ao vivo para um público de massa, especialmente em situações de emergência. A indústria de rádio em todo o mundo está garantindo que o conteúdo de rádio esteja disponível em todos os dispositivos com transmissão de rádio AM, FM, DAB + como a espinha dorsal da empresa e onde a maior parte da audição acontece”, defende o executivo.

Os três executivos do painel concordam que o rádio terrestre (e digital) tem um futuro promissor pela frente, apoiado pela movimentação da industria “A tecnologia de ativação por voz é um exemplo perfeito”, diz Warner. “À medida que as pessoas se distanciam das instruções de leitura e digitação, o rádio integrou essa nova tecnologia com o Amazon Alexa para garantir que o rádio seja parte da experiência do usuário e na Austrália os usuários podem simplesmente pedir ao Alexa para tocar sua estação de rádio favorita. A rádio continua a evoluir e integrar novas formas de acessar o conteúdo produzido pelas emissoras de rádio 24 horas por dia, 7 dias por semana”, concluiu.

“O rádio é muito mais do que uma jukebox de faixas. Continua sendo um meio local altamente organizado e oportuno que oferece uma experiência, informação e entretenimento aos ouvintes que não podem ser replicados. É um componente crítico de qualquer comunidade e sempre pode ser contado. E, assim como o rádio passou da AM para a FM, para o digital, ele evoluirá para garantir que a transmissão não mate a estrela do rádio”, finaliza o executivo.

 

Mais receptores e as vantagens do rádio terrestre

Os executivos informam que e a maior disponibilidade de modelos nos dois padrões digitais de rádio estão refletindo positivamente em todo um ecossistema voltado à essa tecnologia, seja na adoção do público (audiência) como também na disponibilidade de conteúdo. O painel lembra que, nas Filipinas, há a introdução do primeiro celular com HD Radio extremamente acessível.

D’Angelo diz que, embora a transmissão de rádio opere hoje em um ambiente altamente competitivo, ela também tem vantagens exclusivas sobre os serviços de streaming somente na Internet. “De muitas maneiras, o rádio over-the-air é o encarregado dos serviços de áudio e em todos os mercados tem o benefício de audiências muito grandes / leais com marcas e apresentadores extremamente bem estabelecidos”, acrescentou.

“Investindo em todos os aspectos de distribuição de áudio, transmissão digital, streaming, aplicativos e sob demanda, as emissoras estão mantendo sua conexão com seu público e, na verdade, aumentando o tempo gasto ouvindo com sua programação em plataformas de distribuição”, afirma o executivo.

Reforçando a ideia de que o rádio necessita ter uma atuação tecnológica multiplataforma, D’Angelo, alerta que as emissoras precisam adotar todas as tecnologias disponíveis e criar uma programação única para cada mídia, conforme necessário.

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