Conheça o ATSC 3.0 já em uso na República da Coreia

Pesquisadores Coreanos falam sobre o ATSC 3.0 no NAB Show 2018. Foto: Tainara Rebelo

O ATSC 3.0 já é realidade em Seul, na República da Coreia. “Atualmente, cerca de 50 a 60% do território sul-coreano já são atendidos nesta tecnologia de tv aberta, e a tendência é que até o final de 2021 todo o país já tenha a cobertura”, explicam Sung-lk Park, principal researcher, e Jae-young Lee, senior research scientist, ambos da ETRI – Electronics and Telecommunications Research Institute, da República da Coreia. O switch-off do ATSC 1.0 total naquele país está programado para 2027.

Mas o que a tecnologia possui de diferente das outras?

O diretor de ensino da SET, José Frederico Rehme, que também conversou com os engenheiros durante a NAB Show 2018, explica que, em linhas gerais, é um aumento considerável na capacidade do canal de comunicação do sistema e sua multiplexação LDM e que o ATSC 3.0 oferece maior capacidade ou aumento de oferta de funcionalidade, de competitividade, resultado de duas diferenças importantes:

“A primeira é que antes, para todos os demais sistemas, o protocolo de transporte era o MPEG-TS. Agora, no ATSC 3.0, o transporte é baseado em IP (IP-based); a segunda diferença é que, enquanto o ISDB-T utiliza multiplexação por divisão de frequência (FDM), e no DVBT-2 se usa TDM, o ATSC 3.0 faz uma multiplexação por camadas: LDM (layer division multiplex). Nesta modalidade, muito mais taxa de dados, ou velocidade de transmissão (Bitrate data) é obtida na mesma banda de 6 MHz. Ísso é uma grande inovação”, detalham os pesquisadores da ETRI.

Do ponto de vista do telespectador, a primeira vantagem é o fato de se adotar um sistema IP. “Isto compatibiliza muitos modelos de dispositivos, especialmente os móveis, os gadgets” explicam os pesquisadores.

É a tão desejada “convergência”.  A maioria dos laptops, smartphones e outros dispositivos pessoais são preparados para as plataformas IP, e assim estarão aptos a também receber o sinal ATSC 3.0, das torres de transmissão dos broadcasters.

Os pesquisadores elucidam que a segunda vantagem está na estrutura de multiplexação, no LDM, que consegue ocupar o canal com muito mais taxa (ou seja, a capacidade do canal é muito maior quando comparada com os atuais sistemas). Assim, enquanto que nos sistemas atuais e que usamos de comparação, em geral se tem um serviço HD e outro móvel (1seg), com LDM é possível enviar três ou quatro programas (ou serviços) HD e ainda um UHD. No mesmo canal, na mesma banda. Neste cenário, com serviços fixos e móveis, o LDM fornece muito mais taxa, mais programas para os telespectadores.

O modelo ATSC 3.0 está operando por lá desde maio de 2017, em canal aberto e gratuito, com a transmissão iniciada na área da cidade e ao redor de Seul. “No final do ano, em dezembro de 2017, as transmissões foram estendidas para outras grandes cidades, como por exemplo Ulsan, e então atendem cerca de 60 % da população do país. A meta do ETRI é atingir todo o país até 2021. O desligamento do ATSC 1.0 está previsto para o ano de 2027.

 

Tainara Rebelo e Frederico Rehme, direto de Las Vegas.