SET Centro-Oeste: Desafios para 100% de cobertura digital

Compartilhamento de infraestruturas de transmissão é apontado como solução para emissoras em um contexto de digitalização do sinal e queda de receitas; desafio em cidades pequenas é ainda maior, avaliam palestrantes em Brasília

O diretor da SM Facilities, Sérgio Martines, afirmou que atingir os 100% de cobertura digital no Brasil será um desafio para as emissoras de radiodifusão. A palestra do executivo integrou o painel “Cobertura Digital” na tarde desta quarta-feira (08), no SET Centro-Oeste 2017.  A sessão foi moderada por Emanuel Zucarini, gerente de Planejamento e Desenvolvimento da EBC.

Em um ambiente de crise do modelo de negócios e queda nas receitas das emissoras, Martines acredita que uma ruptura seja necessária. Planejamento, gestão ágil e compartilhamento de soluções podem ajudar os broadcasters, na opinião do diretor da SM Facilities.

“Vivemos um momento de repensar a forma de fazer TV. O compartilhamento pode ser esse modelo de negócio. Usar espaços compartilhados, fazer acordos de uso do terreno em um modelo de permuta, ou ainda trabalhar com a cessão para um operador, como no modelo realizado pelas teles. O que temos proposto é isso: cessão de infraestrutura com operação. É preciso discutir esses modelos. Tirando os equipamentos, que cada um tem o seu, tudo é compartilhável. Energia, terreno, antena, torre”, frisou.

O desafio nas cidades pequenas

Há o risco, na opinião de Martines, de que as 20% de cidades que possuem pouca densidade populacional fiquem sem cobertura após 2023. “Uma solução, nesses casos, são parcerias com prefeituras, utilizar antenas e sistemas compartilhados, utilizar no mínimo o rack compartilhado ou ter o sistema todo sendo entregue a um operador. Precisamos definir qual percentual da população vamos cobrir, qual o SLA do projeto e qual será o custo-benefício disso, isto é, qual será o custo para atingir determinado espectador. Brasília é um case bem sucedido que deve ser copiado em outras localidades”, destacou.

Fernando Matos, gerente de engenharia do SBT no Distrito Federal, lembrou que o trabalho de compartilhamento da torre na capital do país, iniciado em 2005, foi fundamental à digitalização e é um modelo de negócio que deve ser copiado. “O modelo convergente conseguiu concretizar o negócio. Estamos trabalhando com as associações e passando essa experiência para garantir que a cobertura esteja garantida em sites menores”, frisou.

“É muito mais fácil de os telespectadores investirem em equipamentos para assistir TV se houver mais canais disponíveis em determinada cidade”, acrescentou Martines, em diálogo com Matos. “Comercialmente falando, um outro ponto a ser considerado é fazermos campanhas de divulgação nessas cidades, aos moldes do que está sendo realizado com a EAD e a Seja:Digital, para que a demanda por TV Digital cresça”, encerrou.

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*Por Gabriel Cortez, em Brasília, e Fernando Moura, em São Paulo