Um momento histórico

O último 9 de dezembro marcou um acontecimento histórico para o Rádio brasileiro: em Brasília, a Abert (Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e TV), representada pelo presidente Daniel Slaviero – mais Gunnar Bedicks, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Francisco Sergio Husni Ribeiro, da Rádio Cultura, Ronald Barbosa, da Abert e coordenador dos trabalhos, e outros membros do grupo de estudos de rádio digital – entregou ao ministro das Comunicações, Hélio Costa, o relatório dos resultados dos testes sobre o comportamento do rádio digital.

“O Ministério analisará os resultados. Depois abrirá uma consulta pública. O ministro espera mais subsídios que auxiliem o Governo na tomada de decisão em relação ao padrão a ser adotado”, diz Slaviero.

Bedicks explica o alcance do relatório. “Nós avaliamos o desempenho. Queríamos respostas para as perguntas do tipo: será que ele é aplicável no Brasil? Será que o HDRadio, utilizando a tecnologia Iboc (In Band On Channel), desenvolvida pela Ibiquity, dos Estados Unidos, atende emissoras AM e FM levando em conta as condições brasileiras?”.

Os testes envolveram quatro estações existentes de modo a avaliar a cobertura digital e possíveis interferências nos sistemas analógicos. Para a análise de OM as emissoras estudadas foram: Rádio Cultura, de São Paulo e Rádio Globo, de Belo Horizonte. Para FM, a Rádio Som- Pur, de São Paulo, e a Rádio Clube, de Ribeirão Preto. No decorrer do processo foi observada a necessidade de ensaiar duas novas situações, uma para a condição de interferência e outra para emissoras de baixa potência, como o caso de rádio comunitária. Assim, foi montado em Cordeirópolis, no interior paulista, um sistema especial para os testes de transmissão em FM, na freqüência 90,5 MHz, sujeita a interferências de outras emissoras analógicas existentes na região e que operam nas freqüências de 90,3 MHz e 90,7 MHz.

“Concluímos que o padrão funciona muito bem para FM em cidades grandes e pequenas”, afirma Bedicks. “No AM alguns desafios terão de ser vencidos, principalmente na questão da robustez do sinal”, relata Slaviero.

Por sua vez, Barbosa salienta o porquê de outros padrões não terem sido testados. “O Eureka opera em faixa de serviço diferente. Ora, queremos aproveitar o parque instalado de OM e FM. Então, não tem sentido testar o que não atende essa necessidade”. O padrão japonês é como o Eureka, também opera em outra faixa de freqüência, a de TV, e também não atende às necessidades do Brasil. Já o DRM, europeu, embora opere na mesma faixa de freqüência, ainda não é comercial. “Para verificar as condições de qualquer outro sistema, ele terá de passar por testes nas mesmas cidades e nas mesmas condições para comparação”, deduz Ribeiro.

O Ministro Hélio Costa não estabeleceu prazo para a decisão. O setor aguarda ansioso. um momento histórico Gunnar Bedicks e Daniel Slaviero no dia da entrega do relatório ao ministro Hélio Costa: momento histórico para a radiodifusão brasileira.

Revista da SET – ed. 104