TV Digital, um arroz de festa

A fila anda: depois de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Goiânia, chegou a vez de Curitiba experimentar as maravilhas da TV Digital. Em 22 de outubro, a TV Paranaense, afiliada da Rede Globo de Televisão, digitalizou o seu sinal com a presença, entre outras autoridades, do ministro das Comunicações Hélio Costa. No mês que vem será a vez dos soteropolitanos, os habitantes de Salvador, ter os sinais da TV Bahia em digital. Assim, aos poucos, a TV Digital está virando arroz de festa: a cada mês mais e mais brasileiros têm a oportunidade de ver imagens e som de excelente qualidade.

Ênio Sérgio Jacomino, diretor de engenharia da Rede Paranaense de Comunicação, a RPC, formada por oito emissoras, se orgulha de que a de Curitiba foi a primeira, não só do Paraná, “mas de todo o Sul do Brasil a se digitalizar”.

O projeto de digitalização de toda a RPC está orçado em R$ 30 milhões, incluindo Curitiba. Retorno? Tal e qual outras emissoras, a RPC não conta com isso a curto prazo. “Na verdade, ninguém sabe direito como isso vai se dar”, diz Jacomino.

O investimento foi feito para permanecer no negócio. A mudança para a TV digital é uma atualização da tecnologia de TV aberta; no ar, ela ainda não traz nenhum dinheiro novo e vai continuar dividindo o bolo publicitário. Só mais tarde, com a mobilidade, se houver uma programação de rede diferenciada, é que se espera conseguir agregar outro tipo de público, ter um outro tipo de audiência. Então será possível aumentar o faturamento e ter mais lucro.

Sem nenhuma consultoria externa, o projeto começou a ser tocado cerca de dois anos atrás. “Mexemos preliminarmente na estrutura de torre, preparamos a infra-estrutura, o abrigo do prédio onde temos transmissores”, conta Jacomino. A equipe de engenharia tem 50 pessoas em Curitiba e mais 100 no resto da rede. Alguns, em nível de gerência, coordenação e técnico, foram enviados a Congressos da SET e ao exterior para cursos e, na volta, disseminaram o conhecimento aos restantes.

Assim todos puderam aprender como enfrentar as dificuldades do período de simulcast, em que as emissoras vão operar com os dois sinais ao mesmo tempo. A maior é que se passa a ter duas operações. É quase como se fossem duas emissoras; Não são duas porque a produção local de programas é a mesma, mas se recebe dois sinais diferentes, processa-se dois sinais diferentes, coloca-se um intervalo comercial para cada sinal, apesar de ser o mesmo conteúdo. “Temos uma cadeia para cada tipo de transmissão, mas percebemos que precisamos de mais umas poucas pessoas para fazer os dois: como a operação em HD da Globo ainda é pequena, o operador de controle mestre, por exemplo, trabalha só um turno, o de quando entram a novela das oito e, na seqüência, os filmes”, explica Jacomino.

Houve também treinamento dado por professores do Inatel. Mas não há previsão de contratação de novos profissionais de engenharia. Há, sim, para novos tipos de profissionais. “Acho que poderão ser criadas algumas novas funções quando tudo for full HD, até porque se terá uma necessidade de maior esmero, em todos os aspectos, passando pela maquiagem, iluminação e outros detalhes”, diz o diretor de engenharia da RPC.

Cobertura
A exemplo de outras cabeças de rede regionais, a Paranaense não arriscou muito e seguiu a escolha da Globo em equipamentos. O transmissor é da NEC, de 8 kW (dois de 4 kW em paralelo, refrigerados a água). A antena é da Transtel. Os controles-mestre, da Harris.

Antes de colocar o sinal no ar, ela se precaveu mercadologicamente ao chamar os lojistas e os antenistas para uma reunião de treinamento. “Demos uma ‘aulinha’ explicando as tecnologias, os modelos, o funcionamento e fizemos muitas campanhas na TV analógica, no jornal, na internet, informando os consumidores dos detalhes que eles precisam observar quando vão às compras”, conta Jacomino.

A Paranaense também tomou precauções técnicas. Ela, em parceria com a Universidade de Tecnologia do Paraná e a Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná, solicitou ao Minicom, em maio de 2008, uma licença com fins científicos para fazer testes de transmissão e de cobertura. O transmissor foi alugado à Linear, de Santa Rita do Sapucaí. Ele foi conectado à antena do sistema digital e rodava um videoclipe para as medidas de cobertura de campo, intensidade de sinal, questões de reflexão, pontos críticos e áreas de sombra.

Para os testes, a RPC usou um carro conhecido por unidade de pesquisa de sinal. Trata-se de um veículo dotado de um conjunto de recepção e um mastro com uma antena colocada acima do teto. Com ele, a equipe mapeou a cidade por pontos, depois foi aos pontos e mediu o sinal; os equipamentos do carro medem o sinal aberto e também o do canal da mobilidade. Avalia-se assim uma recepção que é verificada por meio de um padrão determinado por normas técnicas.

Garantir uma cobertura melhor do que a analógica foi o objetivo desses testes. “Fizemos um levantamento teórico e prático para saber exatamente as áreas de cobertura e as de sombra”, relata Jacomino. “A cobertura está muito boa, então acho que problemas, se nós tivermos, serão muito poucos”. O sinal chega também a algumas, mas não a todas, cidades da região metropolitana de Curitiba, caso de Araucária, Balsa Nova e Campo Largo.Em outras não era para chegar mesmo, pois a Lei exige que a cobertura do sinal digital se iguale à do sinal analógico.

Obstáculos
Nem por isso a empresa deixou de enfrentar alguns obstáculos, todos inerentes ao negócio. Mas pelo menos um exigia esforços insuspeitados de antemão. É o problema da ainda pouca disponibilidade de fabricantes de equipamento nesse sistema. “Os fabricantes nacionais estão começando a operar agora nesse padrão, principalmente os dos transmissores, pois é tudo muito recente; não há também uma gama de fornecedores de encoders MPEG-4, no padrão que o nosso sistema precisa, o high profile do MPEG-4”, diz Jacomino.

As normas são outro problema passageiro. Elas foram finalizadas no final do ano passado, ainda são muito novas e o pessoal da engenharia não está acostumado a elas. Isso se consegue solucionar dentro de casa. “A coisa fica mais difícil, extrapola mesmo, quando o ambiente é o externo”, afirma Jacomino.

Veja-se, por exemplo, os fabricantes de set-top box. Há uma boa quantidade deles; a maioria traz tecnologia de fora e monta os conversores no Brasil, com adaptações. Com isso, segundo o diretor de engenharia, muitos deles apresentam problemas e precisam de upgrades. Pode piorar, pois o Ginga vem aí e não se sabe se os conversores vão trabalhar bem com ele ou se não vão. Na RPC já se prevê que se terá de educar novamente os consumidores, os antenistas e os vendedores, pois a interatividade é uma tecnologia absolutamente nova.

Por causa disso, tudo o que precisar, incluindo ajudar o consumidor a carregar o software no set-top box, será feito pela Rede. “Neste momento nem falamos de interatividade com os consumidores”, revela Jacomino. “Estamos dizendo que é uma coisa de futuro porque ninguém sabe o que vai acontecer lá na frente. Por exemplo: essas caixinhas poderão ser atualizadas?”.

Modernidade
A digitalização está trazendo a modernidade e a queda de custos em alguns setores da empresa. O jornalismo da RPC era feito com fita em máquinas Beta, já com 15 anos de uso. Os custos operacionais e de manutenção estavam altos, pois, para manter a máquina funcionando, era preciso investir em peças de reposição caras, que praticamente inexistiam. “Agora o ambiente é tape less na totalidade”, informa Jacomino.

Uma parte do acervo estava em Betacam e outra em U-matic. Esta foi passada para DVD a fim de solucionar o problema da falta de máquinas que reproduzem nesse formato. A modernidade parece ter parado aí. A questão do acervo está casada com a digitalização do jornalismo, ainda não iniciada porque a RPC queria, em 2008, ter a possibilidade de arquivar numa mídia que fosse mais perene até do que a própria fita de dados. “Estamos numa fase de transição rumo ao blu-ray. Por isso preferimos esperar um pouco e ver se conseguíamos fazer o nosso arquivo já nesse formato”, diz Jacomino.

Não deu e claro que se pagou um preço por isso: durante esse tempo, o material continuou voltando para a fita Betacam e nela foi arquivado. “Estamos planejando, para o ano que vem, um sistema de arquivamento em blu-ray. Vamos usar o Networks Solutions, da Sony”, diz Jacomino.

Conselhos e dicas
Com a boa experiência adquirida, Jacomino já tem conselhos para dar aos engenheiros de televisão. “Eu digo para fazer o que estão fazendo, que é se inteirar dessa tecnologia, dessa informação, trocar idéias com quem já passou pelas experiências, pois todo mundo erra. Nós, por exemplo, conversamos com a equipe da Globo de São Paulo, a do Rio de Janeiro, a de Goiânia, e aí fomos aprendendo”.

As dicas de Jacomino podem ser úteis para as redes que ainda não digitalizaram o sinal. Uma delas: “quando se está transmitindo pode-se trabalhar com a potência do transmissor e o ganho da antena, mas há que se tomar cuidado com isso. Por exemplo: existiam algumas teorias que diziam que o sinal digital vai muito longe e que, então, não se precisa botar muita potência no transmissor; “isso acontece de fato, nós tivemos oportunidade de checar e de diminuir a potência do transmissor à metade, verificando que a área de cobertura varia muito pouco”, relata ele. “Mas não se pode esquecer que junto com o serviço de alta definição tem o one seg e aí a potência de transmissão se torna importante para poder receber o sinal dentro de um edifício, de uma garagem; se a potência for muito diminuída, nesses casos já não haverá a recepção correta. Portanto, não se pode ter uma potência nem excessiva nem baixa demais”.

Pesadelo
Em Salvador, no início de novembro, sabendo de todas as agruras que a digitalização impõe, Antônio Paoli, diretor de engenharia da Rede Bahia, também afi- liada da Rede Globo, impunha um ritmo febril à montagem dos equipamentos da TV Bahia. A antena, fornecida pela RFS, já estava no topo da torre. Os transmissores, da NEC, instalados e sendo ativados. Mas os controles-mestre, da Harris, ainda estavam sendo desembaraçados, o que aumentava o nervosismo. “Tudo tem que estar pronto para estrearmos em 1º de dezembro”, diz Paoli.

O ponto crítico desse processo foi colocar a antena, de 1,5 tonelada, no topo da torre de 150 metros de altura. Em situações assim, a possibilidade de um acidente é grande. “Isso nos causou muita tensão”, conta Paoli. “Eu tive pesadelo. Sonhei com a queda da antena sobre um casebre”.

Mas a engenharia ensaiou e simulou o içamento usando pedras e, assim, a complexa operação deu certo. “A cabeça da torre estava livre”, explica Anderson Guimarães Fernandes, responsável direto pela operação. “Fizemos uma transição, de 80 para 64 centímetros, porque a antena tem uma dimensão menor do que a torre e nela montamos uma estrutura, tipo um andaime, ao redor da cabeça da torre. A partir daí a antena foi içada, por dentro da torre, com um cabo de aço puxado por um guincho”, disse. Após isso foi só fixá-la à torre.

A fase seguinte foi de ajuste fino no azimute da antena. Depois da peça colocada, mediu-se o sinal do canal 28, de TV a cabo e de propriedade da Rede Bahia, e constatou-se que o diagrama horizontal dela está de acordo com o projetado. Mas não a cobertura. “Giramos a antena 20 graus em sentido horário a fim de atender melhor a orla de Salvador”, afirma Paoli, que percebeu parte da potência sendo desperdiçada no mar. Agora a antena, de 4 faces e 4 níveis, tem 80% da potência direcionada ao continente.

Transmissor
Com isso o sinal chegará mais potente à cidade – na orla de Salvador, a cada dia nasce um novo edifício, cada um mais alto do que o outro, e isso ameaça transformar a orla numa nova Copacabana, aumentando a dificuldade para uma boa recepção – e também às cidades do Recôncavo Baiano, formado por quase 30 municípios situados na Baía de Todos os Santos.

O dimensionamento do transmissor – dois de 2,5 kW operando em paralelo e refrigerados a água, o que economiza a energia despendida com o ar condicionado – foi feito seguindo a premissa de que a área a ser coberta pelo sinal digital tem de ser igual à do analógico. “Para tanto, foi feita uma engenharia reversa, ou seja, primeiro medimos a distância do telespectador mais distante, que hoje recebe sinal analógico e que tem de receber o digital na mesma condição técnica”, explica Anderson.

A TV Bahia acabou optando pelo transmissor de 5 kW porque os cálculos, levando em conta a altura e o ganho da antena, indicaram que essa era a melhor solução. Se ele fosse de 1 kW, economizaria na conta de energia. Porém, o ganho da antena teria de ser de 50 vezes e não de 10. Mas a antena teria de ter 12 elementos e isso a torre não agüentaria. “Uma nova torre sairia por 2 milhões de reais”, diz Paoli. Se o transmissor fosse de 6 kW, não haveria espaço físico para ele, pois novos racks teriam de ser acrescentados, sem falar em preço.

Para garantir que o sinal digital chegue aos telespectadores melhor do que o analógico, a TV Bahia tomou vários cuidados. Um deles foi a instalação: a engenharia primou por todos os conectores, cabeamento e outras partes da infra-estrutura. Tudo é novo. “Não queremos que nada gere dúvida caso haja uma falha. Coisa do tipo: será que não foi o conector?”, diz Anderson.

A parte elétrica também mereceu cuidados redobrados. Ela é muito importante. “Tudo tinha que estar 100%, porque, caso haja um problema, temos de ter a certeza de que a infra-estrutura está ok e o problema é de sistema”, explica Anderson. “De fato é uma nova televisão. Nada foi aproveitado do analógico”.

Prioridade
A da Rede Bahia é a transmissão. “Precisamos disponibilizar o sinal da Globo para toda a Bahia, se não a TV digital não cresce”, afirma Paoli. O grupo vai digitalizar o mais rapidamente possível a rede, que cobre a totalidade dos mais de 400 municípios baianos por meio de 416 repetidoras, 45 retransmissoras, e geradoras em Feira de Santana, Vitória da Conquista, Barreiras, Itabuna e Juazeiro.

Algumas localidades mais remotas recebem o sinal via satélite diretamente de Salvador. “Quanto mais rápido se sair da obrigatoriedade de fazer TV em duas tecnologias, melhor. Quando a TV analógica virar pó, acabarão também um bocado de outros custos”, lembra Paoli. A TV Subaé, de Feira de Santana, será digitalizada em 2009. As outras virão em seqüência até 2012.

Na verdade, os investimentos serão feitos prioritariamente em transmissão, mas, em paralelo, a geração também receberá o seu quinhão, tudo de forma calibrada, isto é, de acordo com o caixa da Rede, que fatura em torno de 200 milhões de reais/ano. As câme ras serão compradas em 2009, provavelmente da Sony. A infra-estrutura estará pronta para o HD. “Mas não vamos gerar enquanto não aprontarmos os estúdios HD, previstos para 2010”, revela Paoli.

News rooms
Segundo ele, ao mesmo tempo em que se irá investir em transmissão, ocorrerão investimentos em news rooms de jornalismo, sistema eletrônico de produção de notícia. Todos serão em HD, inclusive no interior. Já existe um piloto, de 1,5 milhão de reais, no formato da Sony, em implantação na TV Subaé. Depois que provar sua viabilidade, esse piloto será estendido a toda a rede.

A implantação das news rooms trará outras melhorias. Além de poder fazer em tempo real, o fluxo poderá ser feito em tempo não real, permitindo, assim, que o material seja visto antes de ir ao ar. O piloto será replicado para todas as emissoras, a serem interligadas numa mesma rede. Todas as matérias poderão ser trocadas e checadas entre as emissoras, à vontade, além de umas terem acesso ao acervo online das outras, mas não em tempo real. Com isso, o editor verá a matéria, a pedirá, e ela chegará depois de algum tempo para ser descarregada no seu servidor.

Ainda como parte desse projeto, a Rede Bahia vai digitalizar todo o acervo das emissoras. “Faremos cópia em baixa resolução para a pesquisa. Bastará digitar o nome ou o assunto e se localizará pela imagem. É muito melhor do que hoje, quando se obtém resultado muito mais lento”, diz Paoli. Será tudo interligado: se o material estiver em outra emissora, o pesquisador poderá consultar e solicitar as imagens. A entrega será feita logo após na ilha de edição. O projeto comporta ainda produção jornalística no local, em ilhas de edição não-lineares, tape less, com uso de memórias flash.

Haverá também investimentos em infraestrutura. A TV Bahia vai transmitir em 16 canais de áudio quando a cabeça de rede assim o fizer. Os encoders e toda a parte de áudio já foram preparados para isso.

Up grade
Para ficar no mesmo nível de outra afi- liada da Globo, a TV Anhanguera, que se modernizou por completo (veja matéria na Revista da SET 101), a Rede Bahia terá de enfrentar um grande obstáculo: fazer um up grade na rota terrestre que interliga as cidades e as emissoras. A existente é um duto digital de 34 megabites, arrendado.

Ele é misto – rádio e fibras ópticas – e, por isso, tem pontos de fragilidade. O problema, pois, é como ter segurança no tráfego. A engenharia está vislumbrando a possibilidade de trafegar via rede de internet, com garantia de qualidade de sinal, sem caminhos únicos que possam ser interrompidos. “Preciso negociar isso, mas hoje só tenho um provedor que atende a todo o estado. Não há competição e por isso é muito caro”, diz Paoli. Outra solução seria fazer tudo via satélite, o que custaria uma fortuna. Com a rota atual, mesmo tendo pontos frágeis a Rede Bahia, há anos, já trafega vídeo em até quatro canais, áudio e informações, dados corporativos, alimenta o provedor de internet, além de fazer entrevistas a partir de Salvador em qualquer um dos estúdios das outras emissoras. “E falamos via IP”, afirma Paoli.

Mas isso não é feito com o nível máximo de capacidade e modernidade possível. A TV Bahia não pode, por exemplo, ter o remote casting, isto é, controlar remotamente tudo o que as outras emissoras da rede fazem. “O que temos é o acompanhamento da qualidade técnica do sinal”, diz Paoli. “Nós queremos estar tão atualizados quanto qualquer outra afiliada da Globo, mas não temos a pretensão de sermos superiores tecnologicamente. Nos basta ser a referência no Nordeste. É uma questão de viabilidade econômica”.

Inovações
Nem por isso ele se desobriga de inovar. “As inovações virão a seu tempo”, diz Paoli. “Vamos usar a criatividade na interatividade. Aí sim as afiliadas terão muito a contribuir com a TV Digital. A interatividade tem um universo ilimitado”.

Cabeça pensante à frente de uma equipe de 194 pessoas (a Rede Bahia tem 900 funcionários; a digitalização de toda a rede fará a diretoria de engenharia contratar mais 60 pessoas, com muitas vagas para engenheiros e técnicos, uma mão-de-obra escassa em todo o país, ainda mais na Bahia), Paoli acredita no potencial da mobilidade da TV digital. O ca nal da mobilidade é em Standard Defi – nition (SD). “Eu não quero descartar a minha infra-estrutura em SD. Penso num projeto preservando o SD. A destinação que daremos a essa infra-estrutura é o segundo canal. Ela vai alimentar o canal da mobilidade. Assim, o móvel tomará o lugar da trans missão analógica”.

Paoli tem um bom conselho para os engenheiros e técnicos de televisão. “Estudem tecnologia da informação porque a convergência de mídias é fundamental”. O negócio televisão terá novas facetas. As geradoras dei xarão de ser provedoras de video stream para passar a ser provedoras de informação nas suas multiformas. Ou seja, áudio e vídeo em todos os seus formatos, em todos os seus meios e, para isso, se precisa de muita tecnologia da informação.

De acordo com Paoli, algumas pessoas já perceberam que se está num ponto de mutação, o do analógico para o digital. “Esse ponto faz com que o engenheiro pare para pensar”. Ele terá de fazer um esforço de requalificação para continuar no negócio, e isso leva à reflexão: será que vale a pena se qualificar para ficar nesse negócio? Ou se deve ir para outra área? “Então, no meu entendimento, tal qual o engenheiro pode perder o emprego por não se atualizar, o patrão também tem a perder. Ele terá de ficar atento, pois de repente poderá ficar sem mãode- obra para tocar seu negócio”.

Revista da SET – ED. 103