TV Digital – Notável progressão

Faz apenas um ano e dois meses que a TV digital aberta está no ar no Brasil: em 2 de dezembro de 2007, todas as cabeças de rede estrearam simultaneamente, mas apenas na cidade de São Paulo.

Desde então, mais onze capitais, além de Campinas, no interior de São Paulo, podem assistir ao menos a um canal digital. Ao todo, nas zonas metropolitanas dessas cidades vivem cerca de 44 milhões de habitantes. Ou, pouco mais de um quinto da população total do país, estimada pelo IBGE em 190,5 milhões.

Até o fim de 2009/início de 2010, com ou sem crise financeira mundial, pois a decisão de compra já tinha sido tomada, as 15 capitais restantes e outras cidades de bom porte deverão ter imagens em HD. Isso elevará o número de habitantes com acesso à TV digital a mais de 60 milhões. Grosso modo, um terço do total.

Notável progressão esta. Mesmo quando comparada com a verificada nos Estados Unidos, que contam com TV digital há mais de 10 anos: lá, o sistema analógico já teve a data de morte anunciada postergada mais de uma vez…

Não há, pois, no que cabe às emissoras, de se falar em atraso na implantação da TV digital.

Contudo, é verdade que não houve ainda um deslanche nas vendas de aparelhos de TV full HD, conversores e celulares aptos a receber o sinal. “Em 2008, foram 650.000 aparelhos no total”, diz Frederico Nogueira, presidente do Fórum SBTVD. Porém, é preciso lembrar que, no primeiro semestre de 2008, só São Paulo dispunha de sinal digital. As outras cidades, de maneira paulatina, inauguraram a partir de julho. O preço também pesa. E tal como todas as novas tecnologias, inicialmente a TV digital custa caro.

Continua também o problema da “degustação” no ponto de venda. “Sempre que vou a uma loja, vejo painel de TVs digitais, mas o conteúdo gerado para demonstração ou é de um servidor ou de um sinal de TV a cabo e não de recepção aberta. O lojista não demonstra o conversor”, diz Iury Saharovsky, gerente técnico da TV Gazeta, de São Paulo.

Exatamente para combater este mal, o Fórum SBTVD lançará, em fevereiro, uma grande campanha publicitária, a ser veiculada por todas as emissoras, a fim de deixar mais claro as vantagens do sistema.

O preço dos aparelhos conversores também é um alento. Ele já caiu dos R$ 1 mil de um ano atrás para R$ 199 nos dias de hoje. Outro é uma deliberação do Governo Federal na forma de PPB -Processo de Produção Básico. Pelo PPB editado, 5% dos celulares fabricados terão de ser de modelos aptos a captar imagens. “Por ano são vendidos 50 milhões de aparelhos; 5% disso significam 2,5 milhões de celulares”, calcula Nogueira.

Mais um alento é o aumento progressivo do número de modelos de televisores full HD com conversores embutidos ofertados. Em 2008, só televisores de 50 e 42 polegadas os tinham. Hoje os de 29 polegadas já os ostentam. O ganho em escala e a diminuição do tamanho barateiam o preço.

É só mesmo uma questão de tempo: com a Copa do Mundo de 2010, o preço cairá ainda mais, pois as vendas serão massificadas. Se puder, ninguém deixará de comprar um televisor digital para ficar com um analógico.

Pé no acelerador
É o que todas as emissoras pensam. Por isso, com crise e tudo, nenhuma delas fala em tirar o pé do acelerador.

Na implantação, a Rede Globo saiu à frente, tendo digitalizado em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. “Os investimentos estão mantidos. Em 2009 será a vez de Recife”, diz Liliana Nakonechnyj, diretora de engenharia da Globo.

Das emissoras próprias da Globo, só fi- cará faltando Brasília, cujos equipamentos estão comprados. A demora se deve à torre: uma nova, comum a todas as emissoras, será construída pelo Governo local e deve ficar pronta em 2010.

As afiliadas seguem a líder. A digitalização ocorrida em Porto Alegre, Cuiabá, Goiânia, Salvador, Curitiba, Campinas, Campo Grande, Florianópolis e Vitória (as três últimas estréiam oficialmente em fevereiro, mas já estão no ar) se deve a ela. “Para 2009, estão previstas 18 cidades, incluindo capitais e cidades de São Paulo e Minas Gerais”, revela Liliana.

Outras cabeças de rede não estão paradas. A emissora própria da Record em Belo Horizonte está em testes. Uma das afiliadas da Rede, a TV Atalaia, de Aracaju, idem.

Em fevereiro, a emissora carioca do Sistema Brasileiro de Televisão, o SBT, testava a transmissão. As afiliadas de Salvador, Curitiba, Belo Horizonte e Porto Alegre, segundo Roberto Franco, diretor do SBT, “devem entrar ainda no primeiro semestre”.

A Band digitalizou no Rio de Janeiro e São Paulo. Belo Horizonte também terá vez em fevereiro. “Nossas emissoras de Salvador, Porto Alegre e Curitiba serão digitalizadas ainda neste ano, a exemplo das afiliadas das capitais”, diz Frederico Nogueira, também vice-presidente da Band. Mas a grande notícia da Rede, prevista para abril, é ter 100% de programação em HD. “Nos Estados Unidos, seis meses atrás, cabeças de rede não estavam ainda 100%”, exulta Nogueira.

Já na TV Cultura, voltada basicamente à educação, o investimento inicial em equipamentos foi de seis milhões de dólares, segundo José Chaves, diretor de engenharia. “Com antena, reforma da torre e infraestrutura, foram mais três milhões de dólares”.

Em 2009, haverá uns sete milhões de dólares para investimentos em um estúdio novo, câmeras, o estúdio do núcleo de educação, o cenário virtual e uma reforma na parte elétrica. “Vamos montar um estúdio com cenário virtual a fim de atender o núcleo de educação e, eventualmente, jornalismo”, completa.

Turn key
Na maioria das emissoras, não se pode optar por uma solução turn key (chaves na mão). A TV Cultura desenvolveu ferramentas e processos visando integrar diversas tecnologias, de vários fornecedores e de gerações diferentes. Por exemplo: ela tem ilhas digitais SD que estão funcionando e terão de funcionar por mais um tempo. “A solução é adaptá-las porque cada modelo e cada fabricante geram uma formatação de vídeo”, explica Chaves.

Para fazer todas essas mudanças, a TV Cultura reciclou o pessoal; em paralelo, especializou técnicos em conhecimento digital nas universidades. Assim, disseminou o conhecimento. Isso fez da Cultura um modelo para outras emissoras públicas: “recebemos visitas do interior do estado, de Moçambique, do Timor Leste, da França e da Alemanha”, diz Marcos de Lucena, gerente de manutenção.

Quem não fez grandes investimentos iniciais agora corre. É o caso da TV Gazeta, de São Paulo, rede de uma só geradora e várias retransmissoras, que por enquanto só faz a conversão para HD. Passo a passo, segundo Saharovsky, a geradora ruma ao HD. “Até junho abandonaremos o SD. E, talvez ainda neste ano, digitalizaremos as principais retransmissoras”.

Também a MIX TV iniciou suas transmissões em HD num sistema provisório. Mas ela encomendou um sistema irradiante “verdadeiramente inovador, de alta potência e altíssima performance”, afirma Sérgio Guaglianoni, diretor técnico da MIX TV. Por ele será transmitido, a partir de 2010, num mesmo sistema único e integrado, três canais adjacentes: o 14, analógico; o 15, digital e o 16, também analógico.

O digital será transmitido com polarização elíptica, que, segundo Guaglianoni, permite a melhor recepção móvel. O transmissor terá 20 kW (15 na polarização horizontal e 5 na vertical, obtendo-se no ar a polarização elíptica). “A torre vai ser ampliada e se tornará a de maior cota em São Paulo”.

Outro exemplo é a MTV, mais uma rede formada com uma única geradora e várias retransmissoras. “A expectativa é ter toda a programação em HD nos próximos três anos e digitalizar as retransmissoras a partir de 2010”, diz Valter Pascotto, diretor técnico da MTV, uma geradora que, por ter o canal digital adjacente ao analógico, ambos em UHF, pode aproveitar a antiga antena.

A MTV também espera se beneficiar da popularização que a digitalização trará ao UHF. “Sempre sofremos por transmitir em UHF, pois as residências só se preparavam para receber em VHF. Agora todo mundo se acostumará ao UHF e com isso será mais fácil sermos sintonizados. Nosso Ibope vai crescer”.

Diferentemente da MTV, a MIX TV não tem queixa do UHF. “A cultura de recepção em UHF deixou de ser um obstáculo mercadológico, dado que há vários anos, todos os receptores de televisão analógicos estão aptos a sintonizar ambas as faixas de freqüência”, diz Guaglianoni.

Desafios
Mesmo desembolsando vultosas quantias – o Governo ajudou ao conceder isenção temporária de impostos -, cada rede teve e continua tendo que enfrentar desafios, que variam de intensidade em função do projeto e também do porte de cada uma.

Na Globo, a implantação de tecnologias ainda em desenvolvimento é um deles, pois o ISDB-TB inclui avanços tecnológicos relativos ao ISDB-T. “As tecnologias de compressão de vídeo e áudio só foram especificadas recentemente e nossas equipes precisaram trabalhar com os fabricantes de equipamentos e de receptores a fim de garantir o atendimento às normas”, exemplifica Liliana.

Já na TV Gazeta, de acordo com Saharovsky, o maior obstáculo vencido foi estrear no mesmo dia das demais redes. “Como não pesquisamos tanto quanto outras redes, considero que implantamos a transmissão em tempo recorde”. Do início dos estudos até entrar no ar levou menos de um ano.

Por sua vez, Nogueira considera que o principal obstáculo é esclarecer a população acerca dos benefícios da TV digital. “Uma coisa é você dizer às pessoas que a TV deixou de ser em preto e branco para ser colorida. Isso é fácil de ser entendido. Mais difícil é entender que agora a TV terá mais qualidade, mobilidade e interatividade”.

Para Pascotto, “o principal foi fazer perceber que a qualidade do digital era muito maior. Nós mesmos não acreditávamos muito na mobilidade e só fomos perceber a eficiência quando o sinal foi ao ar. Tudo o que vamos fazer agora é conseqüência desse modelo de transmissão, antes uma interrogação para todo mundo”.

Cobertura
De maneira geral, tecnicamente todas as emissoras se deram bem com a digitalização. “O nosso sistema está estável, sem problema”, revela Saharovsky.

Guaglianoni também aprova. Para ele, em São Paulo, aonde pelo menos um edifício novo por dia é entregue à população, “as condições ideais de radiovisibilidade plena ou parcial deixaram de existir”.

Nesta cidade, com efeito, para qualquer direção de transmissão considerada, há hoje um verdadeiro cinturão de prédios bloqueando severamente a propagação direta dos sinais e atrapalhando a recepção do sinal analógico.

Não é o mesmo que acontece com a TV digital. Onde antes não se captava nada, se sintoniza três canais digitais com um clip de escritório conectado à entrada do conversor. Há lugares em que, com uma antena interna, apenas um único canal não é sintonizado. “Eu morava num local em que havia uma baita dificuldade de se captar imagens analógicas. Agora, com uma antena externa comum capta-se todos os canais digitais”, testemunha Guaglianoni.

“Não preciso dizer nada, pois a Universidade Mackenzie fez todos os testes de campo. A robustez do sinal e a cobertura estão mais do que garantidas e asseguradas”, diz Nogueira.

Para Franco, no sistema digital a cobertura melhor resolvida proporciona um domínio muito maior das variáveis e também bastante homogênea e eficaz. “É uma virtude do ISDB-T. Com outro sistema a dificuldade seria muito maior. É a modulação do ISDB-T, a melhor disponível, que garante isso”.

Ele se diz muito contente com a cobertura do SBT. “Cobrimos 100% da cidade de São Paulo. A cobertura supera em muito a analógica. O sinal móvel também está ótimo. A estabilidade é muito alta e não há nenhum problema registrado com a robustez”.

Tanto Franco quanto Liliana já constataram, na prática, que as soluções de cobertura têm de variar de acordo com a cidade. São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo. O Rio se desenvolveu entre morros. Lá, as transmissões conseguem cobrir uma grande parte da cidade, mas ficam faltando muitas áreas dentro do município, que precisarão ser cobertas por reforçadores de sinal (em breve a Globo vai inaugurar o primeiro deles, para servir ao bairro de Jacarepaguá).

Já São Paulo está sobre um planalto. As torres colocadas nas avenidas Paulista e Sumaré permitem a iluminação de uma região enorme, com mais de 30 quilômetros de raio. “Na área central do município, os complementos de cobertura ficarão praticamente restritos aos ambientes fechados, como os túneis”, explica Liliana.

Fazer a realidade paulistana se repetir país afora. Este é o grande desafio a vencer. “Só estamos começando a implantação”, nota Liliana, também presidente da SET. Serão necessários investimentos enormes, mesmo com soluções técnicas mais econômicas do que as disponíveis hoje. E, claro, definições por parte do Governo.

Velocidade de cruzeiro
Nesse departamento, aparentemente tudo caminha bem. Depois de pronta a reconfiguração da canalização relativa às capitais dos estados, os trabalhos prosseguem voltad os para os demais municípios, “abrangendo todos os estados da Federação”, diz Ara Apkar Minassian, superintendente dos serviços de comunicação de massa da Anatel.

O critério da primazia é o potencial de consumo da população, secundado pelo Painel Nacional de Televisão – PNT. Os estudos de reconfiguração do PBTVD se desenvolvem alternadamente em várias cidades de vários estados, sem a preocupação de concluir a reconfiguração de um estado para seguir para outro, “o que dá maior flexibilidade e acelera a implementação da TV digital”, explica Minassian.

Não é algo que se possa fazer da noite para o dia. A versão preliminar do PBTVD contemplava 260 localidades com 1.893 canais. A Anatel está revisando o PBTVD de forma a atender o cronograma estabelecido. Até o momento, 441 localidades com 2.495 canais foram alcançadas.

Foram ultimados os trabalhos nas regiões mais densas dos estados de São Paulo e de Minas Gerais. Atualmente os estudos no interior do Paraná estão sendo concluídos. Outras regiões paulistas virão a seguir. “Nos aspectos técnicos que envolvem a canalização, estamos trafegando em velocidade de cruzeiro. O ritmo observado é o mesmo dos países desenvolvidos e cuja extensão territorial não se compara à nossa”, afirma Minassian.

Isso faz a qualidade dos desafios variar em cada cabeça de rede. “Resolver a transmissão foi simples. Já nos estúdios teremos de ter um cuidado maior. Estamos entrando em sistema de edição não linear. Quer dizer, no domínio de TI. Para todos esses equipamentos se comunicarem adequadamente, há todo um trabalho a desenvolver”, diz Saharovsky.

Interatividade
Ainda mais com a interatividade. Há tempos, todas as emissoras exploram a interatividade por meio de internet, telefone e SMS. Agora todas esperam ansiosamente pelo dia em que o Ginga, o middleware desenvolvido pela academia, se tornará operacional.

Na TV Cultura, ainda não se tem nada desenvolvido. Por ser educativa, ela buscará aplicações não comerciais. “Hoje ninguém está desenvolvendo nada na área de educação”, diz Chaves. Nem aqui, nem no mundo. Tudo o que existe é voltado para vendas.

Nem por isso a Cultura desanima. “Nós pensamos em algumas formas de interatividade”, diz Chaves. Uma delas é uma parceria no projeto do Poupatempo, da Secretaria de Estado de Administração de São Paulo. Ele teria, dentro do transporte de dados digitais da Cultura, uma janela para o público acessar bancos de dados de serviços públicos, como a verificação de multas.

O SBT terá informações complementares e não complementares à programação, como as sobre o tempo. Várias aplicações estão à espera do middleware. O SBT também já identificou diversas oportunidades de negócios. “Queremos desenvolver serviços que agreguem valor e despertem o interesse do anunciante para financiar e custear essas aplicações”, explica Franco. “Vamos explorar tudo o que uma tecnologia desse porte permite”.

“O público da MTV é o jovem. E ele já faz bastante uso da interatividade por meio da telefonia e internet. Com o Ginga, isso só tende a aumentar”, diz Pascotto. A emissora está desenvolvendo programas e até já fez, no ano passado, um pequeno projeto em parceria com a Caixa Econômica.

A potencialidade oferecida pelo padrão de TV Digital está sendo objeto, na MIX TV, de um projeto específico interno, como a exploração de conteúdos multimídia e aplicações de e-commerce. “São um desafio à criatividade de todos os profissionais de TV Digital, facultando àqueles que melhor uso dela fizerem, oportunidades inusitadas jamais oferecidas pela TV analógica”, diz Guaglianoni.

“Nós criamos um departamento desenvolvedor de programas interativos. Nesse primeiro semestre deveremos fazer os primeiros testes”, diz Saharovsky. “Contamos com os set-top box já com o middleware embarcado, porque sem isso não se vai conseguir nada”.

É mais ou menos assim também na Band. “Por enquanto estamos só testando e desenvolvendo protótipos e aprendendo. Aguardamos o Fórum SBTVD de- finir a interatividade, as especificações, enfim, as regras do jogo, o que deve acontecer agora no primeiro trimestre. Então os equipamentos passarão a ser produzidos e nós os teremos em uso no segundo semestre”, diz Nogueira.

Produção independente
Na Globo, do ponto de vista técnico, já se exercita o desenvolvimento de aplicativos interativos, em conjunto com empresas de software e fabricantes, e assim que possível se começará a transmitilos ao público em geral. “No momento, a equipe que trabalha com a tecnologia é pequena”, diz Liliana. Mas certamente deve crescer.

Um dos benefícios que a interatividade deverá trazer diz respeito à veiculação de um maior número de produções independentes. A MTV já chamou produtoras para fazer propostas. “Eu acho que este é um modelo que as emissoras estão cada vez mais olhando e praticando”, diz Pascotto.

A TV Globo, de acordo com Liliana, incentiva o desenvolvimento da produção independente de alta qualidade. “Não será diferente com a interatividade que, até por prescindir de grandes ativos de produção, certamente tem um excelente potencial para produtoras independentes”.

Emissoras que optaram pela multiprogramação poderão talvez tirar maior proveito disso. Desde o início, o modelo de negócios da Fundação Cásper Líbero, mantenedora da TV Gazeta, foi pensado para ter quatro sinais no espectro, um HD, dois SD e o One Seg. “Torcemos por uma definição de utilização do espectro para que também possamos mexer neste conteúdo de forma diferenciada. Não simplesmente loteando para o terceirizado, mas para trabalhar melhor o próprio conteúdo”, diz Saharovsky.

A TV Cultura também pensa em usar a multiprogramação. Um dos objetivos é abrigar o canal da Univesp, a Universidade Virtual do Estado de São Paulo, que visa a educação a distância. “Estamos montando a estrutura”, revela Chaves.

Satélite
Anteriormente, Band e Rede TV! optaram por disponibilizar o sinal digital via satélite. Outras emissoras poderão aderir à iniciativa. “Custos compartilhados são uma boa. Nenhum departamento financeiro de empresas despreza economia”, diz Saharovsky. Com ele concorda Pascotto: “em algum momento terei de subir o meu sinal de HD ao satélite”.

Só tem um ‘pequeno’ problema. É a capacidade do satélite C2, totalmente ocupada. “Teria de haver uma solução conjunta”, diz Saharovsky. “De nada adianta a Gazeta num satélite, a Band/Rede TV! noutro e as outras em outros satélites. O cidadão não vai comprar três ou quatro receptores para ter a solução em HD”.

Talvez devido a isso a Globo também não comungue da idéia. “A TV Globo considera muito importante a preservação das culturas regionais e locais e tem um forte compromisso com suas afiliadas de respeitar suas áreas de cobertura. Por isso, não tem planos de abrir seu sinal em alta definição indiscriminadamente para toda a população e invadir as cidades servidas pelas afi- liadas”, diz Liliana.

Revista da SET – ed. 105