A transição para o IPv6 será necessária, mais cedo ou mais tarde!

Artigo

Nº 154 – Set/Out 2015

por Tom Jones Moreira

Um por um, todos os serviços de comunicações e aplicações migraram ou estão em processo de migração para o IP (Internet Protocol)

IP permite que a convergência de todos os serviços de dados, voz e vídeo em uma única infraestrutura comum que proporciona tanto retorno dos investimentos quanto custos operacionais reduzidos.

Figura 1 Diferenças entre cabeçalho IPv4 e IPv6

A natureza aberta das normas de IP, facilita a integração de novas capacidades e funcionalidades, aumenta a agilidade e escalabilidade da infraestrutura e facilita a criação de serviços novos ou aperfeiçoados através dos “mash-ups” já existentes.
Os serviços de infraestruturas broadcast estão em um caminho inevitável de convergência para o protocolo IP. As características dos conteúdos atuais e futuras fontes de conteúdos, sem falar nos consumidores que exigem cada vez mais uma convergência de conteúdo, end-to-end nas redes IP.
Os negócios e as técnicas para redes baseadas em transmissão de IP, não se baseiam apenas nas oportunidades oferecidas pela imaginada infraestrutura convergente, mas também sobre as capacidades do IP e do Multiprotocol Label Switching (MPLS).
De acordo com um artigo publicado na Broadcast Engineering, intitulado “Vídeo sobre IP”, as redes atuais já são capazes de permitir serviços de convergência de redes com tempo estimados de 0,5 e 0,05 segundos, com baixo jitter e capacidade de correção de erros (FEC) adicionada a protocolos como o Multicast e QoS (qualidade do Serviço), que permitirão uma otimização das infraestruturas tornandoas aptas a suportar serviços de Vídeo sobre IP.
Toda essa migração para o mundo IP, me faz lembrar da necessidade de um grande espaço de endereçamento IP, para sustentar a adoção rápida e contínua da Internet e para apoiar aumento dos números e tipos de dispositivos conectados através do IP, além de permitir que os serviços que dependem de redes peer-to-peer e mobilidade centrada na comunicação continuem funcionando.
E para suprir essa necessidade é importante olhar para a nova geração do Protocolo Internet o Ipv6. O IPv6 não é radicalmente diferente do IPv4, que é a versão do IP em uso no momento. Porém, ele não fornece os recursos necessários para ampliar as infraestruturas baseadas em serviços IP.
A adopção do IPv6 em certas áreas de infraestrutura de serviços de radiodifusão é facilmente justificada. Por exemplo: com os sistemas finais, como telefones celulares e dispositivos de rede doméstica adotando o IPv6, faz todo o sentido considerar IPv6 para a área de distribuição. Já existem provedores de acesso de banda larga que oferecem conteúdo de vídeo sobre IPv6.
A estrutura do novo cabeçalho IP fornece os recursos para melhorar os serviços de entrega de conteúdo e de expandir o protocolo, conforme a necessidade para suportar novos serviços.
A adoção do protocolo ainda está em andamento, e por isso ainda existe uma necessidade de maior maturidade em termos de suporte ao produto. Qualquer novo equipamento de rede hoje em dia necessita ser concebido com o uso do IPv6 em mente. Grandes fabricantes têm apoiado o IPv6 ja algum tempo. No entanto, como parte do processo de planejamento, é importante para identificar os “gaps” e as necessidades futuras, trabalhar em estreita colaboração com os fornecedores para reduzir a existências de “gaps”.
A convergência dos serviços de radiodifusão para uma infraestrutura IP é inevitável. Se os seus serviços já aproveitam transporte IPv4, você precisa começar a planejar a integração para IPv6 e uma expansão dos serviços existentes para IPv6. A maioria dos aspectos técnicos e operacionais de exploração de uma rede IP para serviços de radiodifusão será aplicada a nova infraestrutura, que em um primeiro momento vai operar em paralelo, com e sobre, o mesmo hardware do IPv4 (utilizando tuneis IPv6/IPv4 e pilhas Dual Stack).
Se você está procurando implementar transporte IP, então você deve planeja-lo em uma versão agnóstica (pilhas Dual Stack IPv4/IPv6 ) e manter o foco em IPv6,sempre que possível. Com expectativa de esgotamento do espaço de endereços IPv4 em 2011, a transição para o IPv6 irá tornar-se necessária, mais cedo ou mais tarde. O importante é estar preparado, para entender onde o uso do IPv6 irá tornar-se crítico. E para atender as necessidades dos novos clientes e dos que já estão na base. Ao nível do consumidor, a adoção do IPv6 tem sido mais rápida na Ásia e Europa, por motivos óbvios de densidade populacional (China e Índia, por exemplo).
Nunca é tarde demais para começar a inventariar as capacidades do IPv6 e as necessidades da infraestrutura IP para dar apoio aos serviços de transmissão atuais ou futuros.O planejamento antecipado garante a disponibilidade oportuna e menores custos de implementação e funcionamento.
Conheça os 3 tipos de endereçamento IPv6 !!

Figura 2 Endereçamento IPv6/Fonte: Autor

De acordo com o RFC 4291, são três os tipos de endereços IPv6: unicast, anycast e multicast.
Ao contrário do IPv4 não existem endereços de broadcast mas tal funcionalidade pode ser conseguida através de endereços multicast.

Endereços Unicast
Os endereços Unicast identificam de forma unívoca a interface de uma máquina. Um pacote enviado para um endereço Unicast é apenas recebido pela interface que tal associado tal endereço. Há no entanto vários tipos de endereços Unicast:
• Endereços Unicast globais
• Link Local
• Loopback
• Unique local
• Endereços IPv6 com endereços IPv4 embutidos
• Endereços Unicast globais

Este tipo de endereços são similares aos endereços públicos IPv4. Podem ser configurados de forma manual ou atribuídos dinamicamente.
Link Local: Este tipo de endereços são usados pelo mecanismo de auto-configuração, para que um dispositivo possa comunicar com outro, dentro da mesma rede. Os endereços link local não são encaminhados para outras redes. Os endereços Link Local começam sempre por FE80 (1111 1110 1000 0000) Exemplo: fe80::200:5ae-e:feaa:20a2

Loopback: Tal como no IPv4, serve para uma máquina enviar um pacote para si mesma. Este tipo de endereços não pode ser atribuído a uma interface física. O endereço Loopback IPv6 é ::1.
Únicos locais ou “site local”: Semelhantes ais endereços privados IPv4. Este tipo de endereços, sem prefixos globais, começam em FC00::/7 até FDFF::/7 e devem ser usados apenas dentro de um determinado ‘site’/segmento de rede. Exemplo: fdf8:f53b:82e4::53
Endereços IPv6 com endereços IPv4 embutidos (IPv4 embedded ): Usados normalmente em mecanismos de transição/tradução de IPv4 para IPv6.
Endereços Anycast: Na prática são iguais aos endereços unicast, no entanto, podem ser atribuídos a mais do que uma interface.
Endereços Multicast: Um endereço Multicast identifica um grupo de interface, podendo cada interface pertencer a outros grupos. Os pacotes enviados para esses endereços são entregues a todas as interfaces que fazem parte do “grupo”.

Tom Jones Moreira é especialista em sistemas digitais, experiência de mais de 12 anos no mercado de Telecom. Supervisor de Eng.de Aplicação na Tecsys do Brasil, membro do Fórum SBTVD, e membro da diretoria de Ensino da SET.