TMC – O que é isso?

Tudo começa com a especificação do Radio Data System (RDS) utilizado por emissoras de FM, para informações de dados adicionais, tornando o receptor de rádio um equipamento mais amigável. O RDS já está normalizado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), através da Resolução nº. 349, de 25 de setembro de 2003, que estabelece a “Especi- ficação Técnica para a Radiotransmissão de Dados Mediante Utilização do Canal Secundário de Emissora de Radiodifusão Sonora em Freqüência Modulada – RDS” e seu Apêndice.

Essa Resolução tem favorecido o surgimento de novas aplicações na radiotransmissão de dados, agora com enfoque específico para o Tráfego ou Trânsito de informações na estrada para viajantes. Por que essa preocupação? Na Europa e nos Estados Unidos tem sido desenvolvida uma forma das emissoras de rádio FM estarem transmitindo todo o tempo diversas informações, do tempo, das condições das estradas, lançamentos de produtos, promoções etc. Isso favorece o viajante tanto num país de dimensão continental quanto aquele viajante que passa por diferentes países menores, como é o caso da Europa.

Há uma necessidade de padronização tanto do formato dos dados transmitidos quanto da obtenção desses dados e da linguagem utilizada no terminal (receptor)1. E também, muitos veículos que são importados trazem receptores de RDS o que favorecerá a aprovação do padrão em todo o mundo. São todos padrões ISO (International Organization for Standardization) e IEC (International Electrotechnical Commission) cujo representante no Brasil é a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. A ABNT é o Foro Nacional de Normalização.

Por outro lado, esse trabalho teve origem na engenharia automotiva. Ela é que tem buscado a discussão em todos os ambientes técnicos que terão influência no veículo utilizado pelas populações. No Brasil, a Associação de Engenharia Automotiva (AEA) conseguiu reunir um grupo de profissionais de diferentes empresas e instituições, incluindo a ABERT e a Anatel, buscando uma norma nacional para uso desde o RDS que culminou com a Resolução da Anatel, até a discussão atual que é a do TMC tornando-se RDS-TMC. Essa norma será posteriormente submetida à ABNT como norma técnica e também ao Ministério das Comunicações e Anatel para incorporação na Regulamentação da Radiodifusão Sonora em FM.

Informação de trânsito e viagem
Afinal, o que é o Traffic Message Channel (Canal de Mensagem de Trânsito) é uma tecnologia para entregar informação de trânsito e de viagem para condutores de veículos. Esta é codi- ficada digitalmente usando a transmissão analógica convencional de radiodifusão sonora em FM, transmissão digital em HD Radio, o sistema DAB ou a transmissão via satélite. A televisão utilizando a mobilidade tem aplicações do TMC para informar aos usuários do one seg e através da própria interatividade na TV digital.

Esse serviço está bem adiantado na Europa e nos Estados Unidos e quando os dados são integrados diretamente a um sistema de navegação, isso dá ao condutor de veículoa opção de tomar rotas alternativas para evitar incidentes do trânsito. A informação de RDS-TMC compreende as ‘informações do sistema’ e as ‘mensagens do usuário’. As informações do sistema referem-se ao serviço do TMC específico, e detalha os parâmetros que o terminal necessita encontrar para identificar e decodificar a informação do TMC. As informações do sistema são transmitidas em grupos do tipo 3A e em grupos do tipo 8A, conforme projeto de norma.

A Norma internacional utilizada é a ISO 14819. Essa norma prevê estar constituída em 04 (quatro) partes que são:

Parte 1: Protocolo de codificação para Sistema de Dados de Rádio – Canal de Mensagens sobre Tráfego (RDS–TMC) utilizando ALERT–C;

Parte 2: Códigos de eventos e informações para Sistema de Dados de Rádio – Canal de Mensagens sobre Tráfego (RDS–TMC);

Parte 3: Referência de localização para ALERT–C;

Parte 6: Acesso à criptografia e acesso condicional para o Sistema de Dados de Rádio – Codificação ALERT-C do Canal de Mensagens sobre Tráfego.

Com isso algumas definições precisam ser conhecidas para entender o que se está apresentando em termos normativos. Por exemplo, o ALERT-C que é um protocolo de comunicação permite:

1. Transmissão digital e silenciosa para os usuários;

2. Informações sobre muitos tipos de eventos ou ocorrências no sistema viário;

3. Informações sobre condições climáticas;

4. Mensagens orientadas a eventos no sistema viário para o usuário;

5. Descrevem alterações das condições normais do sistema viário.

Descrição do evento – provê detalhes da situação do evento da rodovia; problemas de tráfego em geral e situações sobre o clima. Por exemplo, congestionamento causado por acidente e quando apropriado, a sua severidade, resultado de um engavetamento.

Localização – indica a área, o segmento da rodovia ou a localização do ponto onde a origem do problema está situada.

Sentido e extensão – identifica os segmentos adjacentes ou localizações de ponto especí- fico também afetado pelo incidente, e quando apropriado o sentido de tráfego afetado.

Tabela de localização – uma tabela acordada de localização para cada serviço que contém informações para indicar a área, o segmento da rodovia ou a localização do ponto onde a origem do problema é situada. Cada serviço tem uma tabela de localização definida pelo Número da Tabela de Localização (LTN).

Duração – provê uma indicação de quanto tempo o problema irá durar.

Recomendação de desvio de rota – mostra se os usuários finais são ou não são recomendados a encontrar e seguir uma rota alternativa.

ALERT–C – Recomendação e Localização de Problemas do Tráfego Rodoviário Europeu, Versão C.

Portanto, o protocolo ALERT–C define os seguintes itens:

• informação do sistema;
• informação de sintonização;
• inserção da mensagem;
• repetição da mensagem;
• atualização da mensagem;
• eliminação da mensagem; e
• códigos de controle.

São definições que o grupo técnico tem proposto no projeto de norma para RDS-TMC


Vejamos algumas ilustrações

1. o terminal não necessariamente é um rádio receptor de FM.

*Ronald é diretor de rádio da SET e assessor técnico da Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT) ([email protected])

Revista da SET – ed. 108