Telstra e Ericsson realizam primeira transmissão ao vivo em uma rede LTE

A demonstração ao vivo de entrega de grandes arquivos através da rede LTE foi realizada na Austrália, na rede Telstra, com a solução LTE Broadcast da Ericsson. A Revista da SET entrevistou com exclusividade Jesper Rohde, diretor de Inovação, Novos Negócios e Parcerias da Ericsson para a América Latina

Nº 140 – Fev/Mar 2014

Por Redação

Reportagem

TelstraSegundo explicou Rohde, a nova solução da Ericsson foi ativada e testada com sucesso, ao vivo, na rede da Telstra, com a transmissão de feeds de vídeo simultâneos e grandes arquivos para dispositivos habilitados. Durante a demonstração, os dispositivos receberam diferentes feeds de vídeo, incluindo reprises de partidas e noticiários esportivos, cobertura de corridas de cavalos e notícias. A lém disso, os dispositivos receberam um grande arquivo usando o único canal de transmissão LTE.
Após a demonstração, Mike Wright, diretor executivo de redes da Telstra, disse à imprensa daquele país que “esse teste é um passo importante para testar a tecnologia e ver como funciona a eficiência de rede, proporcionando aos consumidores o conteúdo que eles querem em uma experiência de alta qualidade. Nosso objetivo é garantir que os consumidores possam obter facilmente o conteúdo que eles estão procurando e explorar ainda mais benefícios que podem ser obtidos com o uso da tecnologia de broadcasting”.
Thomas Norén, vice-presidente mundial de produtos de rádio da Ericsson, afirmou que “LTE Broadcast oferece a possibilidade de enviar o mesmo conteúdo, simultaneamente, a um grande número de dispositivos em uma área específica. A s operadoras de telefonia móvel podem usar essa habilidade e rentabilizar os seus ativos de mídia e de rede para novos serviços. A s oportunidades de geração de receita e redução de custos são significativas e oferecem uma proposta de valor atraente para as operadoras móveis”.
Para a realização desses testes o LTE Broadcast SDK e o middleware da Qualcomm Labs habilitaram os recursos nos dispositivos utilizando o processador Qualcomm Snapdragon e plataformas de modem integrado. A solução LTE Broadcast combina três padrões e formatos em transmissão de vídeo em redes móveis: eMBMS (Evolved Multimedia Broadcast Multicast Service), HEVC (H.265) e MPEG DASH (Dynamic Adaptive Streaming over HTTP (DASH).
“Este é um marco significativo no sentido de tornar a transmissão LTE uma realidade comercial”, diz Mazen Chmaytelli, diretor sênior de desenvolvimento de negócios da Qualcomm Labs, Inc. “Estamos muito felizes por trabalhar com a Telstra e a Ericsson para oferecer uma experiência móvel aprimorada.”
Segundo Jesper R ohde, a solução LTE Broadcast da Ericsson vai transformar a experiência de vídeo, oferecendo a mais alta qualidade de transmissão de vídeo por redes LTE e permitindo que os provedores de serviços otimizem o uso do espectro e das redes já existentes, de forma dinâmica e eficiente.
A seguir os principais trechos da entrevista com Jesper Rohde:

© Foto: Divulgação

Revista da SET: Poderá haver transmissões broadcast no Brasil com LTE ?
Jesper Rohde: Pode sim. Temos duas ideias que observar. A tecnologia que foi utilizada na A ustrália funciona em todas as faixas de frequência da LTE, por isso poderia ser utilizada nas frequências atuais de 2.6 GHZ. De todas as formas, estamos prevendo que com a implantação da faixa de 700 MHz/4G a cobertura possa acelerar e ela vai ficar mais simples e rápida porque aumentará o número de antenas de rádio base que deverão ser instaladas no País para dar cobertura. Isso permitirá uma maior abrangência do serviço. Penso que a cobertura se expandirá exponencialmente a partir da implantação da faixa de 700 MHz e, com ela, teremos a possibilidade de fazer emissões broadcast potencializadas com a possibilidade de enviar o mesmo sinal a diferentes unidades móveis através de diferentes antenas rádio base.

Revista da SET: O LTE pode ser uma forma alternativa à fibra e ao satélite em comunicações broadcast?
Jesper Rohde: Excelente pergunta porque hoje em dia a fibra óptica fornece 50 ou 100 bits por segundo. O LTE poderá vir a fornecer o mesmo, mas não devemos esquecer que hoje a velocidade média de conectividade a internet no país é de, no máximo, 2 ou 3 bit por segundo, por isso pensamos que o 4G pode melhorar muito a conectividade.

Revista da SET: Que tipo de sistema de capilaridade deveria predominar no país?
Jesper Rohde: O sistema misto. Um sistema que misture fibra óptica e sistemas de rádio base. Nas cidades, teríamos fibra óptica até os centros urbanos. Na periferia, fibra até a conexão com as antenas. Revista da SET: Este sistema poderia atender ao público broadcast em grandes acontecimentos como, por exemplo, a visita do papa Francisco ao Rio de Janeiro, durante a qual foi preciso transmitir desde muitos lugares ao mesmo tempo?
Jesper Rohde: Teríamos que garantir uma faixa de frequência com uma média de entre 50 e 100 bits, se conseguirmos isso com uma rede 4G, haveria hipótese de fazer. C âmaras ENG poderiam emitir desde locais diferentes por esse sistema já que uma câmera HD consome em torno de 10 MBits por segundo, o que faria possível a conexão.

Revista da SET: A Anatel aprovou a destinação da faixa de 700 MHz para serviços de telecomunicações. A FIFA quer 4G nas cidades-sedes, desta forma o serviço poderia chegar ao Brasil?
Jesper Rohde: Isso é um grande desafio para as operadoras porque terão de fornecer pelo menos 30 MB na faixa de 700 MHz, uma coisa que seria impossível através de fibra óptica.

Revista da SET: As emissoras de TV afirmam que o LTE causa interferência de sinal, a Ericsson realizou algum estudo nesse sentido?
Jesper Rohde: Nossa posição em relação à interferência é clara. Nós fizemos implantações em diferentes faixas – 700, 450, 800, 900, 1900 – o que interessa é fazer o planejamento e a gestão de interferência em todas essas faixas. Precisamos analisar caso a caso e, se for preciso, utilizar filtros específicos que possam atenuar a interferência gerada naquele momento. Precisamos, primeiro, planejar o uso da faixa de frequência e, segundo, definir o espaçamento das diferentes utilizações, o que chamamos de “banda de guarda”. Se isso for implementado conforme as normas não vai trazer interferência.