SET apresenta o ISDTV

ESPECIAL

DEPOIS DE ENGATINHAR, INCORPORAR UMA SÉRIE DE TECNOLOGIAS E GANHAR FORMA FLEXÍVEL, O SISTEMA DE TRANSMISSÃO DIGITAL BRASILEIRO É APRESENTADO NO EVENTO TV DIGITAL NO BRASIL, PROMOVIDO PELA SET, ONDE FORAM DISCUTIDAS SUAS ESPECIFICAÇÕES E FUTURAS APLICAÇÕES

da Redação
SET apresenta o ISDTV
Mesa de Abertura
Roberto Franco, presidente do Fórum de TV Digital com representantes do Governo durante a apresentação da mesa redonda TV Digital no Brasil

No último  dia 30 de março foi realizado o evento SET apresenta TV Digital no Brasil, a fim de reunir associados da SET que fizeram parte do processo decisório da TV digital e oferecer informações atualizadas sobre o andamento dos trabalhos no Brasil e sobre a divulgação do sistema de TV digital brasileiro, ISDTV (International System For Digital TV), na América do Sul.
Durante o evento no Hotel Sonesta Ibirapuera, São Paulo, ocorreram debates e apresentações de representantes do Governo, emissoras de televisão e de diversas empresas empenhadas no desenvolvimento de serviços para a transição digital no Brasil.
Fernando Pelégio, da SET e SBT, abriu o evento juntamente com Roberto Franco, presidente da SET e do Fórum de TV Digital, que transferiu aos 250 presentes uma mensagem do presidente da ABEPEC (Associação Brasileira das Emissoras Públicas, Educativas e Culturais), Jorge da Cunha Lima, que não pode comparecer. Segundo a mensagem, o presidente da ABEPEC acredita na importância da fixação de uma política para a digitalização do nosso sistema de televisão, tendo em vista que a TV pública tornou-se um dos mais importantes debates políticos do Brasil.
Logo em seguida Roberto Franco abriu a mesa redonda TV Digital no Brasil e provocou os participantes perguntando sobre a necessidade de adoção de um padrão na era da informação e dos serviços. Para ele, a adoção é mais necessária do que era na época da Revolução Industrial, quando todos os esforços eram voltados para a escala de produção, pois, nos dias de hoje, a interoperabilidade é questão fundamental. “A oportunidade de reunir componentes, equipamentos e soluções de diferentes fabricantes, para permitir que diversos conteúdos possam ser exibidos de forma a produzir muito mais valor que individualmente, exige que eles operem num único padrão, além de garantir ao mercado liberdade de oferta e, aos consumidores, maior capacidade de escolha”, ressaltou.

Roberto Franco

Roberto Franco lê mensagem do presidente da ABEPEC, Jorge da Cunha Lima, na abertura do evento

A proposta do Fórum de TV Digital foi o ponto de principal discussão durante todas as apresentações. Segundo Roberto Franco, o Fórum tem a característica de ser uma entidade civil e sem fins lucrativos, que está aberta a participação de qualquer empresa que tenha relação com TV digital, ou que seja influenciada direta, ou indiretamente pela decisão do sistema, além de buscar a harmonia das especificações e propor normas, padrões e regulamentos técnicos capazes de atender e permitir que o mercado tenha a capacidade de inovar e a estabilidade necessária para lançar produtos e serviços.
Ainda de acordo com Roberto Franco, a missão do Fórum é estimular a criação e a melhoria do sistema de transmissão e recepção de imagens do sistema digital no Brasil, propiciando um padrão de qualidade compatível com as exigências do usuário. Para tanto, sua estrutura é formada por uma Assembléia Geral, Conselho Deliberativo, Superintendência Administrativa, Conselho Fiscal e Módulos de Trabalho, com papel designado por decreto de ser o corpo assessor do Comitê de Desenvolvimento Interministerial, com poder de deliberar sobre o sistema de TV digital.
Participaram da mesa redonda TV Digital no Brasil diversos representantes do Governo, entre eles André Barbosa Filho, do Ministério da Casa Civil, Roberto Pinto Martins, do Ministério das Comunicações, Augusto César Gadelha, do Ministério de Ciência e Tecnologia, Manuel Louzada, do Ministério do Desenvolvimento Ind. e Com. Exterior e Rodrigo Alexandre Oliveira de Carvalho, do Ministério de Relações Exteriores.
Os membros da mesa ressaltaram a importância da participação das universidades no processo de conceituação e desenvolvimento do sistema digital brasileiro e o papel dos testes realizados pela Anatel com os três sistemas existentes (ATSC, DVB e ISDB) que deram bases para a estruturação das universidades para responder questões não respondidas pelos sistemas internacionais, diante da complexidade das telecomunicações e da comunicação de massa no Brasil. André Barbosa Filho explicou que o Brasil conseguiu criar um consórcio de TV digital, o que representa a possibilidade de criação de centros virtuais de desenvolvimento tecnológico, para consolidar nossa condição de pesquisadores e nos conferir a possibilidade de exportação de tecnologia no futuro e que “a TV digital não é apenas uma escolha, ou uma defesa do radiodifusor, como disse a imprensa de maneira crítica, mas sim uma defesa do consumidor brasileiro, em relação à gratuidade do sistema e da qualidade técnica do sistema japonês”.
Outros pontos importantes para o processo de transição digital também foram apresentados e debatidos pelos convidados, como por exemplo o prazo de 10 anos para implantação do sistema brasileiro; o decreto 5820, que definiu como base o sistema ISDB, juntamente com as inovações incorporadas pelo Brasil; a portaria 652, que normatizou o processo de consignação dos canais; a continuidade dos investimentos para pesquisa e desenvolvimento na área de comunicação social, especialmente TV e rádio, estipulados por Augusto Gadelha como algo em torno de 160 milhões de reais para os próximos dois anos; qualidade de transmissão com rapidez e eficiência; política industrial como instrumento dinâmico, para atrair investimentos tecnológicos e promover o desenvolvimento e, principalmente, a divulgação do sistema brasileiro em outros países da América do Sul, com o apoio do Itamaraty.
Segundo Rodrigo Carvalho, o sistema brasileiro seria uma boa base para a criação de um padrão comum na América do Sul, tendo em vista os múltiplos aplicativos que seriam interessantes para os diversos países da região. O Itamaraty entrou nessa estratégia de divulgação no final de 2006 e visitas foram agendadas nos países vizinhos, com participação de representantes dos Ministérios, da academia e da indústria, em parceria com o Japão. Nessas visitas foram ressaltadas as qualidades do sistema, como robustez e inovações que permitem maior inclusão digital.
Na Argentina e no Uruguai foram estabelecidos contatos do mais alto nível, para explicar a opção brasileira nessa área. No Chile, a decisão quanto ao padrão de TV digital já estava praticamente tomada, porém, os chilenos decidiram incluir o sistema matriz japonês, como uma possibilidade a ser avaliada, através de consultas públicas. No Peru, autoridades resolveram desenvolver um seminário, que acontecerá no final de abril, onde farão uma avaliação dos três sistemas e o Japão fará demonstrações. Na Colômbia, as autoridades falavam muito em adotar o sistema europeu, ou o sistema americano, mas a ministra das comunicações da Colômbia teve grande interesse pelos aplicativos possíveis no sistema brasileiro de TV digital. No Equador houve grande entusiasmo pelo sistema nipo-brasileiro, por ser o que mais se adequa às demandas do País. Já na Venezuela, apesar de vários questionamentos quanto aos aplicativos, uma emissora de TV venezuelana passou a veicular, durante a visita brasileira, mensagens depreciativas do governo local, portanto, o momento tornou-se impróprio para discutir a questão do sistema de TV digital, naquele País.

Mesa
Componentes da mesa redonda Fórum de TV Digital: estrutura, diretrizes e ações

Para Roberto Franco, existe a possibilidade de países de outros continentes, que ainda não adotaram um sistema, adotarem o sistema brasileiro de TV digital, o que daria ao País a possibilidade de compartilhar com outros a necessidade do desenvolvimento e avanço do sistema.
A segunda mesa redonda apresentada foi Fórum de TV Digital: Estrutura, Diretrizes e Ações e contou com a participação de José Marcelo Amaral, da TV Record, Moris Arditi, da Gradiente, Laércio Cosentino, da TOTVS, Carlos Fructuoso, da Linear e Marcelo Zuffo, da LSI/USP.
A discussão girou em torno da evolução tecnológica da TV e o início da produção nacional de componentes eletrônicos dos receptores, como também problemas de transmissão, como o multipercurso, que reforçou a entrada da TV por assinatura no mercado. Segundo Moris Arditi, a TV digital modificará radicalmente o modo de se ver TV, “roubando, inclusive, usuários da banda C e resgatando os usuários da TV por assinatura”. Além disso, foram mencionados a disponibilização de receptores para venda a partir do dia 2 de dezembro, com os serviços básicos de som e imagem, juntamente com os conversores (set-top box); a importância do desenvolvimento de software no País, a fim de que o Brasil não seja apenas um montador de sistema; o desenvolvimento do multiplexer, que foi realizado dentro dos parâmetros requeridos pela televisão e que já está pronto para uso; atualização profissional e a comparação do período percorrido para conclusão das normas de TV digital brasileira, com o apoio de acadêmicos, que ocorreu num período de oito meses, enquanto o Japão, com toda tecnologia disponível, levou oito anos para escrever suas normas.
Para a mesa redonda Plano Básico de canais de televisão digital. O PBTVD. Período de transição: canais, cronogramas e os novos receptores de TV, foram convidados Ara Apkar Minassian, superintendente da ANATEL, Benjamin Sicsu, da Samsung e Roberto Pinto Martins, do Ministério das Comunicações.
Os participantes falaram sobre concessão de canais digitais, que devem estar contextualizados com regulamentações internacionais; canais UHF, com maior índice de canais “tabu”; dados sobre a maior robustez do sinal digital, em comparação ao sinal analógico que, portanto, merece ser cercado de cuidados no início das transmissões, para não degradar o sinal analógico; transmissão simultânea de sinais; canais públicos no espectro de UHF de 60 a 69; influência de canais inferiores sobre o canal digital; início das transmissões no Estado de São Paulo; concessão de canais analógicos até 30 de junho de 2013, havendo disponibilidade no espectro; fim das transmissões analógicas após o término do período de transição, em junho de 2016; disponibilidade de um canal digital com 6mhz, para cada canal analógico; consignação de canais digitais por concessionárias de TV, ou autorizadas de RTV, em total regularidade com a outorga do serviço; dependência de incentivos da indústria para fabricação de receptores e semicondutores; mercado de plasma e LCD e interfaces de retorno, propícios para conexões com ou sem fio.

Público
A última mesa redonda apresentada teve o título Fórum de TV Digital: Especificações do ISDB. Paulo Henrique Castro, da TV Globo e Luiz Fernando Gomes Soares, da PUC Rio falaram sobre o ceticismo presente nas inovações; implementações no sistema ISDB; transmissão com qualidade; normas para garantir a interoperabilidade; ITU-T, para codificação de áudio e vídeo; padrão ARIB para transmissão digital terrestre; interferência em canais adjacentes; inovações com H.264 (MPEG-4) para a compressão de vídeo, entre outras coisas.

Entenda alguns aspectos da estrutura do Fórum de TV Digital
Assembléia Geral: Congrega todos os sócios do Fórum, sendo que apenas membros plenos têm direito a voto e isonomia de participação na Assembléia. A Assembléia tem poder máximo de decisão, elege os membros do Conselho Deliberativo e Conselho Fiscal e delibera sobre a gestão financeira, além de aprovar a contratação de diretorias independentes, propostas pelo Conselho Deliberativo.
Conselho Deliberativo: Órgão composto por 13 membros eleitos pela Assembléia Geral (quatro membros da radiodifusão, quatro membros da indústria de recepção, dois da indústria de transmissão, dois da academia e um da indústria de software) número imposto de forma proposital, para obrigar a construção de consensos. O Conselho Deliberativo conta ainda com sete representantes do poder executivo (Ministérios da Casa Civil, Relações Exteriores, Comunicações, Desenvolvimento Ind. e Com. Exterior, Fazenda, Ciência e Tecnologia e Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) que fazem parte do Comitê de Desenvolvimento, com o objetivo de acelerar o processo de construção do sistema. Suas atribuições são: definir políticas gerais de ação e estratégia; definir, aprovar, criar, modificar e gerenciar os grupos de trabalho; deliberar sobre as propostas dos Módulos de Trabalho, ou seja, propostas de normas e ação e aprovar o relacionamento com outras organizações nacionais ou internacionais.
Módulos de Trabalho: Órgãos do Fórum com representatividade semelhante ao do conselho e divididos por temas. O Módulo de Mercado tem como principal atribuição a identificação de necessidades e oportunidades que existem no mercado. Especifica requisitos funcionais, bem como parâmetros de mercado e verifica a aderência das especificações técnicas propostas pelo Módulo Técnico que, por sua vez, tem como atribuições prover conhecimento técnico ao Fórum; identificar e definir os tópicos de pesquisas, necessidades de especificação técnica e disponibilidade de soluções técnicas; propor soluções ao Conselho Deliberativo; coordenar pesquisas e desenvolvimento; avaliar propostas de especificações enviadas por associados e propor soluções. O Módulo de Propriedade Intelectual busca soluções e políticas de gestão de direitos autorais, em termos de royalties, patentes e direitos tratados através de licenças. O Módulo de Promoção deve coordenar os esforços referentes à promoção do Fórum, analisar e propor soluções de divulgação do sistema no mercado nacional e internacional.
Fundado em 23 de novembro de 2006, o Fórum conta com mais de 100 entidades associadas e já dispõe da norma V1.0.0, com mais de 1.100 páginas de especificações disponíveis para análise do Comitê de Desenvolvimento.

 

Colaborou Alberto Deodato Seda Paduan