SET 2007 – P&D Nacional

SET 2007 – P&D Nacional

Ginga: o middleware brasileiro
O painel apresentou o Ginga, resultado de um processo de pesquisa de mais de 20 anos e que reúne o middleware procedural Flex TV, desenvolvido pela UFPB, mais o middleware declarativo Maestro, baseado em NCL e desenvolvido pela PUC-Rio, que permitirá a criação de novos formatos de programas, novas plataformas tecnológicas, novos modelos de negócios, novas aplicações e novas oportunidades.
Luiz Fernando Soares, da Telemídia, mostrou a evolução do sistema hipermídia, partindo de 1945, com Vannevar Bush e o memex, passando por Engelbart, com a criação do mouse e pelas linguagens HTML 4.0, SMIL 1.0, XHTML 1.0, NCL 1.0 e MHEG-8, até chegar aos dias atuais, com o middleware Ginga. Segundo Luiz Fernando, as linguagens SMIL e NCL são sistemas sem as limitações do HTML e que possuem foco no sincronismo temporal e espacial de forma geral, sendo a interatividade um caso particular de sincronismo. Além disso, as linguagens SMIL e NCL permitem adaptação de conteúdo – enviar conteúdos distintos, para diferentes usuários e dispositivos de recepção.
Ainda no sentido de evolução e seguindo a linha da interatividade, Guido Lemos, da UFPB, disse que o middleware Ginga prevê a possibilidade de integração da TV com o celular, acabando com o monopólio do controle remoto, ou seja, outras pessoas poderão interagir, através de outros dispositivos com o middleware, que se conectarão, automaticamente, à TV. Isso mudará a maneira como a TV funciona, pois, com algumas aplicações, ela deixará de ser um dispositivo de saída e se tornará um dispositivo de entrada, criando um novo contexto para quem produz conteúdo. “Os dispositivos atuais, como o celular, estão cada vez mais conectados, através de diferentes tipos de redes, sejam elas metropolitanas, locais ou residenciais, então pensamos no Ginga de modo que ele permita a comunicação e conexão com a TV. A partir daí, estão surgindo soluções de interatividade bastante sofisticadas”, contou.
Outra aplicação prevista no middleware Ginga, usando as possibilidades da linguagem especificada em seus padrões, permitirá que o usuário escolha, durante um jogo de futebol interativo, por exemplo, o lugar que ele gostaria de sentar na arquibancada, capturando o áudio do local e transportando o telespectador para dentro do estádio.
Baseado na N07, norma da interatividade, Luís Meloni, da Unicamp finalizou a apresentação falando sobre o perfil do Wimax-700 para canal de interatividade e para acesso à Internet. Segundo Meloni, este novo perfil foi submetido ao Fórum de TV Digital e está sob análise, podendo ser aprovado.
Colaborou Moacyr Bezzani Neto – Metodista

Broadcasting do futuro: acadêmico-científico
Durante o Congresso foram realizadas diversas palestras, debates e conferências, discutindo as tecnologias e o futuro da televisão digital no Brasil e no mundo. Concentrado nesse contexto, o último dia do Congresso teve uma sala dedicada ao tema “P&D Nacional Broadcasting do Futuro” e abriu espaço para apresentações de trabalhos acadêmico-científicos, destacando o tema.
A adoção por um sistema de transmissão digital para televisão no Brasil é um desafio de transformação, que tem o objetivo de converter o sistema analógico convencional atual, em um sistema digital moderno, agregando grande número de possibilidades de comunicação e alternativas de negócios, através da interação entre os usuários e o emissor das informações.
Para a televisão digital estabelecer o canal de comunicação com o usuário, será necessário um canal de retorno, que proverá meios de troca de informações. A Internet surge como alternativa para atuar como canal de retorno. Abordando esta vertente, Oripide Cilento Filho, da Ponto BR, destacou o conjunto de infra-estruturas que compõem a Internet, a arquitetura e distribuição para IPTV e os sistemas autônomos na Internet.
Com aproximadamente duzentos e cinqüenta mil rotas e o contínuo crescimento exponencial de tráfego, a Internet passa a ser outro desafio constante em garantir qualidade de serviço na troca de informações.
Os serviços de televisão que serão disponibilizados aos usuários, devem identificar as necessidades na demanda de banda de transmissão síncrona e assíncrona e localizar pontos estratégicos para trocas de pacotes, garantindo a diminuição na perda de pacotes e buscando redução nas latências como estratégia de sucesso no negócio. P&D Nacional
Tom Jones Moreira, da IPv6 do Brasil, buscou considerar os aspectos de acessibilidade e os desafios da usabilidade na televisão digital, apresentando o set-top box como aparelho de convergência, o controle remoto na TV interativa e interface para suporte à comunicação de dados. O apresentador descreveu várias experiências dos países europeus, que implantaram sistemas televisivos de transmissão digital e superaram desafios e resistências por parte dos usuários, que consideravam o uso do aparelho set-top box e do controle remoto extremamente complexos.
Através de experiências de implantação em outros países, podemos tirar diversas lições e nos prepararmos para o novo desafio de implantar a televisão digital no Brasil. Outra perspectiva está ligada ao ensino remoto, onde podemos empregar a televisão digital para promover o aprendizado.
Foi apresentado por Marco Aurélio Gerosa, do Centro Universitário Vila Velha, o ambiente ‘Aulanet’, como alternativa para um ambiente interativo de ensino baseado na televisão digital.
No âmbito conceitual, Lauro Teixeira, da TV TEM, demonstrou conceitos de objetos de aprendizado funcionais para a televisão interativa. A reutilização de conteúdo de maneiras diferentes caracteriza o conceito de objeto funcional. A televisão interativa deve fazer uso de objetos funcionais, reutilizando conteúdos empregados de diversas maneiras, em uma aula interativa como telecurso, programa televisivo de perguntas e respostas, ou um programa educacional infantil.
Colaborou Domingos Bernardo – LSI/USP
Participaram da cobertura as jornalistas Carolina Carvalho, Helloá Moya e Marjorie Zoppei.