SET 2006 – Implantação do SBTVD

SET 2006 – TV DIGITAL

Implantação do SBTVD
O painel sobre a implantação do sistema brasileiro de TV digital no Brasil sob a coordenação de Liliana Nakonechnyj, da SET/Rede Globo, contou com a presença do presidente da SET, Roberto Franco e dos palestrantes Carlos Fructuoso, da Linear, Gunnar Beddicks, do Mackenzie, Ara Apkar Minassian, da Anatel e Marcelo Bechara, do Ministério das Comunicações.
Durante as discussões, ficou claro entre os participantes que o país estudou a fundo os três sistemas de tecnologia digital presentes no mundo: ATSC (EUA), DVB (Europa) e ISDB (Japão) antes de optar por um deles, já que, na opinião dos especialistas, nenhuma das tecnologias era compatível com as necessidades brasileiras. Para isso, um comitê de desenvolvimento foi formado para definir: política, aprovação de inovações tecnológicas, técnicas, planos de desenvolvimento e implantação do sistema.
Sendo assim, o Brasil preferiu adotar o sistema ISDB, baseado no Japão, mas com inovações nacionais, chamando-o de sistema SBTVD e tendo como preocupação principal a interatividade, alta definição, recepção móvel e portátil.
Nesse processo de transição do analógico para o digital espera-se que todos os procedimentos definidos pelo comitê sejam seguidos, como a não interrupção dos sinais analógicos com garantia de 6MHz às prestadoras de serviços e a criação de um cronograma para implantação do plano básico de distribuição de canais pela Anatel.
Essas emissoras de TV também deverão cumprir alguns requisitos para autorização da freqüência de 6MHz, como: estar regularmente em operação, digitalizar a geração antes da correspondente retransmissora, estabelecer cronograma e possuir condições técnicas mínimas, para a utilização do canal consignado.
Esses canais utilizados para transmissão analógica serão devolvidos à União, após o prazo de transição, que criará, quatro canais digitais para sua exploração:
• Canal do poder executivo: transmissão de atos, trabalhos, projetos e eventos do executivo.
• Canal da educação: desenvolvimento do ensino a distância.
• Canal da cultura: produções culturais e programas regionais.
• Canal da cidadania: transmissões de programações das comunidades locais, divulgações de atos, projetos (município e estadual), além de oferecer aplicações de governo eletrônico.
Para garantir que todos esses procedimentos sejam colocados em prática, será criado um fórum de normas técnicas que vai fiscalizar desde a implantação dos cronogramas até a implantação definitiva da TV digital no ar, prevista para dezembro de 2007.

TV digital no mundo: Japão e América Latina
Esse tema teve como coordenadora Liliana Nakonechnyj, da SET/TV Globo e os palestrantes Maruyama, da TV Asahi e Yasuo Takahashi, da DIBEG, ambos do Japão, Andres Galeano, da RCN (Colômbia), German Landaeta, da Venevision (Venezuela) e Eduardo Bayo, da Artear (Argentina).
A TV digital no Japão evoluiu muito neste último ano, com o lançamento da TV portátil e os processos de migração. As novidades expostas pelos palestrantes japoneses foram: o processo de digitalização no Japão, características de serviço de difusão e migração dos broadcasters. Já os representantes dos países latino-americanos traçaram um perfil de seus países falando de HDTV, mobilidade, DRM, cabo e satélite, entre outros.
No Japão, por exemplo, as transmissões analógicas serão encerradas no final de 2006 e mais de 50 programas exibidos, deverão ser transmitidos em alta definição.

Sistema ISDB-T
Outro tema bastante discutido foi o sistema ISDB-T que possui banda segmentada, funcionalidade, boa recepção móvel e flexibilidade de serviço, com qualidade de som e imagem, podendo ser recebido no telefone celular com instruções e decodificações padronizadas.
Um exemplo de implantação foi a TV Asahi, localizada em Tóquio. A programação é transmitida ao telespectador com detalhes do que será exibido nos canais, com aplicativos como o guia de programação eletrônica (EPG) que aparece na tela do usuário e mostra toda a programação e o aplicativo One Seg Service que permite ao usuário assistir a programação no carro e no celular, gerando a segmentação de um canal de serviço.

Interatividade no Brasil, aplicações e canal de retorno
O painel moderado por Celso Hatori, da TV Cultura contou com a presença de Guido Lemos, da Lavid/UFPB, Luis Fernando Soares, da Telemídia/PUC-Rio, Luis Geraldo Meloni, da Unicamp, Valdecir Barbosa, da UFSC e Thais Waisman, da Waisman Tech e falou sobre o middleware, linguagens de programação e usabilidade.
O middleware faz com que as aplicações da TV digital passem a enxergar apenas um tipo de plataforma, definindo assim, aos fabricantes de conteúdo, uma visão única de qualquer aparelho. O seu domínio é fundamental, pois influencia toda a produção de conteúdo para o esse novo padrão.
No Brasil, sofreu algumas adaptações e recebeu o nome Ginga-NCL. Ele fornece suporte aos produtores de conteúdos das radiodifusoras facilitando a implantação das suas aplicações. Esse nome foi escolhido em função das lutas nacionais por liberdade e domínio tecnológico e também por estar ligado à arte e cultura. Baseia-se em soluções brasileiras já reconhecidas e adotadas internacionalmente.
O desenvolvimento das aplicações neste vários sistemas são baseados em dois paradigmas:
• Paradigma Procedural: desenvolve as aplicações, demonstrando passo a passo para que determinada tarefa seja realizada.
• Paradigma Declarativo: possível apenas quando existe um foco específico, permitindo, sincronismo de mídia e adaptabilidade.
Os participantes também chamaram a atenção em relação ao planejamento da interatividade, já que, o conjunto de servidores/banco de dados tem que atender todos os pedidos com rapidez. Isso eleva custos, mas agrega valor porque a emissora recebe um feedback mais preciso da audiência, podendo até haver fidelização.

Gerenciando e protegendo direitos no mundo digital
O painel moderado por Alex Pimentel, da SET/Teleimage e com palestras de Jim Williams, da MPA (Motion Picture Association), José Luiz Moraes, da EBU (European Broadcasting Union) e Fernando de Oliveira, da Irdeto retratou a necessidade da proteção dos direitos no mundo digital. O Japão utiliza o “sistema de proteção aberto” e o Brasil ainda está em processo de análise e não tem um sistema de proteção definido.
A MPA apresentou duas soluções possíveis para a segurança digital. A primeira é a proteção na fonte do sinal, e a segunda é a proteção realizada durante a recepção dos sinais não criptografados na hora da transmissão (fórmula que os EUA e a Europa estão implantando).
Já a EBU desenvolveu, a partir do padrão DVB –S, um sistema de proteção, que foi denominado como BISS. A partir daí, dois sistemas foram implementados, o BISS-1 e o BISS–E.
O primeiro considerado o mais simples, funciona a partir de uma chave padrão distribuída para cada cliente (autorizado a receber aquela transmissão), podendo embaralhar e decriptar a transmissão. Já o BISS–E, foi desenvolvido para aplicações mais sofisticadas e caracteriza-se pelo uso do embaralhamento comum, em que a chave vai encriptada utilizando um código que identifica o cliente e não o aparelho. Então basicamente cada cliente recebe uma chave encriptada que é inutilizada para o uso de outro cliente.
A Irdeto falou da preocupação das operadoras na proteção dos seus conteúdos e no investimento de digitalização.
O incentivo à proteção é necessário, todo conteúdo de domínio público tem que ser codificado. Os EUA vêm exigindo esse tipo de controle, já que o cinema americano registra perdas brutais em suas produções. O filme Star Wars 3, por exemplo, já estava disponível na Internet pouco tempo depois do seu lançamento.