RÁDIOS BRASILEIRAS ENTRAM NA ERA DIGITAL

RÁDIO
RÁDIOS BRASILEIRAS ENTRAM NA ERA DIGITAL
EMISSORAS ESTÃO AUTORIZADAS A FAZER TESTES DE TRANSMISSÃO DIGITAL COM O SISTEMA AMERICANO IBOC QUE PERMITE TRANSMITIR OS SINAIS ANALÓGICO E DIGITAL NA MESMA FAIXA; TV AINDA ESPERA DEFINIÇÃO DE PADRÃO.
Da Redação

Desde a implantação do rádio no Brasil, há 83 anos, poucas mudanças aconteceram no que diz respeito a tecnologia do veículo. De tão simples, ela pode ser considerada a mesma do século passado. Era. Desde setembro, mês em que se comemora o aniversário deste meio de comunicação, algumas emissoras, autorizadas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), começaram a fazer testes no sistema digital. Dessa forma, o rádio sai na frente da TV que ainda não tem definido dentro de qual sistema deve operar.

As dimensões dessa inovação podem ser imensas, talvez comparada com a chegada da TV em cores no Brasil, nos anos 70. O início da transmissão digital no rádio, assim como a implantação da TV digital, tem potencial para provocar uma grande reviravolta na indústria de eletroeletrônicos.
Para os atuais aparelhos de rádio, nada muda. Com a recepção analógica dos aparelhos de hoje, o usuário não percebe mudança na qualidade do som. Existem hoje mais de 3 mil emissoras de rádio no País, e o rádio está presente em mais de 95% dos lares brasileiros.
Segundo pesquisa Ibope, 95,6% da população brasileira possui um aparelho de rádio, o que torna a fabricação de novos equipamentos um importante filão do mercado digital. Os equipamentos capazes de transmitir em digital já são produzidos no Brasil, mas exportados por causa da falta de mercado interno. Os primeiros equipamentos devem chegar às prateleiras do Brasil a um custo médio de US$ 400.
A tecnologia de transmissão escolhida foi o sistema americano Iboc (In Band On Channel) que permite transmitir os sinais analógico e digital na mesma faixa, sem a necessidade de alocar novos canais para a digitalização. Dessa forma é o usuário quem decide quando comprar o aparelho com receptor digital e utilizar os serviços do novo sistema. Por enquanto, as únicas emissoras com transmissão digital são as rádios dos grupos Eldorado, Bandeirantes, Jovem Pan, RBS e Sistema Globo de Rádio. Outras 30 emissoras já solicitaram autorização à Anatel e assim que forem liberadas devem começar os testes.

Vantagens
Não será necessário alterar a legislação para a rádio digital porque a mudança é apenas tecnológica e não de conceito, ou seja, não existe modificação no que diz respeito a freqüência e a potência. A Anatel já abriu caminho para que as emissoras transmitam dados e aprovou a radio transmissão de dados (RDS) pela resolução nº 349 de 25 de setembro de 2003. A única alteração a ser feita é com relação às rádios por assinatura que podem surgir no mercado depois da implantação da nova tecnologia. Essas devem ter uma legislação específica e concessões diferenciadas por parte do governo.
Comparando as vantagens e desvantagens dos sistemas, é possível verificar que o americano Iboc é um sistema flexível, servindo tanto para FM quanto AM, por via terrestre ou por satélite, nas atuais freqüências, sem faixas adicionais e transmitindo áudio e dados simultaneamente, permitindo às emissoras se digitalizarem com um processo rápido e simples de migração.
Com o sistema digital acabam as interferências, ou seja, é o fim das invasões de freqüência entre rádios. Além disso, o sistema oferece uma melhora na qualidade do áudio. O rádio digital dá às emissoras novas possibilidades de emissão de conteúdo, pois as informações, antes exclusivamente sonoras, passam a viajar em bits. Assim, torna-se possível enviar textos e fotos, que poderão ser visualizados em uma tela presente nos receptores de rádio digital. Uma outra opção será a divisão do espectro em dois ou mais canais de áudio.

Fases
Quando a televisão surgiu em 1950, muitos acharam que era o fim do rádio. Nada disso aconteceu. Ele se transformou com o passar dos anos. Com a popularização da Internet no início dos anos 90, o rádio ganhou um novo impulso. A informática faz com que tanto internautas brasileiros tenham acesso a emissoras de outros países como emissoras nacionais sejam acessadas por em países distantes como a Rússia, por exemplo.
O início da transmissão digital de rádio no Brasil vislumbra também uma nova possibilidade de negócio. Assim como já existe a TV por assinatura, também será possível criar o rádio por assinatura que já existe nos Estados Unidos. Isso pode ajudar a incrementar o orçamento das emissoras. Hoje, o rádio fica com a menor fatia no bolo publicitário (4,3% da verba total) e a transmissão digital pode dar um fôlego financeiro às emissoras já que a digitalização possibilita a oferta de serviços diferenciados, pois os aparelhos terão uma tela capaz de reproduzir mensagens sobre clima, trânsito ou o mercado financeiro.
O ministro das Comunicações Hélio Costa, donos de emissoras de rádio e representantes de entidades do setor participaram, em São Paulo, do evento que marcou o lançamento oficial do início das transmissões de rádio digital no país. As autorizações concedidas pela Anatel servirão para que as emissoras possam avaliar o desempenho do sistema de rádio digital tanto em Freqüência Modulada (FM) e Onda Média (OM), considerando aspectos como qualidade do áudio, área de cobertura e robustez com relação a ruídos, interferências e efeitos dos múltiplos percursos.
Além disso, como o sistema escolhido foi o Iboc será possível avaliar a compatibilidade do sinal digital com os sinais analógicos existentes. Os testes servirão de subsídios para avaliação de qual sistema se aplica mais adequadamente às características de cada localidade, como edificações e topografia.