Presidente da EBC defende investimento em sistema digital público

A emissora precisa estar presente, no âmbito digital, em todasas cidades do país com mais de 100 mil habitantes.

Nº 134 – Julho 2013

Por Fernando Moura

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Aconclusão de um sistema público de transmissão digital foi defendida pelo presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Nelson Breve, em uma audiência no Conselho de Comunicação Social realizada no Senado Nacional. Breve tem como objetivo que a emissora seja referência em comunicação pública nos próximos anos com a difusão de conteúdos que contribuam para a formação crítica da população.
Para o presidente da EBC, que opera a TV Brasil, “uma rede pública de comunicação precisa estar presente, no âmbito digital, em todas as cidades do país com mais de 100 mil habitantes. A instalação de equipamentos do Operador Nacional da Rede Pública Digital, a serem usados por emissoras públicas estatais, vem sendo debatida mas ainda não foi incluída entre as prioridades do governo”, afirmou.
Nelson Breve registrou que, há cinco anos, com a regulamentação da complementaridade dos sistemas privado, público e estatal de radiodifusão, houve a consolidação de uma rede pública de rádio e TV, graças à incorporação da Radiobrás pela EBC.

Investimento
Nelson Breve disse que R$ 404 milhões foram investidos para fortalecer a comunicação pública e “recuperar 60 anos de atraso em relação aos demais canais”, com a aquisição de equipamentos e ilhas de edição, entre outros. A EBC está presente em 1.780 municípios de 24 estados. A emissora também leva programação a 65 países e vem reforçando seu quadro pessoal com a realização de concursos públicos, além de pôr em teste aplicativos de interatividade, com experiência já realizada em João Pessoa (PB).
O presidente da EBC disse ainda que a empresa mantém um bom relacionamento com entidades da sociedade civil organizada. Ele defendeu as produções independentes e observou que a emissora mantém um banco de projetos desse tipo. Em relação á publicidade comercial, Nelson Breve disse que a EBC “limita-se a cumprir a lei”, que só permite a publicidade institucional. Ele afirmou, porém, que a emissora vai buscar recursos para obter independência financeira, bem como ampliar a sua receita com a prestação de serviços.
“Não vamos disputar audiência da cerveja, automóveis. Seria contra-senso fazer o que a gente critica. Não há risco de entrarmos nessa seara. Somos contra empresas de comunicação pública que abrem exceção para publicidade comercial. Temos produtos diferenciados. não estamos disputando o bolo publicitário das empresas privadas,” afirmou Breve.
A mesma posição foi defendida por Ana Luiza Fleck Saibro que explicou ao conselho o planejamento estratégico da emissora no decênio 2012-2022. E, ainda descreveu o que é o conselho consultivo, formado por 22 pessoas, das quais 15 representantes da sociedade civil, é responsável por determinar a linha editorial dos veículos da emissora. O conselho divide-se em seis câmaras temáticas e, segundo ela, vem ampliando a discussão com a sociedade.
O plano prevê uma rede de transmissão que permita levar a TV Brasil em canal aberto digital para todas as cidades do Brasil com mais de 100 mil habitantes. Além disso, os projetos tratam de inovação tecnológica e investimento na melhoria da gestão da empresa, com capacitação de funcionários e reorganização dos processos administrativos.
“Nós precisamos organizar os nossos processos, precisamos treinar as pessoas, qualificar as pessoas para esses novos desafios que estão aparecendo. Nós estamos com 700 novos funcionários que chegaram há menos de um ano. Estamos trocando mais de 50% da nossa força de trabalho em um período muito curto e isso dá um tranco muito grande na empresa. É preciso que a gente tenha uma arrumação interna muito forte para superar esses desafios”, disse Nelson Breve ao Portal da EBC.
O Portal da EBC afirma que para executar os projetos nos próximos dez anos, entretanto, será necessário um incremento no orçamento anual da EBC. Segundo Nelson Breve, somente a proposta de levar a rede digital às cidades com mais de 100 mil habitantes consumirá mais que o orçamento anual da empresa. O presidente estima que será preciso dobrar o aporte de recursos anuais para atingir as metas estabelecidas no Plano Estratégico da EBC. Em 2013, o orçamento autorizado para a empresa foi R$ 516,7 milhões.
“Nós estamos brigando por isso sabendo que é uma briga quase injusta. Porque como que, no momento de contenção no orçamento, você vai falar de comunicação pública, de TV, de rádio, quando as pessoas estão pedindo mais recursos para a saúde, a educação e a assistência social? É quase injusto falar disso. Mas nós sabemos da importância da comunicação pública para a formação da cidadania e para o melhor exercício da democracia, nós sabemos como isso é importante”, defendeu o presidente da EBC em declarações ao Portal da EBC. – Com Agência Senado e Portal EBC
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Fernando Moura
Revista da SET
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