O futuro das plataformas de TV debatido no NexTV Summit Brazil 2014

Nº 147 – Dez/Jan 2015

por Fernando Moura

REPORTAGEM

Pelo segundo ano consecutivo se realizou no Brasil a conferência líder na América Latina sobre OTT, TV Everywhere, multi-telas, VOD, IPTV e SmarTVs que debateu o futuro da indústria e como estas novas plataformas podem ser monetizadas.

ONextTV Summit Brazil 2014 realizado no passado 28 de outubro no Hotel Intercontinental São Paulo contou com a presença de mais de 100 profissionais do setor que debateram o futuro das novas plataformas, o que devem fazer as operadoras de TV neste campo e quais as perspectivas de futuro.
O Congresso realizado pela Dataxis aconteceu em um momento importante para o mercado brasileiro “que chegou as 144 mil assinantes de S-VOD OTT (serviços de VOD por subscrição por Internet) a finais de junho de 2014. Netflix possui mais de 60% desse mercado, a GVT alcança um 12%, a Sky Online detém 11% e NetMovies chega aos dois dígitos com 10% das subscrições do mercado”, afirma Ariel Barlaro, VP para América Latina de Dataxis.
Segundo um estudo da empresa organizadora do evento, em 2018 haverá 4.6 milhões de subscritores de S-VOD OTT no Brasil que poderão gerar uma receita liquida de mais de R$ 1 bilhão. E se fossem inclusos os downloads e alugueis online (T-VOD OTT), o número total ascenderia a mais de R$ 2.25 bilhões.
Mas os serviços de OTT não são os únicos que utilizam recursos de multi- telas, afirma Barlaro. Os serviços de TV Everywhere (TVE) destinados aos subscritores de TV por Assinatura também crescem no Brasil. Entre os principais fornecedores estão o Fox Play e o Cartoon Networks Go. Segundo um estudo da Dataxis, a Globosat Play é atualmente a plataforma com melhor distribuição no país, com acordos assinados com pelo menos oito operadoras que permitiam que em março de 2014 o serviço chegasse a 14.5 milhões de residências com TV por assinatura, o que é 76.5% do total dos lares brasileiros com TV paga. O segundo em distribuição era o Watch ESPN.
Hoje a TV por Assinatura esta presente em mais de 19 milhões de residências, e segundo previsões das associações do setor chegará aos 20 milhões no fim de 2014. A Dataxis estima que esse número chegue aos 36 milhões em 2018 assinalando que os grandes operadores (Net, Vivo e Oi) chegavam em junho aos 338 mil assinantes com direito a utilizar serviços VOD próprios, mais do dobro dos que realizaram subscrições diretamente a empresas de VOD por internet..

Ariel Barlaro, VP para América Latina de Dataxis afirma que em 2018 haverá 4.6 milhões de subscritores de S-VOD OTT no Brasil que poderão gerar uma receita liquida de mais de R$ 1 bilhão

Na segunda edição no país, o NexTV Summit Brazil 2014 reuniu os principais executivos das operadoras de TV, os grupos de mídia, os novos operadores de OTT e os que pretendem entrar no mercado, e as principais empresas globais que desenvolvem tecnologias para o setor.
Os provedores O congresso começou com um painel denominado “Estratégias multi-tela para operadores de TV por Assinatura” com a presença de Alessandro Nascimento Maluf, gerente de Marketing Produto PayTV da NET e moderado por Barlaro. Maluf afirmou que “uma das estratégias da NET é levar o acesso a banda larga, telefonia e celular com a Claro para novos mercados.
Quando levamos o serviço para novas cidades vemos a necessidade dos usuários de novos serviços. No Brasil a TV por Assinatura cresce, mas é um espaço muito grande para o crescimento do mercado de serviços básicos”.
Para o executivo, “OTT é um serviço complementar a TV por Assinatura.
Nós queremos fornecer este tipo de serviços a nossos consumidores” porque cada vez mais “há uma canibalização da TV”. Para ele as OTTs são “uma oportunidade de negócios”.

Tudo isso porque a estratégia da NET “é entrar na mesma mesa, no mesmo jogo, e o que temos que entregar é o melhor que temos desde uma proposta integrada de TV por Assinatura, com propostas como o Games of Thromes, em diferentes dispositivos. O consumidor está cansado de ver uma grade linear”.
A resposta do consumidor as diferentes ofertas da Claro Video On- Demand “é otima. Temos uma aceitação muito boa, os assinantes têm um nível de satisfação muito bom, o que nos traz uma fidelidade de nosso serviço. E o serviço VOD é fundamental para nossa estratégia, diferenciando-nos dos serviços DTH.
Neste momento estamos na hora de entregar mais qualidade com a duplicação da grade em HD”.

Alessandro Nascimento Maluf, gerente de Marketing Produto PayTV da NET afirmou que os serviços de TV por Assinatura continuarão crescendo no Brasil porque os serviços de OTT são um complemento

Para Maluf os serviços transacionais são o carro chefe da empresa. “Hoje estamos com o Premium VOD, com títulos que só podem ser vistos no on-demand, ainda temos serviços em 3D porque achamos que não precisamos ter um canal em 3D, mas que são diferenciais do VOD. Não estamos concorrendo com o Cinema, mas sim com o DVD”.

Márcio Jesus, diretor de Marketing de Algar Telecom coincide com Maluf e afirma que “hoje as OTT são uma oferta complementar a nosso serviço.
A operadora tendo uma oferta completa participará sem dúvida do valor que podem gerar os serviços de OTT”.
Jesus participou do painel executivo denominado “O futuro do Pay TV no Brasil”, onde avançou no assunto afirmando que “existe uma enorme oportunidade das operadoras de TV por assinatura para que elas possam integrar o set-top box na TV, o que chamamos de set-top box virtual” e com ele aumentar os serviços e retorno dos investimos realizados.
Pitter Rodriguez, diretor de novos negócios da Discovery Networks afirmou que a aparição de serviços OTT como a Netflix não são uma ameaça para as emissoras tradicionais e as provedoras de serviços de TV por Assinatura, mas são “uma experiência complementar, e não constitutiva no mercado brasileiro.

Marcio Jesus da Algar Telecom considera os serviços OTT como uma oferta complementar ao serviço de TV por Assinatura ou Internet

Nosso mercado ainda cresce e tem espaço para diferentes serviços”.
Conceito partilhado por Cícero Aragon, diretor Presidente da Box Brazil quem afirmou que estes são serviços “complementares. O acesso ao conteúdo brasileiro tem uma percepção diferente por parte dos telespectadores.

Acredito que a meio prazo haverá uma reformulação das iniciativas que gerem novos modelos de negócio, não revolucionando o modelo anterior, mas potenciando o mercado atual”.
Algumas vozes da indústria Bruno Bellantuono, diretor de vendas da Conax afirmou que o maior desafio da indústria é “encontrar o conteúdo”. Para ele “os clientes estão cansados de ficar pulando de aplicativo para aplicativo”.

Para Sérgio Silva, gerente de vendas da Elemental Technologies para América Latina é impreterível que as empresas forneçam aos provedores de conteúdos softwares robustos que permitam que estes processem os seus conteúdos por streaming lineal ao vivo mediante plataformas elásticas e flexíveis baseadas na nuvem

Os provedores precisam de parcerias estratégicas com fornecedores e distribuidores de conteúdo OTT, gerando agregação de aplicações. “Necessitamos construir uma oferta de TV linear com qualidade de experiência a cada passo do caminho com investimento de longo prazo em head-end, segurança e STB, entre outras”. Assim, depois do consumo linear, “ganhar experiencia em múltiplas telas, desta forma começar a sentir como o usuário consume OTT, como por exemplo, TV ao vivo em outras telas que possam ser consumidos na casa do usuário”.

Cassandra Zuffante de Brightcove afirmou que o futuro passa por conteúdos esportivos premium como os oferecidos na última Copa do Mundo Brasil 2014

Mauro Arikawa, diretor de vendas para América Latina da Irdeto afirmou que a “mudança para OTT” e fundamental, sempre que se “aproveitem as oportunidades”. De fato, para ele, quando todos pensam que a TV tradicional está ameaçada pelo avanço dos serviços de OTT, ele afirma que “este avanço oferece oportunidades importantes para os radiodifusores.
Pesquisas recentes da Irdeto revelam que em 2020, 23% dos consumidores do Reino Unido utilizarão uma mistura de serviços para aceder ao conteúdo podendo desta forma seleccionar o conteúdo desejado”.
Para aproveitar esta oportunidade, afirma Arikawa, é “necessário implementar una estratégia de segurança holística, com DRM em qualquer tela, com aplicativo e segurança de serviço”.
Para ele, como já é possível saber o que o usuário está baixando, onde e como, já é possível utilizar “essa inteligência do negócio e assim os provedores” possam criar estratégias para “rentabilizar os seus serviços”.
Thierry Martin, diretor de vendas para América Latina da Nagra explicou o conceito da “Casa Conectada”, possível mediante a utilização do middleware OpenTV5 da empresa. Para o executivo é fundamental que os provedores de serviços possam superar os obstáculos para se alcançar a casa conectada e explorar tendências em tecnologias que podem permitir-lhes entregar e rentabilizar suas ofertas mediantes “novos serviços e aplicações dentro de um mercado de TV por assinatura que está ficando cada vez mais complexo, conectado e social”.
De fato, afirma Martin, no futuro o importante será “receber conteúdos em qualquer device” e a “qualquer momento”, por isso, é “fundamental a integração dos dispositivos e dar as ferramentas aos provedores de conteúdos de entregar conteúdos em qualquer dispositivo”.
Em outra das palestras do Congresso, Ronaldo Dias, diretor de Serviços de Compressão de TV da Ericsson para América Latina afirmou que cada dia mais a “qualidade de imagem é importante, tanto que muitas vezes é definitória para a sua visualização. Sabemos que o futuro está na visualização de vídeo por streaming por isso pensamos que tecnologias como o 4K são muito importantes para o crescimento do transporte de vídeo”.

O painel “Grupos de mídia y TV Everywhere” contou com a presença de Ariel Barlaro (Dataxis); Marcelo Pacheco, Vice-Presidente de Marketing e Vendas de ESPN Brasil; Pitter Rodriguez, diretor de novos negocios da Discovery Network; e Cícero Aragon, diretor Presidente da Box Brazil

Para o executivo da multinacional, “cada dia é mais complexa a operação das plataformas OTT”, pelo qual, a meta da empresa é “simplificar os processos” e torna-los mais acessíveis. Claro, disse, que o maior gargalo é “a densidade do vídeo nestas plataformas” porque cada vez demandam maior compressão.
“Pensamos que a solução poderia passar por soluções completas que ofereçam serviços e permitam maior flexibilidade de operação”.
Entre os principais palestrantes da conferência destaque para Leonardo Lenz Cesar, VP Business Development do Esporte Interativo; Marcelo Pacheco, Vice-Presidente de Marketing e Vendas de ESPN; Rafael Sgrott Martins, Video Diretor de Telefónica/ VIVO; Ricardo Sanfelice, VP Marketing & Quality de GVT.
O evento foi organizado por Dataxis (www.dataxis.com), empresa líder em inteligência de mercado de TV, baseada em Paris, França, com escritórios em São Francisco (USA), Buenos Aires (Argentina), Rabat (Marrocos) Bangalore (Índia) e Singapura.
Dataxis conta entre os seus principais clientes os principais operadores de Pay TV e grupos de mídia de América Latina. Alem do NexTV Summit Brazil realiza NexTV Summit South America (Buenos Aires), Nex- TV Summit Andean (Bogotá), NexTV Summit Mexico & Central America (Mexico DF), NexTV CEOs Summit (Miami).