NAB 2010 – A SET faz a cobertura do evento mundial mais importande da Radiodifusão

NAB 2010
 ANO XXI – N.114 – MAI/JUN 2010
NAB2010
Visitantes caminham pelos corredores lotados em busca de novidades
*Adriana Ferreira

A NAB 2010 continua a fazer jus ao posto de maior evento mundial da radiodifusão. Embora o público este ano tenha sido menor que o de 2009, o nível das apresentações, palestras e exposições e da feira manteve-se em alta durante os quatro dias de evento, de 12 a 15 de abril.

A sessão de abertura oficial já deixava claro que mais uma vez seria um belo e interessante espetáculo. Os astronautas Timothy Creamer, norte-americano, e Soichi Noguchi, japonês – membros da expedição 23 – deram as boas-vindas aos participantes da feira, falando diretamente da estação espacial da Nasa, localizada a 220 milhas de distância da Terra. Expectadores atentos, utilizando óculos especiais acompanharam os cumprimentos dos astronautas em 3D.

Não há como negar a relevância que o 3D obteve nessa edição da NAB, o tridimensional ganhou transmissões em caráter experimental, realizadas, sobretudo, por emissoras de esporte, que aproveitaram o apelo da Copa do Mundo; também foram demonstrados programas de educação focada em 3D, dentre outras apresentações.

O salão de exposições da NAB Show estreou uma diversidade de novas atrações, incluindo pavilhões especializados em tecnologia. Temas como o destino da banda larga contaram com 60 empresas, que abordaram as mais recentes inovações na criação de vídeo online e da distribuição habilitado pela tecnologia broadband.
O novo Mobile DTV Pavilion apresentou os mais recentes dispositivos de consumo e serviços para radiodifusão, uma realidade que pode se concretizar em qualquer televisão.

A participação do Brasil foi mais uma vez bastante expressiva com 1.400 visitantes, dos quais 400 estiveram presentes nos encontros do SET e Trinta. A delegação brasileira contou com 250 membros e cerca de 1.100 visitantes freqüentaram a sala SET Brasil para aliviar as pernas, tomar uma água, um cafezinho e acessar a internet. A sala também foi o ponto de encontro de muitos amigos e de fechamento de várias negociações.

A organização do evento divulgou os seguintes números: visitantes registrados: 88.044; visitantes efetivos: 82.650; visitantes internacionais: 23.900, provenientes de 156 países, também foram registrados 1.153 profissionais de imprensa.

Os colaboradores da SET mantiveram-se atentos a tudo e nas páginas seguintes relatam o que viram de significativo ao longo dos três dias de evento e trazem para o leitor suas análises valorosas.

*Adriana Ferreira é editora da Revista da SET – email: [email protected]
 
NAB 2010
NAB 2010 – uma avaliação pessoal
*Alberto Deodato Seda Paduan
É interessante notar como boa parte dos freqüentadores da NAB, em todas as edições, sem exceção, vai à feira com metas de visitação e observação já bem definidas. Uns, os especialistas em vídeo, só têm olhos para outras coisas após conferirem suas áreas de interesse. Os audiófilos, idem. O profissional de transmissão segue a mesma linha. Não quero dizer que isso demonstre certo nível de discriminação tecnológica, mas é um fato comprovado e até bastante lógico e sensato. Se vamos a uma loja comprar ternos, porque gastar os primeiros minutos procurando pelas novidades em camisas? Claro que não vamos ignorá-las, mas certamente elas serão deixadas para um segundo plano. Eu me incluo nessa classificação: também visito, não só a NAB como qualquer outra feira de equipamentos, buscando primeiro pela minha área de maior interesse. Sempre preferi o vídeo, embora trate o áudio com igual interesse, afinal a televisão é constituída de ambos.

Nesse ano, tendo antecipadamente me conscientizado desse fato, decidi deixar de lado as preferências e, com muita frieza, observar tudo da mesma forma. Busquei, em determinados momentos, a companhia de profissionais especializados em Rádio e áudio em geral e então pude me pegar, em várias ocasiões, tão interessado nessas áreas como eu nunca havia imaginado, questionando e tirando até fotos! Fiz a mesma coisa com especialistas em câmeras, gravadores, switchers, transmissores e foi igualmente muito interessante. Apenas depois de terminada essa experiência, voltei à minha condição de visitante “independente” da feira, aquele que pára, entra e pergunta apenas sobre os equipamentos com os quais lida no seu dia a dia e que se tornaram tão presentes na sua vida profissional, que saltam aos seus olhos, mesmo diante de tantas outras modalidades, as quais ele apenas vê.

Todos os anos, depois de encerrada a feira e o congresso, comentam-se sobre as tendências. Geralmente ocorre a unificação de opiniões, mas isso só acontece quando realmente uma tecnologia se apresenta tão gritante que não dá para discordar. Nos últimos anos tem sido escolhido o tema “TV digital” quase como uma exclusividade. Esse ano, porém, a bola da vez foi toda aquela estereoscopia, digo euforia, em torno dos sistemas de TV-3D, a nova vedete. Seja com ou sem óculos polarizadores, captados “como” ou convertidos “para” 3D, esses sistemas mantinham os estandes repletos de atentos visitantes. O SET e Trinta reservou uma manhã específica para esse assunto, e foi uma terça-feira com excelente rodada de palestras. Não se fala de outra coisa nesse momento de Copa do Mundo de Futebol, dentro ou fora do ambiente de televisão. Da mesma forma, no ambiente de Rádio ainda não se fala de outra coisa a não ser do Rádio mostrou novas conquistas tecnológicas relacionadas ao loudness e atraiu a atenção de muita gente da área.digital. No campo do áudio, um grande número de fabricantes mostrou novas conquistas tecnológicas relacionadas ao loudness e atraiu a atenção de muita gente da área.

De uma forma geral, considero que a feira desse ano fechou foco nesses três pontos e conseguiu proporcionar uma boa atração.

Para os apreciadores de estatística, o quadro a seguir compara as freqüências das três últimas edições da NAB.

No balanço final, tudo exatamente igual aos anos anteriores: muito cansaço compensado pelo belo show mundial de tecnologia de radiodifusão.

*Alberto Deodato Seda Paduan é supervisor de projetos da TV Cultura de São Paulo e diretor da AdesedA-Consultoria, Projetos e Instalações – email: [email protected]
 
NAB 2010
TEMAS QUE CHAMARAM A ATENÇÃO
Tecnologias IP e o avanço do FCC sob o espectro de televisão
*Liliana Nakonechnyj
Sem dúvida, três assuntos chamaram minha atenção: a ameaça do FCC de tomar uma parte significativa do espectro de televisão aberta, o avanço das tecnologias IP não só no campo profissional como no doméstico, com franca tendência de conexão de televisores e conversores de televisão paga à banda larga, e a televisão em 3D.

Quanto à questão do espectro, Gordon Smith abriu o NAB apresentando o assunto como um dos principais temas que preocupam a associação norteamericana de radiodifusores. O Plano de Banda Larga, em gestação pelo FCC, indica a necessidade de destinação de mais 500 MHz a serviços de transmissão de dados, dos quais 120 MHz sairiam do espectro de televisão , ou seja, dos atuais 36 canais de televisão em UHF ainda destinados à radiodifusão nos E.U.A , 20 seriam transferidos para essa nova aplicação. E, enquanto a liderança do NAB concorda que é importantíssimo o oferecimento de banda larga à população norte- americana, defende fortemente a busca de soluções que não tragam tantos impactos negativos à televisão aberta, cujo valor sócio-econômico é, também, fundamental para a população. Nós, brasileiros, devemos ficar atentos a esse movimento nos Estados Unidos, pois a destinação de canais da faixa de UHF para outros serviços, com o desenvolvimento de novas tecnologias e equipamentos, pode resultar numa enorme pressão internacional de seus detentores e fornecedores na área regulatória para que o exemplo seja seguido em outros países. Mas, no Brasil, a transição analógico-digital ainda levará alguns anos, durante os quais não podemos prescindir de canais de UHF.

Relativamente às tecnologias IP, a maioria dos equipamentos e sistemas de TV já apresenta interfaces e gerenciamento IP, sejam eles destinados a qualquer parte da cadeia de produção, processamento, armazenamento, distribuição e transmissão de sinais de TV. O mundo de radiodifusão já está completamente integrado pelos protocolos desenvolvidos para a internet. Essa tendência de interligação dos dois mundos, televisão e internet, também aparece no televisor do telespectador, e foi objeto de várias apresentações nas conferências.

Já o 3D parecia ser a febre que tomou conta do NAB 2010. A ele foi dedicado um conjunto enorme de apresentações, que abordavam desde os segredos de sua produção até as diversas técnicas em desenvolvimento para fazê-lo chegar à casa das pessoas. Também nos estandes, o 3D parecia estar em toda a parte – câmeras, rigs, mesas de produção, sistemas de transporte, formas de exibição, enfim, toda a gama de produtos para tratar o 3D.

Nosso evento SET e Trinta foi muito bom. Recorde de público. A grande maioria das palestras patrocinadas teve um nível excelente, focando em tecnologias, e não em produtos. Fomos também muito felizes quanto à seleção de palestrantes convidados, que atualizaram nossos associados nos principais temas de grande repercussão no NAB 2010.

*liliana nakonechnyj é presidente da SET e diretora da TV Globo – email: [email protected]
 
NAB 2010
EX-PRESIDENTES DA SET FAZEM SUAS OBSERVAÇÕES SOBRE A NAB 2010
* Raphael Bontempo
Roberto Franco Adilson Pontes Malta Olimpio José Franco
Roberto Franco ressalta que Brasil é completamente contemporâneo em Produção de conteúdo 3D em Blu-ray Presidente-Fundador da SET, Adilson Pontes Malta fez comovente homenagem ao engº Masahiko Monzono, falecido em março Olimpio José Franco, VP da SET, convidou os representantes de outros países latinos para comentar as experiências com a adoção do SBTVD
O 3D-TV inaugura o universo tecnológico da próxima década. Debates sobre o assunto tomaram corpo durante as apresentações da NAB, propondo novos conceitos para Televisão. A radiodifusão mundial assiste a uma revolução veloz de componentes, o que desperta grandes indagações para os próximos anos.

Do aspecto funcional, um dos avanços desta NAB, que poucos tiveram acesso, foi o aplicativo NAB 2010 para o iPhone. Com esse recurso gratuito a produtividade do visitante ou expositor aumentou assustadoramente. Não há mais o incômodo do livro enorme com a lista de expositores, além de mapas e a grade de conferências, que geralmente desaparece. O mecanismo de navegação para achar expositores e estandes é muito eficiente. Além disso, é possível criar agenda, receber notícias e avisos do início das conferências.

Grandes nomes da radiodifusão testemunharam os rumos da TV a partir da NAB. Membros, diretores e aqueles que já presidiram a SET lançaram um olhar atento sobre a realidade tridimensional: um futuro que cada vez mais se torna presente. A NAB 2010 foi importante para consolidação do High-Definition, segundo Roberto Franco, que presidiu a SET entre 2002 e 2008. Para ele, temas como mobilidade e portabilidade, que se revelaram como pautas prioritárias nos EUA, são fatos consolidados no Brasil. “No cenário norte-americano, os fabricantes de aparelhos de TV encontram a tecnologia adequada, mas ainda não transmitem em massa para TV aberta. Apenas em caráter experimental, até porque ainda não há um padrão de transmissão 3D estabelecido pelo governo. É necessário destacar que o SBTVD é o modelo mais preparado para 3D, pois utiliza a compressão de vídeo H.264, que a Europa e os Estados Unidos não implantaram. O Brasil é completamente contemporâneo em produção de conteúdo 3D em Blu-ray”, ressalta Franco.

A terceira dimensão é mais que uma tecnologia de imagem: é um recurso que aumenta os níveis de percepção, ditando novas experiências do que se pretende transmitir ao telespectador. “Mal se implantou o HD e o mundo já passa a debater as novas tendências do 3D, com ênfase em captação, edição e distribuição. É um passo muito grande em um curto intervalo de tempo”.

Franco comenta que a NAB foi mais concorrida em 2010, pois na edição anterior havia certa tensão, em função da crise econômica. “Nesse ano pudemos observar que as pessoas estavam alegres nos corredores. Estavam mais confiantes e otimistas”.

Fundador da SET e primeiro presidente da entidade, Adilson Pontes Malta diz ter sido bom o espaço dado à tecnologia 3D na NAB 2010, embora veja muito marketing ao redor da novidade. “A indústria de televisão, como qualquer outra, necessita de novos produtos. A terceira dimensão , ainda engatinhando, ganhou um enorme espaço, com muito marketing. Isso é bom, mas ainda há um longo caminho a percorrer”.

Para ele, a transmissão da Copa do Mundo de Futebol pela ESPN, em 3D (palestra do SET e Trinta), será de fato a primeira utilização dessa tecnologia para o usuário final em grande escala. “Um verdadeiro teste de compatibilidade com as características dimensionais do olho humano, com imagens em constante movimentação, em vários planos e ao vivo. Uma iniciativa ousada e da maior importância para o desenvolvimento da tecnologia. O 3D, que repercutiu em todas as demonstrações e discussões, mostra que há muito a ser discutido e definido, deixando um enorme espaço para que as salas de cinema, temporariamente, voltem a ser mais atrativas pela imediata aplicação dessa tecnologia”.

O primeiro presidente da SET acredita que a tendência para o broadcasting mundial é “a consolidação e aumento das funcionalidades dos hardware e software das plataformas de processamento digital e HD e crossmídia”.

Malta avalia o evento mais importante da radiodifusão. “A NAB 2010 não foi um grande sucesso de público, mas continua sendo o mais frequentado evento da indústria. As conferências são inúmeras, mas algumas poderiam ser mais proveitosas em termos de qualidade. A feira em si todos conhecem, ela reflete a situação econômica americana em quantidade e qualidade de produtos e expositores”. “Se fosse possível, seria bom retirar o elevado percentual de conteúdo comercial e marqueteiro, um problema aparentemente insolúvel”, sugere o fundador da SET.

O atual vice-presidente da SET, e também expresidente, Olímpio José Franco teve destacada atuação durante o SET e Trinta. Ele comenta que, mesmo sem normas definidas, há muito interesse por parte da indústria no 3D. “Não se imagina como as emissoras e produtoras poderão ter recursos técnicos e investimentos suficientes para realizar tantas mudanças. Nem bem saímos das implantações da TV digital em HDTV e ingressamos agora no 3D, que implica novamente em se adaptar aos novos conceitos, assim como capacitações de infra-estruturas e de pessoal técnico-operacional.

Ele diz que a NAB é sempre importante como ponto de encontro e oportunidade que ocorrem no Congresso e nas palestras do SET e Trinta. “A Feira também cumpre seu papel de apresentar as novidades de muitas empresas, com lançamentos de produtos e soluções que poderão virar sucesso em curto prazo. Na parte da SET buscaremos melhorar as condições dos serviços da sala SET, para atender o SET e Trinta e, claro, aos nossos associados”

*Raphael é repórter da Revista da SET – raphael@ embrasec.com.br
 
NAB 2010
MERCADO AINDA SOFRE EFEITOS DA CRISE DE 2009
*Paulo Canno
equipamentos1.Panorama
Pelo que vimos na NAB 2010, o mercado de broadcasting parece ainda abalado pela crise de 2009. Apesar do comparecimento ter aumentado em aproximadamente 5000 pessoas (83.000 participantes em 2009 contra 88.000 em 2010), resta ainda um “gap” significativo para se recuperar o entusiasmo de anos anteriores.Havia ainda um ambiente de muita apreensão entre os radiodifusores americanos, decorrente da ameaça à devolução de algumas freqüências para o FCC, que pretende destiná-las ao uso em banda larga. Além de tudo, o FCC não estabelece regras claras em relação ao processo pelo qual essa devolução ocorrerá.

2. Destaque – 3D
A tecnologia 3D teve forte sinalização de tendência para os próximos anos, chamando a atenção de todos os presentes. Pudemos constatar que já estão disponíveis todos os recursos para que emissoras de TV passem a adotar a tecnologia em questão: câmeras, encoders, instrumentos e padrões de testes, etc.

Dependendo do nível de qualidade que se queira, há câmeras para captação em 3D cujo preço não chega a assustar, se comparadas com qualidade equivalente em HD. Há casos em que a diferença não ultrapassa os 30%.

Pudemos, inclusive, observar a performance de um equipamento JVC, que gera material em 3D, a partir de matérias captadas em 2D.

3. Rede de telefonia celular para telejornalismo ao vivo
Nessa NAB, constatou-se uma evolução consistente da tecnologia apresentada nos dois últimos anos. Pudemos visitar 3 fornecedores, que já demonstravam a utilização de seus equipamentos em vários eventos. A Dejero (canadense), por exemplo, exibia imagens da Olimpíada de Inverno de 2010, transmitidas por seu equipamento.

Os fabricantes alardeiam que essa tecnologia substitui com enormes vantagens, relativas a custo e complexidade operacional, as unidades de microondas e up-links utilizadas em telejornalismo.

Têm-se noticias de que já há no Brasil emissoras de TV utilizando a tecnologia em questão.

4. loudness Tanto quanto no Brasil, a questão da variação do volume percebido de áudio, seja de programa para programa em um mesmo canal, como entre uma emissora e outra, tem causado grande desconforto aos telespectadores americanos. O advento da TV digital agravou ainda mais esse problema, pois os receptores têm mais qualidade e respondem com mais fidelidade às variações e nuances do áudio.

Há proposições e ofertas de várias soluções para o problema. Dentre elas, já existe a norma americana relativa ao controle do loudness, embarcada nos equipamentos de vários fornecedores, que adotam as mais diversas abordagens.

5. Destaque para o Sistema Brasileiro de TV Digital
Cada vez mais o ISDB-TB vem sendo reconhecido como o melhor sistema de TV digital do mundo, na atualidade, por vários motivos, mas principalmente, por ter sido concebido com a premissa da mobilidade.

O reconhecimento do ISDB- TB acentua-se ainda mais, se levarmos em conta o esforço que está sendo despendido para tornar o ATSC, sistema que contempla a mobilidade, um dos fatores estratégico e mandatório para a sobrevivência da radiodifusão.

Havia, inclusive, alguns fabricantes internacionais, tão entusiasmados com a expansão do ISDB-TB, principalmente, no território sul americano, que passaram a dedicar parte de seu espaço de exibição a produtos dedicados exclusivamente ao sistema brasileiro de TV digital, como foi o caso da Harris.

6. novidades em antenas
Nessa edição da NAB, pudemos observar um lançamento da ERI (Electronics Research Inc.) que pode ter aplicação para emissoras que necessitem de antena com alto ganho, mas que não dispõe, em sua torre atual, de espaço suficiente para instalá-la.

Trata-se de uma antena slot da série Mantis, cujo espaçamento entre fendas é próximo da metade de uma antena slot convencional. Com isso, para um mesmo ganho, tem-se aproximadamente a metade da altura, também com redução substancial do peso da antena e, por conseguinte, do esforço adicional na torre.

*Paulo Canno é diretor de tecnologia e infraestrutura da TV Gazeta do Espírito Santo e membro do comitê da diretoria de Marketing da SET – email: ecanno@redegazeta. com.br
 
NAB 2010
VIABILIDADE E PADRONIZAÇÃO DA ESTEREOSCOPIA
Desafios e oportunidades para o 3D, a grande estrela da NAB 2010
*Emerson Weirich
A NAB 2010 teve como um dos principais destaques a tecnologia de esterescopia ou também chamada de 3D TV. A estereoscopia é a apresentação de duas imagens da mesma cena, uma para cada olho, que são captadas em ângulos de observação ligeiramente diferentes e que com isso nosso cérebro é capaz de interpretar as informações de profundidade, tamanho e distância dos objetos da cena, tornando a imagem com sensação tridimensional. O objetivo da estereoscopia é provocar a ilusão de que estamos dentro da cena, ou seja, o plano da tela desaparece e temos com isso uma sensação de imersão na imagem. Pelo fato da nossa visão ser naturalmente tridimensional, temos essa experiência de realismo com a estereoscopia. Este artigo relata de forma resumida os principais tópicos que foram discutidos e apresentados durante a NAB 2010 por algumas empresas que já tem experiência adquirida adquirida em 3D TV, debatendo assuntos como a viabilidade técnica e econômica de se trabalhar com essa tecnologia e a necessidade de padronização para massificação de produtos.

Produzir imagens com o realismo tridimensional é um objetivo já bem antigo. No final do século 19 já se fazia fotografias em 3D com duas câmeras montadas lado a lado e disparadas simultaneamente. Na década de 1950 surgiu a técnica anaglífica que coloca duas imagens coloridas sobrepostas, uma vermelha e outra azul, por exemplo, e com óculos especiais coloridos é possível fazer com que cada olho perceba uma imagem distinta.
No cinema, a técnica de 3D também é antiga. Por muitos anos foram produzidos vários filmes 3D em Hollywood em caráter experimental. Foi na década de 1950 que houve uma explosão de produções em 3D que depois decaíram em número e agora estamos vivenciando um renascimento desta técnica nos cinemas. Podemos ver isso no quadro da Figura 1, onde é mostrado o número médio de produções cinematográficas em 3D em cada década. Qual a diferença do cinema 3D da década de 1950, que teve um período curto, para o 3D de hoje? E por que se acredita que o novo 3D veio para ficar nos cinemas? Com certeza, o motivo principal que 3D se torne possível hoje é a tecnologia digital que é utilizada da captação até a edição. Porém alguns desafios permanecem. O primeiro é econômico, pois atualmente temos inúmeras salas de cinema com projeção preparada para 3D, porém devem ser em número suficiente para que seja possível o retorno do investimento adicional que o 3D tem comparado ao cinema normal em duas dimensões. O segundo desafio é tecnológico, já que 3D necessita o processamento do dobro de imagens para cada cena, com sincronismo perfeito, ocasionando um aumento de até 25% do custo de produção. O terceiro grande desafio é o operacional e artístico, pois toda a equipe está acostumada a produzir imagens em uma mídia em duas dimensões.

Além do cinema, existe uma tendência atual pelas tecnologias imersivas, ou seja, algum dispositivo ou função que permite que as impressões humanas cheguem bem perto da realidade com interação e envolvimento, pois utilizam a percepção sensorial humana. As aplicações são diversas como jogos, entretenimento, treinamento de pilotos e militares, realidade virtual, tele-presença, etc. Como transpor essas tecnologias para a televisão? Quais seriam os desafios para produção da 3D TV?

Nas palestras, debates e nas demonstrações de equipamentos, pôde-se ouvir a experiência de quem já produziu vídeos em 3D como a ESPN, Discovery Communications, Sony Entertainment, Disney, IMAX, etc., saber quais foram as dificuldades e limitações que elas encontraram, e entender se quem tem experiência em 3D acha que é ou não uma tendência que continuará. O objetivo principal é tornar o 3D uma experiência boa para o telespectador e evitar o desconforto de quem está assistindo. A principal diferença para a Televisão é a necessidade de imagens 3D ao vivo.
A tecnologia de captação atualmente está ainda limitada na maioria dos casos à utilização de duas câmeras simultaneamente para fazer imagens em 3D, uma para o olho direito e outra para o olho esquerdo. Estas câmeras são fixadas juntas em um dispositivo mecânico chamado “rig” que pode ser do tipo “Side-by-Side Rig” onde as câmeras ficam paralelas uma do lado da outra (Figura 2), ou do tipo “Mirror-Rig” onde uma das câmeras fica na vertical e enxerga através de um espelho (Figura 3). A distância entre as câmeras é muito importante, pois ela dará o volume da cena. Desta forma o rig paralelo tem a limitação do tamanho do corpo das câmeras para a distância entre elas, já o rig com espelho consegue superar esta limitação física. Este tipo de fixação torna os movimentos de câmera bem difíceis. Ainda estão sendo desenvolvidos produtos do tipo Camcorder com captação de duas imagens em uma única peça (Figura 4).
Os desafios enfrentados na captação são muitos, pois as imagens esquerda e direita devem estar perfeitamente alinhadas para resultar em um efeito 3D adequado e que não cause nenhum desconforto ao assistir. Pequenas diferenças de alinhamento mecânico entre as duas câmeras na convergência, rotação, altura, etc, podem comprometer o efeito 3D. Além dos detalhes mecânicos, o desafio para uma boa captação em 3D TV é a correspondência de imagem das câmeras direita e esquerda que devem ter uma ótima combinação em fotografia (foco, zoom, exposição, abertura, tipo de lente, profundidade de campo, distância focal, etc), uma ótima combinação de parâmetros de captação (resolução da imagem, balanço e temperatura de cor, resolução do sensor de captação, taxa de quadros por segundos, sincronismo de time code com precisão de frames, etc). A atenção deve ser total na hora da captação para estes detalhes, pois é perigoso e muito caro corrigir algo na pós-produção em 3D, o ideal é corrigir na captação.
Uma melhoria que será feita no decorrer da evolução da tecnologia é a visualização em tempo real das imagens em 3D que particularmente para 3D TV ao vivo é fundamental. Na NAB 2010 foram apresentados vários produtos que surgirão como viewfinders em 3D para o cinegrafista diretamente perceber se o efeito 3D está correto e analisadores e medidores do efeito 3D dos vários parâmetros de captação e fotografia entre as duas imagens captadas. Gravar imagens com metadados destes vários parâmetros de captação também é importante para a produção.

São dois os tipos de imagens existentes em 3D, imagens positivas que são imagens que tem profundidade atrás do plano do display e imagens negativas que parecem estar na frente do plano do display, ou seja, parecem saltar do televisor. Estas últimas serão muito utilizadas em propagandas e efeitos especiais de computação gráfica. A inserção de subtítulos e caracteres deve ser bem estudada, pois não pode conflitar com os objetos 3D, a profundidade e o plano onde colocamos os subtítulos e caracteres é importante.

O planejamento de uma cena 3D é fundamental. A dúvida é como isso funcionará no dia-a-dia da televisão que é muito dinâmica. Para isso, os processos de controle de qualidade são importantes para minimizar os problemas: observar as regras de enquadramento; pré-planejamento dos ângulos de câmera é chave; monitoramento em tempo real, quando for possível, das saídas com o resultado final do efeito 3D; adoção imediata de profissional “estereografista” (especialista na produção do efeito 3D) no set de gravação.

A distribuição do vídeo em 3D atualmente é feita de uma forma compatível com os vídeos sem 3D, ou seja, é preciso encaixar as duas imagens do 3D (imagem do olho direito e do olho esquerdo) em uma imagem de um vídeo normal. A técnica em que isso é realizado é chamada “Frame Compatible” ou “Half Resolution” que na verdade, reduz a resolução de cada imagem do 3D pela metade, porém é compatível para ser transmitido e distribuído pelos sistemas existentes. São formas diferentes de realizar isso: a) Top and Bottom: o novo quadro é dividido ao meio verticalmente e a imagem do olho esquerdo é colocada na parte superior e a imagem do olho direito é colocada na parte inferior, sendo esta forma mais indicada para vídeos progressivos, pois a resolução vertical de cada imagem será reduzida pela metade; b) Side by Side: da mesma forma que o anterior mas a imagem aqui é dividida ao meio horizontalmente ficando a imagem de cada olho em cada lado do quadro, sendo esta forma indicada para vídeos entrelaçados pois a resolução horizontal de cada imagem será reduzida pela metade; c) Frame Sequencial: é transmitido um quadro para cada olho de cada vez, com toda a resolução espacial da imagem, porém será reduzida a resolução temporal do vídeo nesta forma; d) Row or Column Interleaving: no mesmo quadro é feito um entrelaçamento de linhas e colunas, da mesma forma que as anteriores haverá perda de resolução vertical ou horizontal; e) Quincunx ou Checkerboard: é uma técnica de interpolação de pixels que procura diminuir o efeito da redução da resolução. O receptor por sua vez, deverá ser compatível com a técnica utilizada para recompor no display as imagens do lado esquerdo e direito. (Figura 5)

Para codificação do sinal de 3D TV atualmente quase todos utilizaram o H.264/ MPEG-4 AVC. Futuramente será utilizado o MVC (Multiview Video Coding) que é uma emenda do H.264/MPEG-4 AVC e que foi desenvolvido com o objetivo de codificar seqüências de múltiplas câmeras em um mesmo stream de vídeo. A vantagem é que MVC é compatível com imagens em duas dimensões.

O tráfego de sinais nas emissoras e o corte ao vivo estão baseados em tecnologias já existentes como o 3G, juntando os vídeos esquerdo e direito para um único vídeo com encoders específicos “Frame Compatibles”, ou ainda trafegar os vídeos em separado e sincronizados com equipamentos que funcionam em modo dual stream.

Os displays e televisores capazes de mostrar imagens em 3D TV estão em fase de lançamento, sendo que PCs com capacidade de 3D e plataformas de jogos também serão vendidos em breve. O objetivo é que estes televisores sempre sejam compatíveis com imagens em duas dimensões. A emissão da imagem ocorre com luz polarizada de forma diferente para a imagem esquerda e direita. É possível apenas ver as imagens com óculos com filtros polarizadores que separam estas imagens para cada olho. A interoperabilidade da utilização de óculos de um fabricante no display de outro fabricante hoje ainda é questionável, pois existem diferentes formas de polarizar a imagem, linear ou circular, de forma passiva ou ativa (sincronizada eletronicamente com a exibição dos quadros da imagem para cada olho em separado).

Muitas entidades como DVB, ITU, EBU e SMPTE estão trabalhando no tema padronização do 3D TV. Vários caminhos de entrega de conteúdo estão sendo preparados para o mercado 3D: satélite, cabo, transmissão terrestre, Home Video e até mesmo a Internet. No mundo da TV por assinatura é mais fácil, pois necessita de menor padronização já que a plataforma pertence ao próprio provedor de serviço. Desta forma, o ambiente de TV por assinatura terá produtos em 3D TV muito antes da transmissão terrestre aberta que precisa de padronização para funcionar.

A Blu-ray Disc Association divulgou em dezembro de 2009 o padrão para gravação de vídeo em 3D com dois canais full HD em discos “Blu-ray 3D” de 50 GB. O codec utilizado é o MPEG-4 AVC Stereo High Profile (MVC)@L4.1 com taxa de bits máxima de 60 Mbps em VBR. O disco terá capacidade para dois vídeos (esquerdo e direito) com a resolução de 1920×1080 (23,976p) ou dois vídeos com a resolução de 1280×720 (59,94p e 50p). O mesmo disco é compatível com exibição em duas dimensões. Da mesma forma em março deste ano foi lançada a versão HDMI 1.4a para padronização da interface de dispositivos em alta definição em 3D.

A maior preocupação dos produtores e distribuidores de conteúdo é a viabilidade econômica do 3D. Produção em 3D HD irá coexistir com produção em duas dimensões HD, porém vai custar mais do que hoje custa produzir em duas dimensões HD somente. Todos acreditam que da mesma forma e pela mesma motivação que foi com o HD, as coberturas esportivas e os programas com imagens de natureza impulsionarão o 3D. Porém ainda não se sabe ao certo quanto custa e se o retorno do investimento é garantido em 3D TV. A preocupação é criar um modelo de negócio com o 3D, porém é a tecnologia que cria as oportunidades e não o modelo de negócio que viabiliza a tecnologia, pois a inovação é que alimenta o mundo de entretenimento: a Televisão que criou o modelo de patrocínio e não o contrário, o Cabo e Satélite que criaram o modelo de TV por assinatura, o Videocassete criou o modelo de “Home Video”, etc.

No caso do cinema, já é possível perceber nos últimos anos um acréscimo no retorno dos investimentos em 3D conforme a Figura 6. Em várias outras áreas o 3D começa a trazer retorno como no mercado dos fornecedores de eletro-eletrônicos de Televisores 3D, Blu-rays, periféricos; dos fornecedores de equipamentos profissionais como rigs para câmeras 3D, ferramentas de edição, câmeras adicionais; dos prestadores de serviço de produção e especialistas em estereoscopia; do mercado de exibição e distribuição: cinemas, Home Video em Bluray, plataformas por assinatura, canais sob demanda, e possivelmente canais abertos.

O 3D levará uma série de melhorias técnicas ainda, porém 3D é muito mais experiência do que tecnologia. Alguns dos problemas enfrentados não se solucionam com tecnologia. Um deles é o fato que cerca de 12% das pessoas tem problemas na visão binocular, fazendo com que a visão de imagens em 3D seja extremamente difícil, senão impossível (a visão binocular é a visão na qual ambos os olhos são usados em conjunto, necessária para percepção da estereoscopia). O uso dos óculos polarizados é tranqüilo no cinema, porém usar o óculos em casa para assistir televisão pode ser um desconforto em alguns casos. A tendência futura é termos tecnologia para que o 3D funcione sem óculos. Desta forma o papel principal da tecnologia será de padronizar os sistemas e parâmetros para massificar e viabilizar a tecnologia, e a viabilidade econômica é fator fundamental para que o 3D venha desta vez para ficar.

Por fim, a NAB 2010 apresentou muitas alternativas para a Televisão em 3D, veremos em breve qual tecnologia será adotada de fato. De fato, o mais importante foi perceber que a tecnologia de televisão não vai parar apenas em HDTV e que muitos desafios estão por vir. A pergunta que ficou no ar é: qual será a TV do futuro?

Referências: Broadcast Engineering Conference, NAB 2010.
Broadcast Management Conference, NAB 2010.
Broader-casting Conference, NAB 2010.
Digital Cinema Summit, NAB 2010.
Encontro SET e Trinta 2009, SET – Sociedade de Engenharia de Televisão, NAB2010.

*Emerson Weirich é membro da diretoria da SET no Centro-Oeste. Atualmente é Gerente Executivo de Engenharia de Rádio e Televisão da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) que reúne a TV Brasil, TV Brasil Internacional, TV nBR, TV Escola, Rádio nacional e Rádio MEC – email: [email protected]
 
NAB 2010
APONTAMENTOS DA VISITA À NAB
*Emerson Pereira, Haroldo de Paula, Luis Antonio Pereira e Marlon Massaneiro
O fato marcante na NAB 2010 é o investimento forte em soluções 3D, sendo que praticamente todos os estandes apresentavam algum tipo de produto voltado para esta aplicação. Câmeras, switchers e monitores são alguns dos equipamentos demonstrados que já estão prontos e também a venda para o sinal 3D.

Outro destaque foi a convergência para a tecnologia 3 Gbps (3 GB em FO) que opera em Fibra Ótica. Solução necessária para comportar o grande volume de informações oriundas do sinal em HD, SD e SDI.

Uma inovação no estante da Wohler foi um comutador de 16 entradas e uma saída. Até aí nada demais. Mas este comutador tem em cada tecla de seleção de sinal um micro-monitor de tecnologia OLED, o quê possibilita o preview de cada sinal antes de fazer a comutação.

Outra novidade é o uso do IPhone com encoder de áudio para realização de áudio-tapes apresentada pela Tieline (já possuímos codecs deste fabricante). O repórter pode fazer uma entrevista via celular com qualidade de áudio próxima ao padrão broadcast.

Também nos chamou a atenção a “otimização” dos transmissores da marca Harris, estes cada vez mais compactos e preocupados com o espaço físico utilizado. Vimos um simples transmissor ocupando somente um rack de 42 unidades.

Para complementar, a tecnologia de iluminação para cenários e reportagens de rua utilizando LED de alta potência está consolidada como substituta das lâmpadas incandescentes e fluorescentes, gerando menos carga térmica e tendo menor consumo de energia, estas luminárias estavam presentes em todos os estandes de fornecedores de iluminação.

As unidades móveis (caminhões de eventos de grande porte) tiveram os seus destaques no que diz respeito à integração de seus equipamentos em seus interiores, como por exemplo, distribuição/tipos de monitores de vídeo usando os chamados “quads display” (um monitor para quatro sinais). Na área de infraestrutura nos deparamos com novas idéias visando melhor aproveitamento do espaço, identificação, organização do cabeamento utilizado na solução das UMs.

Para estabilização de câmeras vimos o equipamento denominado MiniGyro, um handheld para uso em portas de helicóptero ou em veículos que provocam vibrações. Também percebemos soluções específicas para o mundo de RC (Remote Control no mundo Modelismo), com transmissão em HD utilizando micro-links portáteis baseados na tecnologia microondas.

De modo geral, foram visitados os vários estandes que apresentavam soluções broadcast como a da Orad com o equipamento de slow motion de 8 canais, a Grass Valley com o Slow Dyno de 6 canais, ambos concorrentes da EVS que anunciou redução de preços para seus equipamentos.

Um dos produtos mais chamativos foi um microfone de lapela/orelha de alta resistência a choques e umidades; inclusive nos foi demonstrado um microfone que suporta imersão na água, o fabricante é a empresa Countryman Assocates Inc, CAI.

Quanto aos softwares para operação de Newsroom, uma novidade foi o anúncio do desenvolvimento pela Avid de clientes INews para IPhone e Blackberry, estes terão a funcionalidade de edição das matérias. Outras melhorias como integração com a base LDAP (MS e Linux), links de textos para Internet, suporte a tecnologia de Virtualização e maior compatibilidade com Geradores de Caracteres também despertou interesse.

A IDX apresentou vídeo servidor sem Hard Disk, rodando completamente com memórias de estado sólido, tanto para playout como slow motion. Destaques para os discos sólidos com 128 GB a 256 GB, ambos com excelente desempenho.

Notamos que também na área de armazenamento de vídeo está cada vez mais comum o uso de soluções específicas de Storage. Visualizamos soluções como: IBM, EMC, HP, ambos integrados com soluções da Sony e demais fornecedores. Vimos uma mescla de Hard Disks com tecnologias em Fiber Chanell + SATA + Memória Sólida. Outro destaque é a nova versão da LTO5 que agora possui capacidade de 1.6 TB e foi destaque em vários estandes.

Conhecemos uma nova onda de migração específica de armazenamento para capturas de vídeo nos equipamentos filmadoras Sony e Panasonic, ambos passaram a utilizar cartão de memória sólida. E por fim, destacamos novidades para transmissão de vídeo em HD utilizando as tecnologias wireless e microondas. Estas soluções permitem a utilização da captura de vídeo sem a utilização de cabos e que são bastante utilizados nas em situações atípicas.

*Emerson Pereira é gerente de engenharia de televisão, haroldo de Paula é consultor de suporte de TI (Operações), luis Antonio Pereira é coordenador de engenharia de televisão e Marlon Massaneiro é técnico de manutenção de TV. Todos da equipe de profissionais da TV Paranaense – emails: [email protected], [email protected], [email protected], [email protected]
 
NAB 2010
3D: ONDE ESTAMOS E PARA ONDE VAMOS
* Ana Eliza Faria e Silva
O progresso do desenvolvimento das mídias digitais e os avanços na fabricação de displays trouxeram nova via ao vídeo 3D estereoscópico. Além disso, o grande sucesso dos filmes em 3D nos últimos dois anos fez crescer o interesse, primeiro da indústria de eletrônica de consumo e, depois, dos produtores e distribuidores de conteúdo. Como esperado, a edição 2010 do NABShow teve na tecnologia 3D uma das principais novidades demonstradas nos estandes e discutidas nos painéis.

No momento duas abordagens diferentes já estão disponíveis para levar o conteúdo 3D até o telespectador: a das mídias gravadas, como DVD e Blu-ray disc, e a das operadoras de TV por assinatura. Enquanto o Blu-ray dispõe de muita banda e não tem problema de compatibilidade, nas plataformas de TV por Assinatura, devido às limitações de arquitetura e o legado de milhões de receptores, a compatibilidade é fundamental. Porém, os estudos apresentados no NAB pelos organismos de padronização deixam claro que, ultrapassados os desafios de produção, a introdução de conteúdo estereoscópico é relativamente simples.

Em dezembro de 2009 a Blu-ray disc Association (BDA) divulgou uma série de especificações referentes ao formato BD 3D, as quais estabelecem o uso do o perfil MVC, (Multi View Coding) do padrão H.264 para ofertar a resolução full HD para cada um dos streams, direito e esquerdo, e com compatibilidade na camada básica com o atual formato de compressão, H.264 AVC.

De acordo com essa especificação, o formato final de codificação é composto por um stream que contém toda a informação enquanto o segundo stream representa uma camada de enriquecimento e provê a noção de profundidade. Obviamente os requisitos do Blu-ray disc e da radiodifusão são diferentes. O Blu-ray disc não está sujeito às mesmas restrições de banda que limitam a oferta da radiodifusão. Além disso, como o conteúdo de cinema é disponibilizado em 24 fps, a taxa resultante de um conteúdo em dual stream HD progressivo é passível de ser transportada pela interface HDMI. De fato, a combinação entre o atual estágio de desenvolvimento da tecnologia apresentado no NAB 2010 e a grande pressão exercida pelo legado da infra-estrutura existente indica que essa opção talvez não seja viável para a radiodifusão antes de 2012.

Para o lançamento de serviços 3D antes dessa data, o NAB 2010 apresentou uma miríade de soluções para o empacotamento do vídeo 3D em formatos compatíveis com um quadro HD atual, dito frame compatible. As técnicas propostas são baseadas na multiplexação espacial do par estéreo em um único quadro e, portanto, reduzindo a resolução em comparação com o sinal da fonte original. Dependendo do esquema de sub-amostragem utilizados reduz-se a resolução horizontal, vertical ou diagonal (quincunx) da imagem. A vantagem dessa abordagem é permitir o reuso da estrutura de contribuição e distribuição existente, deixando para o decoder do display 3D a tarefa de reformatar adequadamente o vídeo para a exibição. Nos casos em que o objetivo é preservar os receptores (set-top boxes) já disponíveis na residência dos telespectadores, o sinal de vídeo é tratado como um sinal HD padrão, e toda a formatação do sinal ocorre no televisor. Se, por outro lado for possível atualizar o receptor, então o formato de apresentação será negociado entre o receptor e o televisor para sua correta apresentação.

Por outro lado, se não houver interesse na oferta de conteúdo 3D aos atuais receptores, novas funcionalidades para decodificação e formatação podem ser ofertadas. Isto significa, portanto que, a menos que um único formato de sinalização seja especificado para o conteúdo 3D, há necessidade de sinalizar para o decoder como o conteúdo foi empacotado e como convertê-lo para a apresentação adequadamente. Especialmente nos casos em que conteúdos 2D e 3D são misturados, a sinalização deve permitir a comutação automática entre os diferentes modos de visualização e permitir o acesso aleatório aos diferentes tipos de conteúdo. Diferentes estruturas de sinalização já foram ou estão sendo definidas que podem ser utilizadas para carregar informação sobre o conteúdo de vídeo 3D, levando em conta a necessidade de interação entre os produtores de conteúdo, que empacotam o vídeo e os terminais do usuário.

Embora existam diversas opções possíveis para a descrição do conteúdo de vídeo no ambiente de produção, como por exemplo, o Material Exchange Format (MXF) ou ancillary data da interface SDI, o formato dos metadados ainda não está definido. Na interface de distribuição, este tipo de sinalização está previsto em dois níveis. As mensagens H.264 SEI (Supplemental Enhanced Information) carregam as descrição do processo de subamostragem que gerou o quadro HD e as tabelas SI (service Information) para informações de alto nível a serem utilizadas pelo decodificador. Cabe notar, entretanto, que como a informação das tabelas SI não é síncrona, a transição entre formatos 2D e 3D não é seamless.

Após ser recebido e decodificado o conteúdo 3D precisa ser novamente convertido para permitir a negociação de formato para sua correta apresentação é necessário uma interface HDMI também atualizada para versão 1.4. Receptores sem interface HDMI não serão capazes de fazer esse tipo de negociação com os televisores. As informações incluídas na sinalização HDMI 1.4 incluem handshanking com o display para determinar se ele é capaz de tratar adequadamente o formato de saída. Uma vez detectado que o display não é capaz de tratar a informação, uma versão 2D do sinal é enviada. As informações de metadados inseridas nos conteúdos empacotados em formato frame compatible também contêm a descrição do tipo de subamostragem empregada.

De fato, para suportar todo esse processo, não apenas serão necessários vários níveis de atualização nos atuais decodificadores, mas também será necessário adequar toda a cadeia de produção para permitir as conversões apropriadas e o correto transporte dos metadados. Assim a menos que o firnmware do set-top box esteja sobre controle, como no caso das TVs por assinatura, é muito improvável realizar as necessárias atualizações de firmware para implementar a tradução das informações de SI em sinalização na interface HDMI, bem como a atualização da própria interface. Esta constitui uma limitação importante para as emissoras abertas, as quais somente podem oferecer o conteúdo 3D para seus telespectadores após a substituição dos atuais receptores por receptores “3D ready”.

O DVB também estabeleceu um programa de trabalho para o desenvolvimento de padrões para o 3D. A primeira fase do sistema 3D já está em andamento e tem um grupo designado para a definição dos requisitos comerciais e um grupo técnico, para a identificação de tecnologias que atendam a esses requisitos. Essa fase está baseada no formato frame compatible e no uso dos set-top boxes existentes. Contudo, o DVB também persegue uma fase de padronização futura onde seja possível obter compatibilidade nos atuais receptores para uma versão 2D do conteúdo, bem como permitir ajustes de profundidade para melhorar o conforto ocular.

Dado o caráter interino dessa primeira fase da distribuição de conteúdo 3D, os custos para resolução desses problemas devem ser seriamente considerados. Medidas provisórias podem ser definidas para acelerar o lançamento do serviço, mas sem comprometer a integridade da arquitetura futura. O formato frame compatible é uma fase transitória que separa a produção atual de conteúdo estereoscópico da radiodifusão MVC e, portanto, mais viável de ser administrada pelas operadoras de TV por assinatura que têm controle total da base de receptores permitindo assegurar uma boa experiência ao telespectador.

 

*Ana Eliza Faria e Silva é vice-diretora editorialda SET e gerente de tecnologias de transmissão da TV Globo – email: [email protected]
 
NAB 2010
INÍCIO DE UMA NOVA ERA
Câmeras de cinema digital acessíveis para aprimorar ainda mais a qualidade de nossas produções
* Nelson Faria
Esta foi a NAB da tecnologia 3D. Mas ainda não há solução para transmitir pela TV aberta. No entanto, outra tecnologia certamente vai impactar as emissoras nas produções de dramaturgia de alta qualidade, a câmera digital de 35 mm. A Sony, com a F-35, apresentou solução que possibilita a operação de vídeo, utilizada normalmente em câmeras EFP tradicionais de 2/3. Além disso, a operação com CCU, mostrada na NAB, viabiliza sua operação em estúdio, com uso de switcher, permitindo que a textura e profundidade de campo de câmeras de cinema sejam utilizadas em gravação de dramaturgia. Mas o lançamento de maior impacto foi o da câmera Alexa, da Arri, com sensor CMOS Super 35 mm Bayer de baixo ruído, podendo captar imagens em 2K (4:4:4) sem compressão. A ARRI está convicta que a Alexa de 5,8 kg, equivalente ao de uma câmera16mm, pode competir com a câmera RED, com preço equivalente ao de uma câmera Beta SP de uma década atrás, tendo um range dinâmico de 13.5 stops, e 800 ASA, gravando também Proxy files, prontos para serem utilizados em edição off-line.

No que diz respeito ao formato HDCAM SR, a Sony apresentou a camcorder SRW-9000PL, com sensor de 35 mm e objetivas PL, oferecendo mais flexibilidade e mais opções para criar imagens de alta qualidade.

A RED apresentou duas novas câmeras, a Epic, gravando em 5K, equipada com o novo sensor Mysterium X de S35mm e compatível com os acessórios da Red One e a compacta Scarlet, com preço abaixo de 3 mil dólares, capaz de gravar video 3K, com PL mount para lentes de 16 mm.

A Scarlet concorre no campo das câmeras HD DSLR, sendo a câmera típica desta tecnologia, a Canon EOS 5D Mark II de 21.1 Mpixel, gravando em 1080 24P e 29,97, podendo usar adaptadores para lentes PL mount e, apesar da alta compressão, oferece imagens de boa qualidade. Com o novo firmware v.2.0.4, a freqüência de sampling de áudio aumentou de 44.1 kHZ para 48 kHZ, proporcionando a melhoria do áudio exigido para gravação broadcast. Alguns acessórios específicos para as HD DSLR foram lançados, entre eles, o viewfinder A-Finder Pro da Zacuto e o tripé fluid head Manfrotto 504HD.

Além disso, o Avid Media Composer 5.0, o Apple Final Cut Pro e o Adobe Creative Suite 5 apresentaram suporte nativo para estas câmeras, eliminando a necessidade de transcoding. De olho neste mercado, a Sony anunciou para a NAB 2011 uma camcorder de baixo custo com sensor de 35 mm e a Panasonic mostrou um mock-up da câmera AG-AF100 utilizando um sensor de HD-DSLR em uma câmera de vídeo.

A NAB 2010 foi verdadeiramente o início de uma nova era. Até então usamos câmeras de 2/3 mais indicadas para jornalismo e, agora, podemos usar câmeras de cinema digital acessíveis, para aprimorar ainda mais a qualidade de nossas produções.

*Nelson Faria é diretor de produção da SET e diretor de engenharia de produção da Central Globo de Produção – email: [email protected]
 
NAB 2010
UMA DÉCADA DE DIGITALIZAÇÂO DA TV ABERTA NO BRASIL
A realidade brasileira nesta nova fronteira
*João Braz Borges
Passada mais de uma década, os diversos fabricantes mundiais apresentam toda a linha de equipamentos digitais necessários para uma emissora de TV, mercados como Japão, Europa e Estados Unidos com suas emissoras de TV operam da captação à exibição com toda a tecnologia digital disponível. Portanto a expectativa para esta NAB era de encontrarmos equipamentos com preços bem mais baixos que nos anos anteriores.

Mas a realidade é outra, os preços FOB das fábricas tiveram pequenas variações, pois a cada ano se agrega algum item nos equipamentos para não depreciar seus recursos perante a concorrência. Os novos equipamentos têm seus preços em patamares elevados para justificar o trabalho de pesquisa (investimento tecnológico) e o desempenho diferenciado dos produtos já existentes em sua lista e no mercado de broadcast.

A TV 3D foi a estrela da NAB 2010 – a euforia que acostumamos acompanhar nas super sessões do DIGITAL CINEMA SUBMMIT fez-se acanhada diante dos radiodifusores. O receptor de TV digital HD com os recursos tecnológicos e acessórios (óculos especiais, claridade recomendada, etc.) serão muito usados com os reprodutores de DVD Blu-Ray e de outras tecnologias que certamente surgirão.

Mas afirmar que nos próximos dois anos teremos TV 3D ABERTA é descobrir ou inventar equipamentos capazes de comprimir os sinais até a entrega nos decodificadores (não posso precisar o nome correto da caixa que antecede o conjunto de transmissores) para descomprimi-los, entrar nos TXs, sair para os combiners e serem irradiados pelo conjunto de antenas, utilizando o dobro de banda de bits disponíveis para cada emissora. Portanto a TV 3D ganhará espaço no Cabo, Satélite, Vídeo on-demand e em outras formas de distribuição, mas em radiodifusão (sinal aberto) a demora será um pouco maior do que calculam os entusiasmados participantes da NAB 2010.

Voltando ao tema “queda de preços dos equipamentos digitais”, a venda em grande escala destes não ocorreu ainda, o que é um entrave para as emissoras de médio e pequeno porte no Brasil migrarem para a TV digital. Porém ficou claro que os fabricantes estão dispostos a oferecer descontos especiais e melhorar ainda mais estes preços em operações turn-key, bem como a opção dos radiodifussores brasileiros por comprarem boa parte de equipamentos nacionais com preços altamente competitivos e qualidade. Na área de pós-produção (edição), observamos uma queda maior nos preços dos softwares e equipamentos. Já no News Room (tape-less), a exibição de comerciais para múltiplas emissoras, os transmissores das mais variadas potências e contribuição através de microondas, tudo isto feito no Brasil, deram fôlego aos fabricantes brasileiros. Pelo terceiro ano consecutivo eles formaram o PAVILHÃO BRASIL na NAB, internacionalizando suas marcas e ganhando novos mercados.

Radiodifussores brasileiros, nada é tão caro que não se possa comprar e nem tão barato para que se desconfie de sua qualidade! Os gestores de Engenharia e Tecnologia têm a responsabilidade de pensarem como empresários na hora de fazerem os investimentos de um Grupo de Comunicação. É preciso lembrar que a convergência é realidade e que investimentos errados nos dias atuais podem significar o fim da carreira de um profissional e dificuldades econômicas para o radiodifusor, o que pode resultar em sua mudança de ramo de negócio.

Mas vamos manter o otimismo, pois depois de séculos com o Brasil exportando talentos humanos, agora pode exportar tecnologia, gerando empregos diretos e indiretos e divisas econômicas jamais pensadas há alguns anos atrás. É hora de definir o que se espera dos equipamentos que farão parte do novo parque técnico da emissora, preparar uma RFP (Requisição Formal de Proposta) e enviá-la para as empresas que queiram ser parceiras nesta nova etapa tecnológica, oferecendo a melhor qualidade, versatilidade e preço. É necessário selar uma união duradoura, cujo objetivo é a satisfação do cliente com a compra, e os resultados em audiência crescente, o que lhe garantirá uma boa fatia do bolo publicitário.

*João Braz Borges é diretor de marketing da SET, radiodifusor, consultor de mídia e legislação, advogado especialista em radiodifusão, telecomunicação e empresarial, doutor em cinema – email: [email protected]
 
PAVILHÃO BRASILEIRO
DO BRASIL PARA O MUNDO
* Carlos Henrique Ferreira
A evolução do mercado de radiodifusão brasileiro já tomou proporções internacionais e, hoje, já está claro que o Brasil avança para o seu reconhecimento como um dos melhores provedores de tecnologia digital. A nossa participação na maior feira de mídia eletrônica do mundo, a NAB Show 2010, é prova disso. Ao todo, 15 empresas marcaram presença no pavilhão brasileiro. Para se ter uma ideia, concretizamos mais de US$1,5 milhões em negócios imediatos com o Peru, Chile, EUA, México, Colômbia e Venezuela. E, pelos nossos cálculos, esses números devem subir para US$8 milhões ao longo deste ano.

Além de fecharmos tantas parcerias, também fizemos quase 900 contatos com empresas do Peru, Costa Rica, EUA, China, Japão, Dinamarca, Canadá, Inglaterra, Venezuela, Argentina, México, Itália e França. A visibilidade gerada pela NAB Show para o segmento é imensurável. O evento reúne todos os fornecedores e clientes potenciais para o nosso negócio, é uma iniciativa e tanto. Especialmente para o Brasil, cuja tecnologia está à altura do que hoje é desenvolvido no mundo e que, numa ocasião como essa, pode mostrar isso.

Esse ano, levamos a Ideal Antenas, Ativa Soluções, STB, TSDA, Instituto Nacional de Telecomunicações – Inatel, Screen Service, JWSAT, Teletronix, Linear, maior fabricante de transmissores de TV da América Latina, Teclar, Century, TQTVD, Trans-Tel, e Tecsys. Mais uma vez eu ressalto: foi uma oportunidade fantástica para as empresas se projetarem no mercado internacional. Ter um local exclusivo para atender os brasileiros no exterior é promessa de bons negócios.

Todo esse empenho do Projeto Setorial Integrado (PSI) Eletroeletrônico Brasil, ou seja, a força tarefa do Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Vale da Eletrônica (Sindvel) – em parceria com a APEX-Brasil – vem gerando excelentes resultados. Na NAB, conseguimos fazer uma exposição eficiente de nossos produtos e serviços, com a certeza de que estamos criando uma rede de contatos internacional permanente.

* Carlos henrique Ferreira é gestor do Projeto Setorial Integrado (PSI) Eletroeletrônico Brasil e vice-presidente do Sindvel – email: [email protected]
 
PAVILHÃO BRASILEIRO
ISDB-TB CONSOLIDA SUA LIDERANÇA NO CENÁRIO INTERNACIONAL
Visitantes equatorianos marcam presença no estande
*Maurício Kakassu
O Fórum SBTVD integrou o Pavilhão Brasileiro na NAB 2010, realizada entre os dias 12 e 15 de abril, em Las Vegas (EUA). Durante a feira, o Fórum SBTVD e suas empresas associadas receberam um grande número de visitantes, notadamente latino-americanos, interessados em conhecer as características únicas (mobilidade e interatividade) do padrão ISDB-TB (Integrated Services Digital Broadcasting – Terrestrial) e as soluções apresentadas pelas empresas brasileiras para transmissão, recepção e interatividade para este padrão de TV digital.

Alguns dias antes da NAB foi anunciada a adoção do ISDB-TB pelo Equador, gerando várias visitas de radiodifusores deste país interessados em conhecer e estabelecer contatos com os fornecedores de soluções brasileiras para TV digital.

O resultado final da NAB 2010 foi muito positivo para o ISDB-TB, que consolida sua posição de liderança no cenário mundial. Da mesma forma, as empresas participantes ficaram bastante satisfeitas com o grande número de contatos realizados durante o evento, principalmente da América Latina e África.

A promoção do ISDB-TB na NAB 2010 foi viabilizada por meio do Projeto Setorial Integrado (PSI) Eletroeletrônicos Brasil, coordenado pelo Sindvel (Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Vale da Eletrônica) em parceria com a APEX (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos).

Agradecimentos:
ANATEL; Century; EBCom; Linear; LG; RF Telavo; Samsung; SET; Sindvel; STB; Telesystem e Zinwell

*Maurício Kakassu é superintendente do Fórum SBTVD – email: [email protected]
 
NAB2010
EDUTRANSMEDIA: O QUE É ISSO?
*Marcio Pereira
Edutransmedia. Tudo bem, concordo, é uma denominação complicada. Como eu cheguei a ela?

Como de costume, as conferências do congresso da NAB versaram sobre diversos temas de relevante importância para toda a indústria de radiodifusão. Especificamente na NAB 2010 falou-se muito em 3D, transmedia, social media, tecnologia Over-The-Top (OTT), TVD móvel, IPTV, incluindo HD e suas evoluções como um Ultra High Definition, dentre outros. Todos buscando a próxima grande evolução a ser implantada em sua empresa. Teremos artigos sobre 3D, Ultra High Definition sendo publicados aqui na Revista para dissecar melhor essas tecnologias. Então, vamos falar um pouco de transmedia. Afinal, o que é isso?

Transmedia Storytelling é a ação de contar uma estória através de diversas plataformas. O conteúdo, desde a sua concepção, é projetado para ser entregue em TV, rádio, cinema, internet, TV móvel, smartphones, videogames, quadrinho e a audiência pode participar ou até influenciar através de qualquer plataforma que permita isso, como a internet. Podemos experimentar esse conceito, inclusive de seriados de sucesso na TV, em que, dentre outras ações, dica para a soluções de mistério são feitas através da internet, fazendo com que a experiência de assistir ao seriado possa ser prolongada na internet. É inevitável que a partir deste interesse, os próprios expectadores criem fóruns de discussão, enviem mensagens por microblogs e criem perfis em redes sociais. Cada vez mais alavancando a audiência e o interesse. Se é previsto que haverá tal iniciativa por parte dos próprios usuários, porque não desde a concepção do projeto, criar perfis em redes sociais, microblogs e outros , e passar a estimular a interação nessas redes, ampliando a experiência de quem assiste ao programa? Este conceito de se utilizar redes sociais, microblogs e seus equivalentes para compor uma experiência que deixe os expectador mais imerso e participativo é chamado de social media. Esta participação é cada vez mais fácil de ser realizada, devido a uma evolução dos equipamentos que entregam esse conteúdo.

Já temos celulares que recebem o sinal de TVD e que acessam a internet. Um PC acessa a internet para participação em fóruns, blogs, consulta a sites e assiste vídeos nos diversos sites de vídeos online já existentes. E no aparelho de TV da sala? Com os equipamentos OTT é possível assistir vídeos online na própria TV da sala, sem muita complicação a partir de uma assinatura de serviço. Pôde se ver na NAB equipamentos que recebiam TVD e acessavam a internet para assistir conteúdo online, com a experiência de utilização de grande facilidade, eu pude assistir conteúdo educativo do Canal Futura com facilidade, mesmo nos EUA, a partir de um conhecido site de vídeos online.

Ok…..Temos transmedia, social media, OTTs e diversas coisas interessantes acontecendo. Será que podemos utilizar todos esses conceitos para TVs educativas? Não vejo porque não. Não é fácil imaginar um site em que possam ser montadas aulas, que sejam convertidas para ser entregues em todas as plataformas utilizando o conceito de transmedia. Tais aulas podem levar a desafios que levam o aluno a pesquisa. Caso o aluno tenha acesso à internet, ele pode, com ajuda de fóruns, e blogs, participar com outros alunos na discussão da solução do desafio colocado, ampliando a experiência da aula. Pode-se montar telessalas onde mobilizadores sociais podem facilitar o acesso às teleaulas por qualquer plataforma disponível. Tais mobilizadores sociais auxiliariam na experiência de uma aula, guiando os alunos através do conteúdo. Com o tempo os próprios alunos que se formam podem se tornar os próximos tutores/facilitadores e os próprios alunos podem assistir aulas de forma que lhes estiver disponível, já que o conteúdo será entregue em diversas plataformas. Os facilitadores e os próprios alunos podem ajudar a melhorar a experiência da aula, dando sugestões ou montando uma aula – exemplo: no próprio site onde as aulas podem ser construídas, realimentando todo o sistema.

Grande parte desse modelo já existe. Aula sendo entregues e ministradas nos rincões mais longínquos do país, através de plataformas de mídia que já são realidade há bastante tempo. O próximo passo é a entrega em todas as plataformas existentes, em uma organização e planejamento como sugere o conceito de transmedia. É a Edutransmedia. Para isso, as aulas precisam ser pensadas desde sua concepção, como uma experiência que pode ser entregue em diversas plataformas, de acordo com a disponibilidade do aluno/usuário. E que estes podem participar e influenciar na melhora de experiência e do conteúdo da aula. As ferramentas de redes sociais podem, e devem ser utilizadas para gerar uma experiência maior e melhor. Nenhuma rede social ou microblog específico, mas todos que for possível gerenciar, dando mais atenção no que estiver sendo mais utilizado pela audiência que se quer atingir. O que não existe em tecnologia será remediado pelos avanços da tecnologia e do aumento da capitalização dos serviços digitais.

Não custa sonhar. A tecnologia está à disposição. As idéias cada vez mais se tornam realidade. Quando se vê na NAB um Ipad, após 15 dias de lançamento, já sendo utilizado como teleprompter wireless, com um IPhone como controle remoto do próprio teleprompter, reforça- se a idéia de que quanto mais a tecnologia avança, mais se vê inovação, também nos modos de se utlilizar tecnologia.

E educação de qualidade sendo entregue a todos e todas as tecnologias disponíveis alavancarão o país e a qualidade de vida de seus cidadãos. O papel de todos nós radiodifusores, engenheiros, membros da comunidade cientí- fica e acadêmica é também deixar este futuro cada vez mais próximo da realidade presente.

*Marcio Pereira participa do comitê editorial da SET e é responsável pela engenharia do Canal Futura, M.Sc. pela COPPE-uFRJ – email: [email protected]
NAB2010
UM “MUNDO” DE PRODUTOS, TECNOLOGIAS E IDÉIAS
*José Frederico Rehme
Participar da NAB é sempre uma oportunidade única para os profissionais de televisão, não importando quantas vezes isto já tenha ocorrido. Há tantos enfoques diferentes, tantos locais, distâncias físicas tão grandes, que a limitação de escopo e a organização de uma agenda própria é fundamental para o aproveitamento desta oportunidade. Há conferências, palestras e sessões, de sábado até quinta feira. Neste ano, foram mais de 400 apresentações, divididas em assuntos relacionados à Engenharia de Televisão e Rádio, Gerenciamento, Cinema Digital, Governo e Áreas Militares, TV sobre redes banda larga.

A feira mostrou mais de 1000 expositores, em quatro áreas internas e uma externa. Como sempre, ocorreram vários eventos paralelos nos hotéis da cidade, com apresentações de produtos e tecnologias voltados a públicos específicos e convidados pelos fabricantes. E para nós, brasileiros, agora também acompanhados de colegas sulamericanos, há ainda o encontro Set e Trinta, com palestras e apresentações para começar bem o dia de pesquisas, estudos e negociações.

De modo algum este próximo comentário diminui toda esta grandiosidade, mas há de se observar que em 2010, a feira teve menos participantes, tanto de público quanto de expositores. As partes extremas finais dos prédios central, sul superior e sul inferior estavam desocupadas, e transitar pelos corredores era mais fácil do que de costume. Sem tirar o brilho, tal situação facilitou os encontros e os serviços de “garimpagem” de produtos, tecnologias e idéias.

Na feira, a televisão estereoscópica foi sem dúvida o tema mais presente neste ano. Percebe-se que a tecnologia de captação, processamento e produção está em um estágio bastante adequado, e muitos fornecedores mostraram hardwares e softwares para tal. Dúvidas ou limitações importantes ainda pairam no quesito exibição. Entretanto os óculos com polarização circular ou ativos são soluções de visualização bastante confortáveis, com um grau de qualidade impressionante.

Para jogar vídeo-game, ou ainda no cinema, o uso dos óculos pode não ser um empecilho. Mas, para assistir TV no dia-a-dia, quando tal atividade ocorre simultaneamente com outras , ou pelo fato de que se assistir televisão muitas vezes é algo familiar, comunitário, estes óculos atrapalham. Também não se aplica a idéia do uso dos óculos no caso de exibições públicas e operações de Digital Signage.

Ainda há muito a evoluir neste caminho, mas algumas poucas empresas demonstraram telas que propiciam a percepção 3D sem estes óculos especiais. Uma delas optou por uma solução intermediária: oferece totens com duas lâminas de vidro para uso em museus e outros ambientes de grande circulação, funcionando como lentes polarizadas; os visitantes simplesmente se aproximam destes pedestais, sem a necessidade de vestir um dispositivo. Embora esta nova onda da TV 3D esteja em expansão, e já de uso corrente e intenso, há de se esperar por novidades para os próximos anos. Basta notar que em 2009, a NHK apresentou muitos trabalhos e pesquisas sobre o assunto, já este ano, parece ter mudado de foco, preparando-se para novos conceitos.

Outros tópicos que chamaram a atenção na feira: a compressão H.264, como era de se esperar, já não é mais de domínio de poucos; agora, diversos fabricantes propõem soluções, com latências perfeitamente aceitáveis e qualidade de imagem muito boa mesmo para taxas baixas.

Além do H.264, há outras técnicas de codificação de fonte sendo utilizadas. Tecnologias de displays mostram modelos, tamanhos, brilho e aplicações que a cada ano causam agradáveis surpresas. A apresentação de mídia imersiva, onde o usuário tem um controle de 360 graus do que deseja ver também foi marcante. Discussões sobre como e com que medir e controlar loudness estão se tornando mais comuns.

Palestras e sessões
Acompanhar as sessões e conferências é outra atividade interessante durante a semana da NAB. Assim como ocorre no Congresso da SET no Brasil, há a abordagem de temas atuais e importantes, discutidos ou tratados por profissionais cujas opiniões e experiências costumam compensar o tempo dedicado. Vale destaque a presença brasileira no congresso, através do engenheiro Henry Rodrigues, da área de P&D da Linear, expondo resultados de pesquisas tecnológicas muito interessantes e objetivas.

O formato dos painéis técnicos é similar ao adotado no Congresso da SET; no entanto, talvez pela variedade de temas ocorrendo simultaneamente ou pelos valores cobrados para as inscrições, diversas palestras eram assistidas por menos de cinqüenta espectadores. Já as supersessões, dirigidas por famosos e expoentes da sociedade norte-americana, em um formato quase que de show, atraíam mais de 400 pessoas. Abaixo seguem minhas observações sobre as palestras e sessões que mais me despertaram a atenção:
“DTV Transmission and Reception Issues” “Enhancements on 8VSB Transmission Technology”
Nosso colega, o brasileiro Henry Rodrigues, apresentou a fundamentação teórica, uma proposta de solução e resultados obtidos com as aplicações de pré-corretores dinâmicos, com memória.

Foi demonstrada a relação entre potência, intermodulação e MER: como otimizar o desempenho de sistemas através da combinação destas figuras de mérito. Comentou também da importância de se considerar o fator de crista. Se para o padrão ATSC, com modulação 8VSB, o fator de crista é importante, dado que limitações (clipping) provocam intermodulação, para o padrão brasileiro, que utiliza OFDM, este fator é ainda mais relevante. Por tudo isto, a pré-correção dinâmica tem papel fundamental nos sistemas de transmissão.

“What we learned about VhF DTV Reception Problems”
William Meintel (william.meintel@mswdtv. com) faz parte de uma empresa de consultoria e projetos em TV digital, e trabalhou anos atrás no planejamento da canalização de TV nos Estados Unidos. Nesta conferência, apresentou os resultados obtidos em pesquisa de campo sobre recepção com antena interna de TV digital em canais VHF. Foram medidos 63 pontos indoor, ao redor de julho de 2009, nos canais VHF baixo e alto, em um raio de 25 milhas do ponto de transmissão. A palestra começou com a constatação de que a recepção em VHF era muito pior do que em UHF; seguiu com o questionamento disto ser devido a problemas de transmissão, propagação, recepção, interferência, ou combinação de fatores. Os objetivos dos testes de campo foram a identificação das causas do problema de recepção e demonstrar soluções para a questão. Foram feitas observações a respeito das instalações encontradas nas casas dos telespectadores, medições de campo e de margem. Conclusões, que o próprio autor comentou devem ser consideradas com critérios, até porque a quantidade de medições não foi grande o suficiente para se gerar boas estatísticas:
O maior problema é na recepção interna e devido a:
• Multipercurso;
• Projeto de antenas de recepção ruins;
• Localização inadequada das antenas (atrás de móveis, por exemplo);
• Antenas de recepção não ajustadas, problemas com polarização;
• Uso de antenas amplificadas, em locais relativamente próximos dos transmissores, e sem o uso de filtros trap para FM;
• Interferência eletromagnética (diferente do que ocorria nos tempos de TV analógica, hoje há muitos equipamentos dentro de casa produzindo ruídos eletromagnéticos com intensidades significativas quando comparadas aos níveis de recepção indoor);
• Vazamento de sistemas de CATV;

O aumento da potência de transmissão é uma das soluções para alguns casos; dificilmente resolve para o caso de EMI. Vários dos problemas foram sanados durante as medidas, com reposicionamento da antena de recepção, retirada do amplificador, ou a troca dela. Houve participação do público, dizendo que o mesmo poderia ocorrer em UHF, mas o autor defende que o ruído atinge mais a faixa de VHF. Questionou-se também sobre polarização circular.

A pesquisa é interessante, e podemos traçar paralelos com o caso brasileiro, onde temos algumas diferenças. Entre elas, a modulação OFDM garante uma certa robustez frente a multipercursos. Mas a falta da educação do telespectador quanto aos cuidados mínimos na recepção parecem cruzar a linha do Equador.

“ Radio Facilities” – “Radio in a Cloud”
Andrew Janitschek apresentou idéias que se encaixam tanto a TV quanto a rádio: o uso de recursos (investimentos reduzidos) e escalabilidade on-demand para radiodifusores. Para o consumidor, conceitos de “tudo feito on line”, e “acesso onde estiver”.
O interesse do usuário é em mais eficiência com menos custo.

Numa solução híbrida entre nuvens públicas e privadas, a infraestrutura e a plataforma são providas por terceiros. Características que se enquadram neste tipo de serviço são: contratação por demanda; acesso a banda larga; divisão de recursos; medição de nível de serviços. Cloud-computing cria, assim, oportunidades, mas também responsabilidades. Ensina e ajuda a ensinar, decide e toma ações, mas há riscos A Screen Service, por sua vez, participa pela segunda vez consecutiva do evento, segundo informou ou perdas: possibilidade de perda de controle, invasão, abusos, nível de confiança. Foram apresentados novos termos: InfraestructurePós-produção, financiamento… Apesar de não ter empolgado, o seminário Infraestructure as a Service (IaaS), Softwares as a Service (SaaS), Platform as a Service (PaaS). O uso destas tecnologias para a difusão de Coppola” e a Master Class de iluminação de Cinema, ministrada por Félix “Chango” Monti, atual presidente da sinal de TV e Rádio ainda apresenta incertezas. Deve-se considerar todos os riscos e ganhos envolvidos na adoção deste modelo.

“Super Session” – “Cool Gadgets, hot Content”
Em estilo “showman”, com imagens e sons de qualidade impecável, numa sala com capacidade de 500 pessoas, Brian Cooley, editor da CNET, abordou a relação da tecnologia com o usuário, tendências de consumo e novidades (the next big thing). Foram comentados os lançamentos recentes da feira CES 2010 (Consumer Electronics), as expectativas dos usuários, novos conceitos.

Um destes conceitos tem a sigla OTT (over the top): o que interessa é o produto, e não como acessá-lo. O consumidor quer mídia, filme,da lei de serviços de comunicação audivisual e TV digital terrestre, áudio, iluminação, solução Triple Play, edição, entre outros, além de dois painéis sobre o sistema brasileiro de TV digital, ISDB-TB. Durante a exposição também foram realizadas diversas atividades técnico-acadêmicas. programação, e não cabos, browsers, roteadores, antenas. Brian Cooley disse “no computer experiences”: não importa a tecnologia, mas sim o produto. Pesquisas foram feitas perguntando, por exemplo, o que as pessoas esperavam do Ipad. Brian citou o que o público deseja:

OTT Devices; TV e Cinema 3D; Ipad; Kindle; Tablets; Readers; Mobile TV; Connected cars.

Comentários interessantes foram feitos a respeito de pontos de inflexão da tecnologia: o desenvolvimento não é contínuo. Questões do momento: TV 3D: com ou sem óculos? O momento parece propício para a TV 3D, o ciclo mais curto de reposição de receptores de TV favorece a troca para uma tecnologia mais nova. Nós precisamos adequar os produtos aos recursos tecnológicos; as pessoas não querem o meio, querem a aplicação! E, principalmente para o modelo de televisão brasileiro: devemos pensar como a propaganda se encaixa nisto tudo.

*Repórter da Revista da SET *José Frederico Rehme é membro do Comitê de Ensino da SET e coordenador de pesquisa e desenvolvimento da TV Paranaense – email: [email protected]
NAB2010
VISÃO GERAL SOBRE DUAS APRESENTAÇÕES DA NAB 2010
* Enio Sergio Jacomino
Impactos da TV em 3D em vídeo e radiodifusão

Palestrante: Dan Holden, da Comcast Media Center (EUA)

O palestrante, Dan Holden, trabalha na Comcast e é atualmente o Cientista- Chefe da Comcast Media Center, baseada em Denver. Holden também pertence ao SMPTE e SCTE.

Inicialmente Holden colocou alguns pontos que vem estimulando o 3D, tais como:
• Um diferencial para impulsionar a indústria eletrônica voltada a consumidores, para investir em algo além do HD (High Definition).
• O filme Monsters vs Alliens, da DreamWorks, teve 60% de seu faturamento de bilheteria na 1ª semana de exibição, provindo de salas de cinema em 3D.
• Possibilidade de uma nova fonte de faturamento para a TV

Um pronunciamento do diretor de tecnologia da Comcast, maior operadora e programadora de TV a cabo dos EUA, também sinaliza o interesse pelo 3D:

“Pensamos que a televisão 3D entregue no domicílio pode ser um caminho para os operadores de cabo diferenciarem-se com os consumidores e estamos muito interessados nesta tecnologia como um componente desse esforço “

Estereoscópico – em 3 dimensões, dando a ilusão de profundidade a partir de duas imagens bidimensionais tais como fotografias ou imagens em movimento (vídeos ou filmes). Para visualização adequada dependem do uso de óculos do tipo com lentes polarizadas circularmente ou com obturador ativo.

Auto estereoscópico – método de exibir imagens tridimensionais que podem ser vistas sem o uso de óculos os dispositivos especiais. É um processo que deve ser mais dirigido a Digital Signage (sinalização digital ou marketing digital).

Recursos e Workflow Câmeras – com duas lentes, duas captações (câmera estéreo) e várias “adaptações”.

Geração de imagens em 3D – se feitas por computador, são duas vistas (quase) paralelas com ligeira separação angular. Se tomadas por câmeras, utilizando as câmeras “duplas”. Ainda há o processo de tomada em 2D e a geração de um sinal de profundidade utilizando telêmetros (Instrumento que se emprega para medir a distância entre um ponto ocupado por um observador e outro ponto inacessível) eletrônicos.

Em um programa ao vivo surgirão pontos questionáveis como:
• Todas as câmeras são 3D ? Se não, como diferenciar os fluxos em 3D dos em 2D?
• De que forma vai se enviar “sinais de aviso” da comutação 2D / 3D ?
• Quais são as exigências dos Metadados? • Como funcionará a sinalização para diferenciar o mesmo programa em 2D e 3D no workflow dos operadores de cabo?

Ainda fica a questão da distribuição do conteúdo conteúdo para diversas plataformas que fatalmente terão formatações diferentes e incompatíveis:
• Dispositivos móveis e computadores
• Televisores ( abrangendo cabo, IPTV, satélite, Blu-ray, radiodifusão e outros)
• Cinema

Pontos a considerar
Intervalo comercial num programa em 3D
1. Eliminar o intervalo comercial? Não parece ser uma alternativa interessante.
2. A transição dos vídeos; num programa transmitido em 3D, a entrada de um intervalo comercial “desvaloriza’ este último face à grande diferença de sensação do telespectador.
3. Os efeitos indesejáveis; assim como temos hoje um efeito pouco atraente para quem assiste TV quando há a transição do programa para o intervalo, onde há uma impressão que o nível de áudio aumenta abruptamente causando incômodo, algo parecido pode ocorrer num programa + intervalo comercial em 3D, em relação ao vídeo. Imagine uma cena (3D) bastante agradável (uma paisagem por exemplo) e, na sequência, uma transição para um comercial de combustível onde um carro de Fórmula 1 literalmente sai de seu televisor e invade sua sala, em alta velocidade.

Compressão / codificação
1. Conversão side by side para top/bottom ou para MVC e vice versa
2. MVC – Multiview Video Coding (MVC) é uma variação do padrão de compressão de vídeo H.264/MPEG-4 AVC desenvolvido com esforços conjuntos do MPEG / VCEG e que permite a codificação efi- ciente de sequências capturadas simultaneamente a partir de múltiplas câmeras usando um fluxo de vídeo único. O MVC destina-se a codificação de vídeo estereoscópico. O perfil Stereo High foi padronizado em junho de 2009; é baseado em ferramentas MVC e será utilizado em lançamentos Blu-ray 3D. O fluxo MVC é compatível com H.264/AVC, o que permite que os dispositivos mais antigos e também software sejam usados para decodificar fluxos de vídeo estereoscópico.
3. 2D + Profundidade – Ao lado de cada quadro de uma imagem 2D outra imagem em tons de cinza indica se um pixel específico na imagem 2D deve ser mostrado na frente da tela (branca) ou para trás do plano da tela (preta). Os 256 tons de cinza podem formar um bom gradiente de profundidade na imagem. O processamento dentro do monitor usa esta informação para gerar as imagens multiview.

Questões fundamentais da distribuição para a TV
Ausência de padrões bem definidos. É necessária a definição de um padrão para o broadcasting se manter linear, ou seja, sem mudanças de formatos ao longo da programação ou entre operadores / emissoras.
• Falta de monitores / televisores em 3D consolidados no mercado consumidor.
• Falta de conteúdo em 3D. O que existe atualmente é muito pouco.
• O custo de produção de conteúdo em 3D ainda é muito alto.

E para que tudo isto aconteça será necessário treinamento de equipes de produção, engenharia (lado da geração de conteúdo); equipes de vendas (distribuição de aparelhos 3D); consumidor final.

Ações de envolvimento em curso

SMPTE
• Projeto 3D to the Home
• Projeto 3D Home Master

SCTE
• Projeto 3D Over Cable
• Requisitos para set-top box e formato Over/Under Entertainment Technology Center ( Universidade do Sul da Califórnia)
• Great Lab

DVB

* Enio Sergio Jacomino é consultor em Engenharia de Televisão e presta consultoria para a RPC-TV Paranaense – email: [email protected]