MFN X SFN

COBERTURA CONGRESSO SET 2012

Por Thiago Sapia

O serviço de televisão aberta no Brasil adota o sistema MFN (Multiple Frequency Network). Este é uma rede de múltiplas frequências, ou seja, é uma rede de transmissores que operam em frequências diferentes a cada localidade, porém, que transmitem o mesmo conteúdo. Isso é feito, pois como a TV analógica é muito sensível à interferências, devido a não obtenção de mecanismos para a correção de erros, a utilização de uma mesma frequência para a transmissão de um conteúdo único aumenta muito o problema de interferências. Entretanto, o uso do sistema MFN não preserva o espectro eletromagnético, fazendo com que em áreas que possuem um espectro mais lotado, como em grandes centros urbanos, o problema de interferências seja ainda maior.

Com a implantação da TV digital no país foi possível obter diversas melhorias tanto na transmissão, quanto na recepção dos canais. Sobre o aspecto da recepção, é possível disponibilizar a população uma melhor qualidade de imagem e áudio, interatividade, canais auxiliares de áudio, legendas e outras informações. Já sobre o aspecto de transmissão, com a utilização do sistema SFN (Single Frequency Network) é possível com que o espectro seja melhor aproveitado, além de algumas outras vantagens que serão citadas.

O sistema SFN trabalha em uma única frequência, fazendo com que uma rede possa transmitir um mesmo conteúdo em uma mesma frequência e em diferentes localidades. Mas isso só é possível devido à robustez da TV digital, afinal, os problemas de interferência continuam existindo, porém, como toda a rede está sincronizada, ela é projetada para que a diferença de tempo de cada sinal tenha um limite bem definido ao chegar ao seu destino (Intervalo de Guarda), fazendo com que quando o sinal mais fraco cair dentro do intervalo de guarda não haja interferências devido a canais na mesma frequência. Além disso, com o sistema SFN é possível obter uma grande área de cobertura com uma potência menor se comparada com a potência utilizada em uma rede MFN. Outra vantagem muito interessante é que a recepção para aparelhos móveis, como celulares e televisões portáteis, é facilitada devido as modulações mais robustas.

Como foi dito pela engenheira Carolina Duca, no painel “TVD: Interiorização”, do Congresso da SET, para montar uma rede em SFN são necessários dois tipos de sincronização: temporal (1 pps ) e de frequência (10 MHz), e quanto mais precisos forem esses sinais de sincronização, melhor será o resultado da cobertura do sinal de radiodifusão.

Os dois tipos de sincronização citados anteriormente, 1 pps e 10 MHz, são obtidos através do GPS (Global Positioning System). O sinal de 1pps (1 pulso por segundo) permite que o sistema fique sincronizado no tempo, ou seja, todos os transmissores ligados em uma rede trabalham enviando informações ao mesmo tempo. Já o sinal de 10 Mhz deixa os transmissores de uma rede trabalhem em uma mesma frequência.

Na imagem a seguir, a qual foi apresentada no “Seminário Internacional ISDB: No Brasil e em outros países”, pelo professor Dr. Cristinano Akamine (Universidade Presbiteriana Mackenzie), é possível ver a montagem de uma rede SFN e entender melhor como é o funcionamento do sincronismo temporal e de frequência.

Pode-se ver claramente que com o sinal de 1 pps as informações que chegam no excitador ISDB-T são transmitidas simultaneamente. Além disso, também é possível observar que os 10 MHz mantém todo o sistema na mesma frequência. Pode-se concluir então, que uma rede SFN é muito mais vantajosa do que uma rede MFN, pois é possível deixar o espectro de radiodifusão mais organizado, fazendo com que problemas com interferências sejam diminuídos. Além disso, com menos potência do que uma rede em MFN, uma área maior consegue ser coberta. Outra vantagem é o aprimoramento da recepção de aparelhos móveis.

 

Thiago é estudante de Engenharia Eletrônica na Universidade Presbiteriana Mackenzie .
E-mail: tmsapia@gmail .com