ILUMINAÇÃO DE CENÁRIOS

PRODUÇÃO DE PONTA A PONTA
ILUMINAÇÃO DE CENÁRIOS
Por Sérgio Almeida Lopes
A produção de um programa de televisão passa, como sabemos, por várias etapas antes de chegar ao ponto de ser gravado. Todas essas fases são exaustivamente estudadas, discutidas e ensaiadas para que a possibilidade de ocorrência de problemas na hora do vamos ver seja mínimia. Tudo é feito primeiro, no computador, e então, estando tudo bem… luzes, câmera, ação! Na verdade mesmo, esse jargão é mais usado em cinema. Na TV o diretor diz: “gravando”!

A iluminação é um dos mais importantes itens da produção de um programa de televisão, e para atendê-lo é preciso que o profissional iluminador tenha um bom conhecimento técnico, muita vivência e grande consciência sobre o trabalho a ser realizado.

As técnicas variam conforme os tipos de programas, com os cenários e cores a serem utilizadas, com os materiais, enfim, cada caso precisa de um tratamento específico por parte do iluminador e seus auxiliares.

Deve-se considerar também que, se esses quesitos profissionais precisam ser muito bem observados na iluminação de um programa para TV analógica, quando se trata de TV digital a coisa fica bem mais importante, pois a definição apresentada por esse sistema é capaz de denunciar tanto as falhas de cenário como as de iluminação, a ponto de facilmente colocar um bom trabalho a perder.

Para que essa tarefa seja executada satisfatoriamente, é importante que sejam considerados quatro passos fundamentais:

Primeiro passo: uma reunião bem convocada
É de suma importância uma reunião onde estejam presentes representantes das diversas áreas envolvidas com o vídeo, tais como o diretor de imagem, o produtor, o assistente de produção, o cenógrafo e, claro, o iluminador a fim de apontar e dirimir qualquer dúvida que se apresente a respeito do trabalho a ser executado.

Nessa reunião, o diretor deverá explanar sobre o que tem em mente com relação ao programa e dissertar sobre o que espera do trabalho do cenógrafo e do iluminador, mas via de regra, deixará que cada profissional realize livremente seu trabalho, desde que sigam as diretrizes por ele determinadas.

O cenógrafo, por sua vez, deverá apresentar um estudo ou uma maquete (programa novo) do cenário e fará uma exposição da sua idéia sugerindo uma iluminação que possa valorizar ainda mais a sua criação.

Ao término da reunião, o iluminador terá subsídios técnicos e plenas condições de especificar e requisitar o material apropriado com o qual deverá executar o seu trabalho, tais como refletores, rebatedores, filtros, gelatinas, bandeiras, tripés, extensões, etc, de forma que tudo esteja preparado para o momento da montagem.

 

Segundo passo: Iluminação do cenário
A visão de um iluminador pode ser comparada a de um pintor: o pintor, com sua técnica, seus pincéis e tintas, imprime com todo carinho sua obra sobre as telas. O iluminador, com seus refletores e suas fontes de luz e cores, imprime sua obra no vídeo, da mesma forma, com muito esmero.

O trabalho se inicia pela iluminação do fundo (segundo plano) com uma luz dura, por exemplo, com refletores Fresnel, lâmpadas pares, luz elipsoidal, de forma que possam ser feitas marcações no cenário tais como fachos, relevos, ondulações, saturações, e outros, permitindo que sejam bem revelados no vídeo todos os detalhes importantes do cenário.

Terceiro passo:
Iluminação de pessoas (apresentadores/convidados)
A iluminação de apresentadores é feita, via de regra, com uma luz suave (soft) e com algumas marcações em locais próximo ao cenário, onde se possa explorar uma boa fotografia. Para essa iluminação frontal (primeiro plano), utiliza-se, por exemplo, os refletores dos tipos Kinno Flood ou Scoop (também chamado pelos profissionais do meio de “panelão”), ou então, um rebatedor de modo que o apresentador fique situado num ambiente bastante natural. O contra luz é montado utilizando uma fonte dura, porém com acréscimo de filtros para que não marque excessivamente, mas fazendo com que o apresentador possa ser ressaltado sobre a pintura que foi feita no vídeo.

Quarto passo:
Finalização (pré-light)
Para concluir o seu o trabalho, o iluminador solicita a abertura de uma câmera para que sejam marcados os enquadramentos, analisadas as perspectivas e escolhidos os melhores ângulos de forma a explorar a melhor composição entre o cenário e o apresentador, bem como dosadas com mais precisão as intensidades de luz sobre as partes do cenário.

Nessa finalização, é muito importante a participação do vídeo-man, profissional que dá o toque final à parte artística do vídeo. A ele cabem os ajustes operacionais das câmeras e a definição de onde falta ou excede a luz. É com essa avaliação que o iluminador pode afinar sua obra de arte.

É claro que a tarefa desse profissional não se resume a apenas isto. Existe a sua disposição uma enorme variedade de refletores, gelatinas e lâmpadas, além de mesas misturadoras de luz, patches de energização, dimmers e outros recursos, todos de várias marcas e modelos. Cabe a cada iluminador fazer a sua escolha pessoal e correta para que, ao final de tudo, ele faça parte do sucesso do programa.

Sérgio Almeida Lopes é iluminador da TV Cultura de São Paulo – email: [email protected]