Casa cheia em Las Vegas

Entre os dias 8 e 10 de abril o evento promovido pela SET tirou da cama mais cedo os profissionais brasileiros que estiveram em Las Vegas para conferir a edição 2013 da NAB Show. Diferentemente dos anos anteriores, o SET e 30 deste ano começou as 7 horas da manhã e confirmando a previsão dos otimistas, tivemos casa cheia!

Nº 132 – Abril 2013

Por Alberto Paduan e Alexandre Minghini Foto: Revista da SET

REPORTAGEM

Tão cheia que, para nós da equipe da Revista da SET, ficava difícil de acompanhar as palestras pertinentes dentro da sala e as conversas ricas em conceitos que aconteciam do lado de fora, no corredor onde era servido o tradicional café da manhã promovido pela SET.
Muito além da apresentação de tecnologias inovadoras, o SET e 30 este ano mostrou a importância de se expor pensamentos, ideais, conceitos e muito mais aos melhores profissionais do setor, na tentativa de se colher tendências de um mercado que está atravessando uma metamorfose – como o próprio tema da feira propôs. Tal qual destacou em sua palestra, Silvino Almeida, da Tektronix, “o importante é saber que sentimento eu estou gerando no meu espectador”.
No primeiro dia do evento já era possível perceber o quão consolidado está o evento, pois mesmo começando mais cedo, em uma cidade cuja noite é tão mais viva que o dia, a sala com mais de 350 lugares ficou pequena para comportar todos os interessados em participar das palestras que seriam apresentadas.

Já respeitando o novo horário, Olimpio José Franco, atual presidente da SET, agradeceu a presença de todos os participantes e patrocinadores e em seguida passou a palavra ao moderado do dia, Fred Rehme (SET/RPCTV). Fred foi auxiliado nessa moderação por Esdras Miranda (Sistema Jangadeiro).
A primeira palestra ficou a cargo da Vanessa Lima (Hitachi/Linear) que desenvolveu o tema: SFN – Single Frequency Network, conceitos & dicas de aplicações.
Após um overview sobre o que é e como está inserido o uso de SFN no Brasil atualmente, Vanessa Lima fez questão de frisar que o principal é o canal dispersivo no tempo. “No cenário ideal o receptor receberia diretamente do transmissor o sinal, mas o que acontece na verdade é a recepção de vários sinais refletidos. Assim, fica conceituado o SFN como sendo um multipercurso inserido intencionalmente de forma controlada”. Vanessa ainda comentou que os dois principais artifícios para proteção contra a auto-interferência são o intervalo de guarda e o ajuste do atraso de transmissão. A Vice-diretora de eventos detalhou as diferenças existentes entre essa tecnologia e os Gap Fillers. Mostrou alguns cuidados que devem ser tomados quando se está dimensionando uma rede SFN e algumas medições, casos práticos e detalhou um parecer geral sobre o uso do SFN no Brasil e no mundo. Apresentou exemplos de instalações ilustrando com as situações práticas encontradas nos casos como o de Santa Rita do Sapucaí, pura híbrida, o caso da distribuição via satélite entre São Paulo e Jundiaí, com subida em São José do Rio Preto, e o terceiro caso que é o sistema de Mairiporã, São Paulo e Franco da Rocha. Destacou que atualmente os três sistemas estão no ar.

Na sequência, foi a vez de Thomas Wrede (SES), falar sobre a “O Padrão SAT>IP: TV Via Satélite para todos os aplicativos IP”.
Mesmo ainda se tratando de um padrão que se difere do modelo brasileiro, Thomas explicou que SAT>IP é um novo protocolo de comunicação baseado em padrões abertos. O assunto foi acompanhado de perto por broadcasters que estão ansiosos por modelos que agregam e diminuem as limitações da transmissão convencional.
Os sistemas SAT>IP, basicamente, convertem os sinais de TV e rádio recebidos do satélite, de onde são transmitidos nos padrões DVB-S e DVB-S2 em sinais que possam ser usados em dispositivos baseados em internet, no mundo IP, o que possibilita que todos os equipamentos habilitados para IP, como os tablets, PC’s, laptops, telefones inteligentes, consoles de jogos, TV’s, players de mídia e outros mais, dentro de casa, recebam programas via satélite com alta qualidade de imagem.
O SAT>IP permite também que se receba os sinais de TV via satélite em dispositivos que não possuam receptores integrados. Dessa forma, os sinais de satélite podem ser transportados através de cada estrutura IP, com ou sem cabo. A distribuição de sinais de satélite para diversos aparelhos de televisão também fica muito mais facilitada. Tecnicamente, o SAT>IP é uma nova arquitetura, baseada em IP, utilizada na recepção e distribuição de sinais de satélite.
Em sua apresentação, Wrede descreveu o projeto de SAT>IP, seu embasamento técnico e os benefícios comerciais que o sistema traz para as operadoras. Foi feita ainda uma explicação de como os programas de TV via satélite podem ser entregues e assistidos em tablets e outros dispositivos domésticos.
Em uma época onde cresce o gosto entre os jovens por uma programação não-linear e em devices móveis, a apresentação do SAT>IP gerou um grande fluxo de comentários e observações entre os presentes. Afinal, trata-se de uma possibilidade para agregar valor e gerar acesso à uma programação que vai além da grade da TV Aberta linear.
Em um evento tão rico e disposto a disseminar a informação e auxiliar na construção do conhecimento, qualquer intervalo é muito bem aproveitado. Foi o que aconteceu quando o presidente Olímpio anunciou a presença de Marcelo Bechara, conselheiro da Anatel, e de Genildo Lins de Albuquerque Neto, secretário de Comunicação de Massa, do Ministério das Comunicações. Bechara falou por alguns minutos sobre a presença da Anatel no evento, a importância desse fato. Falou sobre a situação da faixa de 700 MHz e afirmou que “a Radiodifusão não será prejudicada em nem 1 milímetro com a sua destinação”. Agradeceu a oportunidade e passou a palavra para o secretário Genildo Albuquerque que mencionou a importância de se manter a data limite para o switch-off e reafirmou o propósito da antecipação desse evento para 2015. Também fez questão de reforçar que não haverá prejuízo para as emissoras de TV com as decisões sobre a banda de 700 MHz.

Olímpio agradeceu o pronunciamento de ambos e disse “esperar que tudo isso realmente se concretize para o bem da radiodifusão”.
Na terceira palestra do dia, Neil Noriaki Ugo (Panasonic Corp) falou sobre o tema “Tecnologia de Compressão AVC-Ultra E Sua Aplicação”. Com a tecnologia em 4K tão presente na NAB 2013, a palestra de Noriaki foi acompanhada com atenção nos detalhes. Uma tecnologia cuja meta é estabelecer um novo sistema para o atual mundo HD/4K, o AVC-Ultra utiliza camadas de transmissão e compressão IP. A ideia é que os controles de comando e de metadados sejam usados para transmitir a camada SDI e a conexão IP camada física. Gravações e transmissões com baixa taxa de bits podem ser feitas por LongG 6M/12M (que faz parte do AVC-Ultra). Um simples cabo CAT6 pode transmitir diversos sinais de HD de LongG-25M e as edições, streaming e transmissões Proxy podem ser efetuadas por Wi-Fi.
Na sequência, o tema “Distribuição de Conteúdo para Multiplataformas em Combinação com Gráficos 3D” foi apresentado por Peder Drege (Brasvideo/Vizrt) e o palestrante disse que um dos grandes desafios para os radiodifusores é gerar conteúdos específicos para multiplataformas de uma maneira eficiente. Drege mostrou alguns casos e experiências de clientes situados na América Latina, Europa e Estados Unidos, mostrando as tendências e novidades para a distribuição de conteúdo de vídeo. Explicou ainda os fluxos de trabalho inteligentes e as novas tecnologias para transcodificação e adaptação de vídeo para multiplataformas.
Ao final da apresentação de Peder Drege, foi a vez de Raul Germano, substituindo Paul Sandoval (Advantech Wireless), falar sobre as “Tecnologias Advantech de Satélite que permitem novos limites de eficiência e automação de Espectro”. Germano destacou novas tecnologias especialmente desenvolvidas para radiodifusores, que cobrem diversos segmentos DSNG, Uplink para teleportos e DTH, uso de tecnologia adaptativa TDMA/SCPC VSAT na indústria de radiodifusão.
O representante da Advantech ainda detalhou, durante a sua apresentação, a amplificação de alta potência (HPA), baseada em componentes GAN. “O GAN baseado em SSPA é o componente ideal para aplicações de alta definição DSNG e para se fazer um upgrade substituindo tecnologias herdadas como o TWTA”. Além disso, Germano ainda comentou que os amplificadores GAN, além de menores, são mais lineares, consomem menos energia e oferecem maior linearidade de fase e de amplitude, permitindo modulações mais eficientes de alta ordem. Ao final, destacou sobre a implementação de uma estação de alta potência DTH, sobre os modems de convergência de alta velocidade e das interfaces ASI e IP.
O encerramento do ciclo de palestras do primeiro dia de SET e 30 foi feito por Silvino Almeida, da Tektronix, que falou sobre a “Qualidade de Experiência: Um novo paradigma. Como garantir a entrega e a qualidade correta do conteúdo em um ambiente para multiplataformas, multiformatos e com consumidores segmentados?”.

Com a ideia de explorar o sentimento que impacta o telespectador, o palestrante da Tektronix abordou mais do que simplesmente a confiabilidade que a solução da empresa oferece, mas a grande mensagem de sua explanação estava no resultado final do processo, como o conteúdo de vídeo chega até o telespectador seja pela internet, TV celular, etc. A grande missão no caso seria diminuir ou minimizar todos os defeitos que possam prejudicar a transmissão.
Silvino disse que, em um ambiente de espectadores cada vez mais segmentados em múltiplas plataformas e com acesso à diferentes dispositivos de recepção de vídeo, a importância da continuidade do serviço e da qualidade percebida têm crescido de maneira impactante, uma vez que o espectador escolhe o canal ou o serviço com base no conteúdo e na qualidade observada pela sua crescente experiência no mundo digital. Como garantir a qualidade do conteúdo e a fidelidade do telespectador sem ter acesso ao dispositivo do usuário final? Como poder garantir a qualidade final desde a captação até a exibição no dispositivo final fluindo por diferentes plataformas, padrões e parceiros?
A técnica da qualidade de experiência é um novo paradigma para garantia da condição, SLA do conteúdo e da fidelização dos clientes e permite acompanhar e controlar a qualidade do conteúdo desde a captação, pós-produção, etapas de compressão, headends até transmissão do conteúdo ao usuário final. Garantindo a qualidade desejada na plataforma escolhida.
Ao final, Silvino apresentou um vídeo ilustrando a importância da avaliação do QoS (Quality of Service) e do QoE (Quality of Experience).
No segundo dia do evento, novamente com a casa cheia. Na terça-feira, dia 9 de abril, o ciclo de palestras do SET e 30 foi aberto por Alexandre Sano (SET/SBT), juntamente com Carlos Fini (SET/RBSTV). Francisco Carlos Perrotta (Star One), falou sobre os “Novos Serviços de Satélite no Brasil”. Após um breve histórico sobre a Star One, Perrota falou sobre a significativa expansão da oferta de banda destinada aos satélites com a entrada em operação do C3, o mais novo satélite da Star One. Isso possibilitou o desenvolvimento de novas soluções em banda C e Ku para o segmento de TV, incluindo, por exemplo, os serviços de SNG em banda C e Ku, o uso de transponders de 72 MHz em banda Ku com cobertura Brasil e Andina, mais potência nos transponders de banda C e o desenvolvimento de novas comunidades de distribuição de vídeo na posição 75 W.
Na segunda palestra do dia, Peter Pors (Junger Audio/ Line Up), desenvolveu o tema “Loudness Control – Questões e Implicações”. Pors respondeu aos seguintes questionamentos: o que está em jogo quando se fala de loudness, quais os benefícios, os métodos de trabalho em torno desta questão do ponto de vista técnico e principalmente o que deve ser evitado? Como saber que não será multado no caso de uma fiscalização? Como gerir a relação entre os conteúdos centralmente produzidos e de distribuição para a rede de afiliadas? Como o loudness ajuda a melhorar o fluxo de trabalho de produção? Porque as diretrizes de loudness não são apenas de importância no Brasil, mas também pode afetar em âmbito internacional? Como é o padrão brasileiro comparado com o da América do Norte (A85) e Europa (R128), como as normas afetaram o modo das emissoras trabalharem e como eles se adaptaram.

Na sequência, o tema “Mudanças Tecnológicas na Indústria de Broadcast” foi detalhado por Mark Darlow, da Harris Broadcast que iniciou perguntando “por onde começar?” E prosseguiu: “Eu sugiro que iniciemos com os consumidores, eles comandam tudo que fazemos. Em uma época, as pessoas migraram do rádio para a televisão preto e branco. Em seguida, migrou-se para os televisores coloridos. Então, eles compraram VHS players para gravar, criando uma oportunidade NVOD, PVR que agora é TV catchup. Agora o conteúdo é visível em muitos dispositivos(…) O modelo de negócio da nossa indústria mudou extraordinariamente. Inicialmente limitado pelos custos de distribuição, este é cada vez menos o caso. De fato, a disponibilidade de múltiplas possibilidades de distribuição é sem dúvida a questão central que nos conduz a rever concepções sobre tecnologia, modelos de negócios e procedimentos na indústria de transmissão, e é refletida na transição da indústria de broadcasting para a de mídia”.
Em nome da Harris, Darlow comentou que outras indústrias passaram por isso antes, como a fabril – desde o concepção de Taylor, passando pelo criador do Fordismo, até o que propunha a Toyota. Sabe-se que sistemas que dão suporte a essas transições são Just In Time e ERP. Portanto, considere uma abordagem ERP para mídia?
“Com a evolução das tecnologias – a lei de Moore, nuvem, discurso em texto, a capacidade de fazer muito mais com menos – estamos na iminência de translado do broadcast da ficção científica para a realidade empresarial. É tudo uma questão de escala, aumentar os conjuntos funcionais, bem como aumentar as formas de gerar rendimentos e de distribuir conteúdo. Mesmo para um único canal, o padrão da transmissão de ar pode ser complementado com a venda de conteúdo para outro provedor ou a colocação no seu próprio site. O conteúdo suplementar poderia ser utilizado (acho que os recursos extras de um DVD). Tudo isso exige tratamento adicional de conteúdo, mais fluxos de trabalho, mais processamento e é neste ponto que a tecnologia merece uma revisão. Como os processos baseados em dispositivos (transcodificação, QC automatizado) cada vez mais se tornam baseados em software, então eles podem começar a se tornar um serviço, similar ao usado na arquitetura de TI. E, a computação em nuvem é projetada para serviço”, disse.
Mark Darlow finalizou sua explanação reforçando que provavelmente, o Santo Graal está editado na nuvem. “Isso representa conteúdo na nuvem, acessível a partir de qualquer lugar, pela aplicação necessária e distribuído para qualquer lugar no formato exigido. Os testes estão em andamento, mas prevejo demora de vários anos, nossa indústria é muito conservadora e apesar dos bancos manterem a maior parcela das financeiras do mundo em uma nuvem privada, os proprietários de conteúdo são muito relutantes em fazer o mesmo”.
Talvez um dos momentos mais esperados da manhã do segundo dia do SET e 30, foi o Fórum de Tecnologia: 4K/8K, que contou com a moderação de Nelson Faria Jr (SET/TV Globo) e atraiu a atenção dos presentes por se tratar de um dos grandes temas debatidos, apresentados e encontrados na feira como um todo.
Hans Hoffmann (EBU) foi o primeiro convocado e falou sobre o tema “As opções UHDTV na Eco-Chain da mídia”. Hans proferiu uma excelente palestra investigativa sobre as várias opções de parâmetros UHDTV e analisou uma possível UDHTV Eco-chain, para diferentes conjuntos de parâmetros UHTDV, que poderia ser semelhante e indicou os padrões e tecnologia necessários. Nessa apresentação, mostrou e comentou o trabalho realizado pelo grupo de estudos da SMPTE sobre Eco-chain UDHTV e explicou os testes subjetivos da EBU em UHDTV.
A segunda apresentação dentro do Fárum de Tecnologia ficou a cargo de Hugo Gaggione (Sony) que falou sobre 4K e 8K. Sóbrio com relação a utilização de grandes formatos, Gaggione disse que o parâmetro “resolução” é apenas um dos que têm que ser considerado, existindo vários outros a serem observados. O profissional da Sony continuou, dissecando “o que é o 4K”, mostrando detalhes dos equipamentos envolvidos no sistema, explicou como as câmeras são pensadas e desenvolvidas com seus sensores CMOS especialmente desenvolvidos para o 4K e mostrou suas características, bem como as dos switchers de produção e os monitores de vídeo.
Depois foi a vez dos dois palestrantes da NHK dividirem seu tempo de 20 minutos para duas apresentações. Na primeira parte, o palestrante Takayuki Yamashita, da NHK, falou sobre “Experiências de Produção de Conteúdo SHV”. Antes de tudo, explicou rapidamente o Super Hi-Vision, sistema que define e dá origem ao UHDTV. Yamashita disse que a NHK começou a pesquisa e desenvolvimento em UHDTV, chamada Super Hi-Vision (SHV), em 1995. “Foram experimentadas várias produções de conteúdo SHV para grandes eventos, como em grandes exposições mundiais, eventos esportivos e assim por diante. No início do projeto, tinham apenas o sistema de captação e exibição. À medida que se obtinham mais oportunidades de produção, a variedade de dispositivos SHV também aumentou”, comentou. O foco da apresentação foi fornecer uma introdução aos dispositivos e as experiências de produção SHV, incluindo o caso dos Jogos Olímpicos. Também foram mostrados os recursos, as especificações e as características dos equipamentos. Yamashita ainda revelou detalhes de um protótipo com frame frequency de 120 Hz e um outro com o mesmo tamanho, mas pensado para servir como câmera HDTV.
Em seguida, Kenichi Murayama, da NHK, apresentou o tema “Transmissão SHV Over-The-Air”. A NHK, como já foi anunciado em outras oportunidades, está pesquisando e desenvolvendo Super Hi-Vision para um sistema de transmissão de próxima geração já há bastante tempo. Seus pesquisadores estudam, em particular, as tecnologias que permitem ampla capacidade de transmissão para prover serviços residenciais, com conteúdo de grande volume, na próxima geração de radiodifusão digital terrestre. Como parte desse estudo, estão desenvolvendo tecnologia-chave para a próxima geração de ISDB-T, e realizando testes de campo, bem sucedidos, transmitindo dados de broadcast a 91 Mbps em um único canal de 6 MHz. Este sistema utiliza ultra- -multinível OFDM e tecnologia MIMO dual-polarizada. Também conduzem experimento de campo para transmitir, em compressão codec, sinal Super Hi-Vision aplicando o esquema de transmissão bulk, usando dois canais de televisão na banda UHF. Esta apresentação proporcionou uma visão geral das transmissões de demonstração over-the-air Super Hi-Vision.

No último dia do café da manhã promovido pela SET, durante a NAB 2013, mais uma vez foi possível observar o grande interesse dos profissionais pelos temas propostos, afinal faltaram cadeiras. Os trabalhos da manhã de quarta-feira, dia 10, estiveram sob a coordenação de Marcio Pereira (SET/Canal Futura) e Vanessa Lima (SET/Hitachi Linear).
A primeira palestra coube a Tim Carrol, da Linear Acoustic, e o tema escolhido foi “Preventing regulations from killing broadcast audio quality”, ou “Normas para prevenir a deteriorização da qualidade do áudio transmitido”. Após um breve histórico de sua empresa, Carrol fez questão de reforçar que a Linear Acoustic é uma empresa ativa dos grupos padronizadores EBU, ATSC, SMPTE e AES e disse, durante sua explanação, que é possível regular um sinal de áudio a ponto de ele ficar inaudível! “Medidores e loudness são bem intencionados, mas quando invocado como o único árbitro do cumprimento das normas muitas vezes levam a conteúdos que, embora consistentes, podem ser exagerados. O truque é preservar a variância boa e gerenciar a variância não muito boa”, comentou. Para Tim Carrol, o processamento tradicional e as técnicas de metadados podem ser pesadas e complexas e muitas vezes não conseguem resolver o problema sem um comprometimento sério.
Essa apresentação introduziu uma abordagem completamente nova para medição e controle sem sacrificar a qualidade. Isso mostra que é realmente possível resolver problemas antigos da transmissão ao vivo, de programas produzidos e de conteúdo herdado sem provocar outros problemas do tipo da automação não confiável ou de metadados insustentáveis. Além disso, os resultados são igualmente aplicáveis à todas as plataformas de entrega, sem a necessidade de mudar as práticas de produção e sem a necessidade de armazenamento e transmissão de múltiplas versões. “O conteúdo é preservado, a conformidade pode ser facilmente demonstrada e os radiodifusores não serão queimados. O mais importante, os telespectadores podem finalmente ficar satisfeitos com o resultado em todas as plataformas”, finalizou.
A palestra seguinte foi conduzida por Mohit Goyal (Evertz) e tratou do tema “Construindo a próxima geração de redes de transporte”. Como o Brasil se prepara para sediar a Copa das Confederações 2013, a Copa do Mundo 2014 e as Olimpíadas de 2016, as emissoras e provedores de conteúdo terão de procurar novas tecnologias que transportarão o vídeo e o áudio dos vários estádios para o centro de transmissão e depois para os telespectadores. Durante o ano passado, houve significativa demanda para grandes eventos esportivos serem transmitidos em vários formatos: HD, 1080p, 3D e agora, 4K UltraHD. Para isto, uma rede de transporte avançada deve ser instalada entre as facilidades e centro de transmissão. Essa rede avançada deve ser confiável e escalável, para atender as demandas de sinal HD (1,5 Gb/s não comprimido) para 4K UltraHD (12 Gb/s não comprimido), enquanto proporciona utilização eficiente e de baixo custo das ligações físicas entre as localidades. Visando atender aos requisitos de transportar a largura de banda de HD (1,5 Gb/s) até 4K UltraHD (12 Gb/s), o radiodifusor pode utilizar diversas abordagens.
Segundo Goyal, uma opção seria os radiodifusores instalarem uma nova rede de fibra óptica, conectando os novos estádios e arenas esportivas, às principais emissoras de broadcast. Esta abordagem pode ser muito cara e demorada, considerando o tamanho físico do Brasil. A segunda abordagem é a locação de serviços de rede dos provedores de telecomunicações existentes, para mover vídeo/áudio dos locais remotos para a principal instalação de transmissão. Em eventos importantes, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, os radiodifusores tem muita preocupação em realizar o transporte de programação de vídeo/áudio, de elevada receita financeira, através de uma rede IP, a qual não é projetada para as características especificas de vídeo. “A abordagem ideal é utilizar uma rede de transporte com ‘compressão sem perdas’, que seria projetada para o transporte do vídeo e do áudio, enquanto utiliza a infraestrutura de fibra/IP existente”.

Esta avançada solução de transporte deve considerar a singularidade de transporte de vídeo e áudio através da incorporação de ‘sem perdas’, baixa latência e alta qualidade de compressão mezzanine, fornecendo alta disponibilidade e confiabilidade, bem como escalabilidade para manipular com todos os formatos de vídeo e áudio. O controle e gerenciamento da solução devem ser transparentes para engenheiros de vídeo e áudio responsáveis pela rede”, finalizou o representante da Evertz.
O terceiro palestrante foi Erick Soares (Sony), que mostrou “Uma visão das novas tecnologias de compressão para aplicações HD em High Frame Rate, 2k, 4k e além”. Soares iniciou sua palestra falando sobre as tecnologias mais atuais do mercado. Apresentou uma visão de novas tecnologias e soluções de captação, compressão, estúdios, monitoração e arquivo digital que permitem a produção de alta qualidade. Uma visão da evolução que permitiu o desenvolvimento e aplicação de tecnologias para captação HD, em High Frame Rate e até mesmo para produção além da definição convencional (2K, 4K), com custos mais acessíveis. Uma abordagem também da área de estúdios com novas tecnologias que permitem o uso com melhor eficiência e custos para a produção, tanto em termos de câmeras quanto de switchers e monitoração. E para preservação do conteúdo, opções para o dilema do arquivo digital com as tecnologias de mídia óptica. Soares pontuou sua apresentação do 4K em alguns itens como a produção, a evolução e o histórico dessa tecnologia, as tendências do 4K e suas alternativas para compressão. Um dos exemplos de casos reais mostrado foi o da Copa das Confederações que ocorrerá no Brasil no meio desse ano onde o palestrante comentou um pouco sobre os sistemas de produção que deverão ser utilizados.
Terminada a última apresentação do dia, teve início mais um Fórum de Tecnologia, dessa vez mediado por Liliana Nakonechyj (SET/TV Globo), que convidou Dave Stump (ASC) para falar sobre o tema “Estabelecendo padrões para alta taxa de quadros/cinema digital”.
Dave começou falando um pouco desde a época em que Thomas Edison inventou o Kinetógrafo, de onde ele aproveitou para mostrar o início da taxa de relação de quadros. Depois disso, explicou o porquê de se utilizar 24 quadros no cinema e nessa linha ele continuou com sua palestra até atingir seu objetivo de explicar a utilização de altas taxas de quadros nos dias atuais. O segundo tema, “Estudo sobre a interferência entre ISDB-T e IMT na Banda de 700 MHz” foi apresentado por Tatsuhiro Hisatsune, do Ministério de Assuntos Internos e Comunicações, do Japão, seguido de seu colega Wenjun Zhang (Nerc-DTV) que apresentou um painel sobre “A visão do futuro da televisão”.
Zhang disse que, junto com a nova tendência mundial de convergência de redes, as tecnologias de transmissão continuam a evoluir. As principais organizações de televisão do mundo de transmissão, incluindo a SET, criaram o Future of Broadcast Television Initiative (FOBTV) para lidar com os futuros desafios do setor. Nesta apresentação, primeiro foram citados os objetivos FOBTV, e em seguida a sua estrutura organizacional. O palestrante também relatou o mais recente desenvolvimento da FOBTV, incluindo análises de casos, de uso layered model e layer groups etc. Por último, Wenjun Zhang fez suas considerações finais quanto ao futuro da televisão e deixou uma sensação de otimismo e curiosidade na grande maioria dos presentes. Durante o Fórum de Tecnologia organizado no último dia de SET e 30, Liliana Nakonechyj (SET/TV Globo), convidou Dave Stump (ASC) para falar sobre a utilização de altas taxas de quadros nos dias atuais. Na sequência, iniciou-se uma conversa de extrema importância para o nosso futuro da TV Digital, foram apresentados estudos sobre a interferência entre ISDB-T e IMT na Banda de 700 MHz.

Alberto Paduan
TV Cultura
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Alexandre Minghini
Redação Revista da SET
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