Campus Party 2015: A televisão já mudou

A oitava edição da Campus Party contou com uma curadoria sobre TV Digital e cinema que tratou diversos temas de interesse para os campuseiros. Destaque para segunda tela, transmissão e emissão em 4K e transmídia. A Revista da SET esteve no evento e mostra os principais acontecimentos da maior feira de internet do mundo realizada em São Paulo

Campus Party 2015

Uma das novidades foi a internet de 50GB disponibilizada pela Vivo no pavilhão onde se realizou a Campus Party 2015

Acada ano, a Campus Party parece ter mais adeptos e maior geração de soluções, negócios e associações entre jovens inovadores. De fato, o evento movimenta o cenário da tecnologia, cultura digital e empreendedorismo desde 1997, quando surgiu na Espanha e encontrou um público tão entusiasmado que cresceu e se internacionalizou. As edições em outros países tiveram início em 2008. Desde então, Brasil, Inglaterra, Alemanha, Colômbia, México, Equador e El Salvador já tiveram suas edições. Em janeiro do ano passado, a Campus Party Brasil, em São Paulo, chegou a seu sétimo ano, com um público total de mais de 100 mil pessoas.

Campus Party 2015
© Foto: Divulgação

Entre as palestras de destaque da 8º edição do Campus Party esteve a do CEO da 3D Robotics e autor dos Best sellers – A Cauda Longa e Free – Chris Anderson

Na capital pernambucana, a terceira edição da Campus Party Recife, em julho, também atraiu imenso público.
Na edição 2015 do evento, oito mil campuseiros, vindos de 21 países e dos 27 Estados brasileiros, aproveitaram a conexão de internet ultrarrápida de até 50 Gbps, além de 3G e 4G montada no centro do pavilhão para desenvolver projetos e abordar todas as facetas do empreendedorismo.
Foram mais de 600 startups que se inscreveram para o programa Startup& Makers Camp cujo objetivo foi impulsionar e capacitar jovens talentos e empreendedores. Duzentas delas, de 135 áreas diferentes, foram selecionadas e receberam mentoria, coaching e tiveram a oportunidade de conversar com mais de 80 investidores que estiveram no evento.
No discurso de abertura, o Presidente da Campus Party, Paco Ragageles, lembrou os campuseiros de seu lema “Be a Campuseiro, Be a Genius” e afirmou que eles são o futuro da tecnologia do país. Feliz com os oito anos de Campus Party Brasil, destacou ainda uma das novidades deste ano, a rede social campuse.ro, onde campuseiros e pessoas de todo o mundo puderam se encontrar para fazer networking.
“Queremos todos os campuseiros do mundo juntos, trabalhando para criar um mundo melhor”, completou o idealizador da rede social que conta com mais 400 mil campuseiros conectados em todo o mundo.
Em um mundo com cada vez mais desenvolvimentos e aplicações para Internet, Chris Anderson, CEO da 3D Robotics e criador da DIY Drones, uma comunidade de robôs aéreos, afirmou que o smartphone democratizou o hardware porque mudou a forma como as pessoas lidavam com a tecnologia. “Ate 2007 tudo era hardware, com a chegada dos smartphones estes mudaram o mundo acelerando o passo da indústria dos computadores como nunca antes tinha acontecido porque o hardware ficou mais acessível as pessoas e com isso o mundo da tecnologia se tornou mais simples”.

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© Foto: Fernando Moura A inovação foi um dos principais tópicos do evento no qual a média de idade dos participantes alcançou o 71% para os campuseiros de 18 e 29 anos

Anderson deu uma das palestras magistrais no Campus Party afirmando que “na internet tudo é possível. Por meio da web, todos somos conectados ao Vale do Silício e temos acesso global ao conhecimento e a informação. Não há nada no seu caminho; vá para internet e faça”, porque, segundo ele, é necessário levantar “suas vozes no Brasil, por meio da internet.
Todos nós podemos competir com a China e seus lançamentos. Inovem!” O evento contou com cerca de 600 atividades, mais de 700 palestrantes, totalizando mais de 700 horas de conteúdos. Nesta edição da Revista da SET mostramos o mais importante sobre a TV e novas tecnologias ligadas a ela apresentadas na maior feira de tecnologia do país.
Fogo Player e transmissões em 4K No marco da trilha “TV Digital e cinema” coordenada por Salustiano Fagundes (SET/HXD), a Campus Party contou com a palestra “Fogo Player: Uma plataforma inovadora para projeção de vídeos”.
A palestra esteve a cargo do professor Guido Lemos de Souza Filho, diretor do Centro de Informática da UFPB e fundador do Laboratório de Aplicações de Vídeo Digital da Universidade Federal da Paraíba (Lavid/ UFPB), que desenvolveu o Ginga, padrão de middleware para TV Digital adotado no Brasil e países da América Latina e África.

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© Foto: Fernando Moura No marco da trilha de TV Digital e Cinema coordenada por Salustiano Fagundes a Campus Party contou com a palestra “Fogo Player: Uma plataforma inovadora para projeção de vídeos”

Nos últimos anos, o Laboratório desenvolveu o Fogo Player, um sistema usado para captura, armazenamento, transmissão e exibição de vídeos 4K e 8K. Lemos, diretor do LAVID, explicou que a plataforma está baseada em software de prateleira porque no Brasil é muito caro aceder a tecnologia de ponta.
O Fogo Player é um sistema que possibilita a projeção de filmes em Ultra Alta Definição (UHD/4K) 3D em salas de cinema digital, transmissão ao vivo de eventos e procedimentos cirúrgicos em tempo real para uso em telemedicina.
A plataforma trabalha com um sistema de emissão, o“Player Fogo”, que transmite o vídeo (Streamer), reproduz (Player), armazena (Storage) e transcodifica os vídeos em outros formatos. Como trabalha com “software de prateleira”, ou, em inglês, COTS (Comercial off-the-self), usa computadores pessoais normais, vendidos em qualquer loja de informática.
Uma vez explicado como funciona o desenvolvimento da universidade, Guido Lemos afirmou que ao contrário da digitalização das emissoras de TV onde houve mais de uma década de estudo para definir o padrão que ia ser utilizado, a digitalização do cinema foi abrupta. “De repente as salas de cinema analógicas começaram a desaparecer e no Brasil não houve discussão sobre como se faria a transição do analógico para o digital, e nesse sentido, como se realizaria essa transição e se haveria alguma forma de desenvolver aqui um sistema que permitisse ter tecnologia nacional para o cinema digital”.

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© Foto: Fernando Moura O professor Guido Lemos de Souza Filho do Lavid criticou o processo de digitalização das salas de cinema e espero que no futuro seja possível construir uma rede pública de salas de cinema no país

Nesse âmbito, afirmou Lemos, “desenvolvemos o Fogo Player, assumindo que é muito complicado para o país abrir mão do que acontecerá nas suas salas de cinema. No futuro, as salas de cinema terão a ver com as telas. Pensamos como explorar essas telas, já que com a digitalização aparecem novas formas de consumo e aparece a possibilidade de levar o cinema onde nunca chegou ou onde esteve, mas desapareceu”.
Um dos pontos principais do projeto, disse o pesquisador, foi a realização da primeira transmissão ao vivo no mundo de uma cirurgia com tecnologia de vídeo e áudio 4K que foi possível pela utilização do pacote de software “Fogo Player”, realizada no dia 10 de dezembro de 2013 em conjunto com a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) (Ver edição N 139 da Revista da SET).
Nesse momento se realizou “a primeira transmissão de quatro cirurgias em 4K, em tempo real e de forma simultânea, diretamente do Brasil para os Estados Unidos. Foram transmitidas cirurgias de próstata, fígado, buco-maxilo e coração para 150 pessoas em San Diego, nos Estados Unidos, e para 60 pessoas no Brasil”, disse.

Como o resultado dessa experiência foi positivo e teve repercussão mundial, se avançou para um projeto que, em princípio, afirmou Lemos, se concretizará a finais de 2015 quando “33 salas de cirurgia de 33 universidades federais terão um ligação por fibra de 10 GB para transmitir mediante a RNP as operações que sejam realizadas e estas serão armazenadas pelo Lavid” para que os médicos e estudantes de medicina brasileiros “possam aproveitar a tecnologia para ver estas intervenções cirúrgicas”.

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© Foto: Fernando Moura Thiago Andrade de ESPN explicou aos presentes que o Sync nasceu porque “a TV esta perdendo o domínio absoluto da sala e perde pela preferência pelo conteúdo”

Lemos se queixou das condições de trabalho e investigação no país. Ante a pergunta da Revista da SET sobre se o próximo passo do “Fogo player” seria a tecnologia 8K, ele disse que “desenvolver produtos de vídeo de ponta no Brasil é muito caro, é muito difícil de desenvolver. Para nós, trabalhar em 8K é muito difícil porque não temos acesso a câmeras nem dinheiro para tê-las, por isso trabalhamos um pouco atrasados.”
Lemos finalizou a sua apresentação afirmando que o principal objetivo do Lavid é democratizar as salas de cinema. “Hoje estamos trabalhando com o sonho de ter uma sala 4K em cada Estado do Brasil, hoje temos 6 e este ano abriram 7 salas universitárias.
Nosso sonho é levar a tecnologia a todos os municípios do país, mas é um sonho ter 5000 salas digitais no país que estejam fora do circuito comercial”, comentou.

A segunda Tela no Brasil após a Copa do Mundo
“Não existe mais televisão sem Segunda Tela”, afirmou Salustiano Fagundes no inicio da palestra: “Por que 2014 foi um marco para o uso de 2nd Screen no Brasil?” que fez parte da trilha “TV Digital e cinema”. Como explicamos na reportagem da edição anterior da Revista da SET, a FIFA revolucionou o mercado dos esportes televisados com a introdução do C-Cast durante a última Copa do Mundo realizada no Brasil em junho e julho de 2014.

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© Foto: Divulgação Aplicativo da ESPN Brasil revolucionou a segunda tela no país, afirmam os seus criadores

Assim, e assumindo que a “televisão já mudou e caminha para uma ligação direta e clara para conviver com a segunda tela”, Salustiano Fagundes coordenou a segunda palestra afirmando que “não há dúvidas de que cada vez mais as pessoas assistem à televisão conectadas a uma ou mais telas simultâneas.”
De fato, disse ele, “a Copa do Mundo da FIFA de 2014 foi um grande laboratório para emissoras, marcas e usuários de redes sociais e aplicativos de segunda tela, tendo sido considerada a mais conectada da história com tráfego de dados superior a 32 terabytes nos seus primeiros dias”.
Mas não só. Segundo Fagundes, as Eleições 2014 tiveram uma ampla utilização de redes sociais por eleitores e candidatos, batendo recorde de interações no Facebook e no Twitter.
“Por isso, é necessário discutir qual foi o legado da Copa e das eleições 2014 para a segunda tela.”
A palestra contou com a presença de Sergio Floris, Diretor de TV no Twitter Brasil; a jornalista Cristina Mello De Luca, diretora de conteúdo da FSB Digital, colunista e consultora do Grupo IDG Brasil (IDGNow!, PCWorld, MacWorld, Computerworld, CIO) e comentarista de TI da Rádio CBN; Rodrigo Arnaut, do Grupo Era Transmídia e coordenador do grupo de Novas Mídias da SET; e Thiago Andrade, da ESPN Brasil.
O primeiro a falar foi Thiago Andrade, que explicou como nasceu o Sync na ESPN Brasil, o primeiro aplicativo de segunda Tela desenvolvido no país que agora se está expandindo para o mundo. “Começou no Brasil e se expandiu. Tudo é muito rápido, no ano passado estava do outro lado, como campuseiro, e hoje estou como palestrante”.

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© Foto: Fernando Moura “A televisão já mudou e caminha para uma ligação direta e clara para conviver com a segunda tela” afirmou no Campus Party, Salustiano Fagundes

Mas Andrade explica que o aplicativo nasceu porque “a TV está perdendo o domínio absoluto da sala e está se transformando a forma de ver TV porque já não é o único lugar onde procuro conteúdo, busco no celular, na rádio etc.” “Partimos para a Sync porque o fã de esporte procura em todas as telas, pois a TV perde o domínio absoluto na sala e na preferência de conteúdo, de fato mais de 80% dos espectadores de TV usam mais de 1 device ao mesmo tempo”, afirma Andrade.
A emissora partiu para a experiência devido à mudança de comportamento do telespectador. “O Sync nasceu assim. É um aplicativo de segunda tela com interatividade, informações complementares, gamification, tudo durante os jogos ao vivo. Hoje já é utilizado também na ESPN Argentina, Colômbia e começará a ser utilizado nos Estados Unidos”. Mais tarde apresentamos o Sync 2.0 para a Copa do Mundo com uma “adaptação de conteúdo complementar”, e na Copa, afirmou Andrade, “durante 30 dias os usuários do aplicativo estiveram conectados por mais de 8.310 horas no aplicativo. Estes enviaram 66 milhões de comentários de interacção com conteúdo e 5 milhões de gamification, o que permitiu que o aplicativo não era só para futebol, senão que este podia também ser importante em esportes como a NAB, o NHL, etc.”

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© Foto: Divulgação Para Rodrigo Arnaut (SET/Era Transmídia) “os conteúdos de televisão podem chegar já não só pela segunda tela, mas sim também mediante a Internet das coisas”

“De fato, após a Copa lançamos o Sync 3.0 porque percebemos que ele é mais um companheiro de sofá do que um aplicativo e ele hoje é a segunda tela do canal permitindo que o usuário tenha uma posição menos passiva e sim mais ativa e com interação com a emissora”, afirmou Andrade.
“Agora trabalhamos o usuário do aplicativo de uma forma diferente, no Sync 3.0 ele faz parte da estrutura. Nos queremos que o Sync ajude o telespectador a ser referência na roda de amigos quando se fala de esportes”, afirmou animado o idealizador do aplicativo.
Sergio Floris, diretor de TV no Twitter Brasil, afirmou na palestra acompanhada da hashtag: #TVxTwiter que “o Twitter é uma ferramenta em tempo real que opera de forma pública porque ele é muito “conversacional. Ele é o maior sofá do planeta”.
Na interacção com a TV, Floris afirmou que existe atualmente uma quebra de paradigma na qual o Twitter “direciona as conversas dos usuários criando uma sincronia total entre a TV ao vivo e o que os usuários postam na plataforma”.
Durante a Copa do Mundo foi feita com a SportV uma parceria que foi a segunda mais usada durante a Copa do Mundo. Nas eleições “trabalhamos com a Bandeirantes com o @bandrio onde os usuários do Twitter podiam enviar perguntas aos candidatos durante os debates realizados na emissora. Neles ainda conseguimos mostrar ao final de cada bloco quais os principais tópicos referidos pelos usuários no Twitter”, afirmou o jovem executivo, e reforçou: “Nos debates houve uma correlação muito positiva entre público e audiência da emissora. Não podemos dizer que o Twitter aumenta a audiência, mas sim podemos dizer que contribuímos no debate”.
Para ele, o Twitter é a segunda tela da televisão, de fato, 70% dos seus comentários no Brasil são da TV e os seus conteúdos. “Por isso nós não interferimos nos conteúdos, o que fazemos é permitir que nossos usuários se expressem sobre os conteúdos da TV”.

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© Foto: Fernando Moura A edição 2015 do Campus Party contou com 8000 campuseiros instalados em 6400 barracas

Rodrigo Arnaut (SET/Era Transmídia) afirmou na Campus Party Brasil 2015 que hoje “a audiência em casa utiliza as redes sociais, e o que se discute agora é se a segunda tela é já a segunda ou se ela pode passar a ser a primeira”.
Para ele “os conteúdos de televisão podem chegar já não só pela segunda tela, mas sim também chegar mediante a Internet das coisas”.
De fato, a Phillips Hue junto com a série “12 Monkeys” mostrou que é possível sincronizar a série com as lâmpadas e que estas interajam com o áudio e vídeo vindo da televisão.
A jornalista Cristina Mello De Luca disse aos presentes que a Segunda Tela está tentando forçar a interatividade para ter uma audiência maior enquanto o que deveria acontecer seria um melhoramento dos conteúdos. Para ela, a discussão é o tipo de sincronismo que podemos ter mediante a segunda tela e como ela pode beneficiar o conteúdo e os usuários.
Vídeo para outras telas A palestra “Conteúdo para Outras Telas” levou à Campus Party 2015 algumas formas de criar conteúdos audiovisuais para outros suportes que não o tradicional da TV. Segundo os palestrantes, Janaína Augustin, diretora do Núcleo Outras Telas da O2 Filmes, e o diretor de TV da produtora, Quico Meirelles, hoje somos atacados por anúncios e expressões de criatividade humana o tempo todo, dentro e fora de casa. E como consumidores também somos cobaias testando uma nova forma de comunicação.

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© Foto: Fernando Moura Os campuseiros chegaram de 21 países e 27 estados brasileiros

Assim, eles se perguntaram: Como os produtores de conteúdo podem estar preparados para as mudanças que a tecnologia impõe a esse mercado? O que temos a aprender com memes, gifs, blogs e redes sociais? “Vivemos em um mundo onde as telas estão menores, mais imersivas, íntimas, e ao mesmo tempo ao contrário gigantes, espalhadas em espaços urbanos de maneira integrada, como se fizesse parte da arquitetura”.
Para Janaína, o mercado de conteúdo começou a mudar há 10 anos, por isso “montamos um núcleo de internet e conteúdos pensando no futuro e em como a publicidade poderia avançar nesse novo formato. Hoje temos muitas outras formas de comunicação que a Internet, afinal todas as mídias permitem produções audiovisuais”.
De fato, afirma Meirelles, “até 2005 tínhamos poucas telas para poder produzir conteúdos – TV, rádio, outdoor, revistas e jornais etc. – hoje temos infinitos meios para comunicar”.
Ele explica que com os diferentes meios mudaram a forma de comunicar, a forma de colocar os planos” para que as pessoas possam assistir em diferentes formatos.
Janaína afirma que uma produtora de conteúdo hoje produz para todos os suportes que existem “assumindo que todo o tempo estão aparecendo novas telas, como a Segunda Tela, por exemplo, onde trabalhamos conteúdos novos”.
“A maior diferença entre um filme para a TV e um filme para internet é que na TV o público esta assistindo a outra coisa, na net, se o público está lá é porque quer, por isso precisamos mais informação. A produção de publicidade para internet precisa de maior número de informações e ser mais atraente para o usuário”, afirma Meirelles. “O conteúdo para redes sociais tem que ser bem diferente, senão não funciona”, reforça Janaína.
“A gente nunca mais fez simplesmente um filme. Não existe mais o filme pelo filme, agora fazemos o filme, e outros conteúdos para diferentes suportes desde Facebook e Instagram até give”, afirma Meirelles “A Globo está começando a ficar preocupada com o Youtube” e a plataforma “está começando a atrair outros públicos no Brasil, por isso, no final de 2014 a empresa realizou uma campanha enorme mostrando o que faz e como”, explicou Meirelles falando da campanha que a produtora desenvolveu para a plataforma.
Finalizando a palestra, Janaína afirmou que é necessário que os produtores tenham em conta as “novas tecnologias em todos os ramos como, por exemplo, os drones, câmeras, equipamentos etc, os novos usos para tecnologias antigas, além do comportamento das pessoas, e user generated market”.
Novos mercados para o audiovisual O Sebrae teve um papel importante na Campus Party Brasil 2015. José Carlos Aronchi (SET), professor da FACCAMP e consultor na Unidade Desenvolvimento e Inovação do Sebrae- SP, desenvolveu a palestra “novos mercados para o audiovisual” afirmando que hoje “existem algumas grandes oportunidades para quem quer desenvolver soluções para o setor audiovisual”.

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© Foto: Fernando Moura José Carlos Aronchi explicou aos presentes que hoje o mercado do audiovisual vai muito mais além da TV e os dispositivos móveis, por isso, segundo ele, é necessário ver as oportunidades e trabalhar nelas

A ideia da palestra foi mostrar aos participantes como é possível desenvolver uma Startup para o audiovisual, “empresas que enxergam as portas menores. Hoje, 95% das startup estão voltadas para o mobile, mas são poucas as que estão focadas na base do audiovisual onde há várias portas de entradas para entrar no mundo”.
“A StartUp funciona e se desenvolve pela inovação, o seu DNA é a inovação.
O Sebrae tem como tarefa mostrar outras portinhas que estão abertas e que podem ser muito importantes no momento de empreender soluções para Mídia digital e televisão”.
Para ele, os novos mercados para o audiovisual passam por diferentes áreas e degraus de serviços. “Hoje o mercado está extremadamente pulverizado”, mas existem “oportunidades que devem ser exploradas. Não tratamos isso como soluções inovadoras de roteiro, retóricas etc. Para o Sebrae a inovação passa por resolver os “problemas” que o audiovisual apresenta, e tentar resolvê-los”.
Um dos exemplos apontados por Aronchi foram as oportunidades em Telemedicina. Ele mostrou que o Hospital Einstein, de São Paulo, está desenvolvendo o “Circuito Einstein de Startups”, como uma oportunidade para que essas empresas façam contatos e mostrem seus produtos e serviços para o melhor hospital de América Latina”.
Outro mercado mencionado pelo representante do Sebrae foi o de M/T- -Learning na educação pensando nos smartphones e na TV Digital. “Precisamos descobrir arquivos de áudio e vídeo mais leves, onde os conteúdos possam ser transmitidos” e com isso ser mais fáceis de chegar aos dispositivos móveis. Para isso, explicou como poderia ser reconstruído o serviço de educação à distância utilizando a TV Digital. “Hoje não há nenhuma empresa que trabalhe o “Tilami”, que é a mistura do mobile com a TV Digital. O T-Learning, a Educação à Distância pela Televisão, uma das mais aguardadas soluções educacionais do novo sistema digital, abre possibilidades para startups de vários segmentos: aplicativos de jogos educativos, conteúdo interativo, telas de interface com o curso, e os formatos mais tradicionais de videoaulas, documentários, palestras on-line. Retoma-se o problema da interatividade, que é imperativa para o sucesso do T-learning na TVD.
Finalmente, Aronchi abordou o mercado de “captação de imagens aquáticas” focadas em câmeras e sistemas que possam ser utilizadas para o mercado de energia. “É muito importante ter produtos audiovisuais que sirvam para ser utilizadas no setor. Hoje há pouco”, por isso “se focarem no setor da energia, oportunidades aparecerão”.


Os vencedores do concurso de StartUps da SET continuam crescendo

Eles criaram uma plataforma online para exibição de shows ‘caseiros’ com possibilidades de retorno financeiro para os artistas, estiveram no Campus Party onde mostraram as principais novidades da plataforma, entre elas a possibilidade de realizar transmissões broadcast na plataforma.

No meio de milhares de campuseiros, a Revista da SET encontrou Daniel Arcoverde e Rafael Belmonte, dois jovens de São Paulo, criadores de uma plataforma voltada para a apresentação de artistas via internet que foram os ganhadores do concurso de StartUps promovido durante a 26ª edição do congresso da SET, organizado pela Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão (SET). O “Showme”, principal projeto da Startup Farm, é um serviço online que consiste em uma plataforma que oferece a artistas um canal para a promoção de shows via internet. De qualquer lugar, o cantor, a banda ou qualquer outro artista se conecta na internet, liga a webcam e transmite o show aos participantes da rede. Atualmente, o artista cadastrado pode fazer shows de 15 minutos a uma hora, com 20 minutos de bis. O número de ingressos virtuais pode ser limitado ou ilimitado. Pode-se escolher se terão um preço fixo ou se o esquema será de “pague quanto puder”, que agrada a bandas menores.
Nesse caso, a ideia é incentivar os fãs a comprar as “moedas” do Netshow.me (que custam R$ 0,50 cada) e remunerar os artistas para receber recompensas, o que lembra sítios de financiamento coletivo. Ao final do show, o artista recebe um relatório com o total faturado, a bilheteria e quem assistiu à apresentação, que não é armazenada pelo site.

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Daniel Arcoverde acredita na expansão da plataforma para outros países

No entanto, o pagamento é facultativo, o internauta que não quiser pagar pode entrar na transmissão compartilhando o link do evento nas redes sociais, é o que os profissionais do setor chamam de moeda social. “Recentemente tivemos dois shows da banda Fresno, em um deles, eles estavam no Canadá, transmitiram o show de lá. O artista pode usar outras estruturas para captar imagem, áudio, nós oferecemos a plataforma e o modelo de retorno financeiro para ele”.
Com a moeda social, a atração que está sendo exibida ganha novos espectadores e consequentemente atrai outros, outros e, além de tráfego, a participação gera receita de publicidade e incentiva a colaboração dos admiradores através das moedas adquiridas online.
No Campus Party os jovens realizaram apresentações ao vivo e de alta qualidade de vídeo, “nos podemos colocar na nossa plataforma desde imagens com câmera web até com câmeras profissionais e uma placa Intensity Shuttle ou Ateme da Blackmagic para garantir qualidade de áudio e imagem a quem esta assistindo”, e de fato assim foi realizado no evento. Arcoverde explicou à Revista da SET que “se quiser utilizar câmeras profissionais para fazer sua transmissão precisará ter um software codificador de vídeo como o Flash Live Media Encoder (FLME) e também precisará de uma placa de captura de vídeo com output em USB, HDMI, Firewire ou qualquer conversor de vídeo de analógico para digital, e uma mesa de som com várias fontes de áudio”.
“O FMLE é um software gratuito e funciona como codificador de mídia que transmite áudio e vídeo em tempo real, só que ao invés de funcionar direto de seu navegador, ele roda em seu computador e, por isso, tem alta capacidade de processamento”, afirma o jovem empresario reforçando que o usuario ainda terá de baixar um arquivo XML, que é um arquivo num layout padrão com as configurações de transmissão do www.netshow.me Para shows com multi-câmera, Arcoverde recomenda “um Tricaster (NewTeK)– equipamento portátil que permite alterar entre diversas câmeras ou softwares de corte e use a criatividade, ou outro sistema de corte que permita enviar um sinal a partir de várias câmeras”.
O projeto já está na rede e pode ser acessado pelo www.netshow.me. Além disso, o modelo de negócio apresentado por Arcoverde é bastante sólido e já tem trazido retornos suficientes para que a plataforma seja otimizada. Para gerenciar o fluxo no tráfego de dados eles contam com um servidor alocado nos Estados Unidos.
Eles criaram uma plataforma online para exibição de shows ‘caseiros’ com possibilidades de retorno financeiro para os artistas, estiveram no Campus Party onde mostraram as principais novidades da plataforma, entre elas a possibilidade de realizar transmissões broadcast na plataforma.