BRASIL E JAPÃO TROCAM EXPERIÊNCIAS EM TV DIGITAL

WORKSHOP
BRASIL E JAPÃO TROCAM EXPERIÊNCIAS EM TV DIGITAL
Revista da SET Edição 102

A fim de propor aos agentes envolvidos na implementação da TV Digital no Brasil proveitosas discussões, foi realizado no American Hall, em São Paulo, nos dias 25 e 26 de agosto, o workshop “Experiências da Implantação da TV Digital no Brasil e Japão”. Promovido pelo Grupo de Trabalho Conjunto Brasil-Japão (GTC) e pelo Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (Fórum SBTVD), o encontro reuniu técnicos e engenheiros de empresas de radiodifusão e associados do Fórum para discorrer sobre algumas experiências em cada um dos dois países.

O workshop fez parte das comemorações do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil e foi patrocinado pela ARIB (Association of Commercial Broadcasters in Japan), com apoio do Ministério da Casa Civil e Comunicação do Japão, da NHK, da SET e dos ministérios das elações Exteriores, das Comunicações e da Ciência e Tecnologia do Brasil.

“Organizamos este evento para que todos possam entender o ambiente em que estão sendo desenvolvidos os trabalhos acerca da HDTV no Japão e no Brasil”, disse Roberto Franco, ex-presidente da SET.

Entre os palestrantes japoneses estavam Koji Osaki, diretor de engenharia da Japan Broadcasting Corporation (NHK), Tsuyoshi Yamanaka, diretor-presidente da Chukyo TV Broadcasting, e Tadaaki Yokoo, representante da Association of Radio Industries and Businesses of Japan (ARIB). Do lado brasileiro, André Barbosa, assessor especial da Casa Civil, Augusto Gadelha, secretário de política de tecnologia do Ministério da Ciência e Tecnologia e Roberto Pinto Martins, secretário de telecomunicações do Ministério das Comunicações, participaram da cerimônia de abertura. Por sua vez, Vanessa Ramos (ABNT), Leonel da Luz (SET, SMPTE e ANJ), Sérgio Tadeu Guaglianoni (RBI e MIX FM), Raymundo Barros (SET e TV Globo), José Marcelo Amaral (SET e TV Record) e José Roberto Elias (SET e MTV Brasil) formaram o time encarregado de mostrar o sucesso da TV digital no Brasil.

Koji Osaki falou de vários assuntos, entre eles os planos da NHK. Ele mostrou a estrutura japonesa, que tem o centro principal de transmissão em Tóquio e outros sete pontos de onde os sinais são distribuídos. O arquipélago japonês reúne uma expressiva estrutura de 414 emissoras de sinal terrestre, número superado apenas pelas 522 empresas que exploram a difusão via cabo. Do outro lado, o dos receptores, a expectativa é que, até 2011, os 35 milhões de receptores digitais de hoje se tornem 100 milhões.
“Serão necessárias 15 mil retransmissoras para difundir o sinal por todo o Japão”, afirmou o representante da NHK. Mesmo assim, é entendido por empresas e autoridades que a distribuição terrestre deve suprir melhor as demandas do país e, portanto, é prioridade no processo.

Contudo, rios de dinheiro foram e continuam sendo gastos para alcançar o sucesso. Em 2001, a produção de conteúdo em alta definição consumiu mais de 300 bilhões de ienes. Em 2004, as principais emissoras do país investiram mais de 60 bilhões da mesma moeda na digitalização. Em 2008, a previsão de investimentos em retransmissoras está na casa dos 300 bilhões de ienes –até 2011, a televisão japonesa deverá abandonar as transmissões analógicas.

Suor
Sucessos à parte, a experiência brasileira ocupou mais espaço no segundo dia do workshop, e falou do conhecido suor derramado pelos agentes envolvidos na digitalização do Brasil, mas, talvez, ainda desconhecido para os vizinhos latinos e até mesmo para os parceiros japoneses. Duas palestras se sobressaíram. Uma foi a de José Marcelo Amaral, que defendeu o sucesso alcançado até aqui, menos de um ano desde a primeira transmissão oficial em HD, mas reconheceu que a grande carga de trabalho exigida pela transição e o dinheiro investido ainda não trazem o retorno que as emissoras precisam, coisa que o próprio Marcelo não entende como um problema.

“Da recepção via satélite à transmissão digital terrestre: a implementação de um sistema de TV Digital integrado a outras áreas de produção” foi o tema da apresentação de Leonel da Luz, da TV Anhanguera. Ele mostrou que o conceito segue quatro princípios básicos: deve ser melhorada a vantagem competitiva; deve haver redução de custo de operação e manutenção; é preciso melhorar a eficiência e a produtividade operacional e técnica; é preciso também cuidar da confiabilidade, robustez e longevidade do sistema.

Leonel ainda defendeu que as empresas de diferentes meios (jornais, televisão, rádio, internet e outras corporações) devem estar alinhadas entre si em termos de estratégia, automação, gerenciamento, infra-estrutura e visão.