As recomendações da UIT

Um dos importantes trabalhos realizados pelo Setor de Radiocomunicações da UIT (União Internacional de Telecomunicação), conhecido como UIT-R (em inglês, ITU-R), é a elaboração das suas Recomendações, que são aplicáveis a todas as áreas de radiocomunicações, incluindo as de radiodifusão. As Recomendações são documentos elaborados pelos setores R e T da UIT, e que, em sua maioria, indicam procedimentos e parâmetros técnicos que padronizam as atividades de radiocomunicação e telecomunicações em todo o mundo.

Uma Recomendação como a ITU-R BT. 1306, por exemplo, é primeiramente identificada pelo seu Setor de origem. As desenvolvidas pelo Setor de Normalização das Telecomunicações (UIT-T) são identificadas pela sigla ITU-T, enquanto aquelas desenvolvidas pelo Setor de Radiocomunicações são identificadas pela sigla ITU-R. Em seguida, é indicada a série à qual a Recomendação pertence. No caso da radiodifusão, as de maior relevância são as séries BS e BT, que correspondem à radiodifusão sonora e televisiva, respectivamente. Finalmente, a Recomendação é identificada pelo seu número sequencial, que é designado no momento em que a primeira versão da Recomendação é adotada e aprovada. Em alguns casos, faz-se referência também à versão da Recomendação, colocando esse número separado por um hífen após o número da Recomendação (por exemplo, ITU-R BT. 500-12).

Grupos de trabalho
As Recomendações são elaboradas e revisadas periodicamente dentro das várias Comissões de Estudos (em inglês, Study Groups) que compõem o Setor. A Comissão de Estudos responsável pelas Recomendações relacionadas à radiodifusão terrestre é a CE 6 (em inglês, SG 6), que é subdividida em 3 grupos de Trabalho (em inglês, Working Parties): WP 6A, WP 6B e WP 6C.

Entre as principais Recomendações relacionadas à radiodifusão, podemos destacar:
• ITU-R BT. 500 “Metodologia para a avaliação subjetiva da qualidade das imagens de televisão”;
• ITU-R BT. 1306 “Métodos de correção de erro, enquadramento de dados, modulação e emissão para radiodifusão terrestre de televisão digital”;
• ITU-R BT. 1368 “Critérios de planejamento para serviços de televisão digital terrestre nas faixas VHF/UHF”;
• ITU-R BS. 1114 “Sistemas para radiodifusão sonora digital terrestre para receptores veiculares, portáteis e fixos na faixa de freqüências de 30 a 3000 MHz”;
• ITU-R P. 1546 “Método de predição pontoárea para serviços terrestres na faixa de freqüências de 30 a 3000 MHz”;
• ITU-R P. 1812 “Um método de predição de propagação em um caminho específico para serviços terrestres ponto-área nas faixas de VHF e UHF”;
• ITU-T H. 264 “Codificação avançada de vídeo para serviços audiovisuais em geral”;
• ITU-T H. 761 “Nested Context Language (NCL) e Ginga-NCL para serviços IPTV.

Das reuniões das Comissões de Estudos participam os representantes dos países membros da UIT, bem como membros setoriais e outras instituições associadas à União. Muitos desses participantes representam entidades ou empresas ligadas à radiodifusão, como radiodifusores (CBS, BBC, NHK), associações de radiodifusores (.NABA, EBU e ABU), empresas que desenvolvem tecnologia para radiodifusão (Philips, Sony, Samsung). Essas entidades e empresas têm não apenas o interesse em acompanhar os caminhos futuros da radiodifusão, mas também de participar das discussões que irão traçar esses caminhos, influenciando na elaboração dos padrões que guiarão as atividades da área nos próximos anos. Num mercado cada vez mais globalizado, essa participação se torna essencial para a estratégia de qualquer empresa do setor.

Participação ativa
O Brasil participa das Comissões de Estudos da UIT por meio de delegações coordenadas pela Anatel, e tem conseguido nos últimos anos, com a participação da SET, do Fórum do SBTVD, do Ministério das Comunicações, além de universidades, centros de pesquisa, fabricantes e outras entidades, levar para a UIT diversas propostas de tecnologias desenvolvidas no país e que, certamente, terão grande impacto sobre o futuro da radiodifusão no mundo. Entre essas conquistas, podemos destacar a inclusão das Normas do padrão brasileiro de TV digital na Recomendação ITU-R BT. 1368 (citada acima); a inclusão do Ginga-NCL na Recomendação ITU-R BT. 1699; e a aprovação da Recomendação ITU-T H. 761 (citada acima), com o Ginga-NCL para IPTV.
A participação do Brasil na Comissão de Estudos 6 é coordenada pelo Grupo Relator de Radiocomunicações 6 da CBC 2. A participação nas diversas CBCs coordenadas pela Anatel é aberta a profissionais, empresas e instituições com interesses nas áreas de telecomunicações, radiocomunicações e radiodifusão. Para maiores informações acesse o site da Anatel: www.anatel.gov.br, na pasta “Conheça a Anatel”, link “Comissões Brasileiras de Comunicações (CBCs)”.

 

*Fabrício é líder do GRR 6 – Radiodifusão – CBC2 – especialista em regulação – ANATEL– fcaoliveira@ anatel.gov.br -(61) 2312-1656

Revista da SET
 ANO XXI – N.113 – MAR/ABR 2010