As mudanças no mercado de transmissores

MERCADO

O ano de 2011 foi amistoso para a indústria, algumas fusões aconteceram e muitas empresas estão se reestruturando para atender a demanda do mercado, tento em vista a expansão da transmissão pelo sistema de TV digital terrestre, os eventos Copa do Mundo e Olimpíadas e o switch off analógico.

De acordo com André Barbosa, haverá sim uma grande capacidade para atender a demanda dos equipamentos de retransmissão tanto no Brasil como para na América Latina e nos países que aderiram ao sistema ISDBT B. “Com o procedimento da secretaria de comunicação eletrônica do Ministério das Comunicações, que passa a conceder as licenças às retransmissoras para funcionar com o sinal digital, nós teremos nos próximos dois anos uma grande demanda que irá colocar a todo vapor as indústrias de equipamentos de retransmissão. É evidente que entre seis meses e um ano não haja um grande mercado de retransmissores para todas as empresas, mas nos próximos anos essa demanda aumentará”.

As empresas estão apostando em novas parcerias e novas plantas. Em 2011, aconteceram duas fusões de grande impacto no mercado – Hitachi comprou a Linear e a Printscom assumiu a Telavo. Também há indícios de que duas outras empresas, uma alemã e outra italiana, estão prevendo trazer suas linhas de produção para o Brasil.

A aliança nipo-brasileira entre Hitachi Kokusai e Linear (HKL) tem uma estratégica comercial bem definida e sua atuação maior será no mercado dos retransmissores do sinal digital terrestre, área atuante da Linear. A linha de produtos comercializados pela Linear será incrementada com produtos da Hitachi na área de telecomunicação e afins. Aproveitando que as emissoras rumam para a digitalização fora dos grandes centros, a empresa quer atender a essa demanda, por isso dará continuidade ao projeto de desenvolvimento dos produtos aqui no Brasil, em âmbito regional e nacional. A meta principal desta união é a expansão dos negócios.

O presidente da Hitachi Kokusai Brasil (HKL), Shigeru Kimura, disse que o primeiro ponto da estratégia comercial é o crescimento contínuo. “Temos como meta inicial dobrar em 2012 o faturamento de 2010, que foi de 42 milhões de reais. E para 2015 quadriplicar o valor registrado em 2010”. A empresa vai atuar fortemente no segmento de transmissão de TV digital terrestre, para ser líder de mercado. “Para isto contamos com a base de 70% dos transmissores analógico que a Linear já possui e pretendemos continuar com esses clientes para atingir pelo menos 50% desse mercado. Buscaremos ter um portfólio mais completo de produtos e trabalharemos juntamente com o cliente em todo o processo, desde a fase de estudo da implementação do sistema”.

De olho nos eventos Copa do Mundo e Olimpíadas, a empresa acredita que haverá uma significativa expansão com a implantação do sistema além dos grandes centros e isso elevará o volume de mercado a outro patamar. O segundo ponto dentro da área de televisão é a expansão da exportação de produtos competitivos para as Américas, Ásia ou África, visando também os 12 países que já adotaram o sistema nipo-brasileiro de transmissão digital terrestre. Para atender este mercado a empresa contará com a fábrica instalada em Minas Gerais. O presidente acredita não haver necessidade de outra planta para atender esse mercado, porém, eles estarão atentos a demanda.

Além da área de TV digital a empresa irá desenvolver novas frentes de negócios tais como a expansão do segmento de radiodifusão por meio de câmeras ou equipamento de micro ondas portátil. Esses produtos serão fornecidos por meio de uma forte estrutura de assistência local. Com relação à estratégia de pesquisa e desenvolvimento de produtos, primeiramente, a HKL irá trabalhar na fusão do know-how de equipamentos na área de transmissão com intercâmbio de ambas as equipes – brasileira e japonesa. “Buscaremos fazer produtos complementares para a TV digital”, explica o Kimura.

Com a aquisição da Telavo, o grupo Printscom visa à verticalização de produtos de telecomunicação e radiodifusão no Brasil e tem como objetivo iniciar a experiência em industrialização. “Com o crescimento da TV digital no Brasil, o grupo espera atingir 30% do mercado”, vislumbram o diretor presidente Luis Mauro Santos da Silva e o diretor executivo Almir Ferreira. “Estamos vivendo um novo momento. É o encontro da tradição com uma equipe jovem voltada para o crescimento e futuro da tecnologia no Brasil, a partir de agora a nova gestão tem como foco principal preservar a qualidade, o pronto atendimento, soluções especializadas e comprometimento de parceria com os clientes”, explicam.

Na opinião dos diretores, “a implantação da TV digital no Brasil é uma realidade, entretanto para que o avanço do sistema atinja todo setor é necessário o incentivo do governo federal junto aos radiodifusores facilitando o crédito para aquisição de equipamentos e incentivando a indústria de eletroeletrônicos. As perspectivas são as melhores possíveis, pois é um novo mercado em expansão e avanços garantidos com as mudanças que o país vem atravessando, principalmente devido aos eventos que o Brasil estará sediando”.

O grupo possui equipamentos que atendem a transmissão analógica e mesmo com a programação do switch off para 2016, os diretores afirmam que o grupo irá manter a estrutura básica para atender cidades pequenas que terão dificuldades para a transição do analógico para o digital. “Reativamos a divisão de desenvolvimento de produtos na Telavo com o objetivo de criar e ampliar o portfólio de equipamentos da TV digital. Além disso, estão em andamento negociações de parceria com fornecedores internacionais, visando atender a urgência e avanço do mercado Brasileiro”.

Com relação às parcerias que estão sendo feitas no mercado, “a concorrência é salutar em qualquer segmento de mercado. O grupo Printscom com a marca Telavo detém uma expertise de gestão genuinamente nacional. Cada transmissor que vendemos e instalamos, nos permite gerar e manter emprego no Brasil, certamente essa nova configuração traz novos ares ao mercado, mas ainda não é momento de anunciarmos os novos projetos. Porém podemos adiantar que mesmo com pouco tempo que assumimos o controle da operacionalização da marca Telavo no Brasil, a empresa triplicou o seu faturamento. Além de termos quatro sistemas de TV digital funcionando, o retorno recebido de nossos clientes tem sido positivo. Com base nessa experiência, em breve lançaremos produtos com mais opções de tecnologia. É um novo tempo!”, concluem os diretores Luis Mauro e Almir Ferreira.

Gilmara é editora da Revista da SET. e-mail: [email protected]