ABERT – 25º Congresso

* Roberto Perrone e Valderez Donzelli
Revista da SET – ed.107

O ano de 2009 é estratégico para a radiodifusão brasileira. Esta é a avaliação dos principais líderes do setor que participaram do 25º Congresso Brasileiro de Radiodifusão, no final de maio, em Brasília. A consolidação da TV digital no país, com a perspectiva de chegar a 60 milhões de telespectadores até o final do ano, a internacionalização do padrão nipo-brasileiro, a definição da nova tecnologia para o rádio digital ainda no segundo semestre e a realização da I Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) confirmam a importância deste ano para o segmento.

O congresso teve a participação de 1,5 mil empresários e profissionais da área em mais de 40 plenárias, seminários e oficinas técnicas. Para o presidente da Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), Daniel Pimentel Slaviero, o evento revelou o amadurecimento do setor e disposição para enfrentar os desafios futuros.

Presidente da TV Globo e Presidente da SET
Feira de equipamentos
Durante o 25° Congresso Brasileiro da Radiodifusão promovido, pela Abert, também aconteceu a 22ª Feira Internacional de Equipamentos e Serviços, durante três dias, em Brasília, com negócios que superaram a casa dos R$ 38 milhões, previstos pela entidade. A feira reuniu 94 empresas nacionais e multinacionais. A Abert representa 2,5 mil emissoras de rádio e 320 de TV.

Confecom
A Confecom, que será promovida pelo governo federal nos dia 1, 2 e 3 de dezembro em Brasília e abrange as áreas de tecnologia e de serviços, foi um tema fortemente discutido no congresso. Convergência tecnológica, Voz do Brasil e marco regulatório foram os principais pontos do debate.

Burocracia X Convergência
Uma velha pedra no sapato dos radiodifusores, a burocracia na concessão e renovação de outorgas foi discutida em vários momentos do evento. Hoje em dia, existem cerca de 40 mil processos aguardando despacho no Minicom.

Marcelo Bechara, consultor do Minicom, aposta na convergência tecnológica para diminuir a burocracia. “O radiodifusor está demorando a enfrentar a questão da convergência, principalmente o pessoal das rádios”. Paulo Tonet, diretor do grupo RBS em Brasília e consultor da Abert, acredita que os radiodifusores vão mergulhar na convergência quando sentirem respaldo legal do governo. “Queremos participar da convergência, mas com igualdade de tratamento. Quero que minha rádio e a rádio de um determinado portal tenham os mesmos direitos e obrigações. Isso é difícil, pois a tecnologia nos atropela”.

Rádio Digital: destaque no congresso e no seminário
Na Abertura do Evento o ministro das Comunicações, Hélio Costa, assinou “AVISO DE CHAMAMENTO PÚBLICO n.º 1/2009”, publicado no Diário Oficial da União (DOU), de 22 de maio de 2009, que estabelece os critérios e prazo de 180 dias para a realização de testes e avaliações com sistemas de radiodifusão sonora digital, possibilitando desse modo que todos os detentores de padrão, como no caso o DRM, venham a testar seus sistemas e demonstrar as condições operacionais dos mesmos.

Dos quatro modelos de Rádio digital reconhecidos pela União Internacional de Telecomunicações (UIT), apenas dois permitem a manutenção das faixas de freqüência já em uso no país, o HD Radio, da companhia norte-americana Ibiquity, e o DRM, desenvolvido por um grupo de países europeus. O HD Radio larga na frente, pois já está em experiência no país e apresentou resultados satisfatórios em testes realizados pela Abert e pela Universidade Mackenzie no final do ano passado. John Schneider, gerente para a América Latina da Ibiquity, destaca que já existem no Brasil empresas fabricantes dos transmissores de HD Radio e que o modelo permite uma transição harmoniosa para a plataforma digital.

O DRM aposta na transmissão de conteúdo multimídia e na desobrigação do pagamento de royalties para ganhar a atenção dos radiodifusores brasileiros. “O DRM não tem nada a vender porque é um sistema aberto, tem acesso livre e gratuito. Nós somos apenas os facilitadores”, disse Michel Peneroux, representante da Radiodifusão Internacional, responsável pelo DRM.

Segundo Slaviero, as discussões são importantes, mas o fundamental é que o país entre logo na era digital. “O Rádio não pode mais permanecer como único meio analógico num mundo digital”. Ele faz um balanço positivo do congresso e comemora os mais de R$ 38 milhões movimentados durante a 22ª Feira Internacional de Equipamentos e Serviços, que ocorreu paralela ao evento. Agora, é olhar para frente e formalizar posições para a Confecom. “A revolução tecnológica é inevitável, o importante é como nos preparamos para ela”.

Seminário técnico aprofunda tema da digitalização
Aberto por Liliana Nakonechnvj, presidente da SET, e por Ronald Barbosa, assessor técnico da Abert e diretor de Rádio da SET, com a participação do ator Milton Gonçalves, o 28º Seminário Técnico Nacional de Radiodifusão apresentou temas para o aprofundamento dos profissionais do setor, tratando da digitalização do rádio e da televisão, de alguns problemas como as interferências que podem ser causadas na radiodifusão devido ao uso de freqüências por outros tipos de serviços. Sua temática foi desenvolvida em parceria com a SET.

Rádio Digital
No caso do Rádio digital, que teve como início a apresentação detalhada dos testes realizados no Brasil, o evento buscou compartilhar o conhecimento da nova tecnologia digital a ser empregada para as estações AM e FM. “Estamos no processo de subsidiar uma decisão governamental, juntamente com outras instituições”, lembrou Ronald Barbosa. Durante os dois dias, norte-americanos e europeus apresentaram seus sistemas – o sistema Ibiquity IBOC HD Radio, instalado para experimentos em algumas emissoras brasileiras, e o padrão DRM que vem se apresentando com um possível sistema para o país.

Alem do padrão a ser adotado no Brasil, os painéis abordaram a visão dos especialistas e fabricantes, os passos que as emissoras devem tomar, a avaliação de seu parque tecnológico de transmissão composto por antena, torre, transmissor e as necessidades para migrar para a tecnologia digital, da transmissão até a recepção.

Presidente da TV Globo e Presidente da SET
Homenagem
Na abertura do 25º Congresso da Abert, Roberto Franco, ex-presidente da SET, recebeu homenagem
do ministro Hélio Costa em agradecimento à entidade, ao Fórum SBTVD (Sistema Brasileiro de TV
digital), do qual foi o primeiro presidente, e outras organizações envolvidas responsáveis pelos resultados
que o processo de implantação da TV digital no Brasil vem conseguindo até aqui.

PLC e outras interferências no Rádio e na TV
A discussão em torno da publicação da Resolução da Anatel sobre o PLC (Power Line Communications) foi tema de uma plenária de rádio e televisão, composta por especialistas das emissoras e do governo, que mostrou que ainda há muitos pontos a serem testados antes da implantação desse serviço em banda larga para acesso a internet e controle de redes. “O PLC é uma fonte de ruído em meio a outras tantas que o rádio enfrenta”, diz Barbosa, que não vê garantia de uma eficiente fiscalização na sua operação, para evitar interferências prejudiciais aos serviços de rádio e televisão. Sobre os cuidados com o espectro, o painel “Engenharia e planejamento do espectro”, contou com a participação da Anatel, que apresentou como o espectro é gerenciado, e da SET, que destacou os cuidados para que a TV digital não sofra interferências indesejadas.

TV Digital
O tema TV digital teve início com a apresentação pelas emissoras RBS, SBT e TV Bahia sobre seus esforços e resultados na implantação de seus sistemas digitais. Na seqüência o vicepresidente da SET, Olimpio Franco, moderou o painel sobre a internacionalização da TV digital brasileira, que contou com a presença de André Barbosa, representando a Presidência da República, e Roberto Pinto Martins, representando o Ministério das Comunicações, que apresentaram como estão sendo os esforços e os testes em outros países. “A mobilidade e interatividade – desafios e oportunidades” é outro ponto de interesse e novidade da TV digital. O painel que apresentou resultados práticos ressaltou que além de todas as ferramentas tecnológicas e evoluções, existem preocupações legais e de mercado a serem observadas. E por fim, foi tratado o tema que embora seja tradicional é sempre atual sobre as condições e planejamento para os canais digitais.

Novos Procedimentos – Engenharia de outorgas do MC
Os representantes do Ministério das Comunicações, engenheiros Luciano Corgosinho e Fabio Fonseca, apresentaram para os profissionais de diversas regiões do país os procedimentos que estão sendo adotados para agilizar e tornar mais eficaz a análise dos processos, chamando a atenção para pontos que provocam atrasos, como em várias situações onde as instalações não são realizadas conforme o projeto apresentado e aprovado pelo MC, o que resulta em reanálise do caso.

*Roberto Perrone – Editor da Revista da SET e
Valderez Donzelli – Diretora Editorial da SET e Engenheira Consultora em Radiodifusão e Telecomunicações