4K vs 8K? Serão eles os formatos de produção do futuro

O IBC 2013 determinou a afirmação definitiva da tecnologia 4K e, com ela, de produtos, plataformas, workflows e produções ao vivo com essa tecnologia de avançada.

Nº 138 – Novembro 2013

Por Fernando Moura, em Amsterdã

Reportagem IBC 2013 – Parte II

Revista da SET consultou alguns profissionais da área para tentar saber que opinam sobre a tecnologia e saber se esse pode ser o primeiro passo para a implantação dos 8K sonhados pela NHK, que quer transmitir os Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020, nessa resolução, ou será uma tecnologia que chegou para ficar?
As opiniões sobre a questão são diversas, mas todas apontam para o mesmo caminho. O 4K é uma realidade e o mundo broadcast tem de pensar como se adaptar a essa nova tecnologia, que, ao que parece, pela primeira vez não atende primeiro às necessidades do mundo broadcast e, mais tarde, o resto do mercado, senão ao contrário. Essa tecnologia chegou para trabalhar desde a cinematografia até os vídeos espalhados nas redes sociais. Os profissionais do setor afirmam que a tecnologia está pronta, agora é necessário encontrar as formas de monetizar os conteúdos e produzir nessa resolução.
Sobre a ideia da estação pública japonesa, NHK, de produzir os Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020, as opiniões divergem entre os mais ambiciosos que explicam que quando a emissora disse que transmitiria em HD ninguém acreditou e eles cumpriram a sua meta, e os que asseguram que a tecnologia é fantástica, mas não se justifica para emissões broadcast.
Kazuta Kitamura, engenheiro responsável pelo estudo e desenvolvimento da divisão de estudos avançados em sistemas de televisão da NHK, disse à reportagem da Revista da SET com um sorriso nos lábios que o “8K estará nas Olimpíadas de Tóquio. Estamos fazendo os testes para termos câmeras menores e mais fáceis de utilizar”. A conversa do engenheiro japonês teve de pano de fundo uma pequena gigante apresentada no IBC 2013, uma câmera portátil Hitachi 8K (ver foto).

Uma pequena gigante apresentada no IBC 2013, uma câmera portátil Hitachi 8K, ainda em fase de testes..

“Ainda está em fase de testes, mas achamos que nos próximos tempos teremos mais opções de câmeras para realizar novos testes em 8K”, disse Kitamura. Isso porque 8K (7.680 x 4.320 pixels – 33,2 megapixels), ou seja, SHV (Super Hi-Vision), que é uma resolução de imagem 16 vezes mais alta que a do Full-HD, e que pode captar áudio surround em 22.2 canais, ainda está em desenvolvimento, já que segundo o engenheiro da NHK, os técnicos japoneses trabalham com o codec HEVC (High- -Efficiency Video Coding) que permite manipular o sinal SHV, mas ainda não foi normatizado pela SMPTE.
Para Jeremy Schatz, manager de sistemas de engenharia da Harmonic, “o 4K estará pronto em pelo menos dois anos. Hoje o sistema de captação está pronto e testado, mas precisamos continuar os testes de transmissão que imagino que em 2015 estarão prontos”.
Consultado sobre a possibilidade da transmissão em 8K, o engenheiro foi taxativo. “É um sonho, falta muito, diria até demasiado para pronunciar-se sobre isso”.
Para Claude Perron, chefe de tecnologia e vice-presidente de Thomson Video Networks, o “8K é possível” porque, no fim, “tudo é uma questão de software”, mas para ele o problema, outra vez, é a transmissão, já que “a questão que se coloca é que o set-top-box poderá receber um sinal deste tipo e se esse sinal será de 50 ou 60p”.
Por isso, a Thomson investe na produção 4K, como referido na edição anterior, no canal da Hispasat dedicado exclusivamente à emissão de conteúdos em UHD, o HISPASAT 4K. Esse canal transmite em MPEG-4 a uma velocidade de 35Mbps, em HEVC (High Efficiency Video Coding) da Thomson Video Networks de forma experimental, a uma velocidade de 18 Mbps.
A Evertz acredita que o 4K é uma tecnologia que veio para ficar, por isso apresentou no IBC 2013 uma série de tecnologias de infraestrutura 3080IPX, com portos 10GbE/1GbE, podendo optar-se por 32 ou 64 portos nas configurações de largura de banda a 640Gb/s ou 320Gb/s, e a plataforma 3080IPG (10Gb/s), que possui também a distribuição SDI permitindo que com um único cabo de fibra óptica seja possível o transporte de diversos sinais de vídeo HD em simultâneo.
Benjamin Mariage, gerente de vendas para a América Latina de EVS, disse à Revista da SET que “o 8K é uma tendência e o 4K é uma realidade que já está sendo utilizada e que se confirmará na próxima Copa do Mundo no Brasil”.

Jeremy Schatz, manager de sistemas de engenharia da Harmonic, pensa que o “4K estará pronto em pelo menos dois anos” para poder ser produzido, emitido e recebido em casa.

Benjamin Mariage, gerente de vendas para a América Latina de EVS disse à Revista da SET que “o 8K é uma tendência, o 4K, uma realidade”.

Uma pequena gigante apresentada no IBC 2013, uma câmera portátil Hitachi 8K, ainda em fase de testes..

Para Mariage, a Copa será o teste definitivo de como é possível trabalhar com tecnologia 4K e “os benefícios que esta dará ao espectador de TV, e não só. Sabemos que o futuro dos conteúdos está nas multiplaformas”.
Hiro Tanoue, presidente da FOR-a Company Limited, disse à Revista da SET que o 4K é mais do que uma realidade, “ele funciona, é efetivo e já foi testado com êxito em grandes eventos esportivos”, como a Revista da SET mostrou na última Copa das Confederações, quando a NHK utilizou a FOR-a FT-ONE, a primeira câmera de alta velocidade do mundo, full 4K com frame rate variável que permite realizar super-slow motion em 4K.

Essa câmera grava com uma resolução 4K até 900 quadros por segundo (fps). “Estamos satisfeitos com ela, é do melhor que há nesta tecnologia. Pensar em um equipamento deste tipo em 8K ainda não é possível, mas já estamos trabalhando em soluções para esse formato”, disse Tanoue.
Vale lembrar que essa câmera incorpora o inovador FT1-CMOS, um obturador de sensor CMOS de cor. O FT- -ONE CMOS foi desenvolvido pela FOR-a para gravar em formato RAW nativo em alta velocidade para a memória RAM interna. Desta forma, o material pode ser transferido para cartões de memória SSD ou inseri-la no fluxo de trabalho, por exemplo, de uma emissora tanto em 4K como em 1080i.
Para Josef Marc, co-fundador e chefe de marketing da Ar- Chimedia, o “4K é o futuro” e o que está em jogo “é quem terá e disponibilizará ferramentas para trabalhar com essa nova forma de captação e distribuição. O que o mercado precisa é de sistemas de automação, e workflows que suportem este tipo de formato de vídeo”.

A NHK apresentou no IBC 2013, o encoder que poderá seu utilizado para emissão em 8K.

Para Marc, a solução da sua empresa, a Archimedia Model A4K-2690-8, uma workstation 4K pode ser uma maneira de acertar o fluxo de produção em 4K, mas ele afirma que hoje a produção em 4K é “mais para multiplaformas e internet. Não vejo no futuro próximo emissão 4K para TV broadcast”.
A workstation inclui no seu sistema o Archimedia 4K/ UHDTV Master Media Player, uma solução que possui output 4K HDMI, e a hipótese de trabalhar, segundo Marc, sem conflito nos diferentes formatos de arquivos 4K.
Para Pedro Villabona, gerente de ventas e desenvolvimento de mercado para América Latina e Caribe da Rohde & Schwarz, o “4K é uma realidade, por isso desenvolvemos equipamentos que possam integrar as diferentes soluções que trabalham em 4K e integra-las em um único sistema. De todas as formas nossos engenheiros estão desenvolvendo tecnologia para que os nossos equipamentos possam ser utilizados com vídeo em 8K no futuro”.
Para ele, “o 8K não é um sonho japonês, pelo contrário, é o que chegará ao mercado nos próximos anos. Nós sempre estivemos adiantados no que diz respeito a tecnologia. Para Rohde & Schwarz, é impreterível estar na linha das tendências e por isso apostamos no 8K como o próximo passo. Fomos dos primeiros a ter tecnologia 2K, fomos também dos primeiros em 4K e seremos, agora, dos primeiros em 8K”.
Ante pergunta da Revista da SET sobre como monetizar os custos de produções, agora em 4K e, mais tarde, em 8K, Pedro Villabona disse que “a questão hoje e o armazenamento de conteúdos em 4K, e que essa transição vai demorar um pouco, mas é uma transição inevitável”.

Josef Marc, co-fundador e chefe de marketing da ArChimedia, afirma que a empresa utilizou a sua “experiência com JPEG 2000 em SD / HD, DPX, Cinema Digital 4K, e UHDTV para criar workstations, uma única unidade que se conecta em qualquer um desses ambientes e lida com qualquer um desses formatos de arquivo”.

Para Mitsuhiro Tomita, gerente geral de desenvolvimento de produtos da For.a (Esq) e Hiro Tanoue, presidente da For.a, o 4K é mais do que uma realidade. Já foi testado e funciona dentro dos padrões de qualidade da marca.

Para o gerente de ventas para América Latina da Dejero Live+, Praveen Gupta o futuro das emissoras de TV passa por equipamentos mais simples e versáteis que permitam enlaces fáceis e confiáveis como o Dejero Live+.

Para Villabona, o importante é “ter um ingest de conteúdos simples e que possa integrar as diferentes soluções que são utilizadas hoje e com a hipótese de atualizações no futuro”. Nesse sentido, a empresa germânica apresentou o R&S AVHE100, uma plataforma que suporta diferentes sinais de vídeo. Esse sistema integrado de gestão headend dispõe de tecnologia “touch-screen”, com uma operação intuitiva, disse Villabona.
O sistema está baseado em hardware profissional IT, segundo o responsável da empresa germânica, com um software inovador que permite a “integração completa dos fluxos de informação de áudio e vídeo utilizando a tecnologia CrossFlowIP que maximiza a operacionalidade do sistema”.

8K
Os engenheiros japoneses da NHK apresentaram no “Pavilhão do Futuro” a tecnologia 8K com destaque para as imagens captadas no Brasil em junho passado durante a Copa das Confederações da FIFA. Segundo eles, o 8K é uma tecnologia consolidada e com claras possibilidades de ser utilizada nos Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020.
Mas não só os engenheiros japoneses falam de 8K, os espanhóis da SGO apresentaram no IBC 2013 o Mistika Air (Ultra HD), uma solução Ultra HD em tempo real que poderá ser utilizada com material produzido em 8K e foi pensada “para ajudar aos broadcasters nas suas necessidades futuras de produção, tanto em 4K como em 8K”, disse à Revista da SET o CEO da SGO, Miguel Angel Doncel.
Para ele, essa é uma forma de antever o que está chegando. “Fizemos isso pensando em um produto que possa ajudar os produtores na nova geração que está chegando”.
O Mistika Air apresentado no IBC 2013 é uma solução feita sob medida para pós-produções realizadas em HD, 4K e até 8K. Na atualidade o sistema pode ser utilizado com imagens captadas em 4K por câmeras da Sony, Canon, ARRI e RED, e no “futuro pelas câmeras 8K que cheguem ao mercado”, afirma Doncel.
Segundo ele, o sistema, que no fim “foi idealizado assumindo a quantidade de pixels que serão precisos para criar uma deadline em 4K, mas dobrando o espaço” possui um completo sistema de ingest para 4K com entradas QuadHDMI / 4K QuadDVI, 4K QuadSDI com opção de entrada tanto 1.5Gbit de 3G, ou um único conector 4K através de HDMI 1.4.

Brasil em foco
O Brasil esteve em foco nesta edição do IBC. Como referimos na edição passada, muitas marcas utilizaram os grandes eventos esportivos que estão chegando ao país, Copa do Mundo e Olimpíada, para mostrar os seus produtos.
Uma dessas empresas foi a Eyevis. No estande, grande destaque para o mapa e as principais atrações turísticas do país. Tudo focado na participação que a empresa teve durante a passada Copa das Confederações 2013 realizada no Brasil. Durante esse período, pela primeira vez, a empresa da Alemanha trabalhou com uma emissora brasileira.
Foi exatamente com a Rede Globo. Durante a competição, a empresa forneceu o omniSHAPES, um display especialmente criado para a utilização em cenários utilizados em estúdios de TV. Para isso, foram utilizados nove omniSHAPES com formato hexagonal que serviram de vídeo wall nos estudos e de decoração na parede do estúdio montado no Rio de Janeiro, explicou à Revista da SET o gerente da empresa, Martin Wagner.
Segundo ele, o estudo foi baseado no padrão alveolar de uma rede do gol, assim com a forma hexagonal dos omniSHAPES, e foi possível replicar esse padrão que foi complementado com elementos gráficos e gravações de vídeo.
Wagner afirma que esse tipo de display pode funcionar de forma “multifuncional” e “podem ser integradas em qualquer decoração, personalizando o conteúdo” inserido nelas. Este tipo de display permite ajustar a temperatura de cor a 3200K “gerando cores estáveis, graças a um reajuste automático, níveis de brilho uniformes, com uma tecnologia especial para evitar efeitos hot-spots nas telas, o a possibilidade de genlock nos sinais apresentados”.
A EVS continua apostando em tecnologias para a Copa do Mundo de 2014 e com a sua parceria com a FIFA para utilizar seus equipamentos nas transmissões do evento. Como já explicamos em edições anteriores, está garantido o uso do EVS XT3, versão 4K. O EVS 4K Live Slow-Motion Replay System é o primeiro sistema de replay do mundo em 4K/UltraHD, que estará na final da Copa do Mundo no Estádio do Maracanã, no próximo ano.
A EVS anunciou ainda que será responsável na Copa do Mundo pelo FIFA MAX Server (Media Asset Exchange), um servidor geral que terá uma solução de multimídia que por primeira vez será entregue às emissoras de TV e permitirá que elas tenham uma aplicação de Second Screen “que será um Hit a nível mundial”, disse à Revista da SET Benjamin Mariage, gerente de vendas para a América Latina de EVS.
Para ele, os eventos FIFA são fundamentais para a apresentação de novos produtos. “A FIFA exige novos produtos para os seus grandes eventos. Nossa parceria com HBS (Host Broadcasting Services) e FIFA faz com que inovemos. Desta vez apresentaremos a plataforma multimídia que permitirá que, pela primeira vez em um mundial, mais de 80% dos telespectadores assistam a algum conteúdo no seu celular ou tablet. A nossa solução é simples e prática, é uma nova etapa e uma nova forma de mostrar o mundial aos adeptos do futebol,” disse Mariage.
Outra das novidades foi a parceria com AJA. Assim a EVS passa a fazer parte do seu grupo de parceiros de desenvolvimento de novos produtos. Com essa parceria haverá integração de soluções para os produtos AJA, Corvid Ultra, e o novo software, TruZoom.

Para o CEO da SGO, Miguel Angel Doncel, o 8K é o futuro e para isso “temos de nos preparar e criar as ferramentas que permitam que os produtores tenham workflows para esse novo sistema de captação”.

O primeiro é um chassis externo com formato de rack de 2U desenhado para suportar aplicações de banda larga, incluindo workflows 3D e 4K que pode ser adaptado, segundo os responsáveis da marca, para suportar fluxos de trabalho 4K/UHD e 2K/HD/ Dual-link/SD.
O software TruZoom da AJA, em conjunto com o hardware Corvid Ultra e TruScale, permite a partir de uma câmara 4K ou de uma outra fonte UltraHD selecionar em tempo-real uma imagem e efetuar o escalonamento para HD, mantendo a maior qualidade possível.
No IBC os responsáveis da GoPro disseram à Revista da SET que iria sair dali a alguns dias uma versão melhorada da sua “pequenina”. E assim foi, a nova Hero3+ 4K já está no mercado. Possui um desenho 20% menor e mais leve e a bateria pode ter um rendimento de até 30% mais do que as utilizadas anteriormente.
Para Nicholas Woodman, CEO e fundador da GoPro, a HERO3+ é uma amostra da inovação da empresa. “Pegamos a câmera ultracompacta que mais vende no mundo e a aperfeiçoamos. Essa câmera tem SuperView, que permite captar imagens com a angular mais envolvente do mundo. Esses são todos os recursos que nós, como apaixonados da GoPro, queremos e temos o prazer de compartilhá-los com nossos clientes de todo o mundo”, disse.

MAM e Cloud
Outro destaque do IBC 2013 foi a oferta de sistemas de MAM e Cloud, tão importantes no processo de digitalização das emissoras de TV e no processo de gestão dos conteúdos.
Para Carles Rames, diretor de tecnologia e serviços profissionais de VSN, “a gestão por processos não é uma invenção nova. No último quarto do século passado as organizações em geral adotaram este modelo de gestão para melhorar a sua eficiência. Podemos definir um processo como uma sequência de atividades orientadas a gerar um valor acrescido sobre uma entrada para conseguir um resultado, e uma saída que, por sua vez, preencha os requerimentos do cliente”.
Segundo Rames, “é necessário dispor de plataformas que integrem essas ferramentas definidas nos parágrafos anteriores. Com isso, a organização estará preparada para enfrentar os novos desafios que impõe o novo paradigma audiovisual”.
Assim, a VSN apresentou soluções de MAM que, para Rames, são ideias para o mercado televisivo brasileiro. “O VSN Storage Manager permite o acesso a arquivos e a sua gestão é aumentada pela eficiência do MediaBus, que facilita a gestão de diferentes armazenamentos independentemente da sua localização, já que podem ser utilizados in loco ou de forma remota”.
Assim, “podem estar em alta resolução na nuvem ou em outra afiliada”, o que, segundo Rames, o torna “uma solução perfeitamente adaptável ao modelo brasileiro de televisão porque aumenta a eficiência das relações entre as afiliadas de uma rede, permitindo ainda que terceiros, como produtoras ou anunciantes, possam contribuir directamente ao sistema de forma remota, evitando de este modo, a logística e despesas de envio de material”.
Ainda, o VSN Storage Manager permite que qualquer um dos usuários do MAM possa visionar de forma instantânea os conteúdos independentemente do local onde este se encontre em alta resolução, ou em baixa resolução, já que todos os assets do sistema estão inseridos na nuvem.
Tudo isso, segundo Rames, porque toda a solução pode ser gerido e administrado através de um site de internet de onde é possível gerir os conteúdos e compartilhá-los.

Fernando Moura
Redação: Revista da SET

EXPERTISE BRASILEIRA

No pavilhão do Israel, a expertise brasileira esteve em destaque nesta edição do IBC.

A Tecsys do Brasil, depois de uma década de investimento constante em São José dos Campos, no interior de São Paulo, decidiu internacionalizar-se e há alguns anos comprou uma empresa em Israel. Desde lá, e com expertise brasileira, desenvolve, produz e comercializa produtos especializados em codificação, modulação, conversão, multiplexação, decodificação, acesso condicional, criptografia, processamento e transcodificação em streamming e encoders com a aquisição de uma empresa israelense.

De esq à dir: Paulo Kaduoka da PSK Engenharia; Olímpio Franco, presidente da SET; José Marcos Freire Martins, diretor geral da Tecsys do Brasil; Claúdio Eduardo Younis, diretor de Marketing da SET no estande da empresa brasileira no pavilhão israelense no IBC 2013.

José Marcos Freire Martins, diretor geral da Tecsys do Brasil, disse à Revista da SET que o tratamento dado pelo governo de Israel às empresas é “totalmente diferente do que acontece no Brasil. Somos uma pequena empresa, mas somos tratados como se fôssemos os maiores do mundo. Temos ajuda econômica e um investimento claro do governo para difundir o que fazemos”, e não só, “no pavilhão israelense as pessoas vêm buscar tecnologia, no brasileiro não, porque o Brasil não é país de tecnologia. Mas quando estou aqui [IBC 2013] sou uma multinacional brasileira que tem uma fábrica em Israel, que tem desenvolvimento e produção em Israel e Brasil, que produz tanto em Israel como no Brasil e que vende para o mundo”.
Para o diretor geral da Tecsys do Brasil, com a internacionalização “começamos uma nova etapa da vida da empresa, uma nova etapa pensando em outros mercados. Nós compramos uma empresa que era nosso concorrente e que vendia no mundo inteiro. A partir desse momento despegamos com a clientela deles no mundo e a nossa experiência e tradição no Brasil para termos 32 engenheiros trabalhando no Brasil e mais 8 em Israel desenvolvendo produtos para o mercado global”.
Segundo ele, com a compra e a internacionalização se tornaram mais fácil a conversa e a negociação com os grandes vendedores de silício do mundo. “Hoje podemos chegar aos grandes produtores do mundo e falarmos de igual a igual. Antes, quando só desenvolvíamos tecnologia no Brasil, me olhavam bem, mas hoje, me olham como um igual. A internacionalização fez toda a diferença”.
Para Freire Martins, Brasil e Israel foram um casamento quase perfeito para o sucesso da Tecsys no mercado internacional. “Uma coisa que eu não tinha era experiência internacional ou em comércio internacional. A Tecsys tinha tradição, mas não sabia como chegar e onde chegar, e isso os israelenses sabem muito bem. Outra diferença foram os acordos comerciais que eles têm com os países do mundo, o que me permite vender dentro do marco dos acordos bilaterais garantidos nessa venda”.