TV Digital/LTE: Sem filtro não haverá harmonia entre DTV e LTE

Testes apontaram os riscos reais da interferência da rede de internet 4G no sinal da TV Digital

A palestra “Normas & Regulamentações 700 MHz: os testes de interferência, o regulamento de convivência, o edital de licitação”, moderada por Paulo Ricardo Balduino (SET/ ABERT) na sala 11 da 26ª edição do Congresso SET, realizado pela Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão (SET) trouxe importantes atores da transição da transmissão da televisão analógica para a televisão digital.

Gunnar Bedicks (SET/Universidade Mackenzie) contou que ao longo de nove meses em conjunto com a SET, ele e sua equipe realizaram testes de transmissão para apontar possíveis interferências do sinal LTE no sinal da TVD. Bedicks contou que fez também testes de campo com a ANATEL. Para o teste foi escolhido um conjunto de receptores e outro de conversores de sinal de TV. Os modelos foram fabricados entre os anos de 2007 a 2013. “Isso foi feito para se aproximar ao máximo do que o mercado dispôs para o consumidor e esses aparelhos são os mesmos que estão nas casas das pessoas. Nós estamos falando em aproximadamente 20 a 30 milhões de receptores instalados”.

Ana Eliza Faria e Silva (SET TV Globo), apresentou testes que demonstram interferência do sinal 4G na TV. Esq:

Segundo o pesquisador, foram testados diversos tipos de recepção, desde as antenas colaborativas (prédios e condomínios), como antenas externas e até mesmo as antenas internas das residências. Os testes levaram em conta apenas a possibilidade de interferência da faixa de canal entre 14 e 21 da televisão digital, já considerando a liberação dos canais de 52 a 69 para o utilização da tecnologia 4G.

“O primeiro problema que constatamos é que fica claro que em algum momento, o sinal do 4G, que está mais acima, apaga o sinal da TV, que está abaixo” destacou Bedicks e ainda acrescentou que para solucionar esse problema a questão é bem complexa, já que requer instalação de bons filtros, uma vez que caso mal aplicado, o filtro instalado na ponta da emissora pode enfraquecer a potência de transmissão e o filtro instalado na outra ponta, na casa do telespectador, pode desaparecer com alguns canais. “Isso acontece porque os canais de cima ficam muito próximos do up-link do 4G”.

De acordo com Ana Eliza Faria e Silva (SET/ TV Globo), através de uma análise de impactos de interferências nas transmissões foi possível verificar que as emissoras que ocupam os canais acima de 38 certamente terão problemas sérios, se as interferências não forem consideradas. “Eu peco por acreditar que estamos no mundo perfeito, onde as pessoas tem antenas e receptores ideias, mas infelizmente não é assim que acontece” destacou.
Mesmo com o uso do filtro, Ana Eliza disse que as interferências podem ocorrer em todos os canais.

“Todos os canais de TV operando em UHF podem sofrer interferência do LTE.Com as antenas externas a susceptibilidade do sinal está condicionada às bases e antenas de telefone, provocando uma queda na recepção do sinal da TV. “E isso não significa que vai cair somente quando você entrar na internet ou atender chamada, pode cair a qualquer momento já que o 4G está sendo usado o tempo todo em segundo plano”. A palestrante finalizou a sua participação ressaltando que a colocação de filtros é imprescindível a fim de tornar essa convivência LTE com as transmissões de TV possível, mas não totalmente livre das interferências.

“Todos os canais de TV operando em UHF podem sofrer interferência do LTE.Com as antenas externas a susceptibilidade do sinal está condicionada às bases e antenas de telefone, provocando uma queda na recepção do sinal da TV. “E isso não significa que vai cair somente quando você entrar na internet ou atender chamada, pode cair a qualquer momento já que o 4G está sendo usado o tempo todo em segundo plano”. A palestrante finalizou a sua participação ressaltando que a colocação de filtros é imprescindível a fim de tornar essa convivência LTE com as transmissões de TV possível, mas não totalmente livre das interferências.

Uma das questões de preocupação dos radiodifusores sobre a questão da mudança de faixa é com relação aos custos desse processo. Segundo Ivan Miranda (SET/RPCTV) é preciso estar atento aos impactos dessa mudança na TV aberta, aos riscos da interferência e lembrou que as emissoras já estão oneradas com a transição para o sinal digital. “Além disso, o leilão dessa nova faixa pode inviabilizar a recepção portátil (One Seg)”.

Como informou Agostinho Linhares de Souza Filho (ANATEL) foi feito um planejamento para a elaboração do edital que vai levar a faixa do 4G para leilão. “Os testes feitos pela ANATEL tinham o objetivo de identificar condições críticas de coexistência entre os sistemas e opções de técnicas de mitigação. Para a avaliação dessas situações, os trabalhos foram realizados em laboratório e também em campo. Os sinais de teste foram ISDB-T e também em LTE” explicou.

O representante da emissora referência para o mundo na transmissão digital, M. Fujimoto (NHK) lembrou que o Japão passou por esse procedimento em 2009 quando os conselhos de telecomunicações emitiram relatórios sobre a mudança de faixa do sinal da televisão naquele país. “No Japão já houve o desligamento da televisão analógica. Então o Japão introduziu diversos tipos de sistemas wireless nas bandas desocupadas” comentou.

O Congresso terá 44 sessões e 220 palestrantes distribuídos em 4 auditórios simultâneos, em um fórum que congrega um grupo seleto de mais de 1.600 profissionais que discutem as questões mais relevantes do setor intensamente durante um período de 4 dias.

O evento reúne de 24 a 27 de agosto de 2014 no Pavilhão Azul do Centro de Convenções e Exposições Expo Center Norte em São Paulo, especialistas do Brasil, Estados Unidos, Japão, Europa e América Latina, que discutem os principais aspectos da produção, transmissão e distribuição em TV, além de temas relacionados a vídeo, cinema, rádio e internet. Entre os temas destacados está o switch-off da TV, as interações entre TV e Internet, os desenvolvimentos tecnológicos da Copa do Mundo e muitíssimos outros temas de atualidade da indústria.

*Por Antonio Araujo, mestrando UFSCar

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