Ter qualidade no sinal digital requer planejamento

Investimentos consistentes e escolha de uma banda adequada podem ser fundamentais na hora de aliar qualidade e baixo custo.

“O grande desafio na produção de conteúdo externo em tempo real é baixar custos” foi com essa frase que o mediador da palestra sobre as transmissões SNG, Drive-Way e Fly Way, José Raimundo Cristóvam Nascimento (SET/UNISAT/UFF), fez a abertura da primeira sessão da sala 12 da 26ª edição do Congresso SET 2014.

A efemeridade da tecnologia de transmissão e recepção via satélite, segundo Raimundo Cristóvam, requer muito mais que investimento, mas principalmente planejamento. A escolha das opções disponíveis serão determinantes na hora de colocar o projeto em execução “Se de um lado você quer o melhor, mas quer pagar o preço de cachorro-quente, isso não existe”, ressaltou ao apontar que os investimentos devem ser consistentes. Ainda segundo Cristóvam, devido ao valor agregado das transmissões em tempo real, tanto para o jornalismo, como demais coberturas externas (musicais, esportivas etc.), a tecnologia tem evoluído junto com as ferramentas de recepção. “Seja firme, não aceite soluções de prateleiras. Milagres não existem. Não há como fugir de uma análise meticulosa caso a caso”, destacou.

Bart Van Utterbeek da NewTec, falou sobre as diferenças das transmissões via satélite por banda C, banda KU e banda KA. “Quando cheguei ao Brasil, todos diziam que a banda KU não funcionava por aqui,” disse ele ao apontar que atualmente a banda é utilizada, e para escolher a mais viável é preciso conhecer as necessidades de cada situação.

“A Banda C é mais robusta, tem uma cobertura maior, mas requer antenas maiores” destacou e reforçou que a banda KU é bem aceita na transmissão de conteúdo jornalístico. “São transmissões de alta potência, exigem antenas menores e a área de cobertura é razoavelmente grande” enfatizou. Quanto a banda KA o palestrante destacou que ela é uma solução compacta, mas é muito susceptível a queda em caso de precipitação de chuva. “Ela geralmente é usada para que o repórter mantenha a comunicação com o estúdio”, exemplificou. Esta seria uma solução de baixo custo, segundo o que apontou Utterbeek.

O palestrante ainda destacou que a produção de conteúdo para diversas plataformas, como por exemplo para TV, portais e aplicativos de segunda tela, tem exigido formas de conexões mais eficientes dos meios de produção.

O último palestrante da sessão, Alex Pimentel (SET/ Casablanca ON LINE/IBRASAT), descreveu as preferências do mercado brasileiro na demanda de broadcast nos últimos eventos ocorridos no país.
“Nós tínhamos várias expectativas para os últimos ocorridos no Brasil, como por exemplo, as manifestações durante a copa, a falta de capacidade da fibra óptica e satélite, um congestionamento na rede de dados, e logicamente um congestionamento nas cidades sedes do mundial”, relatou Pimentel e ainda acrescentou que não houve manifestações significativas, não faltou banda em satélite, e também os congestionamentos não ocorreram. De acordo com ele, os recursos disponíveis para a viabilização de transmissão broadcast foram usados em sua integralidade. “100% dos recursos usados no período”, destacou.

Para melhorar as transmissões de broadcast, Pimentel lembrou que estão sendo instalados nos pontos comuns de eventos pontos de fibra óptica. “Praças, praias, alguns pontos mais comuns, o profissional chega, se conecta e faz a sua transmissão, mas o satélite ainda permanece em grandes eventos, e cada vez mais em situação de back-up. O satélite tem uma facilidade maior de trabalho, ou uma solução mais rápida para qualquer problema por queda de sinal”, finalizou.

O Congresso terá 44 sessões e 220 palestrantes distribuídos em 4 auditórios simultâneos, em um fórum que congrega um grupo seleto de mais de 1.600 profissionais que discutem as questões mais relevantes do setor intensamente durante um período de 4 dias.

O evento reúne de 24 a 27 de agosto de 2014 no Pavilhão Azul do Centro de Convenções e Exposições Expo Center Norte em São Paulo, especialistas do Brasil, Estados Unidos, Japão, Europa e América Latina, que discutem os principais aspectos da produção, transmissão e distribuição em TV, além de temas relacionados a vídeo, cinema, rádio e internet. Entre os temas destacados está o switch-off da TV, as interações entre TV e Internet, os desenvolvimentos tecnológicos da Copa do Mundo e muitíssimos outros temas de atualidade da indústria.

* Por Antonio Araujo, mestrando UFSCar

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